REFLEXÕES PARA UM PROCESSO TRANSDISCIPLINAR DE PESQUISA

June 3, 2017 | Autor: M. Afflalo Brandão | Categoria: Transdisciplinarity, Teoria Da Complexidade
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REFLEXÕES PARA UM PROCESSO TRANSDISCIPLINAR DE PESQUISA Maria Beatriz Afflalo Brandão Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)

Resumo Iniciando pela relação da prática que induz à pesquisa teórica, o texto busca refletir sobre as tendências transversais de um conhecimento que cresce em progressão geométrica e sobre uma possibilidade metodológica transdisciplinar baseada na teoria da complexidade de Edgar Morin. A observação e a percepção das tendências de trabalho transversal indicam , entre outros, o exemplo relativo a uma pesquisa sobre o concreto sustentável. Esta, ao estabelecer em seus testes a criação e a produção de protótipos de mobiliários para ambientes internos e externos, inclui o design e a arquitetura no processo de trabalho. A inclusão transforma a concepção do objeto em núcleo agregador da transversalidade nesse tipo de estudo, entre disciplinas relativas à engenharia de materiais, ao design de produto e à arquitetura de ocupação desses mobiliários em espaços definidos pela equipe.

Palavras-chave: transversalidade do conhecimento, metodologia transdisciplinar, complexidade, pesquisa de materiais e design de objetos.

1. INTRODUÇÃO: A ORIGEM NA PRÁTICA REFLEXIVA Muitas vezes, um tema de estudo é gestado por longos anos. No caso das disciplinas que trabalham com o projeto, a alternância entre a prática e a reflexão tendem a dirigir a pesquisa no sentido da exploração da relação entre esses dois campos. O objetivo deste texto é, a partir das reflexões da prática seguida de um estudo teórico, explorar as tendências transversais do conhecimento contemporâneo, que hoje cresce em progressão geométrica, e analisar uma possibilidade metodológica transdisciplinar baseada na teoria da complexidade de Edgar Morin. Durante aproximadamente trinta anos, a prática profissional envolvendo o mobiliário urbano anterior à minha experiência acadêmica foi orientada no sentido dos projetos interdisciplinares, cujos objetos de trabalho são dirigidos ao uso e não ao consumo. São objetos que o usuário não escolhe. São projetos de caráter interdisciplinar obrigatório, na maior parte das vezes com arquitetos/urbanistas e engenheiros, sob o tema do uso público, ou seja, são elementos colocados para o uso geral em ambientes públicos ou públicos/privados. A reflexão sobre a interação interdisciplinar, sempre existente, revigorou-se a partir de projetos de mobiliário urbano junto a equipes multidisciplinares, para atender à complexidade da cidade. Nos processos de trabalho, a observação passou a se concentrar nas interações entre os profissionais envolvidos. Questões não respondidas na prática provocaram a busca de respostas na pesquisa: na realização do curso de mestrado em urbanismo no PROURB, que resultou no estudo do comércio de 1 rua, incluindo seus equipamentos de venda . As reflexões aprofundaram as questões interdisciplinares.

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“Comércio ambulante: ocupação consolidada no espaço público, possibilidades de abordagem no projeto urbano” apresentada em dezembro de 2008, no Programa de Pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PROURB | FAU | UFRJ.

Paralela ao curso de mestrado, a prática demonstrou a pertinência de problemas de trabalho conjunto, durante a participação na equipe de design para instalação de mobiliário urbano com publicidade. Esse trabalho se estendeu por dez anos. A interação da equipe – seja internamente, seja com diversos profissionais, que se responsabilizavam pelos projetos e pelas instalações desses elementos em várias cidades, seja com os técnicos das prefeituras envolvidas - fomentou ainda mais o pensamento reflexivo no sentido metodológico, resultando na proposta de tese de doutorado concentrada na pesquisa da transdisciplinaridade. No início do doutorado, a polissemia dos termos utilizados para definir o trabalho entre profissionais de áreas diferentes e a imprecisão da conceituação encontrada, revelada com o uso dos prefixos multi, trans, poli e inter em conceitos sem significados semelhantes, orientaram o trabalho para um caminho de reflexão sobre o conhecimento. A teoria da complexidade de Edgar Morin, vinculada à sua proposta de uma nova transdisciplinaridade, tornou-se eixo central da tese de doutorado: um 2 exercício epistemológico sobre complexidade e urbanismo . Este texto, que é baseado na tese, apresenta primeiramente uma rápida abordagem sobre conceitos de transdisciplinaridade encontrados inicialmente. O item seguinte apresenta uma análise e uma proposta de um caminho metodológico, o que demanda alguns pressupostos e reflexões pertinentes. Antes da conclusão, são apresentados alguns exemplos, com destaque para uma pesquisa sobre a sustentabilidade do concreto e seu uso no design de mobiliário, na perspectiva das possibilidades transdisciplinares.

