Reconstrução Argumentativa do Fédon de Platão - Trechos: 65d à 67b / 72e à 76e / 78c a 79a

May 31, 2017 | Autor: Fernando Sáfadi | Categoria: Socrates, Platão, Metafísica, Ontologia
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Goiânia, 23 de maio de 2016. Aluno: Fernando Batista Safadi Disciplina: Ontologia e Metafísica Email: [email protected]

Reconstrução da Argumentação de Platão no Fédon Trechos: 65d à 67b / 72e à 76e / 78c a 79a

O diálogo trata da questão da morte e do motivo pelo qual, o verdadeiro filósofo, não deve temê-la. Neste sentido são levantadas questões como a da imortalidade da alma, da rememoração e da concepção socrática acerca da separação da alma do corpo.  65d - 67b: neste trecho Sócrates argumenta no sentido de convencer Símias de que a morte deve ser bem recebida pelo filósofo; o Sócrates coloca que, quanto mais isolada em si mesma e afastada do corpo estiver a alma, melhor ela raciocinará, e que é apenas depois da morte que a alma se isola completamente do corpo. o Símias, seu interlocutor concorda com este argumento. o Em seguida, Sócrates menciona o "justo", o "belo", o "bom" e outros seres que são em si mesmos. Após mencioná-los questiona seu interlocutor, primeiramente, se seria possível negar-lhes a existência, obtendo assim uma resposta negativa, ou seja, de que a existência dos seres citados seria incontestável. Em segundo lugar, ele pergunta se a existência de seres deste gênero (seres em si mesmos) poderia ser percebida por meio dos sentidos, obtendo uma enfática resposta negativa. Dessa resposta Sócrates conclui que o conhecimento da existência de tais seres foi apreendido não por intermédio dos sentidos de que dispõe o corpo e sim por meio do pensamento (razão). Sócrates finaliza essa questão levantando que o homem com mais condições de se aproximar dessas entidades (do conhecimento verdadeiro), seria aquele que menos recorresse aos sentidos durante o ato de pensar. o Partindo das premissas levantadas, Sócrates afirma que o autêntico filósofo chegará a conclusão de que enquanto a alma estiver atrelada ao corpo ele não será capaz de alcançar o objeto de seu desejo, qual seja, a verdade. Ele continua dizendo que apenas por intermédio da alma em si mesma que será possível conhecer os seres em si (sabedoria) uma vez que o corpo impede a obtenção de um conhecimento puro. Conclui dizendo que apenas após a morte que a alma poderá se separar completamente do corpo, motivo pelo qual a morte deveria ser bem vinda por aquele que se considera um autêntico filósofo.

 72e - 76e: O trecho do diálogo citado abaixo tenta responder, por meio da "teoria da reminiscência" (teoria proposta por Sócrates de que o ser humano já nasce com o conhecimento, e que o aprendizado, nada mais seria do que a recordação desses conhecimentos) a seguinte questão: A existência da alma é anterior ao nascimento? o O personagem Cebes introduz a teoria da reminiscência no diálogo (teoria esta proposta por Sócrates) e, em decorrência dela, afirma que, se aprender for o mesmo que recordar, seria necessário que a alma existisse em momento anteriormente ao do nascimento. O outro personagem, Símias, não convencido pela exposição de Cebes, requer à Sócrates a demonstração de sua teoria.

