FUTURO - CAMINHOS DE COOPERAÇÃO
Henrique Pires dos Santos Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade
REDES LOCAIS E DE PROXIMIDADE NA NOVA AGRICULTURA
19 DE NOVEMBRO | AUDITÓRIO CEC - CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA DO CENTRO
A Nova Agricultura Malthus estava errado por um par de razões: Em primeiro lugar, ele subestimou o engenho humano e, segundo, ele não antecipou os métodos anticoncepcionais modernos. Contrariamente a estas previsões, a produção de
alimentos não só acompanhou o crescimento da população, como se tornou um motor para o seu crescimento (Evans 1998). [tradução] In: Lincoln Taiz; Agriculture, plant physiology, and human population growth: past, present, and future; Theoretical and Experimental Plant Physiology, 25(3): 167-181, 2013; http://www.scielo.br/pdf/txpp/v25n3/a01v25n3.pdf
Principais pontos de inflexão no crescimento da população
humana correlacionados com o desenvolvimento da agricultura (Mazoyer and Roudart, 2006, p. 65)
Lincoln Taiz; Agriculture, plant physiology, and human population growth: past, present, and future; Theoretical and Experimental Plant Physiology, 25(3): 167-181, 2013; http://www.scielo.br/pdf/txpp/v25n3/a01v25n3.pdf
Segurança alimentar Existe segurança alimentar quando todas as pessoas, em todos
os momentos, têm acesso físico, social e económico a alimentos suficientes, seguros e nutritivos que atendam às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares para uma vida activa e saudável.
Mariola Kwasek; THREATS TO FOOD SECURITY AND COMMON AGRICULTURAL POLICY; Economics of Agriculture 4/2012; UDC: 663/664:658.562:338.43.02; http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/143167/2/10%20EP%204%202012-11.pdf
Ameaças à Segurança Alimentar Crescimento da população mundial O aumento da procura por alimentos Os preços dos alimentos O desaparecimento da variedade de espécies de plantas agrícolas O aumento de áreas com períodos de seca, ou de cheias (alterações climáticas) A escassez de terras As perdas e desperdício de alimentos
Mariola Kwasek; THREATS TO FOOD SECURITY AND COMMON AGRICULTURAL POLICY; Economics of Agriculture 4/2012; UDC: 663/664:658.562:338.43.02; http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/143167/2/10%20EP%204%202012-11.pdf
(2010) William C. Motes; Modern Agriculture and Its Benefits- Trends, Implications and Outlook; Global harvest initiative; Sustainably meeting the world’s growing needs; http://globalharvestinitiative.org/Documents/Motes%20%20Modern%20Agriculture%20and%20Its%20Benefits.pdf
In above chart plots a measure of global food prices (the FAO Food Price Index) is indicated in black and the timing of various protests in red lines. The numbers in parentheses following each country are the number of deaths. http://beforeitsnews.com/gold-and-precious-metals/2013/07/the-coming-globalfood-crisis-2511942.html
O declínio da diversidade de variedades agrícolas
http://ngm.nationalgeographic.com/2011/07/food-ark/food-variety-graphic
http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/environment/oecd-environmental-outlookto-2050/executive-summary_env_outlook-2012-3-en#page9
http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/environment/oecd-environmental-outlookto-2050/socio-economic-developments_env_outlook-2012-5-en#page21
http://shrinkthatfootprint.com/the-big-footprint-of-food-waste
Jenny Gustavsson, Christel Cederberg, Ulf Sonesson and Robert van Otterdijk, Alexandre Meybeck; Global food losses and food waste; FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, Rome, 2011; http://www.fao.org/docrep/014/mb060e/mb060e.pdf
Jens F. Sundström & Ann Albihn & Sofia Boqvist & Karl Ljungvall & Håkan Marstorp & Carin Martiin & Karin Nyberg & Ivar Vågsholm & Jonathan Yuen & Ulf Magnusson; Future threats to agricultural food production posed by environmental degradation, climate change, and animal and plant diseases – a risk analysis in three economic and climate Settings; Food Sec. (2014) 6:201–215 DOI 10.1007/s12571014-0331-y; http://download.springer .com/static/pdf/338/art %253A10.1007%252Fs12 571-014-0331y.pdf?auth66=14163209 71_67f4c4a13672fe7af7 045dca7885b692&ext=.p df
A agricultura é "um processo auto-catalítico - que se regenera a si própria num ciclo de feedback positivo ...“
Traduzido de [Agriculture is “an autocatalytic process-one that catalyzes itself in a positive feedback cycle...”] - Jared Diamond, in Guns, Germs, and Steel
A agricultura é "um processo auto-catalítico - que se regenera a si própria num ciclo de feedback positivo ...“
SUSTENTABILIDADE Traduzido de [Agriculture is “an autocatalytic process-one that catalyzes itself in a positive feedback cycle...”] - Jared Diamond, in Guns, Germs, and Steel
Qualidade de vida sustentável no espaço da nação é “a que mantém um nível viável (1) e reprodutível para a geração actual em função dos recursos naturais e sociais controlados pelo povo, e (2) é adquirida nem à custa de uma qualidade de vida aceitável para (2a) os membros da actual geração fora da
nação, nem da (2b) dos membros da próxima geração da nação ou (2c) da dos membros da próxima geração de fora da nação.”
