Raid do Avião \" Duque de Caxias \" (Primeira Parte) Preparação e Partida

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Raid do Avião "Duque de Caxias" (Primeira Parte)
SO Jefferson Eduardo dos Santos Machado

Preparação e Partida
Os jornais cariocas de setembro de 1931 foram ocupados com noticias que descreviam e narravam a aventura de três membros da oficialidade da Aviação Militar. O "Correio da Manhã" do dia 12 de setembro anunciava a aventura com o seguinte título: Um cruzeiro de amisade e arrojo pelos paizes ibero-americanos – Parte hoje do Campo dos Affonsos o avião "Duque de Caxias".
Esse tipo de viagem era chamada de "Raid Aéreo", pois era uma época em que a aviação era realizada por pioneiros com aeronaves precárias e pouco potentes. Aviadores inexperientes com recursos de solo e auxílios à navegação insipientes tornavam simples vôos fora dos limites locais em verdadeiras aventuras aéreas. Inicialmente as viagens que ultrapassavam as cercanias dos centros de aviação foram chamados de "raids" e com o passar do tempo eles passaram a se estender e atravessar até os maiores obstáculos naturais.
Os encarregados para essa missão foram os seguintes militares da Aviação Militar: Capitão Archimedes Cordeiro, Tenente Francisco de Assis Correia de Mello e Tenente Godofredo Vidal. Antes de prosseguirmos seria bom entendermos essas escolhas. Ao tomarmos conhecimento de um pouco de suas biografias poderemos então entendê-las.
O Primeiro formou-se em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia em 1942, como Brigadeiro foi o primeiro oficial general a comandar a Escola de Especialistas da Aeronáutica em 1954, já em Guaratinguetá. E em 1958 já como Major Brigadeiro participou do grupo precursor nos estudos da viabilidade da entrada da Força Aérea Brasileira nos estudos sobre lançamento de Mísseis.
O segundo tornou-se aviador em 1927. Em 1932 lutou ao lado do Governo Federal na repressão da Revolução Constitucionalista. Ficou conhecido a partir de então pela sua grande perícia, coragem pela alcunha de "Mello Maluco".
O ultimo foi piloto observador e instrutor da Escola de Aviação Militar. Fundou e organizou, no Campo dos Afonsos, o Serviço Meteorológico Militar em 1934. Falava mais quatro idiomas, além do português e foi um dos fundadores do primeiro grupo de Escoteiros do Ar em 1938. Passou para a reserva como Coronel em 1948. Além disso, como participante da Comissão de Turismo Aéreo do Touring Club do Brasil criou a Semana da Asa.
Sendo assim, em uma missão tão difícil tecnicamente e importante diplomaticamente, havia a necessidade de três pontos fundamentais para seu sucesso. Inicialmente um avião que fosse confiável e uma logística que garantisse o suprimento e as condições técnicas da viagem, itens esses que trataremos posteriormente. Depois de pessoal qualificado, que possuísse boa técnica e perspicácia na pilotagem, afinidade com a mecânica, fluência em outros idiomas e um observador aéreo. Como vimos o trio possuía em conjunto todas elas o que inicialmente ajudou. Vidal e Cordeiro confirmam parte dessa proposição na matéria do jornal "Diário de Noticias" as vésperas da viagem. Ali o primeiro afirmou que os outros são melhores pilotos e o segundo o chamou de nosso diplomata.
A aeronave escolhida foi o Amiot KG22 prefixo K 622, que era uma aeronave de guerra. Ela foi batizada com o nome de "Duque de Caxias" pelo então Ministro da Guerra General de Brigada José Fernandes Leite de Castro. O aparelho era equipado por um motor de 650 HP com autonomia de voo de 13 horas, a uma velocidade média de 160 Km/h. Atingia 4 mil metros de altitude e consumia 0,9 litros de combustível por quilômetro voado. Como era próprio para o combate aéreo possuía 3 carlingas que eram destinadas, originalmente, ao piloto, ao metralhador e ao observador. Que se comunicavam através de bilhetes e ficavam a mercê do tempo sem nenhuma proteção contra a chuva e o vento. Além disso, só possuía a bússola e a observação de indicadores no solo como meio de orientação para a navegação aérea.
Quanto a logística o "Correio da Manhã" informava que em cada uma das paradas deveria ser feita uma revisão completa da aeronave pelos próprios pilotos. Quanto ao consumo de combustível, foram feitos testes que levaram ao cálculo de 125 litros por hora voada, já que eram necessários 0.892 litros por quilômetro voado. Além disso, o motor exigia 35 litros de óleo por hora. De 25 em 25 horas de voo outros mecânicos iriam realizar revisões no Amiot. .....
Segundo o "Diário de Noticias" os pilotos já estavam preparados, pois haviam empreendido um período de profundos estudos e preparação para a empreitada. A viagem, que iria começar no dia 11 de setembro as 07h30min, foi programada para visitar os países ibero-americanos, com exceção de Cuba. O ponto de retorno seria o México e a primeira parada para reabastecimento Porto Alegre. Deveriam ser percorridos 23.090 Km, com uma duração prevista de 48 dias e 158 horas de voo efetivo.
Segundo o "Correio da Manhã" de 12 de setembro a decolagem ocorreu as 8h30min. O Campo dos Afonsos repleto de familiares, autoridades militares e diplomáticas, imprensa e curiosos. Um fato inusitado chama a atenção dos repórteres. Segundo o relato do periódico os profissionais de comunicação notaram algo errado, como se algo estivesse faltando. Aí descobriram que Vidal e Mello recusavam-se a decolar, pois algo muito importante lhes faltava. Sem ninguém saber a missão contava com um mascote, que no momento ainda não havia embarcado. Era um galo de briga, que logo foi trazido dentro de um embrulho cheio de furos.













CORREIO DA MANHÃ, Rio de Janeiro, p. 3, 12 set 1931.
AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA. Os primeiros "raids" da Aviação Naval. Disponível em: http://www.naval.com.br/anb/ANB-historico/ANB-hist05_raids.htm. Acesso em 30 jun 2016.
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA. Concludentes de 1940 a 1944. Disponível em: http://www.ime.eb.br/1944-a-1940.html. Acesso em 30 jun 2016.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/CPDOC. Francisco de Assis Correia de Melo. Disponível em: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/francisco_de_assis_correia_de_melo. Acesso 30 jun 2016.
MAJOR-BRIGADEIRO-DO-AR GODOFREDO VIDAL. Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/GodVidal.html. Acesso em 30 jun 2016.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS, Rio de Janeiro



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