Reflexões sobre o uso de questionário online em pesquisa sobre o Ensino de Jornalismo Digital

June 6, 2017 | Autor: Alessandra de Falco | Categoria: Survey, Jornalismo Digital, Ensino De Jornalismo
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II Encontro Internacional Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva

Universidade Metodista de São Paulo – 03 e 04 de Dezembro de 2015

 

     

Reflexões sobre o uso de questionário online   em pesquisa sobre o Ensino de Jornalismo Digital1  

  Alessandra de FALCO2  Walter LIMA JR3  Universidade Federal de São João del­Rei, São João del­Rei, MG  Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, SP      RESUMO    Este  artigo  descreve  a  experiência  da  aplicação  de  um  questionário  online  sobre  o  uso  de  recursos  tecnológicos  no  Ensino  de  Jornalismo  Digital,  respondido  por  professores  de  universidades  públicas  brasileiras.  As  perguntas  visam  a  compreensão  da  relação  e  da  aproximação  do  Jornalismo  com  áreas  como  Computação,  Empreendedorismo  e  Inovação.  Conclui­se  a  necessidade  da  revisão  tanto  do  conteúdo  do  questionário,   quanto da forma de seu direcionamento para aplicação.    PALAVRAS­CHAVE:​  jornalismo digital; ensino de jornalismo; survey.      INTRODUÇÃO  Considerando  como  objeto  o  Ensino  de  Jornalismo  Digital  no  Brasil,  a  partir  do  olhar  para  as  referências  bibliográficas,  produtos  jornalísticos  desenvolvidos  nas  Universidades  e  práticas  docentes,  o  presente  estudo  de  pós­doutorado  é  baseado  em  Pesquisa  Descritiva,  uma  vez   que  o  interesse  da  pesquisadora  está  em  observar,  descrever,  classificar  e  interpretar  um  fenômeno  recente,  para  responde  a  seguinte  questão­problema:  Quais  são  as  tecnologias  utilizadas  em  disciplinas  de  Jornalismo  Digital  no  Brasil?  Além  das  questões  secundárias:  Quais  os  Sistemas  Gerenciadores de  Conteúdos  em  uso?  Quais  as  aplicações  das  das  tecnologias  e  quais  os  resultados  em  1

  Trabalho  apresentado   no   ​ GT  5 : Comunicação, Sistemas Complexos  e Interdisciplinaridade, evento componente do  I Encontro Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva.    2  Docente na UFSJ e doutoranda na Metodista, e­mail: ​ [email protected]​ .     3  Docente na Metodista, e­mail: ​ [email protected]​ .      1 

 

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produtos  jornalísticos?  Qual  a   relação  entre  as  áreas  de  conhecimento  do  Jornalismo  e  da Computação?  "Com  o  passar  do  tempo,  a  tendência  foi  estimular  a  criação  e  o  aprimoramento  de  softwares  desenvolvidos  para  dar  maior  autonomia  aos  usuários  na  elaboração e edição  de  textos,  imagens  e  vídeos"  (TRISTÃO;  HILDEBRAND,  2015,  p.  204). Sendo assim,  o  objetivo  principal  da  pesquisa   desenvolvida  no  âmbito  do  pós­doutorado  na  Universidade  Metodista  de  São  Paulo  é  fazer  um  levantamento das recursos em uso em   disciplinas  proferidas  por  professores  de  Jornalismo  Digital  para  captar,  produzir,  apurar, compor, editar, publicar e fazer circular conteúdos de cunho noticioso.    Neste  artigo,  são  apresentadas  as  respostas  aos  seguintes  objetivos  específicos  do  projeto  de  pesquisa:  Observar  as  relações  entre  a  área  de  Jornalismo  e  Computação;  Mapear  métodos,  técnicas  e  práticas  docentes;  a  partir  da  leitura  das  respostas  de  um  questionário aplicado online. Isso, considerando que:    As  novas  tecnologias  estão  introduzindo  novos  meios  e métodos  de  transmitir  informação.  [...]  Essa nova  modalidade de produzir e consumir a informação se  refletiu  na  formação  acadêmica  e  os  Cursos  de  Comunicação  tiveram  que  adequar  seus currículos para a nova realidade. A formação profissional precisou  familiarizar  o graduando  com as tecnologias que estavam surgindo no mercado,  de modo  a superar a lacuna entre o saber acadêmico e a prática profissional.  Em  decorrência,  os  cursos  de  Jornalismo  das  universidades  brasileiras passaram  a  promover  melhorias  em  seus  estúdios  e  laboratórios  de  informática,   com  a  finalidade  de  criar  ambientes  de   aprendizagem  próximos  aos  da  realidade  das  empresas   jornalísticas.  [...]  Para  atuar  no  mercado,  o  profissional  que  se  especializa  no  ambiente  online  precisa  dominar  não  só  os  conhecimentos  teóricos  adquiridos  na  graduação,  como   também  ter  acesso  às técnicas de uso  dos equipamentos e o domínio das inovações tecnológicas que se apresentam no  dia a dia.  (TRISTÃO; HILDEBRAND, 2015, p. 202­204)   

