Rastreamento Cargas Perigosas Porto & Mar

Share Embed


Descrição do Produto

C-4

A TRIBUNA

www.atribuna.com.br

“Quando embarca, não existe um controle efetivo. Você não sabe efetivamente quando ela (a carga) entrou no terminal para embarcar no navio”

Domingo 28

agosto de 2016

[email protected]

CAIO FONTANA, PROFESSOR DO CAMPUS BAIXADA SANTISTA DA UNIFESP

Porto & Mar ROGÉRIO SOARES - 14/1/2016

Tema da pesquisa foi proposto após recentes incêndios no Porto, como o do terminal da Localfrio, no início do ano

Projeto propõe rastrear cargas perigosas no Porto de Santos Pesquisa de aluno de Ciências do Mar da Unifesp utiliza etiquetas eletrônicas para monitorar mercadorias LUIGI BONGIOVANNI

FERNANDA BALBINO DA REDAÇÃO

Rastrear eletronicamente cargas consideradas perigosas que embarcam no Porto de Santos é o objetivo de um projeto de pesquisa desenvolvido por um aluno do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O estudante do curso de Ciências do Mar pretende utilizar a identificação através de radiofrequência (ou RFID, sigla em inglês de Radio Frequency Identification) para monitorar as mercadorias. Henrique Cardoso Köpke de Vasconcellos está no terceiro ano da graduação e iniciou o projeto há cerca de três meses. Ainda em fase inicial, a pesquisa é uma continuação de outro estudo realizado pelo aluno. O tema foi proposto após os recentes acidentes envolvendo cargas perigosas no Porto de Santos. Em um deles, em janeiro deste ano, no terminal retroportuário da Localfrio, na Margem Esquerda (Guaru-

já) do complexo marítimo, os bombeiros tiveram dificuldade para combater o incêndio devido à falta de dados sobre as cargas consumidas pelas chamas. Esta é uma informação que, segundo o estudante da Unifesp, pode ser conhecida através do rastreamento eletrônico dos contêineres. Qualquer substância que, em condições normais, tenha alguma instabilidade inerente ou que, sozinha ou combinada com outras cargas, possa causar incêndio, explosão oucorrosão de outros materiais, é considerada uma carga perigosa. Mercadorias que sejam suficientementetóxicaspara ameaçar a vida ou a saúde pública, se nãoforemadequadamentecon-

Estudante de Ciências do Mar da Unifesp, Henrique Köpke de Vasconcellos considera que, com as etiquetas, é possível registrar desde a entrada da carga na área do Porto até seu embarque no navio.

troladas, também entram nessalista,de acordocom aOrganização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), que as dividiu em nove classes. O professor do Campus Baixada Santista da Unifesp Caio Fontana, um dos orientadores da pesquisa, explica que, inicialmente, o projeto será desenvolvido nos limites do Porto de Santos. No entanto, rastrear es-

ses produtos pode garantir uma maior segurança durante todo o trajeto da carga. “Quando embarca, não existe um controle efetivo. Você não sabe efetivamente quando ela entrouno terminalparaembarcar nonavio. Então, a gente está estudando uma maneira de fazer isso através de etiquetas, com a qual gente consiga monitorar desde quando ela entrou

no Porto, no terminal e quando foipara onavio”,explicou. PERIGO

“Depois que esse assunto do riscodascargasperigosasnoPorto deSantosganhouevidência,entendemos que era interessante usar a tecnologia do RFID para garantirsegurançaerastreabilidade”, destacou o estudante HenriquedeVasconcellos.

Segundo o graduando, a ideia é que a carga possa ser rastreada logo após o carregamento em contêineres. Neste momento,a caixametálicadeve receber uma tag, espécie de etiquetaeletrônica,semelhante às utilizadas em praças de pedágiopara opagamentoautomáticodatarifa.Amercadoria passa a ser monitorada a cada passagem por portais de leituraeletrônica. “Podem ser armazenadas todas as informações da carga, que não podem ficar muito tempo aguardando os procedimentos de embarque. Existem os locais especiais já definidosparaque elanão permaneça muito tempo” , explicouHenrique. ANDAMENTO DA PESQUISA

Nesta fase do projeto, o aluno da Unifesp estuda o modelo tecnológico que melhor se aplica à demanda. Para o professor Cledson Akio Sakurai, que também orienta a pesquisa,esseéumdos maioresdesafios. “Como o contêiner é metálico, pode haver uma maior dificuldade de propagação do sinal. Então, essa é uma questão bastante importante de ser avaliada”, explicou. Após a definição do tipo de tag a ser utilizada, serão estudados os locais onde podem ser implantados os leitores. “Eu acredito que esta pesquisa vai dar bons resultados, já que existe uma legislação que precisa ser cumprida, o que já acontece. Mas, mais do que isso, é preciso que o controle seja automatizado, com o mínimo de interferência humana”, explicou o professor Akio.

Estudo sobre controle de pallets inspirou trabalho ❚❚❚ O projeto de rastreamento de cargas perigosas no Porto de Santos é um desdobramento de um outro estudo realizado pelo aluno da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). No primeiro trabalho, Henrique Cardoso Köpke de Vasconcellos utilizou a tecnologia de radiofrequência (ou RFID, sigla em inglês de Radio Frequency Identification) para monitorar pallets de madeira. “Foi meu projeto de iniciação

científica. A ideia era monitorar, desde a montagem, toda a cadeia de suprimentos e ver como esses pallets eram utilizados até o destino final, que pode ser,por exemplo,umsupermercado”,explicou oestudante. Mais do que rastrear as peças, o projeto visava evitar contaminações, além de avaliar a vida útil dos recipientes e garantir a segurança da carga que estava sendo transportada. Cargas que chegam ao Porto

de Santos em pallets de madeira são fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os fiscais agropecuários são responsáveis por certificar que essas estruturas estão de acordo com as normas fitossanitárias. “De fato, não existe controle sobre qual peça foi carregada em cada pallet. Podem ter sido transportados fertilizantes e, em seguida, insumos (gêneros alimentícios). É um mate-

Inteligência Portuária em Logística Integrada.

Tecnologia “Depois que esse assunto do risco das cargas perigosas no Porto de Santos ganhou evidência, entendemos que era interessante usar a tecnologia do RFID para garantir segurança e rastreabilidade”

Henrique de Vasconcellos, aluno da Unifesp

rial bastante reutilizado”, disse Vasconcellos. O estudante explica que esse projeto também ainda está sendo desenvolvido, mas em uma fase mais avançada do que o de rastreamento de cargas perigosas. “Já fiz o modelo de tecnologia e preciso definir o modelo operacional, ver a cadeia e como isso será aplicado na prática”, disse. O professor Cledson Akio Sakurai também é um dos

orientadores da pesquisa sobre os pallets de madeira. O docente é responsável pelas disciplinas de Sistemas de Informação, Automação e Controle, além de Logística e Programação. “O professor Caio (Fontana) conhece tudo como funciona ou deveria funcionar no ambiente portuário. Já eu fico responsável pela tecnologia que vai ser empregada nos projetos”, explicou Akio.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.