2. QUAL CONCEITO DE TRANSDISCIPLINARIDADE A SE UTILIZAR Para entender como agir em um projeto de pesquisa, no sentido de transversalizar conhecimentos, buscamos entender a interação entre disciplinas. De início, buscamos alguns autores que já trabalhavam essas definições, para uma análise comparativa que indicasse algumas observações para o nosso exercício. Segundo Morin, a interdisciplinaridade pode significar pura e simplesmente que diferentes disciplinas se sentem à mesma mesa, mas pode significar também troca e cooperação. A polidisciplinaridade constitui uma associação das disciplinas em virtude de um projeto ou de um tema que lhes é comum. E, no que concerne à transdisciplinaridade, “ela opera frequentemente os esquemas cognitivos que podem transversalizar as disciplinas, às vezes com uma virulência tal que as modifica” [Morin,1999:136]. Outros autores, como Zeisel [2006: 77], citam os procedimentos transdisciplinares quando os membros da equipe tomam decisões em conjunto, contrapondo o termo à interdisciplinaridade, que pressupõe responsabilidades separadas para uma decisão final em conjunto. Nicolescu [2008:02] apresenta outra abordagem sobre a definição de cada um desses temas: -

a multidisciplinaridade se relaciona com o estudo de um objeto de uma única disciplina, por várias disciplinas de uma só vez.

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a interdisciplinaridade se refere à transferência de métodos de uma disciplina à outra.

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a transdisciplinaridade, de acordo com o próprio prefixo "trans", indica atuação transversal entre disciplinas ou para além delas. Sua finalidade é compreender o mundo atual, e seu imperativo é a unidade do conhecimento.

Doucet e Jansens [2011:01], em textos trabalhados a partir dos temas de arquitetura e urbanismo, apresentam alguns obstáculos para a pesquisa e prática da transdisciplinaridade. Partem de uma 2

“O urbanismo e a complexidade moriniana: um exercício epistemológico”, apresentada em maio de 2014, no PROURB | FAU | UFRJ.

série de conceituações concernentes aos termos polissêmicos do trabalho compartilhado. Consideram que a combinação dos diferentes tipos de produção, que não pode se limitar a juntar disciplinas, é traduzida por uma pletora de termos utilizados para descrever diferentes maneiras, métodos e graus dessas relações entre variadas disciplinas: multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, posdisciplinaridade, crossdisciplinarity e transdisciplinaridade. Para os autores, a transdisciplinaridade deveria ser o termo adotado, uma vez que esse tipo de método de trabalho deve se referir a uma hibridação de conhecimentos e maneiras de contextualização, elementos importantes para as disciplinas de design, arquitetura e urbanismo. Outra dificuldade da transdisciplinaridade estaria relacionada ao que eles denominam ‘estar no mundo’, ou seja, disciplinas indubitavelmente relacionadas, na prática, a outros saberes. Citam Rendell [2011:3], enfatizando, como Secchi [2006:07], que são disciplinas cuja teoria é liderada pela prática.

3. A TRANSDISCIPLINARIDADE PROPOSTA A prática de projetos que objetivam o design de elementos de uso público se apresenta, ao mesmo tempo, contraditória e complementar. Há obstáculos, pois ‘estar no mundo’ significa abarcar um todo difícil e que, de certa forma, contrapõe-se a teorias simplificadoras do cartesianismo. Mas, ao mesmo tempo, favorece a compreensão da transdisciplinaridade, pois essa ligação com a prática, de forma complementar entre os diversos saberes, permite o entendimento de sua necessidade e aplicabilidade, tornando-se, consequentemente, um elemento facilitador do processo nesse tipo de metodologia. Como exemplo, observamos alguns objetos que indicam a possibilidade da concepção transversal e que trazem em si mesmo complementaridade e contradição. 3

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Contour Crafting ou Conformação Perimetral é o processo, resultado de uma pesquisa , que permite a construção arquitetônica de casas a partir da tecnologia robótica em 3D. Em 2014, essa técnica recebeu, entre mais de mil competidores globais, o Grande Prêmio de Tecnologia, no concurso organizado pelo Grupo NASA TechBriefs. A pesquisa propõe a construção de casas a partir de projetos em CAD/CAM, a serem produzidos por construção em automação, tanto da estrutura total como dos subcomponentes. Nesse tipo de processo, uma casa ou um conjunto de casas podem ser erguidos, cada unidade com a possibilidade de um design específico, com a capacidade de embutir, no processo construtivo, os conduítes para as instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado. Alguns aspectos podem ser destacados em relação e esse projeto. Em primeiro lugar, a transformação da arquitetura em projeto de produto de fabricação automatizada, com um processo que se assemelha à disseminação das novas possibilidades de produção unitária ou personalizada, tendência que avança na área do design de produtos. Outra característica interessante, essa relativa às questões sociais, nos sinaliza a possibilidade da multiplicidade construtiva que poderá atender a uma demanda geometricamente crescente da população num futuro não muito longínquo. Mas, contraditoriamente, ao substituir o homem pela máquina, que problemas podem eclodir no mercado de trabalho? Outro exemplo, nesse mesmo sentido, são objetos classificados como a “Internet das coisas”, que, 5 segundo Kopetz , tem sua base nos objetos inteligentes, que incorporam um sistema tanto funcional como operacional, a ser processado via internet. Um dos exemplos, o drone pode ser analisado tanto

