Reflexões sobre Estevão - livro Paulo e Estevão

June 15, 2017 | Autor: Candice Gunther | Categoria: Espiritismo
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Estevão Primeira Parte

Estudando o livro Paulo e Estevão, muitas vezes nos é difícil entender a perspectiva de Estevão perante os acontecimentos da vida. Espírito de grande evolução moral, sua trajetória nos apresenta lições impressionantes de fé, resignação e dedicação ao evangelho, antes mesmo de ser apresentado aos ensinos deixados pelo Messias, ele já refletia amor, perdão e caridade. Assim, na busca de entendê-lo melhor, faremos este pequeno estudo, despretensioso. Vamos pincelar alguns trechos e refletir sobre eles. Sondar, aprender, permitir que o conhecimento promova o mudar que edifica, este será o nosso caminhar. Se para Saulo a jornada foi difícil, os sofrimentos de Estevão também não foram poucos, mas a forma como vivenciou cada momento de dificuldade, mantendo-se em comunhão com Deus é impressionante, e nos ensina um caminho novo, o bem sofrer. Para tentarmos conhecer alguém, com maior profundidade, podemos sondar o que está a sua volta, as coisas que ocupam seu coração. Assim, conhecer o coração de Estevão, como ele foi capaz de atos de tanta bondade e fé, onde encontrou lições para que sua alma se mantivesse em equilíbrio mesmo quando a vida lhe foi tão dura, são questionamentos que fizemos e que foram o norte para estas reflexões. Faremos, então, este estudo em algumas etapas, eis a primeira.

CAMINHO DE ESTEVÃO ATÉ A CASA DO CAMINHO, ATÉ JESUS.

1 - CONFIANÇA “ — Coragem, pai! — exclamou depois de ouvir a dolorosa exposição, pondo nas expressões de firmeza um acentuado cunho de ternura — nosso Deus é de justiça e sabedoria. Confiemos na sua proteção !”Jochedeb resolveu reivindicar seus direitos a terras confiscadas junto a Licinio Minucio. Estevão (Jesiel) tenta em vão dissuadi-lo. Ainda argumentando com o pai, faz comentário: “- Essas torturas, entretanto, não são novas. Há muitos séculos, os faraós do Egito

levaram tão longe a crueldade para com os nossos ascendentes, que os meninos de nossa raça eram trucidados logo ao nascer. Antíoco Epifânio, na Síria, mandou degolar mulheres e crianças, no recesso mesmo dos nossos lares. Em Roma, de tempos a tempos, todos os israelitas sofrem vexames e confiscos, perseguição e morte. Mas, certamente, meu pai, Deus permite que assim aconteça para que Israel reconheça, nos sofrimentos mais atrozes, a sua missão divina.” Como agimos e reagimos quando nos defrontamos com injustiças tão corriqueiras nos dias de hoje? Se precisássemos optar entre dar um testemunho de amor e abnegação ou então brigarmos por algo que nos é de direito, como agiríamos? Certamente muitos irão argumentar que não podemos nos calar ante a injustiça, e é verdade, mas esta é apenas uma forma de ver o todo. No caso da família de Estevão, acima narrado, a injustiça já havia ocorrido, eles tinham prosseguido com a vida, deixado a questão no passado, porém, o pai não conformou-se. Certamente a maioria de nós agiria como Jochedeb, afinal, quem de nós pensa ou sente como Estevão? É chegada a hora de ao menos nos dignarmos a refletir sobre a questão. “Deus permite que assim aconteça”, nas palavras de Estevão/Jesiel. Se eu olhar para trás com honestidade verei que cada perda que já ocorreu em minha vida foi uma oportunidade de trabalhar meu orgulho, a questão é aprender a reconhecer isso quando tal fato ocorre, é viver o ensinamento no presente. Em Lucas 9:51-56 (degrau 1), Jesus dá a lição aos discípulos: “Senhor, queres que digamos para descer fogo do céu a fim de os destruir? Voltando-se, ele os repreendeu: Não sabeis de que espírito sois. Pois o filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-la. E foram para outra aldeia.”

2 - FÉ. Ante a notícia do pai, de que tinham perdido seus bens: “- Meu pai, por que vos atemorizardes? Deus nunca é avaro de misericórdia. Os Escritos Sagrados nos ensinam que Ele, antes de tudo, é o Pai desvelado de todos os vencidos da Terra! Essas derrotas chegam e passam. Tendes os meus braços e o cuidado afetuoso de Abigail. Por que lastimar, se amanhã mesmo, com o socorro divino, poderemos sair desta casa, para buscar outra em qualquer parte, a fim de nos consagrarmos ao trabalho honesto? Deus não guiou o nosso povo expulso do lar, através do oceano e do deserto? Por que negaria, então, seu apoio a nós que tanto o amamos neste mundo? Ele é a nossa bússola e a nossa casa.”

O que nos guia no mundo em que vivemos? Qual a nossa bússula? Sabemos que somos espíritos em evolução e que, ante a nossa condição, estamos em um mundo de provas e expiações. Assim, condição inerente ao nossa planeta as dificuldades. Apesar de Estevão ter vivido há 2000 anos, parece-nos que ele tinha este norte em seu coração, em sua consciência muito mais forte e preciso que nós outros. Derrotas chegam e passam. Nada do que nos acontece é para sempre. Lembremos do Chico que tinha em seu quarta a mensagem que Maria lhe encaminhara do plano espiritual: “Isso também passará.” Se depositarmos todas as nossas esperanças no dia de hoje, iremos dificultar a nossa vivência, ainda não temos condições espirituais para a felicidade plena, mas já podemos vivenciar a paz e a alegria de quem confia e tem fé no dia de amanhã. Lição que Jesus dá no degrau 2, em Lucas 9:60: "Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus". 3 – AMOR AO PRÓXIMO Após ter as terras confiscadas, atear fogo na chácara vizinha, Jochedeb confessa aos filhos e lhes conta as duras provas que viriam ante as ações que tomara. Estevão/Jeziel novamente reflete com o pai, e nos traz uma lição riquíssima: “— Acima de todas as determinações, porém, meu pai — acentuou Jeziel sem irritação -, Deus mandou gravar o ensinamento do amor, recomendando que o amássemos sobre todas as coisas, de todo o coração e todo o entendimento. — Amo o Altíssimo, mas não posso amar o romano cruel — suspirou Jochedeb, amargurado. — Mas, como revelarmos dedicação ao Todo Poderoso que está nos Céus — continuou o jovem compadecido —, destruindo suas obras?” A previsão de amor ao próximo já se encontrava gravada no livro de Deuteronômio, no Antigo Testamento. Não é, portanto, lição nova, mas ensinamento que carecemos aprender, sentir, vivenciar. A mesma lei que Jochedeb e Saulo argumentavam que era usada como defesa do que queriam reivindicar, as letras do antigo testamento, estas mesmas Estevão invoca para dizer e ensinar, ama ao próximo, faz a ele apenas o que gostaria que te fizessem. Estevão escolheu um caminho de confiança, fé, amor. Esta também foi a estrada de Jesus. Seguindo com os degraus da Narrativa da Viagem a Jerusalém, eis que verificamos a mesma estrada, o mesmo dizer, degrau 3, Lucas 10:25-28: “25E eis que um legista se levantou e disse para experimentá-lo: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" 26Ele disse: "Que está escrito na Lei? Como lês?" 27Ele, então, respondeu: "Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a

tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo". 28Jesus disse: "Respondeste corretamente; faze isso e viverás". (Bíblia de Jerusalém)

4 - RESIGNAÇÃO Na prisão, com Abigail, refletem sobre as incertezas do dia vindouro, eis, então, uma belíssima lição de resignação: “— Estás triste? Ficaste agastado com o proceder de nosso pai? — De modo algum — atalhou o moço afagando-lhe os cabelos —, estamos em experiências que devem ter a melhor finalidade para a nossa redenção, porque, de outro modo, Deus não no-las mandaria.” Estevão estava preso, o dia seguinte era incerto, talvez perdesse a vida ou a liberdade, certamente a propriedade não teria mais. Aos nossos olhos, perdeu tudo. Mas este espírito temente a Deus, vê a vida de outra forma, resigna-se ante a adversidade e confia que tudo o que lhe acontece coopera para o seu bem. Novamente, tal qual ele estivesse ouvindo Jesus, a lição de degrau 4 se nos descortina como roteiro seguro para aqueles que querem adentrar no reino dos céus. Eis a lição de Lucas 11:10-13 : “10Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá. 11Quem de vós, sendo pai, se o filho lhe pedir um peixe, em vez do peixe lhe dará uma serpente?12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 13Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!" Nas palavras de Estevão: “...estamos em experiências que devem ter a melhor finalidade para a nossa redenção, porque, de outro modo, Deus não nolas mandaria.”

