Reconstrução Paleoclimática da Amazônia Legal

July 22, 2017 | Autor: Guilherme Ferreira | Categoria: Paleoclimatology, Mudanças Climáticas
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CARACTERIZAÇÃO PALEOCLIMÁTICA E AMBIENTAL A PARTIR DE REGISTROS
SEDIMENTARES DO BIOMA AMAZÔNICO COMO FORMA DE COMPREENSÃO DO PAPEL DA
FLORESTA NO BALANÇO DO CARBONO

ÍNDICE

RESUMO 2
ABSTRACT 3
1. INTRODUÇÃO 4
2. DISCUSSÃO
2.1 NATUREZA DOS DADOS PALEOCLIMÁTICOS 5
2.2 OCORRÊNCIAS DAS VARIAÇÕES FITOGEOGRÁFICAS DA
AMAZÔNIA.............................7

A PARTIR DO FINAL DO ÚLTIMO GLACIAL MÁXIMO

2.3 O USO DO MERCÚRIO COMO INDICADOR PALEOCLIMÁTICO NO
HOLOCENO.............12

2.4 O PAPEL DA FLORESTA AMAZÔNICA NO CICLO DO
CARBONO........................................13

3.
CONCLUSÃO...................................................................
.......................................................................18

4. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS..............................................................
.......................................20
















Autor: Guilherme Gonçalves Pereira da Silva Ferreira

Outeiro São João Batista s/n CEP 24020-150

UFF- Niterói/RJ

Contato: [email protected]

RESUMO

A reconstrução paleoclimática da bacia Amazônia, incluindo as
transformações ambientais e variações de temperatura ocorridas desde o
final do período de glaciação, há mais de 15.000 anos, colabora em
estimativas sobre as respostas do bioma decorrentes do aumento dos níveis
de gases-estufa na atmosfera, observada nas últimas décadas. As
consequências do aumento da temperatura sobre a Floresta Amazônia
desencadeiam respostas climáticas em outras regiões do país e teria um
impacto significativo no seu papel de regulagem do fluxo de carbono na
atmosfera. Nos últimos anos, perfis sedimentares vêm sendo estudados,
abrangendo áreas do bioma Amazônico propício à formação de registros
correspondentes ao Holoceno e o último intervalo Glacial Máximo. A partir
de dados palinológicos e sedimentares adquiridos, há indícios de períodos
mais secos, nas variações na produtividade biológica e na composição
florística de acordo com a taxa de vazão hidrológica, assim como de
indícios de ocupação do solo por antigas populações humanas em certas áreas
do bioma, incluindo setores no sul e sudeste da Amazônia. Assim, a partir
dos dados paleoambientais é possível relacionar as causas da variabilidade
climática ao aumento de gases-estufa na atmosfera através dos registros
históricos de emissões de CO2. O agravamento dessas transformações pode ser
estimada a partir variações climáticas de fenômeno naturais como o El-Niño,
e que são cada vez mais evidentes, de acordo com o IPCC (Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Medidas compensatórias no
manejo da floresta devem ser adotadas na reversão ou abrandamento das
consequências climáticas ligadas ao aumento dos gases de efeito-estufa.

Palavras-chave: Paleoclima. Carbono. Registros sedimentares. Floresta
tropical. Amazônia

ENVIRONMENTAL AND PALEOCLIMATIC CHARACTERIZATION FROM SEDIMENTARIES CORE OF
AMAZONIAN BIOME TO UNDERSTANDING OF THE ROLE OF FOREST IN CARBON BALANCE
BUDGET

ABSTRACT

The paleoclimatic reconstruction of Amazonia Basin, including the
environmental transformation and the temperature variations occurred since
the last ice age, at 15.000 years later, collaborates for estimative about
biome responses from the increasing of greenhouse gases effects, observed
at the last decades. The consequences of temperature rise on Amazon Forest
trigger climatic perturbations over others regions in country and may have
a significant impact in adjustment of the role of carbon flux to
atmosphere. In recent years, sedimentary cores have been prospected,
covering areas of Amazon biome favorable to the formation of records
corresponding at Holocene and Last Glacial Maximum interval. From the
palynological and sedimentary evidences acquired, there is evidence of
drier periods and the variations of biological productivity and the
floristic composition according to hydrological flow rate and the activity
of land-use by ancient human populations in some areas of the Southeast
Region of Amazon Forest. The cause of climate variability and increase of
greenhouse gases to the atmosphere can be better related to the historical
records of CO2 emissions. The driving forces of these changes can be
distinguished between natural phenomenon and those arising from human
activities, which are increasingly evident, according to IPCC
(Intergovernmental Panels of Climate Changes). Compensatory measures
involved in forest management may be taken to reversing or slowing the
climatic consequences related to the increase of greenhouse gases effect.

