RADIONOVELA: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL ORAL E ESCRITO POR MEIO DO USO DAS FERRAMENTAS DIGITAIS 1

June 7, 2017 | Autor: Leandro P. Quevedo | Categoria: Leitura, Multimodalidade, Ferramentas Digitais, Ensino Aprendizagem
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RADIONOVELA: LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL ORAL E ESCRITO POR MEIO DO USO DAS FERRAMENTAS DIGITAIS

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Leandro Pereira Quevedo2; Najara Ferrari Pinheiro, Luis Adriano de Souza Cezar, Tânia Regina Pires Neves 3. RESUMO

A produção da radionovela é um dos resultados que advém do Projeto aplicado pelo PIBID – Subprojeto Letras-Português, do Centro Universitário Franciscano, na Escola E.E.M. Dr. Walter Jobim, em Santa Maria/RS, com alunos do ensino médio no segundo semestre de 2014. Visou-se promover à leitura, produção textual (oral e escrito), a interação entre o ambiente escolar, a partir da leitura de obras literárias, e por meio da participação da Rádio Escola WJ. Utilizou-se do uso das ferramentas digitais e recusos multimodais (Audacity, SoundCloud, Facebook e Blogger) no desenvolvimento desse projeto. Atendeu-se o objetivo do projeto da rádio (Projeto Rádio Escola Walter Jobim), e agregou-se aos conhecimentos dos alunos por meio do uso das novas tecnologias no ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Ferramentas digitais; Recursos multimodais; Leitura; Produções textuais; Ensino-aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO Este artigo expõe o resultado de uma das atividades desenvolvidas pelo projeto

do

PIBID

-

Subprojeto

Letras-Português,

do

Centro

Universitário

Franciscano, inserido na Escola E.E.M. Dr. Walter Jobim, em Santa Maria – RS, que foi aplicado no segundo semestre de 2014, com alunos do ensino médio, da turma 102 (primeiro ano), e divulgado pela Rádio Escola WJ, desse colégio. De acordo com as muitas inovadoras perspectivas de ensino-aprendizagem, proporcionadas pelos avanços tecnológicos, que adentram nas escolas do Brasil

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Projeto Radionovela – PIBID/UNIFRA, Subprojeto Letras-Português – 2014/2. Acadêmico do Curso de Letras-Português – UNIFRA. [email protected] 3 Coordenadora PIBID/ UNIFRA, Subprojeto Letras-Português. [email protected]; 2

[email protected]

Supervisora PIBID/ UNIFRA, Subprojeto Letras-Português. [email protected]

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através dos mais variados métodos, com diversidades de ferramentas do ambiente digital, buscou-se contribuir com a aprendizagem dos alunos do primeiro ano da escola, com o desenvolvimento do projeto de produção de radionovela a partir da leitura de textos clássicos da literatura. Com essa atividade pretendeu-se incitar a leitura; promover a interação no ambiente escolar; incentivar a produção textual escrita e oral; utilizar ferramentas digitais de forma a compartilhar conhecimentos relevantes. Assim, divulga-se uma obra literária no ambiente digital e escolar, a partir de sua leitura e produção de uma radionovela. O trabalho foi realizado a partir da escolha da crônica “Cobrança” de Moacyr Scliar após a apresentação de uma série de opções de obras literárias e crônicas. Para a concretização da radionovela, os alunos produziram, inicialmente, um roteiro escrito e dividiram as falas dos personagens entre os participantes deste grupo. Na sequência, fizeram vários ensaios oralmente e, por fim realizaram a gravação no estúdio da Rádio WJ, no programa Audacity. Realizada as gravações das falas, partiram para a edição e inseriram os efeitos sonoros (buzinas de carros, barulho da chuva, música), que deram os aspectos do ambiente em que se passou a ação da crônica. Concluída a radionovela, a mesma foi publicada no SoundCloud, também, na rede social (Facebook), Blogger (“blog”) da escola e em uma programação da Rádio WJ. 2. POR QUE UMA RADIONOVELA? Primeiramente, a radionovela é uma das ferramentas aplicadas no ensino médio, de acordo com o Projeto do PIBID 2014/2, do Subprojeto Letras-Português da escola mencionada anteriormente. Optou-se pela criação da radionovela a partir da leitura de obra literária porque por meio dessas ferramentas os aprendizes podem desenvolver uma série de habilidades. Além da leitura reflexiva do texto, da produção escrita do roteiro e do aprimoramento da oralidade, o aluno vai desenvolver o conhecimento das tecnologias através dos softwares usados para a produção do roteiro (Word), gravação e edição (Audacity), também, a divulgação do

