Reflexão etnomusicológica sobre cantos encontrados em materiais didáticos para Educação Musical

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Reflexão etnomusicológica sobre cantos encontrados em materiais didáticos para Educação Musical 1C2 – Brasil - Vinícius Eufrásio1 1C2 – Brasil - Edite Rocha

Resumo: Este trabalho apresenta formas pelas quais alguns cantos oriundos de tradições e manifestações afro-brasileiras, tidos como “cultura popular”, são apropriados e expropriados em determinados materiais didáticos para utilização em aulas de musicalização. A partir de análises comparativas, são apresentados questionamentos e reflexões sobre as formas pelas quais alguns cantos, oriundos de manifestos ritualísticos da cultura afro-brasileira, são apropriados e expropriados, analisando de que maneira as significações oriundas dos contextos aos quais os cantos originalmente pertencem são representadas nos referidos materiais.

Palavras-chave: Ensino lúdico de música; Musicalização lúdica; Musicalização infantil.

Resumen: En este trabajo se presentan formas por las cuales algunos cantos oriundos de las tradiciones folclóricas brasileñas, considerados "cultura popular" son apropiados y expropiados en determinados materiales didácticos para su uso en las clases de música. A partir de análisis comparativos son presentados cuestionamientos y reflexiones sobre las formas por las cuales algunos cantos, oriundos de manifestaciones ritualísticas de la cultura afrobrasileña, son apropiados y expropiados, analizando de qué manera las significaciones oriundas de los contextos a los que originalmente pertenecen estos cantos son representadas en los materiales referidos.

Palabras claves: Enseñanza lúdica de la música; Musicalización lúdica; Musicalización infantil.

Introdução Neste trabalho é apresentada uma breve reflexão etnomusicológica acerca de representações sonoro-musicais provenientes de manifestações da cultura popular brasileira utilizadas em alguns materiais destinados à Educação Musical, abordando a forma como tais representações são expostas pelos autores e organizadores destes, levantando questões sobre a ética quanto a esta utilização e o modo como são identificados os valores tradicionais de cada expressão cultural abordada. Desta forma, faz-se aqui uma aproximação preliminar entre a Educação Musical e Etnomusicologia para tratar das ideias de apropriação e expropriação da cultura imaterial articuladas por José Jorge de Carvalho (2004), já que este autor problematiza o uso do patrimônio cultural das comunidades afro-

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Discente em nível de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, na linha de pesquisa Música e Cultura sob financiamento da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

brasileiras e indígenas como um processo de mão única, o qual privilegia apenas uma classe dominante que foi capaz de tomar “tais empréstimos culturais, que com o passar o tempo, se tornam roubo” (CARVALHO, 2004, p. 7). Desta forma, é valido e também necessário estabelecer uma ligação entre este processo de uso cultural dito como de “mão única”, a forma como está estruturada a Educação brasileira e sua normatização que se configurou diante das culturas dos colonizadores (PRASS, 2005, p. 7), e a relação social existente entre uma classe dominante e outra subalterna, esta última, muitas das vezes é constituída por pessoas afrodescendentes2. À partir de uma análise comparativa, este trabalho apresenta as diferentes formas pelas quais alguns cantos tradicionais das comunidades afro-brasileiras são apropriados e expropriados em determinados materiais didáticos para utilização de aulas de musicalização, fazendo também uma reflexão sobre a maneira como são abordados nestes materiais o contexto dos quais são extraídos o cantos e a forma como são representadas ali as significações tradicionais, muitas vezes de cunho religioso, presentes nas vidas das pessoas que manifestam essa cultura em seu dia-a-dia.