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Sócrates inicia sua argumentação alegando que, para ser possível recordar algo é necessário que já se tenha sabido antes sobre este algo. Continua afirmando que, quando vemos ou ouvimos alguma coisa não é apenas acerca do objeto apreendido pelos sentidos que temos conhecimento "mas temos também a imagem de uma outra coisa, que não é objeto do mesmo saber, mas de outro". Conclui essa idéia defendendo que essa imagem, que seria um saber de outra natureza, tratar-se-ia na verdade de uma recordação. A partir daí Sócrates tentará demonstrar, por meio de exemplos, a veracidade de suas colocações. Sócrates inicia sua defesa pontuando que é possível, ao ver determinado objeto, recordarse de outro completamente diferente. No mesmo sentido ele continua, usando como exemplo um retrato fictício de seu interlocutor (Símias), dizendo que seria possível ao observar tal retrato recordar-se do próprio Símias. Como base em tais exposições ele define que as situações citadas são o que se pode chamar de recordação, principalmente nos caso onde a lembrança se dá em relação a algo que já havíamos esquecido pelo passar do tempo. Conclui essa idéia dizendo que a recordação tem como ponto de partida a semelhança ou a dessemelhança. Neste momento Sócrates toma como exemplo a recordação que se dá pela semelhança e, a partir dela, defende que é inevitável o surgimento de um questionamento acerca do grau de semelhança da coisa observada com a coisa da qual se recorda. Ele prossegue colocando que é dessa percepção da semelhança entre os objetos (ou mesmo da dessemelhança) que se percebe que esse "igual" que nos referimos não é perfeito, ou seja, os objetos possuem defeitos e não poderiam ser perfeitamente iguais no mundo sensível. Sócrates alega que é a partir dessa percepção que podemos contemplar o "Igual em si" e, sendo assim, ao contemplá-lo através da semelhança ou da dessemelhança o que se tem, conforme ele já havia afirmado antes, é uma recordação (afirmação esta que teve o respaldo do interlocutor). Ele conclui dizendo que, se a percepção do "Igual em si" é uma recordação, logo é necessário que se tenha sabido sobre o "Igual em si" em um momento anterior. Sócrates insiste em seu argumento enfatizando que esse conhecimento anterior do "Igual" é necessário. Ele justifica tal afirmação dizendo que, a partir das sensações que temos em relação aos objetos (visão, audição, tato, etc) é que concebemos a idéia de que os objetos iguais almejam o "Igual em si", bem como a percepção de que aqueles são inferiores em relação é este. Ele completa pontuando que só seria possível o surgimento desse questionamento se já tivéssemos adquirido, antes mesmo dos sentidos, o conhecimento acerca do Igual. Com base nos pressupostos aqui levantados Sócrates faz uma referência ao momento do nascimento e questiona seu interlocutor se neste momento já fazemos uso de nossos sentidos, recebendo uma resposta positiva. Com base na resposta, Sócrates conclui que o conhecimento do "Igual" seria de fato anterior ao nascimento, e não só o conhecimento deste, mas de todos os seres da mesma espécie tais como o Belo, o Bom, o Justo, dentre outros. Sócrates prossegue questionando se o conhecimento adquirido antes do nascimento se conservaria ao longo de toda a vida ou se seria esquecido. Respondendo ao próprio questionamento ele evidencia que tal conhecimento é esquecido após o nascimento, porém rememorado ao longo da vida. Esta última concepção é justificada com base em uma argumentação já levantada por Sócrates anteriormente, ou seja, de que ao percebermos os objetos por meio de nossos sentidos acabamos por recordar de outros seres em relação aos quais havíamos nos esquecido (a percepção do "Igual" é um exemplo disso), e que se encontram em outro plano de realidade. Por fim Sócrates conclui que, se o conhecimento dos seres de mesma espécie do "Igual" é anterior ao nascimento, logo a alma também seria necessariamente anterior.

 78c - 79a: Neste trecho é tratada a questão a imortalidade da alma, ou seja, se seria essa perecível ou não. o Cebes inicia este trecho do diálogo questionando Sócrates acerca de quais espécies de seres seriam suscetíveis de decomposição e quais não.

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Sócrates inicia seu argumento fazendo uma distinção entre seres compostos, que seriam aqueles se comportam de um modo diferente ao longo do tempo, e seres não-compostos, que, por outro lado, seriam aqueles que se comportam sempre da mesma maneira. Ao final afirma que destes dois é apenas o último que teria condições de escapar da decomposição. Com base na distinção acima Sócrates traz a baila aqueles seres que são em si mesmos (o Belo, o Justo, o Igual, dentre outras realidades verdadeiras) e questiona seu interlocutor se seriam estes seres suscetíveis de alteração, recebendo a seguinte resposta “É necessário que todas conservem do mesmo modo a sua identidade”. Em seguida Sócrates cita alguns objetos do mundo sensível (homens, cavalos e etc.) e os classifica como seres compostos vez que agem sempre de modo diferente. De tais afirmações Sócrates infere que existem duas categorias de seres: os visíveis e os invisíveis, sendo que os visíveis não conservam sua identidade enquanto os invisíveis o fazem. Neste sentido, ele continua afirmando que os homens são constituídos pelo corpo e pela alma, estando aquele na categoria do visível e esta na categoria dos invisíveis. Com base nas teses levantadas Sócrates questiona Cebes a qual categoria de ser a alma mais se assemelha, se aos que sofrem mudança ou se aos que são imutáveis. Cebes responde que ela mais se assemelha aos imutáveis. Desta forma, conclui Sócrates que a alma é indissolúvel enquanto o corpo é susceptível de decomposição. A alma seria, portanto, imortal

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