In [traduzido]: Robeyns, I. and van der Veen, R.J.; Sustainable quality of life: Conceptual analysis for a policyrelevant empirical specification¸MNP Report 550031006/2007¸Netherlands Environmental Assessment Agency; University of Amsterdam; 2007; http://www.mnp.nl/bibliotheek/rapporten/550031006.pdf
A agricultura sustentável inovou ao dar prioridade ao meio
ambiente; o domínio dos sistemas alimentares sustentáveis está expandindo este campo ao adicionar as necessidades das pessoas na equação. Hoje o foco consiste não só nas interacções entre as pessoas e o meio ambiente, mas também entre pessoas em diferentes postos de trabalho, culturas e posições socioeconómicas. [Traduzido] In: Patricia Allen, Hilary Melcarek; The Human Face of Sustainable Food Systems: Adding People to the Environmental Agenda; SUSTAINABILITY IN THE BALANCE; The Center for Agroecology & Sustainable Food Systems; Issue Paper No. 5 August 2013
Região do Centro, Portugal Urban-Rural typology of NUTS 3 regions including remoteness
Predominantly urban regions Intermediate regions, close to a city Intermediate, remote regions Predominantly rural regions, close to a city Predominantly rural, remote regions
2 327 026 habitantes
Source: Investing in Europe’s future; Fifth report on economic, social and territorial cohesion; Report from the Commission; November 2010; Editor: Eric von Breska, European Commission, Directorate-General for Regional Policy; (p. 96)
Orografia
Humidade relativa no verão
1:1 000 000
Variação do número de famílias por NUTS 3, 2001-2011
A Região Centro de Portugal apresenta um quadro de múltiplos riscos no contexto das regiões europeias, demostrando vulnerabilidades face aos desafios atuais e futuros, como a globalização, as alterações demográficas, as alterações climáticas, energia assegurada,
sustentável e competitiva, e a polarização social. [Aversano-Dearborn et al., 2011]
A Região Centro enquadra-se numa periferia europeia altamente
vulnerável •
é uma região de convergência
•
o PIB / per capita média (PPS) reduziu (-) 5% no período 2000-2008
•
A produtividade do trabalho é inferior (67,8%) ao índice da UE-27 (2007)
•
20% da população está em risco de pobreza após transferências sociais (2008)
•
14% da população sofre de grave privação material.
A Região Centro é, total ou parcialmente, uma região desfavorecida predominantemente rural •
menos de 20% das pessoas com idades entre 24-64 frequentou o ensino superior (2011),
•
mais de 60% da população tem apenas o ensino básico (2010)
•
mais de 16% da população entre 18-24 anos deixa a escola sem concluir o ensino secundário (2011).
•
a educação e formação de adultos com idades entre 25-64 anos ó serve menos de 6% da população..
Agricultura 20% da força de trabalho no interior rural 10% da força de trabalho no litoral (2010).
Indústria alimentar 2-3% da força de trabalho gera um Volume de negócios de € 3662 milhões (2005) (INE), representando 8,2% do volume de negócios total das empresas estabelecidas na região, (volume de negócios de empresas similares a nível nacional de 4,5%)
Agricultura, produção animal, caça e silvicultura, na Região Centro são responsáveis por 39,2% do volume de negócios total do país nestas actividades. No panorama nacional, esta proporção é de 21,3%.
Estas actividades têm uma grande importância na economia da Região Centro.