Keywords: Paleoclime. Carbon. Sedimentary core. Tropical Forest. Amazon

1. INTRODUÇÃO

As latitudes tropicais são importantes locais de estudos das mudanças
paleoclimátricas globais e regionais, devido à sua importância na regulação
do balanço de energia no sistema e do ciclo hidrológico associado. A
distribuição de energia, através do regime de precipitação e evaporação, é
bastante atuante nas latitudes mais baixas, e influem no regime climático
de outros pontos do planeta. Os fenômenos climáticos na bacia do Amazonas
tem ação direta na disponibilidade hídrica, geração de energia e na
produção agrária nas demais regiões brasileiras, com impactos na economia e
na ordem pública.

A partir da caracterização de ocorrências de períodos marcados por
oscilações climáticas na região, pode-se compreender e simular os seus
principais efeitos no clima tropical, além dos relacionados ao ritmo das
modificações na cobertura vegetal e sua abrangência nas últimas décadas no
bioma Amazônico.

Um dos agentes responsáveis pelas mudanças no balanço climático no globo é
a diferença na distribuição latitudinal e sazonal de insolação, que atua na
variabilidade do regime pluviométrico na Bacia Amazônica. Portanto, ciclos
de maior e menor incidência de insolação em intervalos regulares
relacionadas às variações no ângulo do eixo e na excentricidade orbital
estão associados à ocorrência de períodos de glaciação e interglaciares.
Essa causa é responsável pela maior parte das variações de longo prazo
estimadas no sistema climático, na ordem de 100.000 anos, como é conhecido
o Ciclo de Milankovith, e seus efeitos desencadeadores no padrão de
circulação de correntes. Assim, no contexto da região Amazônica, mudanças
na insolação no Hemisfério Norte e da circulação oceânica da Corrente do
Atlântico Norte também foram fatores que atuaram no regime pluviométrico da
região, que tiveram efeitos sensíveis no seu componente ambiental (HARRIS &
MIX, 1999). Do mesmo modo, outras causas recorrentes são responsáveis por
intervalos menos duradouros de mudanças bruscas no clima planetário, tais
como injeção de grandes volumes de gases emanados por atividade vulcânica,
que interfere nos níveis de irradiância e dissipação de calor da atmosfera.


Assim, objetivo desse artigo é pontuar e comentar algumas das conclusões
coletadas em uma revisão bibliográfica, que englobou inclusive alguns
estudos realizados pelo Departamento de Geoquímica Ambiental da Faculdade
de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF).

2. DISCUSSÃO

2.1 NATUREZA DOS DADOS PALEOCLIMÁTICOS

São utilizadas várias ferramentas que mostram evidências de mudanças no
padrão geral do clima e na hidrologia durante fases ou ciclos climáticos e
seus efeitos em uma escala regional ou local. Os dados extraídos muitas
vezes são preservados em camadas de sedimentos formados, através das quais
podem revelar indícios sobre prováveis cenários de variação nas condições
ambientais ao redor e como o sistema poderá se comportar em face as suas
crescentes modificações ambientais e climáticas presentes hoje em dia. Os
registros de testemunhos nas florestas tropicais úmidas podem lançar luz
sobre a magnitude e a capacidade do ecossistema responder globalmente na
regulação dos fluxos de elevados estoques de carbono contidos na biomassa e
no solo.

Como exemplo de ferramentas empregadas, relaciona-se as porcentagens de
formação de (bi)carbonatos (formados através do processo de aclimatação
químicas das rochas) e a razão isotópica de 18O nos sedimentos, assim como
a presença de teores variados de mineral goetita e hematita após transporte
fluvial depositados no leito marinho, para servirem de estimativas de
temperatura, pluviosidade e nas variações no nível do mar. Subsidiando
esses dados, são realizadas análises da razão isotópica do 13C contida na
matéria orgânica e carbonato sedimentar coletados através de testemunhos
provenientes de antigos lagos em regiões remotas. Matéria de origem
vegetal, incluindo restos de fragmentos provenientes de queimadas e
partículas de carvões, assim como restos preservados de pólen de diferentes
períodos, identificados de acordo com a camada de sedimento onde foram
encontrados, são outros recursos comuns na busca de evidências para a
caracterização dos efeitos das oscilações do clima sobre certa localidade
em estudo. Segundo MASLIN & THOMAS (2003), estimativas sobre a capacidade
de armazenamento de CH4 em outras áreas significativas do leito oceânico,
permafrost e solos de tundras árticas também são consideradas como
fornecedoras de dados importantes na compreensão da dinâmica do carbono
durante eras e de sua dimensão como definidoras dos diferentes estágios de
temperatura no planeta.

