Recebo Visitas: Submergindo Imaginários através da Mediação de Imagens

July 17, 2017 | Autor: Gustavo Reginato | Categoria: IMAGEM, Narrativas, Fotografia, Ensino De Artes Visuais, Artes Visuais, Mediação Cultural
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RECEBO VISITAS: SUBMERGINDO IMAGINÁRIOS ATRAVÉS DA MEDIAÇÃO DE IMAGENS

Gustavo Reginato1 Orientadora: Cláudia Mariza Mattos Brandão2

RESUMO

Uma produção textual que convida o leitor a investigar os indícios referentes a proposta de acolhimento ‘Recebo Visitas’ apresentada na sala expositiva do Memorial Attilio Fontana em Concórdia, Santa Catarina. Busco através das narrativas construídas neste trabalho, um modo de atestar a minha vivência em dezesseis dias de imersão, em fevereiro e março de dois mil e quatorze, no espaço citado. Na condição de espera, recebi visitas imprimindo encontros de submersão no imaginário local, investigando as possibilidades da mediação de imagens como espaço de entrelaçamento e contaminação de sensações, lembranças, afetos e estilos de vida, inserindo-me portanto no imaginário local, o imaginário da fábrica no coração da cidade.

Palavras-Chave: Mediação. Afeto. Experiência. Arte educação.

Licenciando em Artes Visuais –UFPel. Investiga as possibilidades da fotografia analógica e digital, arte impressa, publicações de artista e da mediação. O artigo aqui apresentado contém recortes de uma pesquisa maior apresentada no formato de Trabalho de Conclusão de Curso sob o Título: Dossiê Recebo Visitas; Uma produção de imagens mediadoras de mundo. O Dossiê é formado por cinco pastas contendo diversos indícios para a investigação do caso. E-mail: [email protected] 2 Professora adjunta do curso de Artes Visuais – Modalidade licenciatura, do Centro de Artes da UFPel, doutora em Educação, coordenadora do PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, UFPel/CNPq. 1

Na busca pela reflexão em um exercício diário de auto-formação, Recebo Visitas surgiu como uma proposta de acolhimento, um modo de compartilhar um intenso caminhar de investigações em arte, sobre arte e o mundo, durante parte do curso de graduação em Artes Visuais Licenciatura, na Universidade Federal de Pelotas. A construção de um espaço de vivências, surgiu da necessidade de um contato mais direto com o público que acessaria meu trabalho na sala expositiva do Memorial Attilio Fontana, em Concórdia, Santa Catarina, minha cidade de origem. A partir dos encontros realizados nesse espaço, consegui tecer uma melhor compreensão do imaginário social o qual estava submergindo novamente. O acolhimento na casatelier híbrido de sala expositiva, casa e atelier, foi um processo de mediação que me aproximou dos visitantes, possibilitando a investigação de indícios sensoriais resultantes da natureza incerta dos afetos (SPINOZA, 2010) e sua tessitura nas malhas simbólicas da minha percepção. As narrativas aqui apresentadassão resultantes dos afetos e sua posterior reflexão, na busca pela melhor compreensão do Imaginário a partir de (WUNENBURGER, 2007) e suas Tecnologias (SILVA 2010). No devaneio poético, essencial para reflexão dos afetos, tento compreender melhor a casa onde submergi, antiga residência de uma das principais figuras públicas da cidade. A casa simbólica foi lar de quem edificou a região, busco nessa permanência investigar a relação dos visitantes com ela, o espaço expositivo, e os objetos-sujeito (BACHELARD, 1978) presentes na casa, e como a mediação pode ativar estes campos imaginais. A partir de Luiz Guilherme Vergara (2013) faço apontamentos sobre a ocupação dos espaços públicos que carecem de interações sociais e sobre como a proposta de acolhimento Recebo Visitas, a partir da mediação de imagens pôde contribuir para o estabelecimento de diversas novas conexões dentro da malha simbólica da casa símbolo da cidade de Concórdia, Santa Catarina.