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produto final (Plataforma SoundCloud (online); Site do Facebook (rede social); Serviço

do

Google:

Blogger),

que

colaborou

para

o

desenvolvimento

neuropsicológico desses estudantes (Bunzen, 2013). É interessante ressaltar que as radionovelas são programas de rádio que eram comuns nas décadas de 40 a 60, antes de a população ter acesso à TV. Nessa época não havia todos os recursos tecnológicos e os efeitos eram produzidos de forma primária, usando diferentes instrumentos sonoros ou objetos que produzissem sons. Já nos dias atuais, o aluno encontra na internet os efeitos sonoros de que precisa na sua produção. Esse trabalho do PIBID juntou-se ao projeto da Rádio da escola - Rádio WJ, referente ao uso de tecnologias, na produção de radionovelas, curta-metragem e a fotonovela. Estes outros métodos foram aplicados por outros bolsistas, em outras turmas do ensino médio, com outras obras literárias escolhidas pelos estudantes. Tendo em vista no texto de Moacyr Scliar “A Cobrança”, é possível identificar na forma como os personagens interagem no ato da cobrança a dinâmica do diálogo, a sequência de falas, permeadas pelos efeitos sonoros, narra-se o ambiente que se passa a crônica. A exposição do fato da inadimplência da esposa em relação ao marido recebedor de pendências de clientes da empresa em que trabalha, buscou-se interagir com os alunos no ato da produção da radionovela a capacidade de atuação contida na crônica de Scliar, e promovendo a oralidade deles. A socialização da radionovela no ambiente escolar contribui-se para efetivar a interiorização desses conhecimentos sugeridos pelas obras literárias, reinteirando à constituição da identidade desses estudantes no processo de aprendizado (Salles e Silva (2012)). 2.1 Objetivos, ferramentas digitais e seus benefícios no ensino-aprendizagem Para atender os objetivos do Projeto, quais as melhores ferramentas digitais a usar? Para responder esta dúvida SOUZA (2011, p. 210) afirma e confirma nossa decisão em usar algumas delas: “A nova era da Sociedade da Informação exige

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maior rapidez e demanda quantidade de informação, o que nos leva a elaborar outros olhares e a eleger novos interesses”. Dionísio & Vasconcelos em Multimodalidade, capacidade de aprendizagem e leitura, mencionam a transformação de ideias em signos, na linguagem humana, resultando na interação (BUNZEN; 2013). Nessa concepção, SOUZA (2011) complementa acerca do uso das tecnologias: (...) as novas tecnologias que permitem a interatividade também promovem uma nova relação do aluno com o conhecimento, com outros alunos e com o professor, a partir do momento, em que se propõe um ensino que considera

como

prioridade

as

formas

de

aprendizagens

e,

consequentemente, os aprendentes (p. 219).

Bunzen (2013) expõe a razão do uso de determinados recursos multimodais nas práticas e intervenções, capacitando a leitura e aprendizagem, também, são ligados ao funcionamento neuropsicológico: O que buscamos é, como profissionais envolvidos com a educação e com a linguagem,

compreender os fatores que podem

ser considerados

facilitadores do processo de aprendizagem para que se possam utilizar os recursos disponíveis a fim de construir uma aprendizagem significativa (p. 44).