Dentro do conjunto de dados reunidos ao longo desses últimos anos, as
análises isotópicas de carbono contidas em testemunhos retirados em camadas
glaciais apontam para um panorama de diferenças significativas no
decréscimo de 7 p.p.m. (parte por milhão) atmosféricos entre 11-8.000 anos
acompanhado de um aumento de 20 p.p.m. de CO2 até o início da Revolução
Industrial, em escala global. Sendo assim, cabem ainda esclarecer de forma
mais detalhada os reflexos das emissões provenientes dos combustíveis
fósseis e as respostas do ecossistema da Amazônia e outras formações
florestais dos trópicos no balanço do carbono, e da capacidade dos
mecanismos de regulação e controle das emissões das florestas de gases–
estufa para a atmosfera e sua captação e conversão em biomassa.

2.2 OCORRÊNCIA DAS VARIAÇÕES FITOGEOGRÁFICAS DA AMAZÔNIA A PARTIR
DO FINAL DO ÚLTIMO GLACIAL MÁXIMO (UGM)

Há 15000 AC, a diminuição da disponibilidade de água no bioma Amazônico
caracterizou as mudanças bruscas do clima nas latitudes tropicais,
incluindo a ocorrência de períodos de alagamento, secas e congelamento.
Essas variações climáticas englobam o comportamento das correntes no
Atlântico Sul, o alcance dos ventos glaciais no oeste do Atlântico
originado pela corrente de Benguela que poderia ter alcançado as latitudes
4˚ N em períodos mais frios do hemisfério sul. Conjuntamente, o
deslocamento da Zona de Convergência Intertropical entre 200 km a 500 km
para o Norte sinalizou para alteração na distribuição de chuvas entre as
diferentes regiões da Amazônia.

Ademais, as planícies dos trópicos podem ter passado por queda de
temperatura de cerca de 2-3 °C em relação ao presente, enquanto nas
planícies tropicais da América Central a variação teria sido de queda de 5-
6 °C durante o Último Glacial Máximo, maior do que a observada nos oceanos
no mesmo período. Já nos oceanos tropicais a queda de temperatura no Último
Glacial teria um valor cerca de 1-2 °C, segundo dados provenientes de
testemunhos oceânicos. Também foi possível associar a variações dos níveis
de temperatura da superfície marinha dos trópicos com os níveis de umidade
em certas localidades da América do Sul há milhares de anos atrás. Por
exemplo, sabe-se que as baixas temperaturas na América do Sul vistas
durante o Último Glacial Máximo, foram favorecidas pela ocorrência de
chuvas intensas na Amazônia, devido ao transporte de umidade com o encontro
de correntes de ar de diferentes origens, intensificando a circulação
atmosférica (HUGHEN et al., 2004).

No Holoceno tardio, a predominância de climas mais quentes, confirmado por
dados extraídos de testemunhos de gelo, se caracterizou a partir de um
incremento maior de gases-estufa como o metano (CH4), e relacionado à
expansão de áreas úmidas como potenciais fontes. Mecanismos de estoques de
carbono não devem ter compensado um aumento do fluxo desses gases. Essas
evidências por medições de δ 18O indicaram a magnitude das mudanças
abruptas de temperaturas em um intervalo de tempo curto da transição para o
Bolling/Allerod. Desse modo, as fontes tropicais neste período foram
decisivas para o processo de aquecimento global, em comparação às fontes
boreais de metano do Hemisfério Norte (SEVERINGHAUS & BROOK, 1999). Com
isso, sabe-se das transições entre climas mais quentes na Amazônia, e
corroborados por registros de testemunhos de gelo, durante o chamado
período Boring/Allerod há mais de 10000 anos, quando a expansão de
planícies úmidas esteve relacionada ao aumento da temperatura com o
acréscimo abrupto e acelerado da liberação de gases-estufa (metano) nos
trópicos, sem a conseguinte compensação dos estoques de biomassa, como
salientado por SAVERINGHAUS & BROOKS (1999).