A  escolha  da  pesquisa  se  justifica  pelo  fato  da  pesquisadora  ser  professora  de  Jornalismo  Online  na  Universidade  Federal  de  São  João  del­Rei  há  mais  de  3  anos.  Como  procedimento  inicial,  primeiramente  foi  realizada  uma  Pesquisa  Bibliográfica  recente  sobre  o  Ensino  de  Jornalismo  Convergente  no  Brasil  para  apresentar  as  ferramentas,   técnicas  e  práticas  em  uso  em  Instituições  de  Ensino   Superior,  divulgada  no  6  Ciberjor.  Também  foram  apresentados  os  produtos  premiados,  relacionados  à 



 

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Jornalismo  e  Tecnologia,  na  Exposição  em  Pesquisa  Experimental  em  Comunicação  (Expocom) no Intercom Nacional Rio 2015.    A  difusão  das  tecnologias  digitais  e  a  consequente  convergência  das  áreas  de  comunicação,  informática   e  telecomunicações  estão  transformando a  atividade  jornalística.  As  mudanças  atingem  a  pesquisa,   a  produção  e  a  difusão  da   informação.  Possibilitam  outras  formas  de  relacionamento  entre  leitor  e  jornalista,  exigindo  a  redefinição  de técnicas. O  novo  quadro  demanda, assim,  alteração no perfil do profissional de informação. (MURAD, 1999, p. 01)  

  Apesar  da  prática  do  Jornalismo  Digital  ainda  ser  considerada  como  mais  uma  modalidade  no  Jornalismo,  em  paralelo  às  práticas  de  rádio,  TV,  impresso  e  assessoria  de  imprensa,  muitos  professores  já  têm  voltado  suas  disciplinas  para  o  Jornalismo  Convergente.  A  ideia  de   olhar  para  as  disciplinas  surgiu  em  reunião  realizada  no  12º  Encontro  Nacional  de   Pesquisadores  em  Jornalismo­SBPJor  2014,  quando  professores  se  reuniram  para  debater  sobre  a  nomenclatura   das  disciplinas  a  partir  dos  parâmetros  das  Novas  Diretrizes  para  os  cursos  de  Jornalismo,  quando  foi  criada  uma  planilha  na  qual  constam,  além  dos  nomes  das  disciplinas  e  ementas,  os  professores  e  suas  respectivas Universidades4.     Da  mesma  forma,  os  professores  que  lecionam  as  disciplinas  relacionadas  às  novas  tecnologias nesta área,  a exemplo de jornalismo digital ou online, devem  acompanhar as inovações  tecnológicas e a evolução das várias mídias utilizadas  no  mercado,  pois  são  utilizadas  como  veículos  de  notícia.  (TRISTÃO;   HILDEBRAND, 2015, p. 205)  