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Tradução do autor

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Pesquisa coordenada por Behrokh Khoshnevis, professor e diretor do Center for Rapid Automated Fabrication Technologies |CRAFT na University of Southern California | USC. 5

Capítulo 13: “Internet of things” in Hermann Kopetz, Real-Time Systems: Design Principles for Distributed Embedded Applications. Springer. Acessado em 15.04.2016 - http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4419-8237-7_13#page-1.

em suas características altamente positivas, inclusive para novas pesquisas, como pelas possibilidades de invasão de privacidade, um dos pontos negativos mais usuais. Nos dois exemplos, há, sem dúvida, a complementaridade de conhecimentos e relações, mas também se percebem algumas contradições funcionais. Nesse sentido, observa-se que ninguém pode prever o que vai ocorrer no futuro. Existem incertezas, indeterminações, fenômenos aleatórios e, em alguns casos, a ignorância de certos dados, num mundo complexo, onde o conhecimento se multiplica em progressão geométrica, mas ainda bastante setorizado. Assim, Morin propõe a transdisciplinaridade para o trabalho com a complexidade. Sua proposta tem base na possibilidade da diversidade de saberes reunidos. Isso levaria a um menor grau de ignorância e a uma maior chance de pressupostos, trocas, aprendizagem de novas situações e soluções mais compartilhadas. Biggs e Buchlek [2011:76] concluem que a reconceitualização da transdisciplinaridade no caso da arquitetura (e o design, por analogia) deve compreender o viés da reinstalação dos valores de uma comunidade específica, no sentido de deixar vir à tona problemas importantes, e desenvolver métodos que permitam a sua integração nos processos de trabalho. Esse é um dos aspectos mais relevantes e coincidentes com a proposta moriniana do “amétodo”, ou seja, que o próprio desenvolvimento do trabalho signifique a definição de valores e caminhos para todos os envolvidos, o que pode possibilitar um envolvimento mais responsável e, consequentemente, uma nova solidariedade. A proposta é que se defina, no processo, quais valores poderão ser trabalhados de forma transdisciplinar, para fazer emergir outra solidariedade, uma vez que o trabalho conjunto pode propiciar, se bem realizado, algum consenso e o desenvolvimento de outro saber, mais interligado. Biggs e Buchlek citam ainda Guba e Lincoln [2011:77], introduzindo na transdisciplinaridade a existência de diferentes paradigmas de investigação operando simultaneamente com base nas diferentes perspectivas específicas, cujas respostas ontológicas, epistemológicas e metodológicas vão constituir o específico entendimento comum da realidade. Acreditam ainda que a arquitetura (ou o design de elementos de uso público, neste caso) apresenta uma resposta original a essas três perspectivas, que lhe aufere o potencial de ter uma visão de mundo específica, mas que precisa ser ‘desencaixotada’, ou seja, transversalizada. Acerca desse ponto, Dunin-Woyseth e Nilson [2011:80] destacam a transdisciplinaridade como uma nova maneira de aprendizagem e de solução dos problemas entre as diferentes partes da academia, a fim de se adequar às mudanças complexas da sociedade. Citam, como suporte do seu texto, um trecho do relatório de avaliação da arquitetura sueca (1995 – 2005), que estabelece, entre outros, alguns princípios também abordados por Morin na sua teoria: “A pesquisa transdisciplinar pode ser considerada como uma maneira de partilhar o conhecimento transdisciplinar, com o objetivo de estabelecer novos conceitos e teorias, de criar produtos ou de resolver problemas específicos. Por outro lado, a contribuição transdisciplinar implica numa fusão dos saberes disciplinares com o savoir-faire dos profissionais e dos leigos, com o estabelecimento de um novo híbrido, que é diferente de todas as partes constitutivas. Não é um processo que segue automaticamente uma reunião de pessoas de diferentes disciplinas: necessita de um ingrediente que alguns denominam transcendência. Implica no abandono da soberania do conhecimento, na produção de uma nova inserção, no conhecimento por colaboração e na capacidade de levar em consideração, em pé de igualdade, o savoir-faire dos profissionais e dos leigos. Coletivamente, a contribuição da transdisciplinaridade permite a fertilização cruzada das ideias dos conhecimentos dos diferentes atores, o que pode conduzir a uma visão mais ampla do tema, bem como de suas teorias 6 explicativas” .

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Tradução do autor.

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Kourisky [2002: 11,12] destaca que existe uma ilusão corrente que acredita bastar diferentes numa mesma atividade para criar a interdisciplinaridade. Ele ressalta diálogo criada pelo uso de linguagens específicas – o jargão – e, mais ainda, aproximações conceituais que vão influenciar a racionalização e as formas de expressão.

juntar disciplinas a dificuldade de pelas diferentes demonstração e

3.1 Pressupostos auxiliares Resumindo as observações levantadas e com base na teoria moriniana estudada na tese, foram elencados para este texto dois grupos de pressupostos, que podem nos ajudar a pensar o trabalho, 8 tanto teórico como prático, de forma transdisciplinar. O primeiro grupo se relaciona aos conceitos que devem ser trabalhados na organização do elenco de atores que atuariam num processo baseado na transdisciplinaridade: -

entre os termos polissêmicos do trabalho de interação disciplinar, transdisciplinaridade seria o termo adotado para definir os esquemas cognitivos que transversalizam as disciplinas;

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as decisões do grupo devem ser fundamentalmente realizadas em conjunto;

-

abandono da soberania do conhecimento, considerando a importância participativa dos leigos;

-

é preciso buscar o conjunto do conhecimento entre todas as disciplinas envolvidas;

-

trabalhar contextualmente, conjugando os saberes dos profissionais e dos leigos envolvidos;

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fazer do processo de trabalho uma aprendizagem para os que participam;

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privilegiar o fazer sobre o fato, no sentido de que o fato decorra do fazer;

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reinstalar os valores desejados em cada caso específico;

-

reconhecer a imprevisibilidade.