1- Identificando o problema: De uma reflexão pessoal até o contato entre a Educação Musical e a necessidade de uma postura ética

Em minha vida acadêmica e profissional sempre esteve presente uma forte influência formativa e um contato prolongado com a Educação Musical, sobretudo a que ocorre no âmbito da rede regular do ensino fundamental. Portanto, trago para este trabalho uma perspectiva etnomusicológica sobre práticas destinadas ao espaço escolar que tentam transportar manifestações oriundas das tradições populares para o contexto de uma sala de aula, muitas das vezes apresentadas em forma de brincadeiras folclóricas. A brincadeira, ou simplesmente o ato de brincar em si, são tidos como elementos importantes nos processos de musicalização, pois viabilizam a utilização de elementos próprios da cultura popular que são repletos de musicalidade, aproveitando-os para o ensino de música na escola, especialmente nas séries do ensino fundamental (SOUZA, 2008, p. 75-76). Em muitas escolas do Brasil, onde não há instrumentação musical disponível, ou até mesmo uma estrutura específica, a utilização de brincadeiras folclóricas são um recurso amplamente utilizado. Em relação a utilização de brincadeiras folclóricas como recurso pedagógico nas aulas de Educação Musical são encontrados vários autores que tratam sobre o brincar, a educação, e o ensino de música (OLIVEIRA, 2014, 2012; MORAIS, 2012; SCHERER, 2010; FRANÇA, 2006; BROUGÉRE, 2003; KISHIMOTO, 2002,

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De acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em dados levantados com o censo de 2010, o analfabetismo e a pobreza ainda estão bem mais presentes nas populações parda e negra do Brasil. Informações disponíveis em: . Acesso em 10/12/2015.

MIRANDA, 2001), no entanto ainda sob uma perspectiva focada apenas no ensino de música, desconsiderando as origens de muitas das ações que são tratadas como brincadeira. Um exemplo deste tratamento ainda isolado é a citação a seguir, excerto de um trabalho cujo abordagem trata sobre a utilização de brincadeiras folclóricas nas aulas de música na escola regular:

Para se utilizar destas em sala de aula o professor precisa considerar o quão importante é a sua dimensão lúdica no desenvolvimento e aprendizagem das crianças e compreender as relações entre lazer e educação; pois uma brincadeira, quando aplicada sem um motivo, se torna meramente ocasional e ineficaz, sendo apenas lúdico e não educativo (OLIVEIRA, 2012, p. 13).

O fazer musical oriundo de manifestações da cultura popular quando tratado isoladamente apenas enquanto brincadeira folclórica está sujeito ao empobrecimento dos valores e significações culturais aos quais está originalmente vinculado, sendo apresentado como um simulacro, ou seja, uma representação parcial de algo. José Jorge de Carvalho (2004, p. 7-9), de forma crítica, atribui a utilização das tradições culturais populares ao consumo capitalista, diretamente invasivo, sobretudo às tradições afro-brasileiras. O autor atribui essa invasão à necessidade de entretenimento, considerado por ele como um dos pilares do modo urbano capitalista de se viver, que consequentemente aparece como causador da espetacularização da cultura popular. Esta, por sua vez é apresentada mutilada e com uma ressignificação parcial enquanto performance comercial, ou seja, um simulacro de uma arte performática tradicional, distante ainda do que é em sua manifestação original dentro da cultura de um determinado povo. Transportando esta visão para o contexto das escolas regulares é possível enxergar um paralelo com a “necessidade de entretenimento” apontada pelo autor, que pode ser identificada no contexto escolar tanto nos momentos em que os professores utilizam de brincadeiras oriundas de manifestações populares para entreter seus alunos, não valorizando uma gama de conteúdos que deveriam ser relacionados a esta, quanto nos momentos em que tais brincadeiras são transformadas em performances a serem realizadas pelas crianças para que sejam apresentadas aos pais ou à comunidade escolar, em eventos que envolvam a escola. Traçando um paralelo com a questão levantada por José Jorge de Carvalho (2010), podemos entender que, ainda que estas práticas ocorram em contextos educacionais, é possível associá-las com as ideias de expropriação e mercantilização das formas culturais de tradição popular retiradas do seu circuito comunitário por agentes externos, ainda mais se as associarmos às escolas da rede privada de ensino, que cobram por seus serviços, e que podem vir a utilizar das performances realizadas pelos alunos como uma forma de marketing educacional. Podemos entender que na prática ocorre apenas um uso de um conhecimento de uma maneira como o usuário acha mais apropriado, não considerando as significações tradicionais que são dadas a uma prática performática no seu contexto de origem. Luís Grupioni (1995), é citado por Rosângela Pereira de Tugny