5 - RESISTÊNCIA Estevão: “Enquanto os outros povos amortecem forças na dominação pela espada,ou nos prazeres condenáveis, nosso testemunho ao Altíssimo, pelas dores e amarguras, multiplica em nosso espírito a capacidade de resistência, ao mesmo tempo que os outros homens aprendem a considerar, com o nosso esforço, as verdades religiosas.” Para Estevão, a missão de Israel era muito clara, dar o testemunho aos povos do Deus único, justo e misericordioso. E sabia discernir que as dificuldades do seu

caminho tinham um propósito superior. Como agimos ante as dores e aflições que nos acometem? Temos a percepção de que a escola divina da dor irá ampliar em nós a capacidade de resistência? Ou nos perdemos num sentimento de autopiedade? A vida de Estevão é carta viva que nos testemunha uma forma nova de viver, cada um poderá escolher o caminho do amor ou da dor, todos os caminhos nos levarão ao Pai. Saulo optou pela dor, afastou-se, e por suas ações foi perdendo seus amores e tudo o que lhe estava preparado para a vida ficar mais branda. Como estamos andando? Qual a nossa opção? O degrau 5 nos aponta o texto de Lucas 11:14-32, citaremos apenas o 28: “Ele, porém, respondeu: "Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a observam".

6 - ESPERANÇA — Mas eu creio no Messias Redentor, que virá esclarecer todas as coisas.Os profetas nos afirmam que os homens não o compreenderão; entretanto, ele há de vir ensinando o amor, a caridade, a justiça e o perdão. Nascerá entre os humildes, exemplificará entre os pobres, iluminará o povo de Israel, levantará os tristes e oprimidos, tomará, com amor, todos os que padecem no abandono do coração. Quem sabe, Abigail, estará ele no mundo, sem o sabermos? Deus opera em silêncio e não concorre com as vaidades da criatura. Temos fé e a nossa confiança no Céu é uma fonte de força inesgotável. Os filhos da nossa raça muito têm padecido, mas Deus saberá por quê, e não nos enviaria problemas de que não necessitássemos. Um coração que teme a Deus e confia na sua justiça é agraciado sempre com a esperança. A paz que ia na alma de Estevão era fruto de sua fé. Preso soube refletir e deixar lições no coração de Abigail. Também a nós, que hoje ouvimos as suas palavras, ele nos quer falar. Ouçamos!! O degrau 6 também guarda correlação com estes dizeres de Estevão, que está trilhando um belíssimo caminho ao encontro do Mestre, sua alma já o pressente. Lucas 12:25-32: “Quem dentre vós, com as suas preocupações, pode prolongar por um pouco a duração de sua ida? Portanto, se até as coisas mínimas ultrapassam o vosso poder, por que preocuparvos com as outras? Considerai os lírios, como não fiam, nem tecem. Contudo, eu vos asseguro que nem Salomão, com todo o seu esplendor, se vestiu como um deles.Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que existe hoje e amanhã será lançada no forno, quanto mais a vós, homens fracos na fé! Não busqueis o que comer ou beber; e não vos inquieteis! Pois são os gentios deste mundo que estão à procura de tudo isso: vosso Pai sabe que tendes necessidade disso. Pelo contrário, buscai o seu Reino, e essas coisas vos serão acrescentadas. Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino!”

7 - OBEDIÊNCIA — Não deveremos aguardar senão desgostos e decepções, mas não esqueçamos a oportunidade de obedecer a Deus - Quando experimentou a ironia de sua mulher. nas desditas extremas, Job teve a boa lembrança de que, se o Criador nos dá os bens para nossa alegria, pode enviar-nos igualmente os dissabores para nosso proveito. “Bens para nossa alegria, dissabores para nosso proveito”, nos diz o texto acima. As vezes precisamos olhar a vida com a perspectiva da criança que está sendo educada. Quantas vezes nossos pais precisaram ser duros porque íamos por caminhos perigosos e que poderiam nos trazer males maiores. Num exemplo pequeno mas que se relaciona, podemos nós outros assumirmos uma postura diferente ante os percalços da vida, não se trata de castigo ou punição. Tenho para mim que Estevão passaria por todas as dores novamente, eis que sua vida é inspiração imorredoura para nós outros, e mesmo decorridos tantos anos, ainda temos dificuldade de entender sua vivência e sua imensa capacidade de compreensão da lei divina atuando em sua vida. Olhemos com reflexão, aprendemos com Estevão o caminho para Jerusalém, a estrada que nos leverá a redenção de nosso espírito. Ainda sob as luzes de Lucas, degrau 7, vejamos o cap. 12:37-39 “Felizes os servos que o senhor, à sua chegada, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo, ele se cingirá e os colocará à mesa e, passando de um a outro, os servirá. E caso venha pela segunda ou pela terceira vigília, felizes serão se assim os encontrar! Compreendei isto: se o dono da casa soubesse em que hora viria o ladrão, não deixaria que sua casa fosse arrombada.” (Biblia de Jerusalém)

8 - CONSOLAÇÃO A seus olhos, o Todo-Poderoso sempre fora infinitamente justo e bom. Ele, que esclarecera o genitor e consolara a irmãzinha, perguntava também, por sua vez, dentro de si, o porquê das suas provas dolorosas. Como se justificava, por causa tão comezinha, a prisão inesperada de um ancião honesto, de um homem trabalhador e de uma criança inocente? Que delito irreparável haviam praticado para merecer expiação tão penosa? O pranto correu-lhe copioso ao relembrar a humilhação da irmã, mas também não procurou enxugar as lágrimas que lhe inundavam o rosto, de maneira a escondê-las de Abigail, que talvez o observasse na sombra. Rememorava, um a um, todos os ensinamentos dos Escritos Sagrados.

As lições dos profetas consolavam-lhe a alma ansiosa. Entretanto, vagava-lhe no coração uma saudade infinita. Lembrava-se do carinho materno que a morte lhe arrebatara. Se presente àquele transe, a mãe saberia como confortá-los. Quando criança, nas suas pequenas contrariedades, ela ensinava que, em tudo, Deus era bom e misericordioso; que, nas enfermidades, corrigia o corpo, e nas angústias da alma esclarecia, iluminava o coração; no desfile das reminiscências, considerava igualmente que ela sempre o incitara à coragem e à alegria, fazendo-lhe sentir que a criatura convicta da paternidade divina anda, no mundo, fortalecida e feliz. Estevão não ficou indiferente ao sofrimento, foram momentos de grande dificuldade, dor, sofrimento. Mas as lições que sua mãe lhe ensinara outrora lhe vibravam na mente e no coração. Sentia-se filho de Deus e por Ele amparado, estava, assim, pronto para o que viria pela frente. Estevão refletia sobre suas dores, que mal haveria de ter feito? Quantas vezes nós julgamos as pessoas que padecem, logo inculcando-lhe débitos de outrora, resgatados mediante a dor. É certo que Deus é justo e bom, e nem sempre iremos entender tudo o que nos acontece, o que necessitamos experimentar é atravessar por todas as dores e sofrimentos fortalecido, nos sentindo filhos do Pai Maior. A dúvida de Estevão, também era a dos que ouviam Jesus, e ele os chama ao arrependimento. Convite a nós outros, ninguém, salvo Jesus, veio a este mundo puro, todos nós carecemos do amparo divino e, portanto, devemos nos abster de julgar. Degrau 9, Lucas 13: 2-9: “2Tomando a palavra, ele disse: "Acreditais que, por terem sofrido tal sorte, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? 3Não, eu vos digo; todavia, se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.”