No segundo grupo, mais relacionado com a institucionalização, percebe-se que ainda há dificuldade de se trabalhar transdisciplinarmente, principalmente em relação à pesquisa, uma vez que a avaliação das instituições e organismos interligados, de uma maneira geral, ainda é feita em termos de departamentos disciplinares. Klein [1996:211] indica que “critérios de julgamento constituem -se nos aspectos menos compreendidos da interdisciplinaridade, em parte porque é o aspecto menos 9 estudado e em parte porque a multiplicidade de tarefas parece ir contra padrões únicos”. Institucionalmente, nos chama atenção para a definição necessária dos meios de avaliação que , na nossa perspectiva, se constitui num dos principais obstáculos ao desenvolvimento dos procedimentos transdisciplinares tanto nas universidades, como na prática profissional. Por outro lado, Morin considera que, dentro dos princípios epistemológicos da complexidade, não existe um referencial soberano para controlar/verificar o conhecimento, mas sim múltiplos referenciais que devem surgir de processos de autorreflexão, tendo por base os critérios e valores estabelecidos. Segundo Morin [1990:19], a transdisciplinaridade é muito mais uma atitude do pesquisador no seu trabalho do que uma metodologia rigorosa, que vai orientar e determinar cada etapa da pesquisa científica. Contudo, vale reforçar que, para a transdisciplinaridade, “as disciplinas são plenamente justificáveis intelectualmente, desde que elas conservem um campo de visão que reconheça e compreenda a existência de ligações e de solidariedades” [1999:134] e que não se fechem às mudanças necessárias. 7

L’ingénierie de l’interdisciplinarité, dir. François Kourilsky avec le concours de Jean Tellez, L’Harmattan, 2002 : livro organizado por Kourilsky com a ajuda de François Tellez, com o material da primeira Conferência/Debate MCX-H.A.Simon, dedicada a Herbert Simon em 25 de outubro de 2001 em Paris. 8

Organização do autor partindo de diversos pontos abordados por Edgar Morin e pelos autores citados no item anterior.

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Tradução do autor.

Para isso, é importante considerar um paradigma de complexidade que, ao mesmo tempo, separe e associe; que reconheça os níveis de emergência da realidade sem os reduzir às unidades elementares e às leis gerais. Esse é um ponto importante e que vai de encontro ao paradigma de reflexão que se mantém há muito: a redução do conhecimento às regras gerais ou aos modelos definidos. Morin estabelece que o método é religar, religar sempre, enfatizando o convite para pensar-se na complexidade, sem propor um roteiro predefinido. Esse autor nos indica ainda que método, tradicionalmente, se compõe de regras que nos ensinam a aprender, pressupõe a idealização, a racionalização e a normalização. Um método pressupõe regras e caminhos e, em si, já apresenta uma estrutura de disjunções e simplificações. No seu trabalho, ele diz que, originalmente, a palavra método significava caminhada e que, para a complexidade, é preciso aceitar caminhar sem um caminho, fazer o caminho enquanto se caminha. É preciso considerar que o método é uma progressão em espiral que nos permite o retorno que se afasta do começo, que se caracteriza pelo desenvolvimento cíclico [Morin, 2008:28], e que ele denomina de “amétodo” [2008:36]. Nessa perspectiva, a informação é um conceito indispensável, mas não é um conceito de chegada, é um dado de partida. É a matéria básica que vai ser trabalhada pelo conhecimento, constantemente revisitado e revisto pelo pensamento, que vai se traduzir em novo conhecimento, num ciclo recursivo. 10 Para isso, é preciso que os atores envolvidos sejam motivados a : -

exercitar sua curiosidade, buscar essas epistemológico e metodológico;

informações, nos três níveis: ontológico,

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estimular o pensamento para as possibilidades e problemas do nosso próprio tempo, dentro de valores acordados pelo grupo, buscando a reinstalação dos valores da comunidade específica;

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exercitar a dúvida, repensando o pensado, tentando vencer as incertezas, ou seja, exercendo a recursividade e propondo estratégias;

-

formular a organização do conhecimento a partir de operações de religação [conjunção, inclusão e implicação]; de separação [diferenciação, oposição, seleção e exclusão] num processo circular passando da separação à ligação, da ligação à separação; e, concomitantemente, com o processo de análise à síntese e da síntese à análise, para finalizar na formulação de critérios, na proposta do desenvolvimento em ciclos;

-

colocar seu objeto de pensamento no contexto natural e no conjunto do qual faz parte, ou seja, contextualizar e globalizar;

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abrir as fronteiras do conhecimento através da transformação dos princípios organizadores do conhecimento, formulando adjacências;

-

trabalhar o conjunto de disciplinas sem estabelecer dominâncias ou lideranças ; ao contrário, definido os pontos estratégicos e as necessidades de interação, estabelecer, a partir disso, a organização sobre a qual se vai trabalhar com todas as disciplinas envolvidas.