O imáginário cria inventores e inventores criam imaginários. Recebo Visitas constituiu-se como uma proposta de acolhimento, de entrelaçamento entre criação, obra, artista, visitantes e o espaço, onde a criação de imagens transpassou o suporte e invadiu a vida. Um estar presente do artista que pacientemente esperou visitas e criou uma vivência do espaço que transformou a sala branca em casatelier. Aquele que vê com outro olhar sente a necessidade de compartilhar com os demais seu encantamento de mundo. Da relação íntima com a matéria e da sua compreensão parcial, fervilham possibilidades diversas de uma manipulação regrada, que compreende os limites e bordas da existência

material. O artista manipula a matéria com o intuito de produzir ideias que atravessam o outro num jogo de ressignificação existencial, através de suas criações ele media sensações e percepções. A obra, após extraída da linguagem do pensamento e trazida a matéria, sofre mutações constantes que transbordam o imaginário daquele que cria. Por mais que esforços sejam feitos para a compreensão da obra criada, o artista se vê limitado ao seu próprio olhar, quando no olhar do outro surge o impensável que reconstrói artista e obra. Nessa busca por conhecer melhor o próprio trabalho e consequentemente a si mesmo, a submersão no imaginário social da casateliere sua permanência durante todos os dias da ação expositiva, possibilitou com que eu acompanhasse o ritmo natural dos acontecimentos e encontros que envolviam a casa que abriga o Memorial Attilio Fontana, e como a própria população se apropria do espaço que lhes é de uso comum. Sem vernissageou hora marcada, esperei de peito aberto sem saber o que estava por vir. O isolamento traz ao ser pensante o espaço de reflexão tão importante para o ato criativo, mas é a partir do compartilhar de ideias que a reflexão se potencializa. O outro tem papel fundamental na construção de si. Promover um espaço de livre ser proporciona ao outro diferentes possibilidades de leitura de obra e mundo. O artista mediador encontra nas suas obras uma oportunidade e uma potência para promover encontros que constroem e reconstroem, encontros que afastam da solidão. Posicionar obras em um espaço de apreciação é dar a elas uma chance de continuarem vivas, obras engavetadas padecem na mesmice. Em toda experiência de imersão somos condicionados às afecções do espaço sobre nosso corpo, que deixam rastros e criam, durante e após o encontro, ideias afeto que merecem uma reflexão mais profunda para sua melhor compreensão. “Mas ninguém que eu saiba determinou a natureza e a força dos afetos, nem por outro lado, que poder tem a mente para regulá-los” (SPINOZA, 2010, p.161). Em um estado de ser arte e imprimir situações, busco na permanência do espaço expositivo um meio a estar propício a afecção do imaginário local observando as situações ocasionadas pelo devir, construindo, portanto, um conjunto de ideias afeto resultantes dos encontros do caminhar construtivo na exposição Recebo Visitas. A partir dos afetos, reconstruímos nós mesmos quando agregamos uma nova realidade a nossa leitura de mundo. Na busca pela materialização dos afetos em palavras, registrei dia-a-dia na máquina de escrever posicionada na sala expositiva, o caminhar regado de encontros dentro da casa. No fim de cada dia propus uma meditação, um tempo para refletir sobre

os acontecimentos, torná-los conscientes para então gravar as palavras no papel, com o impulso de meus dedos. Os pequenos relatos datados foram cartas que escrevi para serem lidas a posteriori, mentalmente endereçadas a mim, mas sem destinatário, onde os que tivessem a oportunidade de lê-las, pudesse captar a essência dos afetos ainda frescos. Compreendendo que os afetos registrados nas cartas diárias por sua brevidade não compreendiam a toda complexidade da experiência de submersão, decidi durante o período de abril a outubro de 2014, desdobrar as entrelinhas das cartas, construindo uma Narrativa Imaginada do espaço com referência nos registros diários. No ato da escrita, novamente na máquina de escrever, mas desta vez em contínuo, inventei um imaginário a partir de minhas memórias e investigações. Investigo, portanto, a partir da mediação de imagens e permanência no espaço expositivo do Memorial Attilio Fontana (Fig. 1), em Concórdia/SC, a reflexão dos afetos e a construção de uma Narrativa Imaginada, como um dos possíveis caminhos para a reapresentação de um imaginário social o qual submergi, construindo em palavras uma teia afetiva de relações, acontecimentos e situações, na busca por uma melhor compreensão do espaço e de si a partir do devaneio poético da escrita em fluxo de consciência em um hyperlink que conecta os espaços e os sujeitos imaginantes.

Fig. 1 – O Memorial Attilio Fontana, Gustavo Reginato, 2014.