Agricultores portugueses são os mais velhos da Europa 02.06.2011 - 09:46
É homem, tem 63 anos e a quarta classe. Este é o retrato-tipo do agricultor português, o que torna Portugal no país europeu com agricultores mais velhos e com menor número de jovens a trabalhar nos campos: apenas 2,5% têm menos de 35 anos. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1868062
(2011) Francisco Gomes da Silva (ISA); Jovens agricultores em Portugal – condições para o sucesso; Feira Nacional da Agricultura: Futuro dos jovens agricultores no quadro da PAC pós 2013; 7 de Junho de 2011
Excedente líquido de Exploração (milhões euros: p. constantes: 2006) 1400 1200
1000 800 600 400 200 0
1995
1996
1997
1998
1999
Centro
2000
2001
Alentejo
2002 Norte
2003
2004 Lisboa
2005
2006
2007
2008
2009P
2010P
Algarve
(INE)
Redes Locais e de Proximidade
Na realidade, uma instituição importante para a gestão dos recursos regionais é o interesse e o envolvimento cívico nos assuntos locais, incluindo as questões de uso dos recursos e da terra. [Brunckhorst et al. 2006]
Em 1987 o comércio tradicional representava 74% das venda, caindo em 2004 para 16,7% (Palma et al., nd)
Baptista et al. (2014)
Nos últimos anos, em parte resultado da crise económica e financeira, os decisores políticos reconhecem um papel estratégico à agricultura e a necessidade de uma maior aposta no sector agro-alimentar, elevando o autoabastecimento, valorizando os recursos disponíveis
(humanos, solos), reduzindo as importações, aumentando as exportações de produtos agro-alimentares e contribuindo para o equilíbrio da balança comercial.
Baptista et al. (2014)
A transição para um novo sistema alimentar é lenta, fruto de muitas iniciativas que germinam em todo o globo. Alguns autores dizem que temos hoje uma “geografia alimentar híbrida”, dominada pelo “modelo agroindustrial”, mas crescentemente temperada por iniciativas ancoradas num “modelo territorial integrado”
(Renting e Wiskerke, 2010): enraizado nas características de cada território, em sinergia com a conservação da natureza, o turismo e a educação; valorizador dos recursos específicos do local e das relações de proximidade; e promotor de distâncias curtas entre produção e consumo e de dietas baseadas em produtos frescos. Baptista et al. (2014)
“agricultura apoiada na comunidade” “mercados de venda directa” • Circuitos de Comercialização Curtos (CCC), “Food Miles”, ou seja, a distância do local de produção ao local de consumo (Paxton, 1994).
• “Redes alimentares cívicas”: um novo tipo de relacionamento entre produtores e consumidores(Gilg e Battershill, 2000; Kimura & Nishyyama, 2008; Renting e Wiskerke, 2010). • o conceito de bacia alimentar ou “foodshed”: Kloppenburg et al. (1996); • o conceito de sistema alimentar local “local food system”: Feenstra (2002); • cadeias alimentares alternativas “alternative supply chains”: Murdoch et al. (2000); • conceito amplo de sistemas agro-alimentares localizados “localized agri-food system”: Muchnik (2009). Baptista et al. (2014)
Elementos chave para o sucesso dos sistemas alimentares locais baseados na comunidade (Hultine et al.;2007) (1) a existência de agricultores dinâmicos, criativos e competentes; (2) boa comunicação entre os atores, incluindo o poder local, instituições do território e líderes locais; (3) a percepção da necessidade de tempo para alcançar o
sucesso, que permita a construção de relações de confiança com a comunidade, consumidores e outros atores; e (4) relações democráticas e colaborativas, com liderança e um sentido forte de direcção e estabilidade. Baptista et al. (2014)
As vantagens apontadas são várias: reduzir as distâncias entre produtor e consumidor e a emissão de gases de estufa, melhorar a segurança alimentar e a qualidade,
fortalecer a economia local e reforçar o capital social (Morgan, Marsden, & Murdoch, 2006; Norberg-Hodge, Merrifield, & Gorelick, 2002; e Edwards-Joines et al., 2008).
Alguns autores reconhecem que os CCC, resultado da relação
de confiança entre produtor e consumidor, podem favorecer a adopção de práticas agrícolas mais respeitadoras do ambiente (Marechal, G., Alexiane Spanu, 2010).