Destaca, também, que a complexidade surgiu em contraposição à simplificação derivada da disjunção do saber em unidades separadas, fechadas, nas quais se trabalham alguns pressupostos [Morin, 2008:36] dos quais se faz necessário discordar: -

idealização, ao se considerar o real apreensível e o universal aplicável indistintamente;

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racionalização, em se tentar enquadrar a realidade na ordem e na coerência de sistemas fechados, sem conexão com o contexto;

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normalização, entendida neste caso como eliminação do estranho, do mistério, do específico em adesão à regra da universalidade.

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Organização do autor partindo de diversos pontos abordados por Edgar Morin [2002, 2008, 2010].

Entretanto, ele enfatiza que a escolha não é entre o saber particular, preciso, limitado, por um lado, e a ideia geral abstrata, por outro. A escolha também não é entre o “cavaleiro francês”, que racionalizou (Morin, 2002:28 e 29), e o “cavaleiro inglês”, empiricista, já que ambos trabalharam nos paradigmas da disjunção, o que, de certa forma, nos permitiu um avanço tecnológico rápido, mas redundou em questões para as quais ainda não temos respostas. Nosso tempo é de perguntas. Nosso trabalho precisa “tentar iluminar os múltiplos aspectos dos fenômenos e tentar apreender as mutáveis relações” (Morin, 2008:34). Isto inclui, de forma enfática, o sujeito, ou ainda, estabelece a ênfase na atividade do sujeito, e está refletido nos múltiplos métodos que se desenvolvem hoje. Como exemplo, 11 podemos citar o HCD | Human Centered Design , da IDEO, sobre o qual alguns divergem se é um método ou um procedimento. Conceitos à parte, o que precisamos é recusar o conhecimento geral, que disfarça ou ignora as dificuldades e a diversidade pela simplificação. A proposta é unir o que está separado.

3.2 Transdisciplinaridade Moriniana Morin estabelece que pelo processo se aprende e se chega a resultados mais responsáveis. Bocchi e 12 Cerruti [2011:58] se aliam à proposta de Morin em abordar o desenvolvimento humano como um ‘vir a ser’ e não como algo estabelecido, como um processo e não como um estado. Sobre isso, observam que a experiência humana é uma tessitura de destruição e criação. O processo da transdisciplinaridade moriniana, hoje mais consensual, facilita a coabitação das diferenças durante seu desenvolvimento. Há, contudo, atores que se opõem a esse procedimento, por um sentimento da incompreensão entre as partes. Evidentemente, esse tipo de abordagem transdisciplinar apresenta vários problemas práticos no início, principalmente em relação à observação dos dados da questão. Para vencer essas barreiras, todavia, consideramos importante fazer a distinção, de acordo com Morin, entre os três conceitos: razão, racionalidade, racionalização: a razão corresponde à tentativa de se ter uma visão coerente dos fenômenos, das coisas e do universo, e traz em si a racionalização que corre o risco de sufocá-la; a racionalidade é o jogo, é o diálogo incessante entre nossa mente, que cria estruturas lógicas, que as aplica ao mundo e que dialoga com o mundo real, reconhecendo as irracionalidades e interagindo com o irracionalizável; a racionalização consiste em querer prender a realidade num sistema coerente. Nesse processo, tudo o que não se adaptar a esse sistema coerente é afastado, deixado de lado. Todos nós temos a tendência de afastar da nossa mente o que possa contradizê-la, não importa qual seja a área do conhecimento. “Exercemos uma atenção seletiva sobre o que favorece nossa ideia e uma desatenção seletiva sobre o que desfavorece” [Morin, 2011:70]. Nesse mesmo sentido, é produtivo observar que hoje existe uma nova cegueira, propiciada pelo uso degradado da razão, muitas vezes manipulada, principalmente em relação à hiperespecialização. Esta propicia um pensamento fechado, que traduz por sucesso uma evolução referente somente ao próprio que evoluiu, sem estabelecer as conexões devidas, bem como suas consequências. Por isso, para Morin, a nova transdisciplinaridade precisa do paradigma da complexidade, ou seja, de princípios. Esses princípios estabelecem outra lógica, outra perspectiva que reconhece que é a desordem que vai se transformar em ordem via organização através dos encontros e interações.

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IDEO: organização global, de origem americana que trabalha com a HCD | Design Centrado no Homem, na assessoria da inovação e desenvolvimento, e divulga seu método via o que eles denominam Toolkit. 12

Gianlucca Bocchi e Mauro Ceruti. Respectivamente professores de Filosofia da Ciência e de Epistemologia na Universidade de Bergamo, Itália.