9 - SERENIDADE — Mas todo o serviço é de Deus, amigo — respondeu Jeziel altamente inspirado —, e desde que aqui nos encontramos em atividade honesta e de consciência tranqüila, devemos guardar a convicção de servos do Criador, trabalhando em suas obras. Para todas as complicações da nova modalidade de sua existência, tinha uma fórmula conciliatória, harmonizando os ânimos mais exaltados. O feitor surpreendia-se com a delicadeza do seu trato e capacidade de trabalho, que se aliavam aos mais altos valores da educação religiosa recebida no lar. Estevão estava trabalhando nas galeras, trabalho forçado, era escravo. Ainda sim persistiu-lhe o bom ânimo: todo serviço é de Deus. Onde estivermos, seja qual trabalho realizarmos, poderemos servir a Deus desempenhando as tarefas com alegria e bom ânimo. Este pensamento e esta forma de viver davam ao espírito de

Estevão um lenitivo para as agruras da vida, era consolado e ao colocar-se diante de Deus, levava a todos a sua volta harmonia e paz, a serenidade de seu coração irradiava. Olhemos, então, para nossas vidas, onde estamos? Quais nossas tarefas diárias? Muitos são os que dizem que não sabem como fazer para aproximar-se de Jesus, para melhorar-se, eis o roteiro, eis o caminho. O degrau 9 também nos dá direção para nossa conduta, em Lucas 14:10-11, encontramos a fala de Jesus instruindo seus discípulos para que ocupassem sempre os últimos lugares, que não buscassem honras, não quisessem ser exaltados. Pois Estevão não ocupou lugar mais baixo na sociedade, não foi escravo? Ainda sim, sendo o último pode servir e torna-se digno de ser o primeiro mártir da era cristã. Vejamos o trecho citado de Lucas: “Pelo contrário, quando fores convidado, ocupa o último lugar, de modo que, ao chegar quem te convidou, te diga: 'Amigo, vem mais para cima'. E isso será para ti uma glória em presença de todos os convivas. Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado".

10 - MISERICÓRDIA —Não me mates, amigo — balbuciou com voz trêmula. A essas palavras, ditas comovedoramente, o meliante susteve o golpe homicida. —Dar-vos-ei todo o dinheiro que possuo — rematou o rapaz com tristeza. E, vasculhando a algibeira em que guardara o escasso dinheiro que lhe dera o patrício, tudo entregou ao desconhecido, cujos olhos fulguraram de cobiça e prazer. Num relance, aquela fisionomia contrafeita trans formava-se no semblante risonho de quem deseja aliviar e socorrer. —Oh! sois excessivamente generoso! — murmurara, apossando-se da bolsa recheada. —O dinheiro é sempre bom — disse Jeziel — quando com ele podemos adquirir a simpatia ou a misericórdia dos homens. Eis o último degrau, após este fato Estevão seria encaminhado a Casa do Caminho e Pedro lhe apresentaria Jesus. Estevão não tinha nada, sua saúde estava seriamente comprometida, sua vida em total desalinho, e o pouco dinheiro que tinha, ofereceu ao ladrão. Não esperou que ele lhe roubasse, ofereceu. Quando estudamos este trecho sob a perspectiva da vida de Paulo, era justamente neste trecho que tínhamos a Parábola do Samaritano, em belíssima referência e concordância do evangelho e dos capítulos do livro. Mas a vida de Estevão foi tão regada de virtudes que seu caminho a Jesus foi curto, breve e apesar do muito sofrer não houve o sentimento de desamparo, ao contrário, ele exemplificou um caminho a Jesus diferente do caminho que Paulo optou, eis, amigos, a estrada de Estevão. Os caminhos que escolheu, podemos nós outros também escolher. Pensemos juntos, se estes passos que o Mestre nos deu serviram para conduzir Paulo e também a Estevão, podemos escrever a nossa vida neles também.

Provavelmente em muitas vidas, mas tenhamos a certeza que todos, todos indistintamente estamos no rumo, no caminho, atravessando o deserto para alcançar o Reino de Deus. Estevão chegou, eis o degrau 10, Lucas 13:22-24: “Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e encaminhando-se para Jerusalém. E alguém lhe perguntou: "Senhor, é pequeno o número dos que se salvam?" Ele respondeu: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão.” Hoje é o mestre quem nos visita e bate a nossa porta nos dizendo: esforçai-vos. Que estas belíssimas lições da vida de Estevão nos inspirem a um melhor viver e que saibamos aproveitar as oportunidades de vivenciar o evangelho do Cristo onde Deus nos colocou, florescendo, frutificando. Encerramos assim a primeira parte do estudo sobre Estevão. Até breve. Campo Grande – MS, 04.09.2014. Candice Günther Estevão – segunda parte Na Casa do Caminho encontra-se com Jesus. Caminhamos ao lado de Estevão/Jeziel na primeira parte, verificando todos os passos que o levaram ao encontro do Cristo. Cabe a nós nesta parte perscrutar como seu coração e seus pensamentos se portaram quando Pedro lhe anunciou a vinda do Cristo e a boa nova. Pergunto a mim e aos amigos, Cristo já veio em nossas vidas? Já temos os seus ensinamentos como o caminho condutor para nossas ações cotidianas? Ou, ele ainda está preso na parede, fixado nas igrejas e nos templos como algo distante e que não nos diz respeito? Afinal, quem é o Cristo para nós e em nossas vidas? Que o olhar e a vida de Estevão possam nos auxiliar a entendermos, a avançarmos na percepção do que é verdadeiramente ser cristão. Perguntado por Pedro, sobre suas preferências, Estevão responde: “— Estudava sinceramente todo o Testamento, sem preferências, talvez, de ordem particular. A mim, porém, Isaías sempre me impressionou profundamente pela beleza das promessas divinas

de que foi portador, anunciando-nos o Messias, sobre cuja vinda tenho meditado desde a infância.”