A

mediação

de

imagens,

a

partir

da

presença

constante

do

professorartistapesquisador no espaço expositivo, transforma-se em uma tecnologia de pesquisa que se utiliza da experiência de encontro com o imaginário dos visitantes para criar diversas narrativas a partir deste contato. Os encontros de mediação procuram estabelecer uma relação mais íntima do ser humano com a natureza e a cultura, ressignificando a matéria e as suas relações na era digital da virtualidade. De acordo com Jean-Jacques Wunenburger (2007), em seu livro “O imaginário”: Conviremos, portanto, em denominar imaginário um conjunto de produções, mentais ou materializadas em obras, com base em imagens visuais (quadro, desenho, fotografia) e linguísticas (metáfora, símbolo, relato), formando conjuntos coerentes e dinâmicos referentes a uma função simbólica no sentido de um ajuste de sentidos próprios e figurados. (ibid. p.11)

A experiência de troca e afetos nos transforma a cada encontro, entrelaçando as teias do imaginário dos indivíduos que partilham vivências do sensível, mantendo a arte de intercambiar experiências a partir da faculdade da narração (BENJAMIN, 1987, p.197), tendo a memória como agente de resistência e prolongamento do tempo. “É também o território de recriação e de reordenamento da existência – um testemunho de riquezas afetivas que o artista oferece ou insinua ao espectador[...]” (CANTON, 2009, p.22). Montei minha casa dentro do espaço expositivo e ali frequentei no meu período de férias, transferi meus objetos narradores por setecentos e cinquenta quilômetros empacotados em mais malas que eu poderia carregar. Nas paredes investigações gráficas, no teto um fio de poliéster e uma lente convergente posicionada para projetar a imagem do jardim, na estante alguns livros, discos de vinil, objetos curiosos, algumas esculturas antigas, algumas câmeras fotográficas. Em uma mesa de madeira uma máquina de escrever, sobre um cubo negro o Dispositivo Fotográfico Instantâneo (Fig.2) gerava imagens de todos os visitantes frente a uma cadeira que veio da sala de jantar. Café, chá de hibisco e anis estrelado, pastéis de goiabada. Eu quis habitar aquela sala, e queria receber e conhecer os que buscavam habitar ela também.

Fig. 2 – O DFI em desenho, Gustavo Reginato, 2014.

Na relação de plantio e cultivo de relações é que surge a ruptura das possibilidades antigas, o caos, o surgimento de novas possibilidades, e a reconstrução do tempo-espaço provocados pelos encontros. É na ruptura de possibilidades em outras mais que surge a mediação, dimensão onde os indivíduos que se encontram submergem e onde as informações se entrelaçam. O exercício de mediação é uma equação quântica, por isto me abstenho de prever possibilidades. Estabeleci uma condição de esperançar, a esperança na condição de espera. Não existem receitas para um bom alquimista, todas as medidas são feitas a partir da poesia de compreender como cada matéria se comporta umas com as outras e seu todo com nossos sentidos. Comida é alquimia, gravura é alquimia, arte é alquimia. Transformamos a matéria na preciosidade do seu encontro com o outro. A mediação é algo latente ao espaço, tudo o que é e existe na sala e no imaginário dela, só se revela no encontro onde há um rompimento na tessitura do espaço-tempo. Onde o visitante submerge comigo em um tempo deslocado de uma realidade habitual, imprimi situações que provocaram deslocamentos através de uma alteração das

possibilidades futuras, onde tudo o que poderia ser, pode ser ainda mais. “Com a casa vivida pelo poeta, dirigimo-nos a um ponto sensível da atropocosmologia. A casa é um instrumento de topoanálise” (BACHELARD, 1978, p. 228). A impressão de situações provocadas pelo mediador enriquece e potencializa o espaço com suas rupturas. Durante a mediação, as imagens despertam o imaginário que envolve os visitantes, sendo ele decodificado pelo pensamento que imprime e materializa uma ideia no formato da fala, instaurando uma memória que com o acúmulo de outras mais lhe dará noção de tempo, passagens e conservação, um atestado de vivência na exposição. As imagens mentais e signos gerados pelo visitante durante a ruptura, novamente se reintegram a bacia semântica que perpassa o local. O imaginário assim como o universo está em constante expansão, e sempre estará ligado a algo muito maior, numa rede de incontáveis conexões. O acesso a informação sempre exigiu esforços daquele que busca sintonizar a mesma frequência para poder compreendê-la. Precisamos um do outro para iluminarmos nossos pontos obscuros que nos levam a compreensão de certas coisas e mais dúvidas sobre outras. Precisamos socializar para nos desenvolvermos como seres. “Podemos reconhecer um processo global de crise que se amplia criticamente da carência de espaços públicos de interações sociais” (VERGARA, 2013, p.61). Me propus a ouvir e a falar também, uma mediação em uma exposição tem efeitos positivos tais quais a consulta a um profissional da psicologia ou quem sabe a leitura de um mapa astrológico, um jogo de búzios ou de runas vikings. Uma possibilidade de reflexão na presença do outro. Uma oportunidade de “[...] reversibilidade entre futuro – presente e passado, através do acontecimento e territorialização do devir na arte” (VERGARA, 2013, p.63). Na casa, espelho construído do ser, pode-se reconhecer os habitantes pelos seus objetos. São eles que ajudam a nos identificarmos com as formas assumidas pelos seres no mundo. Nos objetos, a representação de ideias é feita pelo domínio do homem sobre a matéria, onde o conhecimento domina e prevê ou não suas reações a fim de utilizar suas propriedades para comunicar. Sendo assim o objeto, uma forma de matéria controlada que compõe uma imagem ideia, e passa a aquele que o encontra toda energia de suas propriedades físico-químicas, os signos vinculados a si durante o a caminhar da humanidade e a leitura do indivíduo que o encontra, que o acessa a partir de suas referências. Mas como sempre digo, os comprimentos de ondas das ideias não irão sintonizar se você não quiser estar na mesma frequência, o campo de visão é sempre