(2014) ao dialogar as leis 11.769/20083 e 11.645/20084, fazendo apontamentos sobre a forma como vários materiais didáticos que tratam a respeito de populações indígenas trazem à tona uma visão sobre o índio a partir de um paradigma evolucionista, expondo-os como primitivos, não contribuindo para que os alunos possam ver a sociedade como pluriétnica. Dentre as várias questões indagadas ao longo do texto de Rosângela Pereira de Tugny (2014) apontamos duas questões que dialogam com as reflexões aqui propostas, sendo estas: Como levar compositores5 ao entendimento de que os indígenas e os afrodescendentes não lhes pertencem de antemão como se fossem suas raízes, e que, portanto, suas expressões sonoro-musicais não são matérias das quais podem utilizar indiscriminadamente para seus espetáculos musicais? E como fazê-los apreciar aquilo que estas práticas musicais possuem de irredutível e até mesmo de sagrado? É necessário que tais noções existam primeiramente nos espaços de formação docente, para que consequentemente chegue nos docentes em formação, e assim, consequentemente nos alunos da Educação Básica e na sociedade em geral. Diante de tal preocupação, a autora ainda entende como necessário que as instituições de ensino estejam abertas à realização de projetos que vislumbrem a atuação de mestres das culturas populares em participação com professores no âmbito dos estabelecimentos, pois:

Estes mestres certamente estariam mais autorizados para fazer com que seus repertórios simbólicos e sagrados não fossem apreendidos pelos alunos e professores das sociedades urbanas com a finalidade de serem imediatamente transformados em produtos para execuções, espetacularizações sofrendo desta forma as apropriações degradantes [...] (TUGNY, 2014, p.10).

Como exemplo, a autora ainda cita a iniciativa do “Encontro de Saberes”6 fruto de uma relação construída entre o Ministério da Cultura e o INCT de Inclusão do Ensino Superior e na Pesquisa, que possuí como principal objetivo a reintrodução das Artes e Ofícios nas Universidades (CARVALHO, 2010, p. 242). No entanto, infelizmente o que vemos na maioria das instituições de ensino, sobretudo nas escolas regulares que têm aulas de Educação Musical, são práticas que ainda não dialogam com estes pensamentos, mas que ainda, necessitam ser estudas com maior amplitude e aprofundamento, para que sejam identificados os principais pontos que sustentam a prática daquilo que é tratado neste trabalho como processos de apropriação e expropriação de saberes performáticos das culturas populares no âmbito do ensino musical.

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Lei que insere a música como conteúdo obrigatório no componente arte dos currículos da Educação Básica. Lei relativa a obrigação do ensino de culturas afrodescendentes e indígenas nas escolas do ensino fundamenta e médio. 5 Podemos nos remeter aos artistas que compõe tendo como alvo o público infantil, artistas que recriam os arranjos presentes nos CDs dos materiais didáticos, como também, podemos nos remeter aos professores que adaptam de forma superficial as manifestações do saber próprio de culturas populares à suas aulas e performances com seus alunos. 6 Ver Rosângela Pereira de Tugny (2014) e José Jorge de Carvalho (2010). 4