Baptista et al. (2014)
Em Portugal, as mudanças no mercado de produtos agroalimentares levaram a uma enorme concentração da oferta num pequeno número de grandes distribuidores. Esta evolução contribuiu para a estagnação da economia rural de muitos
territórios e a queda acentuada no número de explorações. A sobrevivência dos pequenos produtores e a revitalização das zonas rurais requerem medidas que valorizem os agentes e
os recursos locais, sendo o acesso ao mercado e a sua organização aspectos fundamentais. (2014) Alberto Baptista, Artur Cristóvão, Isabel Rodrigo, Manuel Luís Tibério; Parcerias, acção colectivas e desenvolvimento de sistemas alimentares localizados: o projecto PROVE em Portugal; Perspectivas Rurales. Nueva época, Año 12, N° 23, ISSN: 1409-3251
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2009:0591:FIN:PT:PDF
http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2011:308E:0022:0030:PT:PDF
http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/note/join/2011/460034/IPOLAGRI_NT%282011%29460034_FR.pdf
http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2011:104:0001:0006:PT:PDF
http://epthinktank.eu/2013/10/14/local-agriculture-and-short-food-supply-chains/
Maria Raquel Lucas; Circuitos Curtos de Comercialização; CEFAGE; Universidade de Évora; Agricultura Familiar e Sustentabilidade dos Territórios Rurais, 9 de Julho de 2014; https://aiaf2014alentejo.files.wordpress.com/2014/07/maria-raquel-lucas-circuitos-curtos-de-comercializac3a7c3a3o.pdf
Maria Raquel Lucas; Circuitos Curtos de Comercialização; CEFAGE; Universidade de Évora; Agricultura Familiar e Sustentabilidade dos Territórios Rurais, 9 de Julho de 2014; https://aiaf2014alentejo.files.wordpress.com/2014/07/maria-raquel-lucas-circuitos-curtos-de-comercializac3a7c3a3o.pdf
Maria Raquel Lucas; Circuitos Curtos de Comercialização; CEFAGE; Universidade de Évora; Agricultura Familiar e Sustentabilidade dos Territórios Rurais, 9 de Julho de 2014; https://aiaf2014alentejo.files.wordpress.com/2014/07/maria-raquel-lucas-circuitos-curtos-de-comercializac3a7c3a3o.pdf
O Projecto RE.CI.PRO.CO (RElação de CIdadania entre PROdutores e COnsumidores) visa a difusão, em Portugal, de uma nova forma de organização da economia local, baseada numa relação de proximidade e cidadania entre produtores ou agricultores e consumidores.
http://taipa-desenvolvimento.pt/projectos/Guia_RECIPROCO.pdf
https://www.facebook.com/cabazdahorta.odemira
http://www.prove.com.pt/www/sk-pub-newsletter.php
https://www.prove.org.pt/lgp/clientes/sk-novocliente.php?dmk=1416341412
http://www.uc.pt/jardimbotanico/parceiros/mercadinho_do_botanico
https://pt-pt.facebook.com/pages/Mercadinho-do-Bot%C3%A2nico/157391697623959
http://www.sra.pt/MercadoAgricola/
Maria Raquel Lucas; Circuitos Curtos de Comercialização; CEFAGE; Universidade de Évora; Agricultura Familiar e Sustentabilidade dos Territórios Rurais, 9 de Julho de 2014; https://aiaf2014alentejo.files.wordpress.com/2014/07/maria-raquel-lucas-circuitos-curtos-de-comercializac3a7c3a3o.pdf
http://www.fao.org/family-farming-2014/pt/
POR QUE A AGRICULTURA FAMILIAR É IMPORTANTE? • A agricultura familiar e de pequena escala estão intimamente vinculados à segurança alimentar mundial.
• A agricultura familiar preserva os alimentos tradicionais, além de contribuir para uma alimentação balanceada, para a protecção da agro-biodiversidade e para o uso sustentável dos recursos naturais. • A agricultura familiar representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais, especialmente quando combinada com políticas específicas destinadas a promover a protecção social e o bem-estar das comunidades. http://www.fao.org/family-farming-2014/pt/
Conclusão
Declínio da População no espaço Rural
Fixação da População no espaço Rural
Sustentabilidade ↔ Responsabilidade Autarquias
Consumidores
Empreendedorismo no Espaço Rural Instituições Publicas
ONG’s
Formação, Aconselhamento e Investigação
Sustentabilidade ↔ Responsabilidade Ambiental
Social
Empreendedorismo no Espaço Rural Saúde publica
Económica Patrimonial
Muito obrigado pela atenção
FUTURO - CAMINHOS DE COOPERAÇÃO
Henrique Pires dos Santos Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade
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REDES LOCAIS E DE PROXIMIDADE NA NOVA AGRICULTURA
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