definido pelo próprio observador. O pensamento é potência desmerecida, podemos sim criarmos nossas próprias realidades de mundo.

Fig. 3 – Vista Parcial da casatelier, Gustavo Reginato, 2014.

Hoje a era da virtualidade possibilita a troca virtual de maneira eficaz através do uso da palavra e da imagem digital. Mas não há como comparar o encontro de codificação de dados transmitidos pela máquina ao encontro de corpos e seus campos imaginais. “Pois a casa é nosso canto do mundo. Um verdadeiro cosmos.” (BACHELARD, 1978, p. 200). Receber Visitas em casa é mostrar as suas entranhas (Figs. 3 e 4), o seu eu materializado nos objetos que conserva e os organiza no espaço. “Os objetos são vivos no espaço que são inseridos, representam algo ausente muito além da forma. São Objetos mistos, objetos-sujeito. Tem, como nós, para nós, por nós, uma intimidade” (BACHELARD, 1978, p. 248). Doamos a nossa essência vital em forma de construção de uma ideia que é projetada no objeto e inserida em seu imaginário, como um campo gravitacional que o circunda, mantendo por uma união mútua de forças entre ideia e matéria onde um afeta o outro, gerando a sua imagem virtual construída e suas diversas ressignificações. No campo imaginal, diferente do campo magnético onde grandes massas possuem um campo maior, as imagens são indiferentes a dimensões físicas no tecido imaginal. Dependendo da força de sua ideia, os campos dos objetos próximos se fundem, formando um campo

de força imaginal maior que contamina o espaço. Nós seres, como agrupamento de átomos também possuímos nosso campo imaginal de ideias, muito mais complexo e enredado que o dos objetos. Mas a partir do encontro dos campos imaginais, é impossível dizer onde começa um e termina o do outro.

Fig. 4 – Vista Parcial da casatelier. Gustavo Reginato. 2014

O campo imaginal dos objetos pode ser acessado a partir da mediação, e deixamos de lado a ideia de que mediação só acontece em espaços expositivos. Encontros são mediadores, e eles são imprevisíveis por mais que planejados. É o encontro, a afecção e a ideia afeto que constituem a mediação. Ela abre espaço para a reflexão e pode ocorrer entre uma pessoa e uma obra, duas pessoas e uma obra, uma obra por uma pessoa para um grupo de pessoas, entre uma pessoa e ela mesma ou uma e outra pessoa com outra pessoa, uma pedra, ou uma formiga que carrega um pedaço de folha muito maior que seu peso corporal, ou entre o sol e nosso planeta, na luz projetada por uma lente, na percepção das imagens produzidas pelos sentidos e interpretadas pelo corpo, na relação deste texto contigo. As coisas não existem se não construirmos uma ideia imagem para que elas existam de fato. Os objetos que produzimos, recebemos, que adquirimos ou nos apropriamos recebem de nós um campo imaginal que se funde ao imaginário. “Uma aura