Em algumas sutilezas, o romance nos elucida assuntos polêmicos e nos dão um norte. Isaias falava do Messias, sua alma ansiava por ele e, dentre os profetas, é um dos mais citados como portador destas promessas divinas que anunciavam a vinda de Jesus. O livro O Consolador, nos dá interessante reflexão sobre os profetas, questão 27: “–A previsão e a predição, nos livros sagrados, dão a entender que os profetas eram diretamente inspirados pelo Cristo? -Nos textos sagrados das fontes divinas do Cristianismo, as previsões e predições se efetuaram sob a ação direta do Senhor, pois só Ele poderia conhecer bastante os corações, as fraquezas e as necessidades dos seus rebeldes tutelados, para sondar com precisão as estradas do futuro, sob a misericórdia e a sabedoria de Deus.” Inspirados pelo Cristo, eis a razão e o motivo pela qual Isaias hoje nos parece falar diretamente de Jesus. Ainda que não fosse algo consciente e intencional, eis a mão de Jesus e lhe guiar. E Estevão, certamente missionário do Cristo e também por ele inspirado, foi-lhe dócil aos ensinos, sem nenhum enfrentamento, reconheceu nos dizeres de Pedro o verdadeiro Messias. Percebemos, assim, que conforme vamos avançando no estudo deste magnífico livro, vai nos clariando o caminho, as três revelações caminham juntas, Antigo Testamento, Novo Testamento e Doutrina Espírita não se chocam, suas verdades são imutáveis, cabe a nós o discernimento de entendê-las e permitir que elas promovam em nós a revelação do amor do Pai que nos quer perto. Em traços de forte colorido, lembrou os dias em que o hospedava no seu tugúrio à margem do Genesaré, as excursões pelas aldeias vizinhas, as viagens de barca, de Cafarnaum aos sítios marginais do lago. Era de se lhe ver a emoção intraduzível da voz, a alegria interior com que rememorava os feitos e prédicas junto ao lago maravilhoso, acariciado pelo vento, a poesia e a suavidade dos crepúsculos vespertinos. A imaginação viva do Apóstolo sabia tecer comentários judiciosos e brilhantes ao evocar um leproso curado, um cego que recuperara a vista, uma criancinha doente e prestes restabelecida. Jeziel bebia-lhe as palavras, inteiramente empolgado, como se houvesse encontrado um mundo novo. A mensagem da Boa Nova penetrava-lhe o espírito desencantado, como um bálsamo suave.” Estevão/Jeziel não teve nenhum estranhamento com a boa nova. Pedro lhe anunciou a boa nova, o Messias já veio. Ele ouviu os relatos e imediamente

reconheceu nos dizeres de Pedro a verdade, o Cristo. Mas por que para Paulo foi tão difícil? O que os difere? Na primeira parte vimos que Estevão passou por momentos de muita dificuldade, em todos eles, porém, vemos o seu coração voltado para Deus, permanecia em fé, resignava-se ante a dor que não podia mudar, não revoltou-se mas buscou agir corretamente ante as provas que se lhe apresentavam. Lição a nós outros, já somos capazes de reconhecer o Cristo? Há algum estranhamento na mensagem de amor e perdão que ele nos trouxe? Sondemos nossos corações e aprendamos a viver com Deus e para Deus, que o exemplo de Estevão nos inspire e nos mostre, inclusive racionalmente, que estar com o Pai é sempre uma forma mais leve e branda de enfrentar as duras provas deste nosso planeta que ainda é lugar de provas e expiações. “Jeziel tinha as pupilas úmidas. Aquelas revelações sensibilizavam-lhe o coração, como se houvesse conhecido o profeta de Nazaré. E, ligando o perfil deste aos textos que retinha de cor, enunciou, quase em voz alta, como se falasse consigo mesmo: — “Levantar-se-á (1) como um arbusto verde, na ingratidão de um solo árido... Carregado de opróbrios e abandonado dos homens. Coberto de ignomínias não merecerá consideração. Será ele quem carregará o fardo pesado de nossas culpas e sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas dores. Parecerá um homem vergado sob a cólera de Deus... Humilhado e ferido deixar-se-á conduzir como um cordeiro, mas, desde o instante em que oferecer sua vida, os interesses do Eterno hão de prosperar nas suas mãos.” Simão, admirado de tanto conhecimento dos sagra dos textos, terminou dizendo: — Vou buscar-te os textos novos. São as anotações de Levi (2) sobre o Messias redivivo. (1) Do Capítulo 53º, de Isaías.” Quando Isaias (ou seus discípulos) escreveu o cap. 53 é muito provável que falasse do povo de Israel, assim o dizem os estudiosos. Porém, sabemos que muito do que foi dito outrora, Jesus plenificou quando esteve entre nós. Se a jornada do povo hebreu tem todo um simbolismo de um caminhar ascencional, é em Jesus que temos o roteiro seguro e vitorioso. Assim, Estevão reconheceu o Messias nas lições de Isaias, imediatamente. O seu livro preferido, o Cap, 53, que ainda hoje é alvo de polemicas entre os estudiosos, sobre quem tratava, para Estevão não houve dúvidas, o texto sagrado anunciava o Mestre, o Messias. Maravilhosa e informação que nos traz Emmanuel, esclarecendo e nos dando um norte seguro de entendimento, hoje corroborado por muitos estudiosos.

Há um outro detalhe neste trecho também gostaríamos de ressaltar. Tenho ouvido nos cursos da Irmã Aíla (professora do curso de Teologia, católica) o dizer de que os estudiosos afirmam que é muito provável que existiu um texto anterior aos evangelhos, em Aramaico, de onde os evangelistas buscaram boa parte das informações contidas nos 4 livros. Pois Emmanuel nos dá esta informação, novamente em impressionante antecipação do que hoje se discute e que os estudiosos da Biblia tendem a aceitar. Este texto que Pedro trouxe para Estevão não é o evangelho de Mateus, mas provavelmente este texto que hoje os estudiosos acreditam que existiu. O que isto nos quer dizer? Indícios de verdade, o livro é repleto deles. Prova de que foi inspirado pelo plano espiritual superior e não invenção do Chico e de quem quer que seja. Muitas das informações que ele nos traz não eram discutidas quando o livro foi escrito. Muitos de nós, ao ler determinado livro, não tem com ele e seus conceitos nenhum estranhamento. Isso ocorreu com Estevão, ao ouvir de Jesus, sentia como se o conhecesse. Como sentimos? Como o Cristo fala aos nossos corações e vidas? Ainda nos assiste o estranhamento e a dúvida em relação ao que Jesus veio nos ensinar? Sondemos nossos corações e trabalhemos nosso orgulho, o convite de agora é amoroso, a mudança que necessitamos pode ser branda e gradativa, não esperemos a escola da dor para avançar. “- Encontrei o tesouro da vida, preciso examiná-lo com mais vagar, quero saturar-me da sua luz, pois aqui pressinto a chave dos enigmas humanos. Quase em lágrimas, leu o Sermão da Montanha, secundado pelas comovedoras lembranças de Pedro. Em seguida, ambos passaram a comparar os ensinamentos do Cristo com as profecias que o anunciavam. O jovem hebreu estava comovidíssimo e queria conhecer os mínimos episódios da vida do Mestre. Simão procurava satisfazê-lo, edificado e satisfeito. O generoso amigo de Jesus, tão incompreendido em Jerusalém, experimentava uma alegria orgulhosa por haver encontrado um jovem que se entusiasmava com os exemplos e ensinamentos do Mestre incomparável. — Desde que dei acordo de mim em vossa casa —disse Jeziel —, verifiquei que participais de princípios que me não são conhecidos. Tanta preocupação em amparar os desfavorecidos da sorte representa uma lição nova para minha alma. Os doentes que vos abençoam, qual o faço agora, são tutelados desse Cristo que eu não tive a ventura de conhecer.”

