RAZÕES PARA A INSTALAÇÃO DA ECONOMIA AÇUCAREIRA NO BRASIL E SUAS DIFICULDADES

May 26, 2017 | Autor: Léo Vinicius | Categoria: Colonial Brazil
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LEONARDO VINICIUS BRISOLA BARBOSA Com base na bibliografia do curso (no mínimo de duas aulas), quais teriam sido as razões para a instalação da economia açucareira no Brasil e suas dificuldades? Para entendermos as razões da instalação da economia açucareira no Brasil, primeiramente devemos olhar para a história do cultivo da cana-de-açúcar. “O cultivo da cana-de-açúcar vinha se deslocando em direção ao oeste por séculos antes de ser introduzido no Novo Mundo pelos portugueses e espanhóis, e sua chegada às Antilhas e ao Brasil foi uma extensão lógica do longo processo histórico”, é com essas palavras que Stuart Schwartz expõe a situação histórica em que se encontrava a produção mundial de açúcar: originando-se no sudeste asiático, partindo através da Pérsia, passando pela região da Palestina e do mediterrâneo e finalmente chegando à Península Ibérica e às ilhas atlânticas, o comércio dessa especiaria foi ganhando cada vez mais importância, principalmente entre portugueses, espanhóis e genoveses. No mesmo contexto dessas peculiaridades, os portugueses tiveram seus primeiros contatos com suas descobertas na América, que para Rodrigo Ricupero “foi frustrante em pelo menos um aspecto: o comercial”. O Brasil não possuía um comércio suficientemente atraente para ganhar muita importância, mas suas riquezas não eram conhecidas nem desprezíveis o suficiente para deixá-lo para estrangeiros (como os franceses, que constantemente traficavam pau-brasil), a Coroa então precisava de um meio estável de atrair colonos para a proteção da terra e ao mesmo tempo gerar lucro tanto para si quanto para seus investidores. A experiência europeia no cultivo da cana, a valorização comercial do açúcar e a necessidade da colonização tornaram as Américas (especialmente o Brasil e as Antilhas) um candidato em potencial para continuar a “ocidentalização” da produção do açúcar. Mas além dessa predisposição histórica, devemos considerar também indispensáveis as predisposições geográficas. Para Schwartz, “o tipo de solo disponível desempenhava papel importante na produtividade e preparação dos canaviais”, essa importância é ressaltada principalmente pela preferência dos senhores de engenho pelo massapê, um tipo de terra comumente encontrado no Recôncavo baiano e ótimo para as atividades açucareiras. Em relação à vegetação, segundo Shawn W. Miller, os primeiros exploradores portugueses acreditavam que as florestas brasileiras possuíam capacidade ilimitada de gerar combustível, “to the smokefilled eyes of the early Portuguese, the fuel capacity of the Brazilian forest was boundless”.

Porém, durante e após a instalação dos engenhos, os novos habitantes da terra rapidamente começaram a perceber que o Brasil não era o paraíso que eles desejavam ou acreditavam que fosse. O elemento crucial na manufatura do açúcar era a mão de obra, e os nativos que eram primeiramente considerados dóceis e de fácil conversão cultural e espiritual, acabaram se mostrando relutantes a subjugação europeia. Os indígenas não estavam inseridos na mesma ideologia mercantilista de acúmulo e lucro dos europeus, ou seja, eles não estavam interessados em guardar excedentes da agricultura ou da caça para uso posterior em trocas comerciais ou pagamentos de impostos, impossibilitando assim a completa adoção de um sistema assalariado de trabalho. Existia também a dificuldade de superar a questão cultural da divisão do trabalho por sexo, pois os homens não eram acostumados a praticar trabalhos de agricultura, o que poderia ser considerado humilhante para alguns, impondo certas barreiras ao sistema escravista. Além do mais, nas palavras de John Manuel Monteiro “ficava cada vez mais claro para as autoridades portuguesas que a insubordinação e rebeldia indígena estavam intrinsecamente ligadas às provocações europeias, na medida em que a exploração desenfreada da mão de obra indígena aparentemente levava tanto à resistência armada quanto ao declínio demográfico”, o que obrigou a Coroa portuguesa a tomar uma série de medidas de política indigenista, mesmo reconhecendo que “o êxito da Colônia dependia, em ultima instância, da subordinação e exploração da mesma população indígena”. Uma dessas medidas que ao mesmo tempo tinha por objetivo salvar os índios das mãos dos colonos tiranos e servir como uma ferramenta fornecedora de mão de obra era os aldeamentos jesuítas. Esta segunda parte do objetivo pode ter ficado em segundo plano, o que acabou limitando mais ainda a disponibilidade de trabalhadores para a produção do açúcar, ainda mais com o surto da criação de engenhos em meados da segunda metade do século XVI até o final da primeira metade do século XVII, explicitado por Leonor Freire Costa em seu livro “O transporte no Atlântico e a Companhia Geral do Comércio do Brasil”. Esses aspectos, unidos a todos os fatores econômicos, sociais e políticos previamente citados, fizeram com que os colonos fossem conduzidos em grande parte a importar escravos africanos, diminuindo consideravelmente os problemas em relação à mão de obra e abrindo espaço para um desenvolvimento pleno da produção açucareira nos próximos séculos.

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