Dentro desse panorama, as estimativas do impacto decorrentes das mudanças
climática em regiões tropicais e equatoriais encontram respostas em dados
obtidos a partir de registros sedimentares aplicadas à reconstrução
paleoclimática. Os sedimentos lacustres tropicais depositados em locais
remotos da Amazônia ao longo de milhares de anos registram indícios dessas
mudanças paleoclimáticas e suas possíveis causas, tanto ligada à
temperatura, pluviosidade e quanto à área de cobertura de florestas. Por
conseguinte, os registros paleoambientais ressaltam que durante o Último
Glacial Máximo, a bacia Amazônica esteve subdividida em ´setores`: o
corredor seco no nordeste da bacia, o noroeste no norte do Equador, o
central entre 0˚N e 10 ˚S e o sudoeste. Essas mudanças na cobertura vegetal
da floresta Amazônica na época podem ter 200 km mais distantes do sul,
comparado ao padrão atual (BEHLING, 2002).

Os estudos palinológicos corroboram as afirmações sobre as diferenças de
produtividade biológica e de vazão hidrológica passada em determinados
trechos da floresta, diferenças estas bem distintas das atuais na mesma
localidade. Assim, exame palinológico a partir de testemunhos sedimentares
oriundos de pontos diferentes da Amazônia como lago Calado, Laguna Bella
Vista e Laguna Loma Linda, o Morro dos Seis Lagos e os depósitos lacustres
de Carajás podem ser utilizados para inferir a respeito do processo
temporal de variações locais das sucessões de formações florestais, muitas
vezes associada ao clima.

Ao todo, a relação entre o regime de precipitações e a composição e
estrutura da floresta Amazônia durante o Glacial Máximo, há cerca de 18.000
BP 14C, sugere que a região era formada também por florestas semidescídua e
descídua, características de climas mais frios. Assim, a predominância de
um clima mais seco com paisagem mais abertas deve ter sido favorecida, com
manchas de formações de clima seco cercado por corredores de vegetação mais
comum de planícies (savanas), incluindo o intervalo compreendendo o médio-
Holoceno, há mais de 4000 anos AP, através de indicativos de restos de
plantas e da diminuição da quantidade de pólen provenientes de depósitos
sedimentares aluviais datados desse intervalo de tempo. Assim, a baixa
capacidade de captura de carbono atmosférico na Amazônia pode ter sido
consequência do aumento da aridez e da temperatura nesse período (MAYLE &
BEERLING, 2004), como o observado em Carajás, onde as flutuações na
vegetação rupestre podem ser controladas por outras variáveis, como a
existência de um platô laterítico abaixo (TURCQ et al., 2002).

Nesses ambientes é esperada também reduzida fotorrespiração e transpiração
da vegetação, como forma de compensar a baixa disponibilidade de água, do
crescimento da biomassa da vegetação adaptadas ao clima mais frio e menor
taxa de reciclagem de nutrientes do solo mais profundo. Adicionalmente, é
revelada a baixa taxa de deposição de sedimento na vazão do delta do rio
principal da bacia Amazônica comparado a outras localidades no mesmo
intervalo, uma redução de 1/7 da vazão atual (TURCQ et al., 2002). É
provável que a vegetação da Amazônia original teria sido reduzida a 54 % do
total presente e representados por faixas englobando áreas do Rio Branco e
Rio Negro e porção noroeste do continente. Mesmo com uma redução de 20 %
nas condições de umidade em amplas regiões do bioma Amazônico, seria
possível a sobrevivência de floresta tropical úmida junto a um total de 46%
repartidos com mosaicos de floresta seca e cerrados, e aumento de 60 % na
área de floresta semidescíduas, de acordo com ANHUF et al. (2006).

Na América do Sul, esses dados de natureza palinológica poderia então se
correlacionar com outros dados sedimentológicos para o mesmo período. Para
exemplificar, no lago Calado, na área central da bacia Amazônica, BEHLING
et al.(2001) identificou através de registros em estratos de sedimentos
datados a mais de 7000 anos, durante o início do Holoceno, sinais de
mudanças no padrão deposicional do ambiente, do tipo fluvial para um
lacustre, que é associado ao aumento dos processo de acúmulo de sedimentos
e pela identificação de pólen de táxons aquáticos Sagittaria e de
Ciperaceae, com o decréscimo do gênero de palma Mauritia. Maior extensão de
terra firme foi demonstrada pela presença de pólen de árvore Dinizia
excelsa e Symphonia globulifera. Após esse intervalo, na região a área
ocupada por várzeas aumentou, e corroborado pela maior incidência de pólen
de ervas Poaceae e de Cyperaceae nos estratos datados do período do médio-
Holoceno. O aparecimento do táxon Symmeria e da diminuição de Poaceae
indica maiores períodos de inundação, expansão de várzeas e igapós, com
quase ausência de árvores nos últimos milhares de anos até o aparecimento
de culturas de cultivo, indício de ocupação humana no último século. O
estudo de TURCQ et al. (2002) mostrou a predominância de formação de
florestas de terra firme com a maior ocorrência de pólen de Podocarpus em
sedimentos de mais de 14.000 anos, com o surgimento de um clima mais seco e
frio no Morro dos Seis Lagos, seguido por um intervalo mais úmido, atestada
pela presença de pólen de Mauritia.