Estevão era uma pessoa sincera, boa, humilde, ao ler os relatos da vida de Jesus sua alma ficava emocionada. Como ficamos nós outros? É certo que a maioria de nós acredita em Jesus, mas já somos capazes de sentir? Gostaria de ter sido um mosquitinho para ouvir a conversa de Estevão e Pedro comparando os ensinos do Cristo com as profecias antigas. Deixo o meu registro, como uma prece, para que um dia possa conhecer, ainda que no plano espiritual, o conteúdo deste magnífico encontro, desta conversa elevada de duas almas a quem devemos a nossa espiritualidade de hoje. Ao final deste trecho, Estevão comenta sobre a ajuda aos desfavorecidos, com humildade, diz que é conceito novo para ele. Que lição!!! Quando Jesus disse aos discípulos deixai vir a mim as criancinhas, falava justamente desta forma de ver o mundo e a vida que Estevão dá testemunho, aquele que não se cansa de aprender, que se reconhece carecedor de novos e maiores conhecimentos. Lição nova para minha alma, linda frase, vinda de um espírito que mesmo decorridos tantos anos de sua vida entre nós, ainda temos dificuldade de olhar e entender. A vida de Estevão é exemplo de alguém que quis espelhar-se no Cristo e seguir os seus passos. — O Cristo nos trouxe a mensagem do amor — explicou Pedro —, completou a Lei de Moisés, inaugurando um novo ensinamento. A Lei Antiga é justiça, mas o Evangelho é amor. Enquanto o código do passado preceituava o “olho por olho, dente por dente”, o Messias ensinou que devemos “perdoar setenta vezes sete vezes” e que se alguém quiser tirar-nos a túnica devemos dar-lhe também a capa. Jeziel sensibilizou-se e chorou. Aquele Cristo amoroso e bom, suspenso na cruz da ignomínia humana, era a personificação de todos os heroísmos do mundo. Como se aliviava ao analisá-lo! Sentia-se bem por não haver reagido contra o despotismo de que fora vítima. Cristo era o Filho de Deus e não desdenhara o sofrimento. Seu cálice transbordara e Pedro lhe fazia sentir que, nos instantes mais acerbos, aquele Mestre desconhecido e humilde, no mundo, sabia transmitir a lição da coragem, da renúncia e da vida. Como exemplo do seu amor, ali estava aquele homem simples e carinhoso, que lhe chamava irmão, que o acolhia como pai dedicado. O rapaz lembrou seus últimos dias em Corinto e chorou longamente. Foi aí que, abrindo o coração, tomou as mãos de Pedro e contou-lhe toda a sua tragédia, sem nada omitir e rogando–lhe conselhos.

Jeziel chorou longamente. Talvez seja a hora de nós chorarmos também, o pranto que lava a alma, que se recorda das dores, dos sofrimentos, da vida e seus percalços. Nos lembrarmos do cansaço que nos acomete ante as injustiças que ainda persistem em nosso meio. Onde estamos depositando as nossas esperanças? Sem a crença na vida futura o mundo fica duro e frio, e nos leva a um sofrimento sem fim.

Eu leio e releio este trecho, e tento sentir este Cristo amoroso e bom, como uma fonte de alivio, é assim que deve ser, ao lermos e estudarmos Jesus deve-se promover em nossa alma um alívio restaurador, como o foi com Jesiel. Trazemos em nosso inconsciente muitas histórias, lutas e desenganos, assim, muitos ao estudar o evangelho trazem suas dores de outrora, dos erros cometidos, das injustiças sofridas. Eis que o Cristo é mensagem de perdão. Estevão iria viver tudo isso que sua alma agora sentia. Na próxima etapa iremos estudar o Discurso de Estevão na Casa do Caminho. Até breve. Campo Grande – MS, 06.09.2014. Candice Günther

Estevão Terceira Parte Todos que já lemos o livro Paulo e Estevão, certamente nos emocionamos profundamente ao ouvir o discurso de Estevão na Casa do Caminho. Mas será que já o ouvimos como se estivesse falando a nós? E se estivéssemos lá, ouvindo, sentindo, como seria? Coloquemo-nos sentados nos bancos simples daquela primeira igreja, sentemos ao lado de um jovem inválido, vendo mais adiante um velho, uma criança, lá na frente Saulo e alguns fariseus. Sentemo-nos com eles e ouçamos as palavras de Estevão. Aproveitemos a lição, deixemos que o conhecimento aprimore nosso mundo mental, lhe concedendo a firmeza necessária para as provas deste mundo e desta vida. Dividiremos o discurso a fim de analisarmos com cuidado suas linhas, colocando-me, desde já, sentada convosco, como alguém que quer ouvir Estevão, aprender das suas inspiradas lições. Que o Mestre nos conduza. — “Meus caros, eis que chegados são os tempos em que o Pastor vem reunir as ovelhas em torno do seu zelo sem limites. éramos escravos das imposições pelos raciocínios, mas hoje somos livres pelo Evangelho do Cristo

Jesus. Nossa raça guardou, de épocas imemoriais, a luz do Tabernáculo e Deus nos enviou seu Filho sem mácula. Onde estão, em Israel, os que ainda não ouviram as mensagens da Boa Nova? Onde os que ainda não se felicitaram com as alegrias da nova fé? Deus enviou sua resposta divina aos nossos anseios milenários, a revelação dos Céus aclara os nossos caminhos. Consoante as promessas da profecia de todos quantos choraram e sofreram por amor ao Eterno, o Emissário Divino veio até ao antro de nossas dores amargas e justas, para iluminar a noite de nossas almas impenitentes, para que se nos desdobrassem os horizontes da redenção. O Messias atendeu aos problemas angustiosos da criatura humana, com a solução do amor que redime todos os seres e purifica todos os pecados. Mestre do trabalho e da perfeita alegria da vida, suas bênçãos representam nossa herança. Moisés foi a porta, o Cristo é a chave. Com a coroa do martírio adquiriu, para nós outros, a láurea imortal da salvação. éramos cativos do erro, mas seu sangue nos libertou. Na vida e na morte, nas alegrias de Caná, como nas angústias do Calvário, pelo que fez e por tudo que deixou de fazer em sua gloriosa passagem pela Terra, Ele é o Filho de Deus iluminando o caminho. Estou sentada, ouvindo...este moço, calmo e sereno, me fala do Cristo, de amor, mas vai além, diz que ele tem a solução para as minhas dores. Penso um pouco, quase o deixando de ouvir, em todas as minhas dores e agonias, nas dificuldades de viver e na desesperança que por vezes sinto. Fala de ovelhas reunidas!!! Ahh...tantas vezes já estive perdida e só, alheia ao que o mundo em sua maioria gosta e faz, quem será este pastor e para onde irei? Ahh...mas minhas dores são tantas...estou ouvindo...é para mim que ele fala!!! Cativos do erro, ele diz, sim assim sou eu, erro tanto e há tanto tempo. Ai de mim, sei do que ele fala, escravidão...mas essa luz que emana destas palavras santas e que muda meu interior, o meu coração se enche de esperança. Nenhum sacrifício de sangue me deu o alívio e a paz que agora sinto, e ele fala desse Messias tal qual fosse o cordeiro que nos trouxe a salvação...ahh...esta luz...quanta paz...

“Acima de todas as cogitações humanas, fora de todos os atritos das ambições terrestres, seu reino de paz e luz esplende na consciência das almas redimidas.” O que isso quer dizer? Eu imagino um lugar melhor, onde possa viver em liberdade, onde o alimento não me falte, onde as provas e expiações não sejam tão

duros, mas ele fala de algo acima do que imagino, fora de todos os atritos. Que lugar é este? Reino de paz e luz? Ouço, mas estas palavras são bálsamo, ohh Senhor, enche a minha alma de esperança e alegria... “Ó Israel! tu que esperaste por tantos séculos, tuas angústias e dolorosas experiências não foram vãs!... Enquanto outros povos se debatiam nos interesses inferiores, cercando os falsos ídolos de falsa adoração e promovendo, simultaneamente, as guerras de extermínio com requintes de perversidade, tu, Israel, esperaste o Deus justo. Carregaste os grilhões da impiedade humana, na desolação e no deserto; converteste em cânticos de esperança as ignomínias do cativeiro; sofreste o opróbrio dos poderosos da Terra; viste os teus varões e as tuas mulheres, os teus jovens e as tuas crianças exterminados sob o guante das perseguições, mas nunca descreste da justiça dos Céus! Como o Salmista, afirmaste com teu heroísmo que o amor e a misericórdia vibram em todos os teus dias! Choraste no caminho longo dos séculos, com as tuas amarguras e feridas. Como Job, viveste da tua fé, subjugada pelas algemas do mundo, mas já recebeste o sagrado depósito de Jeová — O Deus Único!... Oh! esperanças eternas de Jerusalém, cantai de júbilo, regozijai-vos, embora não tivéssemos sido fiéis inteiramente à compreensão, por conduzir o Cordeiro Amado aos braços da cruz. Suas chagas, todavia, nos compraram para o céu, com o alto preço do sacrifício supremo!...