Em relação aos gêneros que veiculam por suportes tecnológicos no contexto educacional, os quais possibilitam novas produções de textos digitais, com muitas formas de produções na aprendizagem, ou na construção do conhecimento. Assim, a atividade de compreensão “não se trata de uma habilidade de adivinhação”, conforme BUNZEN (2013, p.44). Nesta concepção de recursos multimodais na aprendizagem, que os aprendizes reconhecem os signos, palavras facilmente, compreendendo, os tornam “leitores fluentes” (BUNZEN (2013, p. 45)). Ainda em relação à leitura, vamos encontrar sugestões de atividades de ensino em ANTUNES (2003, p.27): Uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de decodificação da escrita, sem dirigir, contudo, a aquisição de tais habilidades para a dimensão da interação verbal – quase sempre, nessas circunstâncias, não há leitura, porque não há “encontro” com ninguém do

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outro lado do texto (...) leitura sem interesse, sem função, (...) desvincula dos diferentes usos sociais (...).

Dentro da perspectiva deste projeto da radionovela, cabe salientar a missão escolar por MARCUSCHI (2008, p.53): É óbvio que se a escola tem como missão primária levar o aluno a bem se desempenhar na escrita, capacitando-o desenvolver textos em que os aspectos formal e comunicativo estejam bem conjugados, isto não deve servir de motivo para ignorar os processos da comunicação oral.

E para “desenhar” o texto verbal oral, observa-se a afirmação de BAKHTIN (2011, p.261-262): (...) os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. (...) o caráter e as formas desse uso (...) multiformes quanto os campos da atividade humana (...). O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (...) refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo (...) conteúdo (temático) (...) estilo da linguagem (...), construção composicional. (...) indissoluvelmente ligados (...) cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis (...) gêneros do discurso;

Marcuschi (2008), com sua afirmação, sugere estudos abundantes acerca dos gêneros textuais falados, por não haver sistematização na interação verbal oral, embora isso não tornasse incapaz a oralidade haver um gênero. Por fim, beneficiar-se da ferramenta Audacity (software de gravação e edição de áudio) para gravar e editar as falas dos personagens e dos efeitos sonoros, contribui-se para alegorizar a narrativa, promoveu um trabalho dedicado dos alunos quanto a oralidade, também, o SoundCloud (plataforma de publicação de áudio), juntamente com o Facebook (rede social) e o Blogger (Blog gratuito do Google), contribuiu para divulgar e compartilhar esse trabalho, o que possibilita outros alunos escutarem esse lindo trabalho.

3. METODOLOGIA O projeto de radionovela foi desenvolvido com um grupo de alunos da turma 102, do primeiro ano do Ensino Médio, da EEEM Dr. Walter Jobim, de Santa Maria –

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RS, a partir da leitura de crônicas. O primeiro passo foi apresentar as ideias aos discentes na Biblioteca da escola de maneira descontraída. Na sequência, foram expostas as teorias sobre radionovelas com base em Calabre (2003), que resgata o que foram essas radionovelas nos Anos Dourados, suas implicações nos ouvintes entre 1940 a 1960, instigando os alunos. Logo após, explicou-se de maneira que não expusesse todo o projeto, com a intenção de manter o interesse dos aprendizes, e deixa-los motivados no momento da produção. Tudo foi exposto de maneira muito instigante, assim, apreendemos a atenção dos alunos, e isso manteve a todos comprometidos no desenvolvimento das atividades. Dando continuidade ao projeto, levou-se os alunos para a biblioteca da escola, e solicitou-se que fosse escolhida uma obra literária, mas que estivessem de acordo com o cronograma previsto no Vestibular, na disciplina de Literatura, ou a outra opção eram as crônicas no caso da não escolha das anteriores (dos cadernos de crônicas, das “Olimpíadas Da Língua Portuguesa” para que eles escolhessem uma crônica), que fosse efetuada leitura. Nesse processo de leitura, chamou-se a atenção para os elementos da narrativa como os personagens e espaço de forma que os alunos pudessem já pensar no roteiro para a gravação da rádio. Entre as leituras feitas, foi escolhida a crônica “Cobrança”, de Moacyr Scliar. Para a gravação do programa de radionovela, foram necessários três alunos/atores, um menino e duas meninas. Uma menina foi a narradora, o menino foi o cobrador e a outra menina, a devedora. A radionovela Cobrança foi gravada no estúdio da Rádio WJ, com o auxílio dos alunos do Projeto da rádio escola, que ajudaram na edição final com o uso do Audacity (software de gravação e edição de áudio). Esse programa possibilita colocar, além das falas das personagens, os efeitos sonoros, de modo que permite aos ouvintes identificar o exato lugar em que se passa a narrativa. Ao final de todas as etapas, socializou-se para toda a escola, por meio da Rádio WJ, em sua programação, também, pela internet, mediante postagens no SoundCloud (plataforma de publicação de áudio), Facebook (rede social) e Blogger (Blog gratuito do Google).