No corredor seco da Amazônia, em Carajás, por outro lado, o registro
sedimentológico de um lago associa a pouca quantidade de pólen durante o
Último Glacial e cessação da sedimentação (hiato) com o clima seco, e a
baixa porcentagem de restos vegetais de florestas, e a predominância de
espécies comuns de cerrado. Fatores naturais (ENSO) podem ser os
responsáveis pela alternância de climas mais frios também durante o médio-
Holoceno. O clima seco e quente na região pode também estar relacionado à
maior ocorrência de partículas minúsculas de carvão, pertencentes à
espécies pioneiras e os fragmentos de cerâmicas oriundos de povos nativos
que viveram na região durante o Holoceno tardio, intervalo da qual pode
estar envolvida a descontinuidade cultural de povos nativos. A composição
vegetal da Serra de Carajás também apresentou uma predominância na
cobertura de plantas C3 bem anterior a deposição verificada há 28.000 anos,
própria de climas mais úmidos, ou seja, que retém menor fração de isótopo
de δ13C, assim como registro da ocorrência de algas fitoplanctônicas, no
que depender das analises isotópicas do carbono. Os dados de C/N e de COT
(Carbono Orgânico Total) também são dados orientadores da presença de
floresta úmida tropical em Carajás. Esses dados se correlacionam com os
verificados em testemunhos sedimentares do lago Sibéria, nos Andes
Bolivianos, no lago Salitre e no lago Titicaca, todos oriundos do
continente sul-americano também no período de aproximadamente 12.000 anos
(SIFFEDINE et al., 2001) e são consistentes com os níveis de gases-estufa
no mesmo período verificado através do testemunho de gelo de Taylor Dome,
na Antártica (TURCQ et al., 2002; CORDEIRO et al., 2006).

2.3 O USO DO MERCÚRIO COMO INDICADOR PALEOCLIMÁTICO NO HOLOCENO

O registro de incêndios em épocas pretéritas tem um importante papel no
estudo do ciclo global do carbono, através da emissão de milhares de
toneladas para a atmosfera. O mercúrio pode ser uma ferramenta confiável no
auxílio como traçador geoquímico de ocorrência de incêndios naturais ou
induzidos pela atividade antrópica. O longo tempo de residência na
atmosfera devido a sua característica de revolatização e consequente
transporte em escala global pelas correntes de ar são as características
que permitem a aplicação do mercúrio em estudos paleoambientais. Assim,
mudanças no padrão de deposição do mercúrio em uma sequência sedimentar
podem indicar variações na temperatura do oceano, de produtividade primária
local e de incêndios naturais em períodos de seca, assim como em
decorrência de mineração e de processos industriais que realizam a queima
de combustíveis fósseis (CORDEIRO et al., 2002).

A liberação de grandes quantidades de carbono na atmosfera pela queima de
biomassa e combustível e sua dispersão pela alta atmosfera é acompanhada
pela emissão de mercúrio. A deposição atmosférica em lagos, rios e solos na
bacia Amazônica nas últimas décadas é muito maior nos dias de hoje e mais
que o dobro do verificado após o fim do último glacial. A taxa de deposição
de mercúrio na Amazônia é na ordem de 1,7- 2,6 g m-²/ano e crescente
durante períodos mais secos com a incidência de incêndios. A taxa de
emissão na Lagoa da Pata, em São Gabriel da Cachoeira, foi três vezes mais
alta em comparação ao registrado nas camadas sedimentares formadas durante
o último glacial máximo. As grandes quantidades de mercúrio na biomassa
florestal e no solo estiveram associadas aos incêndios e temperaturas mais
altas no Holoceno, e muito maiores em decorrência das atividades de
mineração (BARBOSA et al., 2004).