(Lembrem-se que estou ouvindo este discurso como se estivesse lá, sentada no banco) Mas o que ele diz? Então aquele Nazareno, que eu ouvi dizer, foi levado a cruz, é ele o Cordeiro, como pode ser? Nosso povo que tanto sofreu, em lutas por todos os tempos, chegada a hora bendita, não soube ser fiel? Por que nos é tão difícil crer? Creio eu? Será? Ahh...do que sabem os pobres e humildes senão de suas dores e lutas, sempre ouvimos e cremos, em submissão a inteligências outras. O que lhes digo, é que sinto paz!! Quero seguir este moço e aprender sobre esse o tal nazareno. Ele sofreu muito, entende das minhas dores. Não é como aqueles que se assentam lá na frente e só o criticam...ahhh...quero ouvir estas doces palavras, deixar elas no meu coração, embalando-me suavemente, posso ouvir os salmos agora, tão diferentes...ó Altíssimo, conduz o meu coração a este teu Filho, tem piedade... “Isaías o contemplou, vergado ao peso de nossas iniquidades, florescendo na aridez dos nossos corações, qual flor do céu num solo adusto, mas, revelou

também, que, desde a hora da sua extrema renúncia, na morte infamante, a sagrada causa divina prosperaria para sempre em suas mãos.” Oh sim...o profeta Isaías...ele sabia que o Messias viria, e que sofreria por nós. Mãos limpas, bem o sei. O Cordeiro, como este ai o chama, nenhum pecado tinha, mas aqueles ali da frente, eles o temiam, como temem agora este que está falando. Mas o povo simples já ouviu, está feito. Quando uma ferida é curada, aquele que recebe a graça jamais se esquece. Podem calar a nossa voz, mas não conseguirão calar o que Ele fez por nós. (Este trecho me causou profunda emoção e pude sentir a proximidade de um espírito amigo que me transmitia seus pensamentos.) “Amados, onde andarão aquelas ovelhas que não souberam ou não puderam esperar? Procuremo-las para o Cristo, como dracmas perdidas do seu desvelado amor! Anunciemos a todos os desesperançados as glórias e os júbilos do seu reino de paz e de amor imortal!... Vejam, vejam só...é a mim que ele fala, é ao meu coração!! Eu que cheguei aqui quase sem andar, já sinto minhas pernas diferentes. Sim, é a mim que ele fala, aos desesperançados. Estou perdida e este pastor me leva para o seu rebanho. Ohh amigos, não lhes posso mais falar, o pranto transborda, meus sentimentos são verdadeiros. Eis a salvação que se anuncia. (Neste dia eu precisei para o estudo nesta parte e a emoção foi profunda, nunca tinha lido o discurso de Estevão sob esta perspectiva, que é profundamente consoladora. Simples e humilde, o espírito que ditou estas palavras me ensinou a ouvir as lições de Estevão de uma forma diferente e compartilho com vossos corações, rogando ao Pai que a imensa emoção que senti possa ser transmitida nestas singelas linhas). Prosseguindo... “A Lei nos retinha no espírito de nação, sem conseguir apagar de nossa alma o desejo humano de supremacia na Terra. Muitos de nossa raça hão esperado um príncipe dominador, que penetrasse em triunfo a cidade santa, com os troféus sangrentos de uma batalha de ruína e morte; que nos fizesse empunhar um cetro odioso de força e tirania. Mas o Cristo nos libertou para sempre. Filho de Deus e emissário da sua glória, seu maior mandamento confirma Moisés, quando recomenda o amor a Deus acima de todas as coisas, de todo o coração e entendimento, acrescentando, no mais formoso decreto divino, que nos amemos uns aos outros, como Ele próprio nos amou.

Ele fala agora do desejo humano e estou ouvindo pausadamente, hoje é o dia para que eu o faça, já que não o fiz outrora, ouvir calmamente com o coração. E o coração, então, me pergunta, o que desejas? Por que o que desejares ali eu, o teu coração, estarei... Já tem muito tempo que abandonei a ilusão, a supremacia não me interessa, como poderemos nos colocar acima de alguém se o Pai nos fez irmãos, que loucura é essa que tem conduzido as nações, e durante muito tempo, nossos corações. Supremacia!!! Loucura... força e tirania, consequência da insanidade do homem. Quando a vida é dura a gente reclama, e é difícil mesmo...mas é preciso agradecer por já não ser a nossa mão que empunha a espada. Suportemos com paciência quem ainda o faz...eis a lei que nos guia, formoso decreto divino...amar, amar, amar. “Seu reino é o da consciência reta e do coração purificado ao serviço de Deus. Suas portas constituem o maravilhoso caminho da redenção espiritual, abertas de par em par aos filhos de todas as nações. Esse rapaz, esse rapaz...os moços lá da frente não estão gostando destas palavras não. Eu sou simples, do povo, não entendo das coisas, mas sei que essas coisas de portas abertas de par e par é coisa sagrada, lá de Moisés. E ele fala de filhos de todas as nações... eles querem o Deus deles só para eles, isso vai dar é confusão...eu fico aqui, sentada no meu banco, só olhando...pensando na vida. Consciência reta...coração purificado...agir direito e ter o coração bom me conduzem a um caminho, caminho de redenção. Ser bom não é fácil, é preciso querer, ter a vontade firme, o propósito sincero, e saber que tem consequência. A bondade ainda não é deste mundo. Vamos ouvir o rapaz...

“Seus discípulos amados virão de todos os quadrantes. Fora de suas luzes haverá sempre tempestade para o viajor vacilante da Terra que, sem o Cristo, cairá vencido nas batalhas infrutuosas e destruidoras das melhores energias do coração. Somente o seu Evangelho confere paz e liberdade. Ë o tesouro do mundo. Em sua glória sublime os justos encontrarão a coroa de triunfo, os infortunados o consolo, os tristes a fortaleza do bom ânimo, os pecadores a senda redentora dos resgates misericordiosos. A dor, a fome e a injustiça da ausência material não são as piores coisas que nos podem acontecer. Quando eu olho o meu coração e reconheço nele todo o orgulho que ainda existe, isso dói mais. Por que ter o entendimento não me é suficiente para amar aquele pessoa que me machuca reiteradamente? Onde a paz e