  A  partir  deste  cenário  foi  planejado  como  segundo  passo  deste  estudo  uma  pesquisa  survey​ ,  a  partir   de  uma  entrevista  estruturada  com  docentes  da  área  ­  considerados  os  principais  sujeitos  da  pesquisa  ­,   a  partir  de  um  questionário  feito  no  Google  Forms  ­  com  indicação  de  Consentimento  Livre  e  Esclarecido  ­,  baseado  nos  conceitos,  dimensões  e  indicadores  observados  na  revisão  bibliográfica  inicial.  Este,  com   perguntas  abertas,   incluiu  questões  referentes  à  atuação  docente,  disciplinas,  ferramentas, estrutura e perfil discente (Apêndice).     Sendo  uma  pesquisa  mediada  pelo  computador,  foram  considerados  ainda  os  preceitos  apontados  por  Telma  Johnson  (2010).  A  partir  da  escolha  do  objeto  e  problema  de  4

 Disponível em:  . Acesso em: 09 dez. 2014.  3 

 

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pesquisa  destacados  acima,  justificados  pelo  fato  da  pesquisadora  ser  docente  na  área,  optou­se  pelo  foco  na  pesquisa  qualitativa,  considerando  as  vantagens  e  desvantagens  do  uso  da  internet  para  tanto.  Ao  abandonar  a  escolha  inicial  pela  Netnografia,  considerando  o  fato  dos  docentes  de  Jornalismo Convergente não pertencerem a apenas  um  grupo  online  de  forma  centralizada,  foi  escolhido  o  uso  do  método  tradicional  de  questionário online para coleta dos dados.    Primeiramente,  o  questionário  foi  enviado  por  e­mail  para  listas  de  professores  de  Comunicação,  como:  JorTec  (Rede  de  Pesquisa  Aplicada  Jornalismo  e  Tecnologias  Digitais),  Intercom  (Sociedade  Brasileira  de  Estudos  Interdisciplinares  da  Comunicação),  Abraji  (Associação  Brasileira  de  Jornalismo  Invetigativo),   Ciberjor  (participantes  do  Simpósio  Internacional  de  Ciberjornalismo)  e  compartilhado  em  grupos  disponíveis  na  rede  social  Facebook,  como:  JorTec,  Professores  Jornalismo;  Jornalismo Digital; e Jornalismo, Inspiração & Operação.     Mas,  como  apontado  por  Johnson  (2010),  foi  percebida  uma  baixa  taxa  de  adesão  inicial.  O  período inicial para resposta foi de 22/08/2015 até 31/08/2015, quando apenas  3  professores  responderam   à  pesquisa.  Apesar  de  destacado  no  início  do  questionário,  que  a  pesquisa  era  voltada  para  professores, 2 alunos responderam, mas  o  conteúdo não  foi  utilizado  neste  artigo.  Na  sequência,  foi  feita  a  tentativa  de  re­enviar  o  mesmo  questionário  apenas  para  os  membros  da  JorTec,  ampliando  o  prazo  até  09/09/2015.  Neste  novo  período,  apenas  mais  2  professores  responderam  a  pesquisa,  totalizando  5  respondentes.  Outros  2  professores  que  responderam  aos  questionamentos  eram  das  áreas  específicas  de  audiovisual  e  fotografia,  por  isso  não  foram  considerados  na  análise.    Mesmo  com  apenas  estes  dados,   optou­se por considerá­los como uma amostragem não  probabilística  tanto  para  uma  análise  inicial,  como  para  pensar  alterações  de  base  metodológica  para  continuação  do  estudo.  No  trajeto  analítico  foram  percorridos  os  seguintes  passos:  leitura  das  respostas  ao  questionário,  observação  e  análise  do  conteúdo  indicado,  identificação  de  problemas  do  questionário  e  de  ideias  explícitas  e  implícitas,  busca  de  sentidos  mais  amplos   subjacentes  do  grupo  pesquisado  e,  por  fim,  síntese da interpretação, articulando objeto, sujeitos e referências teóricas.     ANÁLISE PRELIMINAR  Os  dados  a  seguir,  coletados  a  partir  do  questionário  disponível  no  Apêndice,  mostram  os  perfis,  opiniões  e tecnologias aplicadas nos trabalhos desenvolvidos/incentivados por  professores  da  área  de  Jornalismo  e  Tecnologia.  Revelam  visões  a  partir  dos  questionamentos da pesquisadora. Os seguintes professores responderam à pesquisa:  4 