2.4 O PAPEL DA FLORESTA AMAZÔNIA NO CICLO DO CARBONO

Como a cobertura vegetal guarda estreita relação com a dinâmica do carbono
no Quaternário, teorias ligadas às mudanças climáticas foram desenvolvidas
pra explicar a sucessão da vegetação no ecossistema da Amazônia. A partir
do fim da última glaciação, quando a redução do nível médio do mar foi de
cerca de 120 m, o impacto decorrente da condição local na distribuição
horizontal de pluviosidade na bacia Amazônica foi responsável pela formação
de cinco zonas fitogeográficas: o corredor seco no nordeste da bacia, o
setor noroeste no norte do equador, o setor central entre 0° e 10 °S e o
setor sudoeste. Esse mosaico foi influenciado pelo comportamento da Zona de
Convergência Intertropical entre os diferentes setores da bacia Amazônica,
com seu deslocamento de 200 km a 500 km para o norte, e o aumento dos
ventos glaciais no oeste do Atlântico originada pela Corrente de Benguela,
oriunda do sudoeste africano e que, no passado, se prolongou até atingir as
latitudes 4° S e 4° N, durante os meses mais frios do Hemisfério Sul.

Entre as fontes tropicais que podem ter desempenhado papel crucial no
balanço do carbono na atmosfera a partir do inicio do Holoceno, os oceanos
tem sido os principais agentes causadores da mudança na biogeoquímica do
carbono a partir da deglaciação, embora o reservatório terrestre fosse
fundamental na captura do carbono na atmosfera nesse período. Com auxílio
de modelos nas estimativas da estocagem de carbono, de reconstrução
paleoambiental e dados de composição isotópica do seu volume, BEERLING
(1999) calculou que a biomassa terrestre global tenha sofrido um aumento
dentre 550- 688 Gt C entre o último Glacial e o Médio- Holoceno, assumindo
uma taxa de captura pela vegetação na ordem de 0,04- 0,05 Gt C/ano. Em
concordância com dados isotópicos de sedimentos marinhos, os oceanos podem
ter correspondido com parte do aumento dos fluxos de CO2 na atmosfera, de
modo que no balanço geral tenha gerado um acréscimo de carbono na atmosfera
no último glacial-interglacial, assumindo uma taxa de captura mínima desse
carbono pela atividade biológica oceânica.

Dados relativos aos valores de 13C e reconstrução paleogeográfica sugerem
projeções de que oceanos e biomassa do solo e florestas poderiam ter um
emprego de 100 a 195 Gt C no estoque, respectivamente, durante o período de
deglaciação último, um saldo de 50 Gt C no balanço global durante o
Holoceno-médio. Teriam acumulado na atmosfera, de acordo com BEERLING
(2000) um acréscimo equivalente a 260- 285 p.p.m., referentes aos registros
do testemunho Antártico de Taylor Dome.

Os valores correspondentes no ambiente terrestre na Amazônia para os fluxos
balanço de carbono no ecossistema Amazônico ao longo do Holoceno apontam
para diferenças regionais, de acordo com as latitudes pesquisadas.
Acréscimo maior de CO2 nos últimos 7000- 3000 anos na faixa equatorial,
enquanto que no sul da Amazônia a acréscimo entre 7500-6000 e entre 2000-
500 anos associados ao movimento da Zona de Convergência Intertropical e a
ocorrência de ocupações humanas, voltada para a prática de queimadas na
região (CARCAILLET et al., 2002). Ainda que a liberação de grandes somas
de carbono atmosférico nas latitudes tropicais seja um dos responsáveis
pelo aumento no período do Holoceno, as fontes boreais e nas latitudes
temperadas devem ter tido uma grande parcela nesses volumes.

Com base nisso, estimativas gerais da quantidade de carbono estocada
durante o Último Glacial Máximo na região Amazônica sugerem que a vegetação
apresentava uma menor biomassa nas copas, o que implicaria que a fixação de
carbono pela floresta era reduzida se comparada ao presente, o que com sua
variabilidade espacial, correspondeu a 224-416 Gt por hectare acumulados
principalmente na biomassa e nos solos com cobertura vegetal (TURCQ et al.,
2002). Durante o Holoceno, o estoque de carbono e a área de floresta
aumentaram nos trópicos, sendo que a expansão da floresta tropical úmida
gerou um estoque com estimativas entorno de 170-430 t C por hectare, devido
a grande variedade de biomas na bacia Amazônica (BEHLING, 2002).

