Reconstituição das Vias Proto-Históricas do Fundão: uma abordagem com recurso aos SIG

May 18, 2017 | Autor: Andreia Ribeiro | Categoria: Proto-History, Fundão, QuantumGIS, Geographic Information Systems (GIS)
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RECONSTITUIÇÃO DAS VIAS PROTO-HISTÓRICAS DO FUNDÃO: UMA ABORDAGEM COM RECURSO AOS SIG Andreia Ribeiro & Steffan Davies Mestrandos em Arqueologia e Território da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

As Vias Proto-Históricas Neste caso de estudo vamos analisar as vias protohistóricas do concelho do Fundão, desenvolvendo o nosso trabalho a partir da reconstituição anterior publicada no artigo de Raquel Vilaça et al., em 1998[1]. Este mapa permite observar a ligação entre sítios proto-históricos importantes na forma de linhas diretas. No entanto esta representação não tem em consideração fatores como a dificuldade que os indivíduos teriam em atravessar o terreno, nomeadamente a inclinação. Por este motivo, considerámos produtivo comparar esta proposta com o mapa dos caminhos ótimos entre os povoados proto-históricos do Fundão.

O resultado será considerado como uma possível aproximação à realidade morfológica dos caminhos, tendo em conta a capacidade humana de seleccionar percursos que necessitam de menor esforço. Com estes resultados, podemos fazer uma análise comparativa com pontos de interesse da região.

Metodologia Para a elaboração dos mapas, recorremos ao software QuantumGIS que fornece uma série de ferramentas de análise espacial, como r.drain e o r.flow. Para este caso de estudo, os dados de custo para o movimento na superfície foram alterados de modo a serem representativos do esforço humano, ao invés daquilo que seria o percurso da água. r.drain calcula o caminho óptimo singular entre dois pontos no espaço e é representado por uma única linha. Já r.flow calcula todos os percursos óptimos a partir de um ponto central, não tendo um fim definido. Aqui, cada ponto no espaço que constitui estes percursos é dotado de um valor chamado fluxo, que é a importância desse ponto em relação a todos os outros, pois é representativo da acumulação de possíveis percursos nesse mesmo sítio.

Resultados

Figura 1. Mapa de caminhos proto-históricos da Beira Interior (In Vilaça et ali., 1998: 39).

Objetivos O objetivo deste trabalho é o de construir mapas que representem um conjunto de caminhos analiticamente otimizados para o percurso humano na paisagem, tendo em conta a inclinação do terreno e as linhas de água como fatores de dificuldade.

Com base nos resultados da simulação r.drain, e posterior sobreposição destes no mapa de Raquel Vilaça, podemos observar no mapa da figura 2 que o caminho óptimo entre sítios é uma linha complexa moldada pelas idiossincrasias do terreno. Observamos também que estes caminhos ótimos passam nas proximidades da Estátua-Menir de Corgas[2] e da Estela do Telhado[3], o que pode demonstrar a importância de ambas para os caminhantes. Também é curioso como um destes caminhos passa nas proximidades do achado isolado da Ribeira da Gardunha[4].

Figura 2. Mapa de caminhos ótimos com a ferramenta r.drain. Referências Bibliográficas [1] VILAÇA, R.; SANTOS, A.; PORFÍRIO, E.; MARQUES, J.N. & CANAS, N. (1998): “Lugares e caminhos no mundo pré-romano da Beira Interior”, Cadernos de Geografia, vol. 17, pp. 35-42 [2] BANHA, C.; VEIGA, A.; FERRO, S. (2009): “A estátua-menir de Corgas (Dona, Fundão). Contributo para o estudo da Idade do Bronze na Beira Interior” in Açafa, vol. 2, pp. 2-16.

Um especial agradecimento ao Professor Marcos Osório pela ajuda e orientação na elaboração deste poster.

Os resultados do mapa da Figura 3 apresentam uma semelhança nos caminhos obtidos. Mas torna-se uma representação mais imparcial do espaço pois já não depende dos sítios arqueológicos. Assim é preciso ter em consideração o valor que podem ter os locais de cruzamento entre caminhos, que poderiam conter importantes marcadores visuais. A Estela do Telhado, por exemplo, encontra-se muito próxima da reconciliação de pelo menos três caminhos com percursos distintos; abaixo da Cabeça Gorda e da Quinta da Samaria existe uma zona de passagem com imensas bifurcações. Assim, seria mais um conjunto de intersecções à semelhança daquilo que vemos na zona da Ribeira da Gardunha. Alertamos ao potencial de sugestão que este método possui para a orientação de uma procura de novos sítios arqueológicos com base na logística de caminhos apresentados.

Figura 4. Anverso e reverso de machado metálico descoberto na Ribeira da Gardunha (In Vilaça e Rosa, 2015: 70).

Conclusão Uma das principais vantagens das abordagens com recurso à Informática é a de que os estudos aplicados a este trabalho, e os dados utilizados no seu processamento, podem ser reutilizados e reapropriados a um futuro estudo de nível macrorregional. No entanto estas ferramentas não se limitam ao mundo virtual: como vimos na criação de caminhos de alto fluxo, somos orientados para a possibilidade da existência de caminhos antigos importantes.

Figura 3. Mapa de caminhos ótimos com a ferramenta r.flow. [3] VILAÇA, R., ROSA, J. M.; BIZARRO, J.; PIRES, H.; BAPTISTA, P. (2 016):” New stele. New story. A Late Bronze Age reference in Cova da Beira (Telhado, Fundão, Portugal)”. Póster apresentado no International Symposium Images in stone in Prehistory and Protohistory (Braga). [4] VILAÇA, R. e ROSA, J. M. (2015): Depósito metálico na Ribeira da Gardunha, Castelejo, Fundão, Eburobriga, n.º 8, Fundão, p. 61-71. [5] RIBEIRO, A. & DAVIES, S. (2017): “ Análise Espacial sobre estratégias de ocupação de território entre a época Proto-Histórica e Romana no concelho do Fundão com recurso a Sistemas de Informação Geográfica”, elaborado no âmbito do seminário de SIG em Arqueologia, leccionado pelo Professor Marcos Osório

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