2- As Representações sonoro-musicais em livros didáticos para musicalização

Após a promulgação da lei 11.769/2008 a quantidade de livros didáticos para se trabalhar música nas escolares regulares têm crescido bastante7, na internet por exemplo, encontramos vários materiais que propõe o trabalho com música em sala de aula8. Podemos observar que muitos professores que trabalham com a Educação Musical no âmbito da escola regular adotam vários destes materiais, afinal o livro didático cria a ideia de segurança em relação a um saber sistematizado, pronto para ser ensinado, elencando conteúdos e sugerindo atividades (BARBOSA, 2013, p. 66). Neste trabalho analisaremos alguns excertos de livros didáticos que abordam dentre seus conteúdo a utilização de cantos oriundos de comunidades tradicionais do Brasil, e relacionaremos a forma como esta abordagem é feita em relação à originalidade dos cantos. Como parâmetro de originalidade, visto o quanto este conceito pode ser problemático devido a muitas das vezes estes cantos serem transmitidos por via da oralidade, tomaremos como base a disponibilização realizada por pessoas ligadas às comunidades tradicionais que utilizam estes cantos no seu cotidiano de vida. Como primeiro exemplo, apresentamos o canto “Marinheiro9”, que foi apresentado configurado em forma de brincadeira no 1º FIJM – Festival Internacional de Jogos Musicais para Educadores realizado em São Paulo no mês de janeiro de 2015 através da empresa Música e Movimento. O canto exemplificado foi apresentado em forma de brincadeira folclórica oriundas das tradições populares, estando referida na apostilado curso como pertencente ao congado, no entanto nenhuma alusão é feita à esta prática. Cantando a cantiga de acordo com a melodia prescrita na partitura abaixo, brinca-se em duas rodas, onde uma faz movimento circular contrário à outra e os brincantes da rodas interagem entre si realizando movimentações dentro da pulsação do canto e de acordo com os versos do texto cantado.

Figura 1:Partitura do canto "Marinheiro"

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Ver Vivian Dell’ Agnolo Barbosa (2013). Podemos ter como exemplo sites de livrarias como a Saraiva, Livraria Cultura, Estante Virtual etc. 9 Presente na Apostila do FIJM 2015 – Festival Internacional de Jogos Musicais para Educadores do Música e Movimento – No embalo das ondas: um mar de brincadeiras - Estevão Marques. 8

No entanto, a partir de uma pesquisa via internet, essa cantiga foi encontrada em um contexto diferente do qual é apresentado no excerto da apostila ilustrada acima, sendo advinda de outra manifestação afrodescendente, a Umbanda. Isso pode se dar a partir de um trânsito de congadeiros que participam também desta religião, e vice e versa, pois como já dito aqui, estamos tratando de cânticos provenientes de tradições orais. No site intitulado como “Pontos Cantados10”, idealizado e programado por José Antônio Gil através da orientação de seus guias espirituais, no intuito de hospedar letras e gravações de pontos de Umbanda para facilitar a transmissão entre membros da religião11, foi possível encontrar uma versão deste mesmo canto “Marinheiro”, no entanto apresentando uma outra letra e proposta sonora, além é claro de uma outra representação simbólica.

Figura 2: Imagem retirado do site “Pontos Cantados”

Ao ser utilizado em forma de brincadeira, o texto do canto sofre alterações, principalmente na substituição de palavras, e, consequentemente no sentido que é dado a este quando é cantado. Na Umbanda os Marinheiros são entendidos como um grupo de Espíritos que trabalham na Umbanda em prol da caridade. Trabalham na Linha de Iemanjá e também de Oxum, que compõem o chamado “Povo da Água”. Dão consultas, passes e também fazem trabalhos fortes de descarrego que envolvam grandes demandas12. Na apostila que traz a brincadeira, tais informações nem sequer são apresentadas ao leitor, o que impossibilita que este, no papel de professor ou interprete, possa de alguma forma, vir a valorizar o contexto de origem do qual a canção provém. 10

Disponível em: . Acesso em 12/11/2015. Informação disponibilizada no site pelo próprio autor. 12 Disponível em: . Acesso em 12/11/2015. 11

Outro canto, ainda com relação aos Marinheiros é apresentado em outro material didáticos para a Educação Musical13:

Figura 3: Representação do canto "Marinheiro Só" em forma de partitura

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Disponível em: . Acesso em 12/11/2015.

O texto do canto apresentado no site “Pontos Cantados14” traz consigo também uma outra configuração em relação ao que é apresentado no excerto do material didático apresentado acima, como podemos ver à seguir: Ô,marinheiro marinheiro Marinheiro só Ô, quem te ensinou a nadar Marinheiro só Ou foi o tombo do navio Marinheiro só Ou foi o balanço do mar Marinheiro só Lá vem, lá vem Marinheiro só Ele vem faceiro Marinheiro só Todo de branco Marinheiro só Parecendo um anjo Marinheiro só Ô,marinheiro marinheiro Marinheiro só Ô, quem te ensinou a nadar Marinheiro só Ou foi o tombo do navio Marinheiro só Ou foi o balanço do mar Marinheiro só Eu não sou daqui Marinheiro só Eu não tenho amor Marinheiro só Eu sou da bahia Marinheiro só De São Salvador [...]