 

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1. Alfredo  Lanari   de  Aragão5  (Universidade  Federal  do  Mato  Grosso  do  Sul  ­  UFMS)  2. Thaís de Mendonça Jorge6 (Universidade de Brasília ­ UnB)  3. Mirna Tonus7 (Universidade Federal de Uberlândia ­ UFU)   ​ Possui  graduação  (1996)  em  Ciência  da  Computação  e  especialização   em  Análise  de  Sistemas  (2000)  pela  Universidade  Federal  de  Mato   Grosso  do  Sul  (UFMS). Obteve o título de  mestre  (2004)  em Ciências  da Computação   e  Matemática  Computacional  pela  Universidade de  São  Paulo (USP/São Carlos).  Atuou  como professor substituto  na  UFMS  (1998).  Exerceu  cargo   de  Analista  de  Sistemas  para   a  Fundação   de  Apoio  ao  Ensino,   Cultura   e  Extensão  ­  FAPEC  (1999),  professor  de  ensino  superior  na  Universidade  Católica Dom Bosco (2000­2007) e  oficial temporário  do Exército Brasileiro (2006­2008). Ingressou  como Professor  Assistente na Universidade Federal de  Mato Grosso do  Sul  (UFMS)  em  2008,  onde  atua  na  área  de  Ciência  da  Computação,  subárea   de  Metodologia  e   Técnicas  da  Computação  ­  Engenharia  de   Software,  Hipermídia   e  Interação   Usuário­Computador   ­   com  aplicações  nas  áreas  de  Educação   e  Comunicação.  Desde  2011  atua  como   Professor  no  curso  de  Comunicação  Social  (Jornalismo),  onde  ministra  disciplinas  que  aplicam  a  Informática  na   área   da  Comunicação.  Disponível   em:   . Acesso em: 12 set. 2015.   6  ​ Jornalista  profissional  e  professora  da  Faculdade   de  Comunicação  (FAC)  da   Universidade   de  Brasília,  Thais  de  Mendonça  Jorge  foi  eleita,  em   junho  de  2014,  coordenadora   do   Programa  de   Pós­Graduação  em   Comunicação  (PPG­FAC­UnB).  Doutora  em  Comunicação Social (2007) e mestra em Ciência  Política (1995) pela Universidade de   Brasília  (2007),  cumpriu,  de   2009   a  2010,  estância   de  Pós­Doutorado   na  Universidade  de  Navarra  (Pamplona,  Espanha),  por  meio   de  bolsa  do convênio Capes­DGU.  É mestra em  Ciência Política (1995) também  pela  UnB, e  sua   graduação  em  Comunicação  Social foi pela Universidade Federal de  Minas  Gerais (1972). Iniciou sua experiência no  magistério  na  Universidade Federal Fluminense (Instituto de Artes e  Comunicação  Social  ­  IACS), em  1986,  antes de   se  vincular  à   Universidade   de  Brasília,  em  1990.  [...]  No   PPG­FAC,  integra  a   linha   de  pesquisa  Jornalismo  e  Sociedade;  é  coordenadora  do  Laboratório  de  Estudo   de  Linguagens  em   Dispositivos  Móveis  (Labdim), projeto que  tem  o  apoio  do  CNPq;  lidera  a  equipe  técnica  do  projeto  Mulheres  nas  redações  e   faz  parte  do  grupo  de  pesquisas  Mudanças Estruturais no Jornalismo, com  outros  professores da  mesma  universidade. É membro do corpo  editorial  da  revista  Esferas  (UnB/PUC­DF/UCG/UFMS).  