Durante a transição para o Holoceno, ocorreu um acréscimo da biomassa da
cobertura vegetal, em virtude do aumento da precipitação ou dos níveis de
CO2 atmosférico, e da capacidade de sequestro de carbono. Já durante o
médio-Holoceno, se presume a ocorrência de uma redução da precipitação na
Amazônia, juntamente com a do tamanho efetivo nas regiões de ecótono, além
da maior frequência de incêndios como consequência da aridez e aumento da
temperatura, ou seja, limitação na capacidade de sequestro do carbono
atmosférico nesse período. No decorrer do final do Holoceno, dados sugerem
uma nova expansão através da Amazônia, alcançando a maior cobertura nos
últimos 21000 anos (MAYLE & BEERLING, 2004).

A predição do comportamento global da dinâmica do carbono para os anos mais
recentes alimentam os modelos climáticos e biogeoquímicos, outros são
utilizados no âmbito da Floresta Amazônica. Tendo em vista uma escala maior
do comportamento do ciclo do carbono na atmosfera atual para efeito de
comparação, o balanço do carbono resulta nos dias de hoje um estoque
terrestre do planeta estimado em cerca de 560 GtC, aproximadamente; e
outros 1500 GtC no solo e 760 GtC na atmosfera, de acordo com modelo
utilizado por HOUGHTON & WOODWELL, (1989). O modelo usado por COX et al.,
(2000) traz projeções das oscilações dos fluxos de carbono, de acordo com a
variabilidade do padrão climático em uma escala global levando em conta o
impacto antrópico provocado pela liberação contínua de gases-estufa e o
fenômeno climático ENSO. Para o autor, é sugerido que o meio terrestre
planetário haja como um captador de carbono, com um fluxo de 1,5 Gt C/ano,
embora com um aumento da temperatura durante esse século o meio terrestre
atue como um liberador de carbono, principalmente a partir de 2050, em
cerca de 170 Gt C, devido a uma redução dos estoques terrestres na região
tropical, em consonância com as variações climáticas de aumento de
temperatura prevista. Esse desequilíbrio seria compensado pela atividade de
captação de carbono pela bomba biológica oceânica, de 1,6 para 5 Gt C/ano,
a partir do meio atmosférico, amortecendo o efeito de aumento da
temperatura global previsto até 2100.

De acordo com o IPCC, ao todo se presume que o sistema natural seja
responsável pela liberação de 0,8-1,2 Gt C/ano, enquanto que a queima de
combustíveis e mudanças do uso do solo responda por 7,1 Gt C. Como o tempo
de residência do carbono é cerca de 150 anos na atmosfera e a taxa de
emissão se eleva desde meados do século passado, formas de compensação de
diferentes sumidouros, nas quais podemos citar os oceanos, as reservas
contidas em peatlands no clima temperado e certos lagos não tem conseguido
neutralizar o efeito desse aumento. Além disso, não se sabe ao certo a
resposta dos ecossistemas tropicais frente a esses aumentos. É possível que
no atual cenário possa possuir um efeito fertilizador na biomassa, quando
até determinado ponto de saturação na atmosfera possa afetar a atividade
fotossintética das plantas em captar o carbono excedente. O efeito de
variáveis climáticas agiria no sistema de retroalimentação do ciclo do
elemento facilitando a emissão cada vez maior de carbono na atmosfera, sem
um contrabalanço equivalente por parte das florestas tropicais. Portanto, é
esperada a elevação contínua de temperatura o mínimo entre 2ºC pelos
próximos 50 ou 100 anos.

No caso da Amazônia, a queda no estoque de carbono predomina em períodos de
secas. Sendo assim, o bioma se comporta como fonte para atmosfera de gases
de efeito- estufa, amplificada durante a ocorrência de ENSO, como tem sido
monitorada nas últimas décadas. Esses fluxos seriam contrabalanceados pelas
variações na umidade do solo, e relacionada às diferenças interanuais das
taxas pluviométricas e temperatura. Contudo, diferenças sensíveis nos
fluxos e no balanço de carbono entre diferentes localidades dependem também
das taxas de respiração e da heterogenia da cobertura vegetal, o que
significa que entre um ano e outro o estoque terrestre Amazônico se
comporta ora como fonte ora como captador de carbono em resposta ás
variações de temperatura e de umidade. Ao todo, ao longo dos próximos anos,
um balanço geral aponta para um relativo equilíbrio, considerando apenas o
ecossistema em questão, de acordo com TIAN et al. (2000). O pulso de
enchentes e outras variáveis de natureza hidrológica também influenciam a
dinâmica do estoque de carbono nos ecossistemas aquáticos, de modo que a
diversidade de ambientes podem sazonalmente apresentar diferentes respostas
no balanço de emissões de gases-estufa e fotossíntese.