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em meio a muitas discussões acerca dos alunos serem nativos digitais, mas indisciplinados quanto ao uso das tecnologias em momento oportuno, utilizaram-se algumas ferramentas digitais, de modo que promovesse o aprendizado nos aluno, pôde-se observar que esses aprendizes se mantiveram disciplinados. Também, leram e interagiram reflexivamente com a crônica escolhida, bem como, acessaram algumas ferramentas tecnológicas (Audacity (software), notebook, equipamentos de gravação de áudio), que oportunizou desenvolver a escrita e a oralidade; a interação e o trabalho em equipe contribuíram para elaboração desta radionovela, consequentemente, com sua socialização (Facebook, Blogger e SoundCloud). Diante disso, identificamos a eficácia de se produzir nessa escola a radionovela, a partir de obras literárias ou crônicas, utilizando algumas ferramentas digitais ou talvez a partir de textos produzidos por eles.

5. CONCLUSÃO

Embora demande tempo ou certo trabalho para desenvolver atividades com ferramentas digitais, e, muitas vezes, os alunos não demonstrem uma aceitação satisfatória para os docentes, isso não desmerece a eficácia de se trabalhar com novas tecnologias. Assim, os alunos que são considerados nativos digitais, na escola, deveria utilizar mais os meios tecnológicos na educação, de maneira disciplinada e bem elaborada. Desta forma, oportunizará a interação entre os alunos e esses métodos, e entre alunos e professores, e, entre os colegas. Utilizar os espaços da escola, fora das salas de aula, contribui para o aprendizado desses alunos da Educação Básica, pois muitos têm a escola como o melhor lugar em comparação com seus lares. A maioria desses alunos é oriunda de localidades de baixo nível econômico e, muitas vezes convivem com violência, e pouquíssimo afeto, razão pelo qual a escola assume um papel importante na formação de cidadão desses estudantes. A união do projeto da Rádio Escola com o projeto do PIBID na escola

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proporcionou o aprendizado do aluno e do professor em diversas áreas. Aprimorouse o uso de tecnologias de forma educativa e consciente, a oralidade e a leitura no espaço escolar, também, agregaram-se às experiências docentes aos pibidianos, que desenvolveram este projeto. REFERÊNCIAS

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAKHTIN, Mikhail M.. Estética da criação verbal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia. Multiplas linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.

CALABRE, Lia. Rádio e imaginação: no tempo da radionovela. Belo Horizonte: INTERCOM. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/173019676244 90152477784691921021362404.pdf. Acesso em: 22 Fev.2015. MARCUSCHI,

Luiz

Antônio.

Produção

textual,

análise

de

gêneros

e

compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

SALLES, Leila M. F.; SILVA, Joyce M.A.P.. Diferenças, preconceitos e violência no âmbito escolar: algumas reflexões. Pelotas: UFPEL/caderno de Educação. Disponível

em:

http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/viewFile/

1768/1643. Acessado em: 22 Fev.2015. SOUZA, Robson P. de; MOITA, Filomena da M.C. da S. C. (Orgs.). Tecnologias digitais na educação [livro digital]. Campina Grande: EDUEPB, 2011.

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SCLIAR, Moacyr. Cobrança. Disponível em: http://www.escrevendoofuturo.org. br/conteudo/biblioteca/colecao-da-olimpiada/artigo/250/coletanea-de-textos. Acesso em: 29/07/2015.

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