Ao  longo  do  tempo,  ministrou  as  seguintes  disciplinas:  Jornalismo  Digital;  Análise  e  Opinião;   Introdução   ao  Jornalismo; História  da Imprensa; Jornalismo  Político; Jornal­Laboratório;   Redação,  reportagem  e  entrevista;  Técnica  de   Reportagem;   Ética  e   legislação  jornalísticas;  Técnicas  de  Jornalismo;  Supervisão  de  Estágio  em  Jornalismo;  e   Tecnologias  em  Comunicação.  Trabalhou  nas redações do Jornal  do  Brasil,  O  Globo,  Istoé,  Correio  Braziliense,   O  Tempo,  Hoje   em  Dia,  Diário de  Notícias,  O Jornal  e Bloch  Editores,  além de  ter  sido  colaboradora  em publicações  alternativas como  O Repórter, Movimento e  Coojornal.  Atuou  como consultora  em  comunicação  para:  Serpro,  Unesco,  Ministério  do  Meio  Ambiente,   Banco  Interamericano  de  Desenvolvimento,  Banco  Mundial,  Itamaraty  (Projeto  MRE­BID)   e  Instituto  Nacional  de   Estudos   e  Pesquisas   Educacionais   Anísio   Teixeira  (Inep),  órgão   do   Ministério   da  Educação.   [...]   Está  envolvida   em  pesquisas  na   área  de  gênero  jornalístico,  mídia  e  política,  novas   tecnologias,  interessando­se  pelos   seguintes  temas:   jornalismo,  jornalismo  digital  ou  ciberjornalismo,  internet,  leitura  dos meios, crítica da mídia,  ética e  ensino do jornalismo, assessoria de  comunicação,  estudos  de  gênero  nas  redações.  Publicou,  em 2008, o livro "Manual  do  foca. Guia  de sobrevivência  para jornalistas"  (Editora  Contexto)  e   seu   segundo   livro, "Mutação no jornalismo.  Como a notícia chega à internet" saiu em 2013 pela  Editora  UnB.  [...]  Disponível  em:  .  Acesso   em:   12   set.  2015.  7  ​ Bacharel   em  Jornalismo  pela  Universidade Metodista de Piracicaba (1991), mestre em Educação  pela  Universidade  Metodista  de  Piracicaba  (1998)  e   doutora  em  Multimeios  pela  Universidade  Estadual   de  Campinas  (Unicamp).  Atualmente,  é  professora  do  curso  de   Comunicação   Social:  habilitação   em  Jornalismo  e  do  Programa  de  Pós­Graduação/Curso  de   Mestrado  Profissional  Interdisciplinar   em  Tecnologias,  Comunicação  e  Educação,  da  Universidade  Federal  de  Uberlândia   (UFU).   Tem   25   anos   de  experiência  na   área  de Comunicação, tendo  atuado  em  jornal,  rádio,  Internet,  assessoria  de  comunicação   e  pesquisa  de   mercado  e  opinião,  com  ênfase  em  Pesquisa  em  Comunicação  e  Tecnologias  da  Informação   e  Comunicação,  principalmente  nos   seguintes  temas:   comunicação,  tecnologia,  jornalismo,  transmídia,  midias  sociais   e  educação.   É  presidente  do  Fórum  Nacional   de  Professores  de   Jornalismo  (FNPJ),  gestão  2012­2016.  Membro  do  GT  Campanha   em  Defesa   da  Profissão/Regulamentação  do  5