Contudo, a pressão antrópica do desmatamento e a fragilidade do país em
lidar com problemas vinculados as mudanças climáticas não podem ser
ignoradas. Os serviços ambientais promovidas pela conservação de grandes
áreas de florestas tropicais, como a Amazônia, representam um valor
inestimável na prevenção e mitigação dos efeitos catastróficos das mudanças
climáticas em curso. Desse modo, volumes de gases-estufa, que precisam ser
também continuamente quantificados e monitorados, deixariam de ser
emitidos. Os estoques de carbono florestal e as emissões continuamente
evitadas representariam uma contribuição importante ao ecossistema em
questão, pois há estimativas que a região seria fortemente comprometida aos
efeitos decorrentes da elevação da temperatura. Os efeitos estariam
associados à vulnerabilidade e periodicidade aos extremos climáticos,
quanto aos eventos de El-Niño e do deslocamento da Zona de Convergência
Intertropical. O resultado seria maiores períodos de secas (com morte de
árvores menos susceptível ao estresse hídrico), incêndios florestais,
ressecamento do solo, com a progressiva emissão de carbono da vegetação e
do solo (FEARNSIDE 2009).

Desse modo, e ainda de acordo com FEARNSIDE (2009), a fragilidade do
ecossistema aos efeitos do aquecimento global é evidente, e mecanismos de
contrabalancear os picos de emissões em certos anos para promover o
crescimento e retenção de grandes volumes de carbono passam pela adoção de
programas locais de desenvolvimento, de mecanismo de remuneração pelos
serviços essenciais e no uso eficaz de fundos de financiamento desses
programas.

3. CONCLUSÃO

A crise da questão climática atual tem gerado repercussão pela opinião
pública mundial, sobretudo às que envolvem a questão de adoção de um modelo
de desenvolvimento sustentável na Amazônia, apoiado em políticas públicas,
voltados a uma mudança de paradigma do uso da terra, com importância em sua
preservação por longo prazo. Esta crise é respaldada pelas considerações e
prognósticos de grande parte da comunidade científica sobre as
consequências do atual modelo de desenvolvimento econômico de produção,
assim como na capacidade de adaptação e de mitigação das adversidades pela
nossa sociedade frente a esses novos desafios. Com efeito, o painel
climático do IPCC, enfatiza as resposta da biosfera frente ao quadro atual
de aumento dos níveis de gases- estufa. Porém muitas dúvidas ainda cercam
certas questões, como do intervalo de resposta do sistema climático global
ao ritmo de variações bruscas introduzidas pelo fator humano no ecossistema
(desflorestamento), principalmente envolvendo no desempenho em sua
capacidade de agir como sumidouro de carbono.

Dados extraídos de testemunhos sedimentares e disponíveis na bibliografia
especializada servem na sustentação para as projeções dos cenários
prováveis das modificações ambientais e climáticas decorridas ao longo do
período pós-UGM, efeitos feedback na regulação da dinâmica do carbono no
sistema Terrestre-Atmosfera e seus os reflexos no clima global. Assim, os
registros sedimentares, são uma ferramenta adicional para inferir melhor a
respeito das modificações passadas das diferentes feições fitogeográficas
ao longo dos últimos milhares de anos do bioma Amazônico. Além disso, os
dados dessa natureza obtidos em conjunto com os de outros biomas e setores
da floresta, servem de parâmetro quanto aos períodos que experimentaram
variações nos níveis de CO2 na atmosfera e na temperatura, como previstos
nas próximas décadas.

Sendo assim, a partir do conhecimento disponível hoje sobre as formações
tropicais, a adoção de práticas que auxiliem um novo modelo de
desenvolvimento econômico a partir de um planejamento estratégico de uso da
terra, inclui o estímulo ao estabelecimento de novas unidades de
conservação. Enquanto que nos dias de hoje o controle das emissões
continentais de carbono coloca o país em posição privilegiada no cenário
internacional, outras regiões brasileiras sofrem os efeitos calamitosos das
alterações climáticas. Portanto, a prevenção de riscos de eventos críticos
iminentes em certos períodos todos os anos, sobretudo os que têm acometido
em áreas mais populosas é outra prioridade de necessidade imediata. Aliada
a isso, a criação de benefícios que estimulem o crescimento sustentado com
vista a conciliar as práticas tradicionais e diversificada de geração de
renda deve cada vez mais servir de substituto a formas predatórias e
ilegais na extração de recursos, somando-se ao constante monitoramento de
áreas de estratégica importância no que diz respeito à conservação da
diversidade biológica.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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