Para operacionalizar nesse sentido, antes da identificação dos problemas a serem resolvidos, é importante que se faça um exercício de encontros desordenados com os atores envolvidos, ainda sem o objetivo de identificação. São os encontros aleatórios que poderão permitir a organização, e esta vai redundar na identificação compartilhada dos problemas, através do levantamento das informações de partida, ou seja, dos dados da questão, considerando complementaridades e contradições. Nesse ponto é interessante que se evitem as questões que possam dirigir as respostas para as definições que impliquem em percepções e perspectivas específicas. O objetivo desse encontro desordenado é estabelecer, a partir da desordem, com o trabalho integrado dos atores, a estruturação dos conceitos. Essa estruturação dos conceitos , ou organização a partir das próprias inter-relações estabelecidas dentro do quadro da desordem, serviria, então, para identificar o problema de maneira conjunta. Deve se pressupor tantas interações como as definidas pelo grupo ou ainda as que se estabelecerem no caminho. Esse procedimento, a nosso ver, impediria confrontos interdisciplinares, provocados por percepções e perspectivas diferentes, pois o objetivo dessa fase é levantar e reunir todos os dados do problema, independentemente da tentativa de responder objetivamente a questões que visem indicar causas, necessidades, objetivos ou interesses comuns. As respostas vão fazer parte da organização pós-desorganização e devem resultar da interação entre os participantes. Esse método de encontros, tanto entre os dados de referência como entre os atores, vai permitir, no processo de organização, a formação de uma compreensão comum entre os participantes antes de qualquer tentativa que implique em definições, ou seja, de percepções e perspectivas diferentes e estabelecidas a priori. A tentativa de organização desses dados é, ela mesma, a matéria prima que vai ser trabalhada pelo conhecimento, o elemento estruturador que redundará na possibilidade das definições de estratégias para enfrentar uma nova criação, teórica ou prática.

4. UM OLHAR PARA A PRÁTICA 13

Se a modernidade tendeu para o homem genérico, Norman defende que “o design, hoje, se depara com muitos sistemas técnico-sociais complexos, ainda que a aprendizagem baseada em paradigmas modernos não prepare as pessoas para isso. Acreditamos que é hora de os designers se tornarem mais responsáveis para encarar esses problemas, do ponto de vista do design centrado no ser 14 humano” . Talvez esse seja um dos nós a serem desenrolados na contemporaneidade: temos um a demanda complexa para ser observada via um paradigma simples. Temos um tempo de perguntas que tende a deslocar um tempo de certezas, da crença moderna em um progresso sem dolo. É preciso então observar as perguntas, rebater os paradigmas. Nos movimentos do conhecimento, que se desenvolve aceleradamente, muitos têm se questionado, e os eventos sobre a transversalidade dos saberes estão se tornando mais frequentes. Um exemplo foi a série de eventos organizada para avaliar as novas propostas de ensino em Arquitetura, Design e Urbanismo, o 15 ADU2020 , patrocinado pela União Europeia, com seminários, conferências e workshop em diversos países. No evento final, um dos pontos mais relevantes, apontados no resumo da série, foi a transdisciplinaridade. Mas se a teoria é polissêmica, a prática ainda carece de uma reflexão mais profunda. Alguns projetos se dizem transdisciplinares e, aqui e ali, alguns procedimentos são adotados para o desenvolvimento dos trabalhos. O projeto urbano Master Plan, da área de localização da Novartis, indústria química, 13

Donald A. Norman é professor emérito de ciência cognitiva na Universidade da Califórnia, San Diego, e professor de ciência da computação na Universidade Northwestern em Illinois, Estados Unidos. 14

“Design, today, is called upon to examine many complex sociotechnical systems, yet modern design training does not prepare people for this. We believe it is time for designers to step up to the plate and try to tackle these problems - from a humancentered design point of view.” Don Norman, em debate no PhD-Design Forum: a list for discussion of PhD studies and related research in Design [lista de discussões relativas à pesquisa de Design] em 10/08/2015 às 23:29 h. 15

http://adu2020.org/.

em Basel, Suíça, que foi transformada em Novartis Campus para instalação de centros de pesquisa , é um exemplo. No escopo do projeto havia o conceito de que o “Campus deveria ser concebido como um recipiente para reação, no qual seres humanos e ideias se encontrassem, sempre que possível, da mesma forma que moléculas que são planejadas para reagir umas com as outras... Para 16 expressar em termos químicos, o Campus precisava ser catalizador”. Toda a proposta de trabalho foi orientada no sentido de minimizar hierarquias. Por outro lado, o design tem trabalhado sua inovação contando com as novas perspectivas de materiais e processos. Alguns materiais têm surgido, alimentando as oportunidades de novos produtos ou soluções em processos de fabricação. Mas a sustentabilidade como indutora de novas pesquisas, cada vez mais importantes para um planeta ameaçado, muitas vezes se concretiza como um fator de interação entre campos disciplinares. Nesse ponto referente à metodologia, precisamos atentar que, para trabalhar um projeto com eficácia, é preciso ter uma proposta estratégica e não tática, ou seja, abordar o conceito do projeto de forma sistêmica, com o olhar transversal estendido da criação ao descarte. 17