Tanto no site “Pontos Cantados” quanto nos materiais didáticos para a Educação Musical é possível de ser ouvir gravações dos cantos. A representação sonora existente no site e nos materiais didáticos são extremamente distantes tanto na forma como são cantadas quanto na forma como são cantadas. A transfiguração do canto pertencente aos rituais de Umbanda enquanto proposta de atividade pedagógica, ou brincadeira folclórica, faz com que toda uma identidade seja reconstruída sem levar em conta os aspectos anteriormente existentes, que são próprios da tradição de origem. Pode ser constatado também que não há qualquer menção no material didático que trate a representação sonora apresentada como adaptação ou releitura. Há apenas uma referência ao pertencimento daquele canto ao chamado Domínio Público.

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Disponível em: . Acesso em: 10/12/2015.

Para José Jorge de Carvalho (2004, p. 19) para uma relação ética com as comunidades guardiãs do patrimônio cultural performático tradicional é preciso haver um pensamento crítico à ideia difundida de autoria coletiva de canções, danças e formas dramáticas e da noção de domínio público, que para o autor, é falsa e conveniente para o que ele define como canibalismo, ou antropofagia do patrimônio cultural imaterial.

Considerações Finais

Através das análises realizadas, podemos concluir que a utilização de cantos oriundos de determinados rituais afro-brasileiros em materiais para aulas de musicalização, demonstram ainda aspectos de uma insensibilidade sócio cultural, que embora apresente intenções pedagógicas, se desatem a uma perspectiva que seja capaz de englobar aspectos contextuais que envolvem os cantos analisados, oferecendo ao leitor apenas uma visão parcial e distante ainda do que é prática em seu meio tradicional. Em relação à forma como acontece a apropriação e expropriação dos cantos provenientes de tradições populares da cultura afro-brasileira, gostaríamos de ressaltar: a alteração no contexto sonoro; alteração no sentido temático do canto em relação aos aspectos cosmológicos e até mesmo históricos; alteração no espaço performático; transformação de um elemento ligado muitas das vezes a uma complexa rede de valores religiosos em uma atividade isolada; a dificuldade de apresentar as origens reais da prática dentro do simulacro apresentado nos materiais didáticos analisados. As análises realizadas trazem refletem questões que podem ser trabalhadas em outras pesquisas, pois questiona aspectos como: se este tipo de prática parcializada é verdadeiramente válida para os alunos; se é representativa em relação à tradição na qual se espelha; e em até que ponto traz benefícios e/ou malefícios para ambos os envolvidos (professores, alunos, grupos e comunidades tradicionais) nesta dinâmica. Ainda é necessário a realização de uma pesquisa mais ampla, que seja capaz abordar as questões aqui trabalhadas tendo em perspectiva um maior aprofundamento e atendo-se a um maior escopo de materiais para estudo, pois aqui são expostas análises ainda preliminares sobre da utilização de cantos originalmente próprios das culturas tradicionais existentes no Brasil, que embora funcionem enquanto amostra, são certamente uma pequena parcela de um acervo que contém vários outros exemplos passíveis à problemática aqui abordada.

Referências Bibliográficas

BARBOSA, Vivian Dell’Agnolo. Análise de livros didáticos de música para o Ensino Fundamental I. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Música, UFPR, Curitiba, 2013.

BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Tradução: Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003/1998. CARVALHO, José Jorge de. Metamorfose das tradições performáticas afro-brasileiras: de patrimônio cultural a indústria do entretenimento. In: LONDRES, Cecília (et. al.). Celebrações e saberes da cultura popular: pesquisa, inventário, crítica, perspectivas. Rio de Janeiro: Funarte/Iphan/CNFCP, pp. 65-83, 2004. ______. ‘Espetacularização’ e ‘canibalização’ das culturas populares na América Latina. Revista Anthropológicas, ano 14, vol. 21, 2010, p. 39-76. FRANÇA, Cecília Cavalieri. Do discurso utópico ao deliberativo: fundamentos, currículo e formação docente para o ensino de música na escola regular. Revista da Abem – Associação Brasileira de Educação Musical, n. 15, p. 67 - 79, 2006. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo. 3ª Edição. 2002/1994. MIRANDA, Simão. Do fascínio do jogo à alegria do aprender nas séries iniciais. Campinas: Papirus, 2001. MORAIS, Daniela Vilela de. Educação musical: Materiais concretos e prática docente. 1ª Ed; Curitiba: Appris, 2012. OLIVEIRA, Vinícius Eufrásio de. O jogo no ensino da leitura musical para crianças. Três Corações/MG, 2012. ______. A utilização de brincadeiras folclóricas em aulas de música para crianças da escola regular. Três Corações/MG, 2014. PRASS, Luciana. Etnografias sobre etnopedagogias musicais. Revista da Fundarte, v.5, p 13-20, 2005. SCHERER, Cleudet de Assis. A contribuição da música folclórica no desenvolvimento da criança. Goiânia: Educativa, 2010. SOUZA, Fernanda de. O brinquedo popular e o ensino de música na escola. Revista da Abem – Associação Brasileira de Educação Musical, Porto Alegre, V. 19, 75-81, mar. 2008. TUGNY, Rosangela Pereira de. A educação musical nas escolas regulares e os mestres das culturas tradicionais negras e indígenas. In: Música e Cultura – revista da associação brasileira de etnomusicologia, vol.9, pp 15 – 25, 2014.

Vinícius Eufrásio cursa mestrado no Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFMG (Linha de Pesquisa: Música e cultura. Possui Especialização em Música Brasileira e Educação Musical (2013) pela UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde; e Especialização em Educação Musical com Ênfase em Música Popular (2015) pela UNIS - Centro Universitário do Sul de Minas Gerais. Graduou-se em Licenciatura em Música com Habilitação em Canto (2012) pela UNINCOR - Universidade Vale do Rio Verde. Atua profissionalmente desde 2010, tendo trabalhado como Educador Musical em instituições educacionais de cidades como Belo Horizonte, Formiga, Arcos, Iguatama, Campo Belo e Cláudio, em Minas Gerais, onde desenvolveu propostas educacionais relacionadas à Educação Musical de crianças e adolescentes, além de prestar consultoria e ministrar workshops na área. E-mail: [email protected] | [email protected] | www.musicar.mus.br | www.vinie.mus.br

Edite Rocha possui Licenciatura em Ensino de Música pela Universidade de Aveiro, Portugal (1999), Mestrado em Música Antiga pela Hochschule fur Alte Musik Basel, Schola Cantorum Basiliensis, Suíça (2004) e Doutoramento em Música pela Universidade de Aveiro (2010), cuja tese em musicologia histórica, obteve o Prémio de Investigação Histórica D. Manuel I (2011). Pesquisadora integrada ao Instituto de Etnomusicologia (INET-md), Universidade de Aveiro, colaboradora do Núcleo Caravelas de História da Música Luso-Brasileira do CESEM (Lisboa) e do Núcleo de Estudos de Música Brasileira da UFMG, a sua pesquisa tem ênfase em 2 eixos principais: a) Estudos Culturais, particularmente sobre o repertório e práticas da música para tecla e relações patrimoniais, e mais recentemente, b) Ferramentas tecnológicas na Pesquisa em Música, particularmente no estudo da inter-relação e aplicação desses recursos nos processos metodológicos dentro das várias áreas de estudos da Música. Presidente da Associação Musical Pro-Organo (AMPO), mantém paralelamente uma intensa atividade artística, realizando vários concertos de órgão (a solo, com ensembles e orquestra) na Europa e Brasil, além de gravações por convite. Atualmente é Professora Adjunto em Musicologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: [email protected] | [email protected]

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