a liberdade se não na capacidade de amar, amar incondicionalmente? Tesouro divino, o teu evangelho me aponta o caminho e sigo confiante, na tristeza tenho sido consolada, na prece refaço os pensamentos e encontro o bom ânimo, e nas dores de hoje, encontro a oportunidade do resgate misericordioso. Sei, porém, que ainda é longa a jornada, sigo, porém, confiando em Ti, Jesus. “É verdade que o não havíamos compreendido. No grande testemunho, os homens não entenderam sua divina humildade, e os mais afeiçoados o abandonaram. Suas chagas clamaram pela nossa indiferença criminosa. Ninguém poderá eximir-se dessa culpa, visto sermos todos herdeiros das suas dádivas celestiais. Onde todos gozam do benefício, ninguém pode fugir à responsabilidade. Essa a razão por que respondemos pelo crime do Calvário. Compreender. Entender. O que a vinda de Jesus a este mundo representa para a minha humanidade? Ante a vida de Jesus qual a justificativa que posso apresentar para não amar alguma pessoa, quem quer que seja? Ele passou por dores que mal posso imaginar, no entanto, pequenos obstáculos me impedem de seguirlhe os passos. Amar a quem nos é fácil e dócil é um caminho tranquilo. Mas o Cristo nos chama ao trabalho, sua vida nos exemplificou e a medida que aderimos a este viver, entendemos a nossa responsabilidade no mundo. Nosso agir, nosso falar, nosso viver passa a ser pautado em atos de amor. Responder pelo crime do Calvário não é permanecer sofrendo, mas é aderir ao amor que o Cristo exemplificou, e tentar vivenciá-lo a cada dia. “Mas, suas feridas foram a nossa luz, seus martírios o mais ardente apelo de amor, seu exemplo o roteiro aberto para o bem sublime e imortal. “Vinde, pois, comungar conosco à mesa do banquete divino! Não mais as festas do pão putrescível, mas o eterno alimento da alegria e da vida... Não mais o vinho que fermenta, mas o néctar confortante da alma, diluído nos perfumes do amor imortal. Enquanto humanidade, temos privilegiado os atos exteriores em detrimento do que vai em nosso coração. Saulo ouvia estas palavras, mas não lhe alcançaram. Agora eu me coloquei sentada num banco, ao lado daquele moço que está doente, perto de velhos e crianças e preciso refletir, estas palavras são para mim. É o convite amoroso do Mestre. Suas feridas são luzes?

Seu martírio um apelo de amor? Seu exemplo um roteiro? Estou olhando para as minhas feridas e isso dói. Somos ávidos em criticar o povo antigo, mas quanto nós ainda temos de suas ações e formas de viver. Atos exteriores ainda nos impulsionam. Olhar para nosso interior é dolorido. Mas agora eu ouço Estevão a me dizer: olha as feridas de Jesus e deixa elas te iluminarem. Lembra dele na cruz, padecendo e percebe o quanto Ele te ama e te quer bem. E se teu coração já for capaz de sentir, então, segue os passos do Mestre, eles te levarão para um reino de paz e amor, junto ao Pai. Então, ao trilharmos este caminho e optarmos por estas luzes, estaremos aptos a provar do eterno alimento da alegria e da vida, a provar o néctar confortante da alma, diluído nos perfumes do amor imortal. As feridas de Jesus iluminam meu caminho quando me abstenho de ferir, ainda que aos olhos do mundo me caiba este direito. Seu martírio é apelo de amor quando me compadeço de alguém que sofre e movida pela compaixão, alivio um pouco o seu sofrimento. “O Cristo é a substância da nossa liberdade. Dia virá em que o seu reino abrangerá os filhos do Oriente e do Ocidente, num amplexo de fraternidade e de luz. Então, compreenderemos que o Evangelho é a resposta de Deus aos nossos apelos, em face da Lei de Moisés. A Lei é humana; o Evangelho é divino. Moisés é o condutor; O Cristo, o Salvador. Os profetas foram mordomos fiéis; Jesus, porém, é o Senhor da Vinha. Com a Lei, éramos servos; com o Evangelho, somos filhos livres de um Pai amoroso e justo!...” Como lhes disse, sentei em um banco para ouvir o discurso de Estevão, Saulo está lá na frente irritado, daqui há pouco irá interromper a pregação. Mas e eu, qual o meu sentimento ao ouvir estas palavras? Cristo é a substância da minha liberdade? Meu salvador? Com o Evangelho sou filho livre de um Pai amoroso e justo? Sou livre ou não? Preciso ser salvo do que? Quando o Evangelho me fez sentir que tenho um Pai que me ama e que é justo em minha vida, em toda a minha vida? Trecho difícil esse, não é a toa que deu a maior confusão na Casa do Caminho, por que se naquele tempo as pessoas se insurgiam e questionavam, talvez o grande mal de nosso tempo seja que repetimos estas frases sem ao

menos tentar entender o que elas significam para as nossos vidas e nossos sentimentos. Liberdade e salvação, o que isso quer dizer e quando me senti assim? Este é um momento pessoal e intransferível. Podemos parar e refletir, sondar nossas vidas e encontrar momentos em que estas palavras foram verdadeiras. Quero sair da servidão e encontrar este sentimento de sentir-me filho, que participa da Casa do Pai, que acorda todas as manhãs e trabalha em favor de todos, seus irmãos, com um sentimento de liberdade que só o amor é capaz de nos trazer. Filhos, não mais servos. Saulo, então, interroga Estevão: “Piedosos galileus, onde o senso de vossas dou trinas estranhas e absurdas? Como ousais proclamar a falsa supremacia de um nazareno obscuro sobre Moisés, na própria Jerusalém onde se decidem os destinos das tribos de Israel invencível? Quem era esse Cristo? Não foi um simples carpinteiro ?“ Eis a resposta de Estevão: — “Ainda bem que o Messias fora carpinteiro: por que, nesse caso, a Humanidade já não ficaria sem abrigo. Ele era, de fato, o Abrigo da paz e da esperança! Nunca mais andaremos ao léu das tempestades nem na esteira dos raciocínios quiméricos de quantos vivem pelo cálculo, sem a claridade do sentimento.” Abrigo!! Sinto-me assim? O amor do Mestre me abriga? Ou transito pela vida qual um desamparado sem rumo e sem esperança? Quando a dor se aproxima, quando a vida toma rumos que fogem do nosso controle, como nos sentimos? Abrigados por este amor? Quem mais poderia nos ser tão amigo e próximo do que Jesus, que tanto sofreu e foi injustiçado? Mas estas lições como bem o diz Estevão, guardam uma profundidade de transcende a nossa razão, é preciso sentir. Sentir-se abrigado, consolado, amado. Aprendi a encontrar na prece o grande lenitivo para toda ocasião, com verdade no coração, e humildade, peço auxílio e lhes dou o testemunho de que jamais me faltou. Ante a morte, a doença, somos convidados a experenciar a fé e a confiança no Pai. E é esta mesma fé que move montanhas. Queremos fazer grandes obras? Aprendamos a confiar e ter fé, afinal, é a fé que move montanhas. — Amigo, bem se dizia que o Mestre chegaria ao mundo para confusão de muitos em Israel. Toda a história edificante do nosso povo é um documento da revelação de Deus. No entanto, não vedes nos efeitos maravilhosos com que a Providência

guiou as tribos hebréias, no passado, a manifestação do carinho extremo de um Pai desejoso de construir o futuro espiritual de crianças queridas do seu coração? Com o correr do tempo, observamos que a mentalidade infantil enseja mais vastos princípios educativos, O que ontem era carinho, é hoje energia oriunda das grandes expressões amorosas da alma. O que ontem era bonança e verdor, para nutrição da sublime esperança, hoje pode ser tempestade, para dar segurança e resistência. Antigamente, éramos meninos até no trato com a revelação; agora, porém, os varões e as mulheres de Israel atingiram a condição de adultos no conhecimento, O Filho de Deus trouxe a luz da verdade aos homens, ensinandolhes a misteriosa beleza da vida, com o seu engrandecimento pela renúncia. Sua glória resumiu-se em amar-nos, como Deus nos ama. Ainda ontem ouvindo um trecho do curso da Carta aos Hebreus da Irmã Aila, vi este mesmo trecho, estas mesmas palavras sendo ditas por Paulo, novamente aos hebreus. Consciente de que, assim como ele outrora não foi capaz de ouvir, advertia aos hebreus que esta era uma lição difícil, mas que eles já tinham condições de serem mestres. Vejam o texto de Paulo na Carta aos Hebreus, cap. 5: “11Muitas coisas teríamos a dizer sobre isso, e a sua explicação é difícil , porque vos tornastes lentos à compreensão. 12Pois, uma vez que com o tempo vós deveríeis ter-vos tornado mestres, necessitais novamente que se vos ensinem os primeiros rudimentos dos oráculos de Deus, e precisais de leite, e não de alimento sólido. 13De fato, aquele que ainda se amamenta não pode degustar a doutrina da justiça, pois é uma criancinha! 14Os adultos, porém, que pelo hábito possuem o senso moral exercitado para discernir o bem e o mal, recebem o alimento sólido.” Na época em que Estevão lhe disse estas palavras, Saulo estava, também, lento à compreensão, coração endurecido pelo orgulho. Porém, as sementes lançadas germinaram, frutificaram. Tenhamos paciência e perseverança, também nós outros chegaremos a maturidade espiritual que nos levará a patamares de melhor entendimento. Por essa mesma razão, Ele ainda não foi compreendido. Acaso poderíamos guardar um salvador de acordo com os nossos propósitos inferiores? Os profetas afirmam que as estradas de Deus podem não ser os caminhos que desejamos, e que os seus pensamentos nem sempre se poderão harmonizar com os nossos. Que dizermos de um Messias que empunhasse o cetro no mundo, disputando com os príncipes da iniqüidade um galardão de triunfos sangrentos?