O concreto sustentável, objeto da pesquisa do NUMATS , é um caso a ser considerado num mundo 2 18 que precisa com urgência diminuir suas emissões de CO . De acordo com Toledo , “a indústria de cimento, que é um dos constituintes mais importantes do concreto, é responsável pela emissão de cerca de 5% a 7% da emissão mundial de dióxido de carbono. Só no Brasil, para cada tonelada de clínquer produzido, que é como se chama a massa crua utilizada durante a fabricação do cimento, 2 são liberados na atmosfera pelo menos 700 kg de CO ”. Considere-se como exemplo a China, que consome 60% da quantidade mundial do produto. De 19 acordo com a revista Forbes , entre 2011 e 2013, isso se quantifica em 6,6 bilhões de toneladas, volume maior do que o consumido pelos Estados Unidos em todo o século XX. Assim, há que se considerar a emergência desses estudos. O gráfico abaixo demostra essa produção:

De acordo com o NUMATS, o concreto ecológico pode ter em sua composição até 40% de outros insumos, tais como fibras, cascas de cereais, resíduos da indústria cerâmica e cinzas de resíduos descartados. Elencar as possibilidades desses materiais e testá-los em todas as características necessárias tem sido o objeto das pesquisas desenvolvidas. Outras orientações se dirigem às pesquisas para “sequestrar” do ar as moléculas de dióxido de carbono e outras relativas ao concreto 16

Novartis Campus, publicação coordenada por Martine Francotte, publicada por Hatje Cantz Verlag, Ostfildern, Alemanha, 2009, pp. 15. Tradução do autor. 17

Dirigido por Romildo Dias Toledo Filho, D.Sc. NUMATS | Núcleo de Materiais e Tecnologias Sustentáveis da COPPE/UFRJ, Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 18

http://www.ecodebate.com.br/2011/10/31/cimento-ecologico-e-capaz-capaz-de-%E2%80%9Csequestrar%E2%80%9D-do-aras-moleculas-de-dioxido-de-carbono-co2/, acessada em 11.03.2016. 19

http://www.forbes.com/sites/niallmccarthy/2014/12/05/china-used-more-concrete-in-3-years-than-the-u-s-used-in-the-entire20th-century-infographic/#391000597194, acessada em 08.03.2016.

reforçado com fibras estruturais. Esses estudos visam a obter um material mais resistente para menores quantidades de concreto, e a testá-lo no design de objetos, principalmente relativo ao mobiliário tanto para uso interno como externo. O uso desse material vai definir o tema interativo da pesquisa. A equipe se formou com a participação de pesquisadores com capacidade projetual para o desenvolvimento de protótipos de mobiliários, tanto internos como para o jardim interblocos do prédio onde se instala o laboratório. A produção desses elementos permite não só os testes laboratoriais, como aqueles do uso do material na interação com o homem. Assim, a interligação entre estudo de materiais e usos vai possibilitar um olhar mais transversal nesse tipo de pesquisa, considerando-se o homem no centro dos critérios de projeto, observando tanto questões de produção e forma, como aquelas ergonômicas, estéticas e de usabilidade do mobiliário a ser produzido. Nenhum dos exemplos citados acima apresenta uma metodologia de trabalho transdisciplinar consolidada. Aqui e ali, alguns métodos podem ser elencados, como a discussão e a decisão em conjunto, com prerrogativas para os responsáveis de cada área no caso de divergências, como no projeto Novartis. No caso do NUMATS, destacam-se alguns procedimentos, tais como a própria configuração ambiental do laboratório, que permite o acaso e a imprevisibilidade de encontros interequipes, um facilitador do esclarecimento de problemas comuns. Além disso, há reuniões eventuais para interação programada dos pesquisadores e encontros mensais, com palestras de vários profissionais, inclusive convidados, para troca de conhecimento.

5. CONCLUSÃO A experiência de trabalho em equipe, aliada aos pressupostos elencados na teoria da transdisciplinaridade, nos demonstrou ser possível levantar, já no início do processo, alguns pontos a serem observados no desenvolvimento de um projeto que integre as diversas áreas envolvidas. Se pensarmos na complexidade do mundo atual, ainda de acordo com princípios de Morin, podemos exercitar pelo menos alguns procedimentos para a possibilidade de trabalho dos problemas de um contexto complexo. Segundo ele, “a ordem e a desordem, sempre inimigas, cooperam de certa maneira para organizar o universo” (2011.61), num processo que se baseia em novos conceitos e instrumentos teóricos que substituem o paradigma da disjunção/redução/ unidimensionalização por um paradigma de distinção/conjunção/multidimensionalização que permite “distinguir sem separar, associar sem identificar ou reduzir”. [Morin.1990] Para tal, destacamos alguns princípios que podem ser observados no desenvolvimento do 20 trabalho conjunto : -

auto-organização: conformação do grupo com a definição de líderes que possam trabalhar a logística do processo, em células integradas;

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autoconsistência: responsabilidades definidas e assumidas;

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diversidade: formatar o grupo procurando preencher a diversidade de áreas envolvidas;

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potencialidade: combinar a autoconsistência com a potencialidade para sustentação dos trabalhos;

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conectividade: elemento a ser trabalhado na auto-organização e na autoconsistência;

20

Observações apresentadas em texto Projeto Transdisciplinar com Foco na Eficácia de Maria Beatriz Afflalo Brandão, no eixo temático 127 - Solar Decathlon: o desafio do projeto colaborativo e transdisciplinar, coordenado por José Ripper Kós no I ENANPARQ, em 2010.