em constante mutação” (SILVA, 2006, p.17). A poesia se manifesta na fala e nos gestos, contamina o outro que se interessado se conecta e submerge na bacia de signos. “Imaginário em que o homem torna-se atributo do mundo (virtual) de sua própria representação, numa fascinante rede de correspondência pelas quais encontram-se os valores estéticos” (VENTURELLI, 2004, p.13). Na composição de sua matéria, os objetos e sujeitos com suas formas e ideias preenchem o espaço e nos contaminam com sua energia, compondo o imaginário da casatelier Recebo Visitas. “Quando a imagem é nova, o mundo é novo” (BACHELARD, 1978, p. 228). Pode-se também reconhecer os homens pelas imagens que produz. Utilizo objetos como dispositivos narradores, assim como o faço com a minha produção de imagens gráficas, com a criação de objetos, livros e toda sua disposição no espaço. A imagem de um espaço híbrido de sala branca e casatelier, onde cada visita usufrui do espaço a partir de sua vontade própria, com sua leitura íntima expressa pelo corpo ou pela fala. É inegável que o poder das imagens afeta aquele que submerge no espaço. “Chamaremos imagens das coisas as afecções do corpo humano cujas ideias representam os corpos exteriores como se estivéssemos presentes... e, quando o espírito contempla os corpos sob essa relação, diremos que ele imagina (DELEUZE, 2002, p.55). E nesse caminhar repleto de encontros, cada imagem criada traz presente em si toda carga dos encontros anteriores a ela. O seu exercício de leitura que está acontecendo neste momento, felizmente está mantendo vivo e abastecido na Bacia Semântica, o imaginário construído de Recebo Visitas. Para que nossos afetos ecoem pela eternidade. A mediação dentro dos espaços expositivos configura-se como uma experiência que ativa a potência das imagens do espaço. A minha permanência durante todo o período na sala expositiva onde fundei a casatelier, colocou-me em situação de espera sem perspectivas. Sem a menor ciência do futuro, entreguei-me ao devir e Recebi Visitas respeitando suas vontades de permanência, estive aberto a ouvir histórias daqueles que queriam ser ouvidos. Os que gostam de contar histórias demoraram a deixar o espaço. A partir dos encontros surgiram os afetos, que aumentaram a minha potência de agir ao ponto de criar este texto e a Narrativa Imaginada. Um exercício de escrita contínua na máquina de escrever, buscando nos confins da memória indícios da construção dos afetos, transformando as experiências em poesia. Meu estado de permanência levou-me a refletir na ocupação de espaços formais e não formais para pensar a educação pela arte através da mediação, na busca de uma

construção de si pelo encontro com o outro, induzindo ao devaneio a partir de minhas leituras de mundo, acompanhadas dos conhecimentos que as circundam. A mediação e permanência no espaço expositivo afetaram-me de tal modo que construí suas reverberações neste formato de escrita. Deixo aqui portanto minha impressão resultante do contato entre seres e objetos. No papel de mediador este artigo lhe convida a conhecer melhor a Narrativa Imaginada, onde a partir da minha invenção literária você poderá investigar

com

mais

detalhes

o

caminhar

de

Recebo

Visitas

em

http://issuu.com/gustavoreginato/docs/narrativa_imaginada

Referências: BACHELARD, Gaston. A poética do Espaço, Coleção Os Pensadores. São Paulo, Abril Cultural,1978. _______. A chama de uma vela. Rio de Janeiro, Bertrand,1989. BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política, Ensaios sobre a literatura e a história da cultura. 3ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1987. BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n19/n19a03.pdf acesso em: 7/2/2015 CANTON, Kátia. Tempo e Memória. São Paulo, Martins Fontes Vozes. 1980. DELEUZE, Gilles. Espinosa: filosofia Prática. São Paulo, Escuta. 2002. REGINATO, Gustavo. Narrativa Imaginada Recebo Visitas.

Disponível em:

http://issuu.com/gustavoreginato/docs/narrativa_imaginada Acesso em 20/04/2015. SILVA, Juremir Machado. As Tecnologias do Imaginário. Porto Alegre, Sulina. 2006. SPINOZA, Benedictus de. Ética. 3ª ed. Bilíngue. Belo Horizonte, Autêntica. 2010. VENTURELLI, Suzete. Arte: espaço_tempo_imagem. Brasília; Editora Universidade de Brasília. 2004. VERGARA, Dilemas éticos do lugar da arte contemporânea. Acontecimentos solidários de múltiplas vozes. VISUALIDADES, Goiânia v.11 n.1 p. 59-81, jan-jun 2013. WUNENBURGER, Jean-Jaques. O Imaginário. São Paulo; Edições Loyola. 2007

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