Compreendemos o Cristo?E nosso esforço é para entendê-lo ou adequá-la aos nossos pensamentos. Há muitos anos ouvi que para aprender algo precisamos esvaziar a nossa xícara. Guardei a lição e ela cabe neste trecho. Temos tentado adequar o Cristo em nossas convicções pequenas e imaturas, mas ele não caberá em nossas vidas se nossas xícaras estiverem cheias das ideias e concepções de outrora. Renovar o entendimento, ouvir como aprendiz e com humildade no coração. Compreender não é saber o que aconteceu, quando, como e onde, mas é ir além deste pensamento introdutório e permitir que a vida de Jesus faça sentido em nossas vidas, e que motive nossas ações e pensamentos a vibrarem com pautadas no amor e no perdão. Porventura a Terra já não estará farta de batalhas e cadáveres? Perguntemos a um general romano quanto lhe custou o domínio da aldeia mais obscura; consultemos a lista negra dos triunfadores, segundo as nossas ideias errôneas da vida. Israel jamais poderia esperar um Messias a exibir-se num carro de glórias magnificentes do plano material, suscetível de tombar no primeiro resvaladouro do caminho. Essas expressões transitórias pertencem ao cenário efêmero, no qual a púrpura mais fulgurante volta ao pó. Ao contrário de todos os que pretenderam ensinar a virtude, repousando na satisfação dos próprios sentidos, Jesus executou sua tarefa entre os mais simples ou mais desventurados, onde, muitas vezes, se encontram as manifestações do Pai, que educa, através da esperança insatisfeita e das dores que trabalham, do berço ao túmulo, a existência humana. O Cristo edificou, entre nós, seu reino de amor e paz, sobre alicerces divinos. Sua exemplificação está projetada na alma humana, com luz eterna! Quem dê nós, então, compreendendo tudo isso, poderá identificar no Emissário de Deus um príncipe belicoso? Não! O Evangelho é amor em sua expressão mais sublime. O Mestre deixou-se imolar transmitindo-nos o exemplo da redenção pelo amor mais puro. Pastor do imenso rebanho, Ele não quer se perca uma só de suas ovelhas bem-amadas, nem determina a morte do pecador, O Cristo é vida, e a salvação que nos trouxe está na sagrada oportunidade da nossa elevação, como filhos de Deus, exercendo os seus gloriosos ensinamentos.” Não nos enganemos quanto a estas palavras, achando que não nos são dirigidas. Sentada no banquinho, ouvindo e meditando, lhes digo que todas as vezes que assumimos uma postura “belicosa”, de confronto, seja em ações, palavras ou sentimentos, esses ensinos de Estevão falam diretamente para nós. Se não utilizamos mais da violência física, quem de nós poderá se dizer isento de ter-se utilizado das palavras para ferir? Quem em pensamento não desejou o mal, ainda que de forma engenhosamente inteligente, como desejando a aplicação da lei de

causa e efeito, erroneamente compreendida como algo semelhante a de talião (paga-se o que se deve e ponto)? A redenção da humanidade que Cristo nos mostra e ensina é pelo amor. Entendemos isto? Como lhes disse no estudo do livro Paulo e Estevão, há muito de Saulo em cada um de nós, eis o convite amoroso que lhe foi dirigido outrora. Saulo poderia ter ouvido Estevão, poderia ter neste momento iniciado sua jornada junto ao Cristo, optou por outro caminho. Como estamos optando? Este é um convite amoroso, que o estudo nos oferece, ouçamos!! —“E agora, irmãos, peço vênia para concluir minhas palavras. Se não vos falei como desejáveis, falei como o Evangelho nos aconselha, argüindo a mim próprio na íntima condenação de meus grandes defeitos. Que a bênção do Cristo seja com todos vós. O moço já vai parar de falar, e eu que recebi nestes instantes tantas lições, sairei deste lugar repleta de paz e novos pensamentos. O moço lá da frente quer discutir, brigar, mas Estevão nos vê, sente que nosso coração precisa de paz para pensar e sentir o Messias. Já imaginaram quantas lágrimas estas palavras não provocou e provoca até os dias de hoje. Eu que me coloquei sentada para ouvir, não esperava que mais uma vez se fizessem novas impressões e aprendizados. Nosso coração vai se abrindo aos poucos a estas lições tão perfeitas e imorredouras. Grata, Estevão, por cada palavra e gesto, eles ecoam em nossas vidas e corações. —Amigo — elucidou o interpelado calmamente —‘o Cristo aconselhou que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Se tendes alguma acusação legal contra mim, exponde-a sem receio e vos obedecerei; mas, no que pertence a Deus, só a Ele compete arguir-me. — No tocante ao Evangelho — replicou Estevão —. já vos ofereci os elementos de que podia dispor, esclarecendo o que tenho ao meu alcance. Quanto ao mais, este templo humilde é construção de fé e não de justas casuísticas. Jesus teve a preocupação de recomendar a seus discípulos que fugissem do fermento das discussões e das discórdias. Eis por que não será lícito perdermos tempo em contendas inúteis, quando o trabalho do Cristo reclama o nosso esforço. Construção de fé e não justas casuísticas, dá-nos Pai discernimento para saber diferenciar. Talvez muitos, ao ler minhas singelas palavras, busquem algo que não posso oferecer. Escrevo com sentimentos na busca do entendimento que edifica, assim, leitor amigo, lhe convido agora, sente-se ao meu lado e coloque-se na posição de ouvinte com o coração. Afastemo-nos das discussões e discórdias que

não nos levam a um melhor viver. Estevão exemplifica isso de forma belíssima, calmamente, soube dominar seu impulso, se é que ainda o tinha, de responder as acusações que lhe eram dirigidas. Não era Estevão que importava neste instante, mas a mensagem do Cristo. Esforcemo-nos. — Amigo, o Sinédrio tem mil meios de me fazer chorar, mas não lhe reconheço poderes para obrigar-me a renunciar ao amor de Jesus Cristo. A vida na Terra é assim, mil meios de nos fazer chorar. Eis chegada a hora, porém, de sentirmos o amor de Jesus por nós, de deixarmo-nos envolver por sua doce paz e nos fortalecermos. Agradeço a Jesus pela oportunidade de estudo e por esta perspectiva de ouvir o discurso de Estevão na Casa do Caminho tal qual se lá eu estivesse. Foram dias de grande aprendizado, muitas lágrimas. As impressões por vezes foram tão fortes e claras que parecia que meus pensamentos eram conduzidos aquele tempo e lugar. Compartilho com os corações amigos, desejando-lhes paz e coragem, que o amor do Cristo nos envolva. Campo Grande – MS, 13.09.2014. Candice Günther

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