-

correlação: estabelecer a priori todas as possibilidades de correlação dos conceitos;

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fluxo: definir fluxos de informação que atendam as necessidades do projeto;

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imprecisão: trabalhar com essa possibilidade, procurando minimizá-la;

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imprevisibilidade: ficar atento às imprevisibilidades e eleger mecanismos de resolução;

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inclusão: estabelecer mecanismos de inclusão combinados com a imprevisibilidade;

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criticabilidade: exercitar a capacidade crítica, baseada em critérios definidos pelo próprio grupo;

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dialógica: criar elementos para manter sempre a possibilidade de discussão;

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rizomas: reconhecer as multiplicidades, os movimentos e os devires em cada etapa;

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retorno: estabelecer possíveis correções de percurso, combinados com o fluxo de informações e rizomas.

Um exercício fundamental para se trabalhar a transdisciplinaridade é combinar as áreas envolvidas e suas conectividades, num processo que possa servir como exemplo e avaliação de uma postura metodológica. O primeiro passo poderia ser o estabelecimento de pontos de interação entre as áreas de interesse definidas pelo grupo, áreas que se apresentam como provas de avaliação. Nesse exercício, esperase que surjam pontos de complementaridade e antagonismo, os quais devem ser trabalhados pelo grupo para que se definam princípios comuns. Não se pode dizer que esse método seja de fácil aplicação, mas o contexto atual, tanto local como mundial, revela um tempo de turbulências. E é nesse tempo que podem surgir novos procedimentos que mais se adequem às turbulências. Segundo Morin, “a esperança é ressuscitada no coração da desesperança. A esperança não é um sinônimo de ilusão. A verdadeira esperança sabe que ela não se constitui de certezas, mas ela sabe 21 que podemos abrir caminhos caminhando” [2012: 502].

REFERÊNCIAS Biggs, M. and Büchler. (2011). Transdisciplinarity and new paradign researcch, in I. Doucet and N. Janssens, Transdisciplinary Knowledge Production in Architecture and Urbanism,Towards Hybrid Modes of Inquiry. Springer, Dordrecht Heidelberg. London and New York, pp. 63-78. Bocchi, G. e Ceruti, M. (2011) L’humanité, um destin en devenir, in Hermés 60: Cognition, Communication, Politique. Dominique Wolton [org]. Institut des sciences de la Communication du CNRS, p. 61, CNRS Étitions, Paris, p. 58. Doucet, I.; Janssens, N. [edit]. (2011).Transdisciplinary Knowledge Production in Architecture and Urbanism, Towards Hybrid Modes of Inquiry. Springer, Dordrecht Heidelberg. London, New York. Dunim-Woyseth,H and Nilsson,F. (2011). Building (Trans)Disciplinary Architectural Research – Introducing Mode 1 and Mode 2 to Design Practioners, in in I. Doucet and N. Janssens, Transdisciplinary Knowledge Production in Architecture and Urbanism,Towards Hybrid Modes of Inquiry. Springer, Dordrecht Heidelberg. London and New York, pp. 78-96.

21

Poema de Antônio Machado citado por Morin: Caminante, no hay camino, se hace camino al andar. Caminante no hay camino - Poemas de Antonio Machado. http://www.poemas-del-alma.com/antonio-machado-caminante-no-hay-camino.htm#ixzz42sWPZU7z

Klein Julie T. (1996). Crossing boundaries: knowledge, disciplines and interdisciplinarities. The University Press of Virginia. Charlottesville and London. Kourislsky, F e Tellez, J. (2002) Ingénierie de l’interdisciplinarité : un nouvel esprit scientifique. L’Harmattan, Paris. Morin, E. (2002). Reformar o pensamento: a cabeça bem feita. Instituto Piaget, Lisboa. - idem. (1999) La tête bien fait, repenser, reformer la pensée. Editions du Seuil, Paris. - idem. (2008) O método 1: A natureza da natureza. Editora Sulina, Porto Alegre. - idem. (1990). Sur l’interdisciplinarité, Carrefour des Sciences. Actes du Colloque du Comité National de la Recherche Scientifique. Edition CNRS. Paris. - idem. (2010). Ciência com consciência. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, - idem. (2011) Introdução ao pensamento complexo. Sulina, Porto Alegre. - idem. (2012) La voie ; pour l’avenir de l’humanité. Librairie Arthème Fayard/ Pluriel. Paris. Nicolescu, B. (2008). Transdisciplinarty: Theory and Practice. Hampton Press, Inc. New Jersey. Secchi, B. (2006). Primeira Lição de Urbanismo, Perspectiva, São Paulo. Zeizel, J. (2006). Inquiry by Design: Environment/Behavior...in Architecture, Interiors, Landscape, and Planning, W.W. Norton & Company, Inc. New York.

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