 

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4. Rita Paulino8 (Universidade Federal de Santa Catarina ­ UFSC)  5. Rodrigo Eduardo Botelho9  (Universidade Federal do Paraná ­ UFPR)    Apesar  de  apenas  5  professores  responderem  ao  questionário,  os  resumos  do  Currículo   Lattes  dos  mesmos  já  respondem   a  algumas  hipóteses  da  pesquisa, como, por exemplo,  em  relação  à  formação  desses  docentes,  não  apenas  na  área  de  Comunicação,  mas  também  de  Ciências  da  Computação  e  Engenharia,  incluindo  curso  técnico  de  Processamento  de  Dados,  cursos  na  graduação,  além  de  especialização  e  mestrado  também em áreas como Educação, Política e Computação, além de Comunicação.     Os  doutorados  são  nas  áreas  de   Comunicação,  Multimeios  e  Engenharia.  Com  isso,  é  possível  destacar  a  importância  das  vagas  para  docentes  de  cursos  Jornalismo  serem  abertas  à  outras   áreas,  considerando,  como  afirma  Lima  (2010),  o  cruzamento  técnico  entre  diferentes  áreas  do  conhecimento  humano  e,  principalmente,  as  implicações  das  tecnologias digitias no Jornalismo. A fase atual tecnológica:    [...]  aponta  para  que  os  profissionais  de  jornalismo  não  só  possuam  conhecimentos domésticos sobre as tecnologias digitais conectadas, mas devem  possuir  conhecimento   das  tecnologias  que  estruturam,  acessam,  relacionam  e  Jornalismo  (2008­2012).  Membro  titular   do   Conselho  da  Socicom (Federação  Brasileira das Associações  Científicas   e  Acadêmicas  de  Comunicação)  2010­2012.  Membro   do   Conselho  Fiscal   da  Socicom  para   o   biênio   2014­2016.   Coordenadora  de  Jornalismo  da  Expocom  (Exposição  de   Pesquisa   Experimental  em  Comunicação)  2014­2016.  Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2015.   8  ​ Concluiu  o  doutorado  em  Engenharia  e  Gestão   do   Conhecimento,   na  área  de  Mídia  e  Conhecimento,  pela  Universidade  Federal  de  Santa  Catarina   em  2011.  Atualmente  é   Professora  e   vice­coordenadora  do  curso  de  Pós­Graduação  em  Jornalismo   (POSJOR),  docente  do  curso  de   Jornalismo  da   Universidade   Federal   de  Santa   Catarina,  nas  disciplinas  WebDesign,   Conteúdo  interativo  para  tablets  e   Jornalismo  de   Dados,  tem  experiência   profissional como WebDesign Master. Atua  também na  área  de Design e Comunicação, com ênfase  em Comunicação  Visual  e  Diagramação.   Desenvolveu  interfaces  web  em   projetos  governamentais tais como  Plataforma Lattes,  Portal  Inovação,  SIFAPs  e  DCVISA.  Em  seu  currículo  Lattes   os  termos  mais   freqüentes   na  contextualização   da  produção   científica,   tecnológica  e  artístico­cultural   são:  webdesign,  tablets,   design  gráfico,  internet,   jornalismo,  gestão  de  conteúdo,  comunidades  virtuais,  gestão  do  conhecimento  e   comunicação.  Disponível   em:   . Acesso em: 12 set. 2015.  9  ​ Doutor  e  mestre  em  Ciências  da   Comunicação   pela   Escola   de  Comunicação  e  Artes  da   USP;  especialista  em  Computação  ­  na  área de Desenvolvimento de Software  para Web ­ e em Gestão Pública pela UFSCar; e bacharel em  Comunicação  Social  ­  Habilitação  em  Jornalismo   ­   pela  Unesp. Atualmente é  Professor no Departamento de Ciência  e  Gestão  da  Informação  da   Universidade   Federal   do   Paraná  ­  UFPR;   pesquisador  da  Rede  de  Pesquisa  Aplicada   Jornalismo  e  Tecnologias   Digitais,   vinculada  à   Sociedade  Brasileira   de  Pesquisadores  em   Jornalismo,  SBPJor;   e  pesquisador  do  Núcleo  de  Apoio  à   Pesquisa   (NAP)   Escola   do   Futuro,   da  USP.  É  criador  do  Sistema  de   Apoio   à  Comunicação  Integrada  (SACI),   um  software  livre  de   gestão  convergente  e  colaborativa  de  produção  midiática  registrado  junto  ao  INPI.  Atua   nas   áreas  de   Comunicação   Organizacional,  Jornalismo   Digital,  Jornalismo   Especializado,   Computação  e   Novas  Tecnologias,  com   ênfase  nos  temas:  tecnologia  de   informação  e  comunicação,  interatividade,  Internet,  desenvolvimento  de   software,  software  livre,  jornalismo   digital,  inclusão  digital  e  literacias  digitais.  Disponível  em:  .  Acesso   em:   12   set.  2015.  6 

 

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visualizam  dados  a  partir  de bases  abertas ou fechadas [...] Se  por um lado há  uma  visível  crise  na  formação,  novas  possibilidades  de  pesquisa  e  desenvolvimento  profissional  se   revelam  a  partir  da  tecnologia  (LIMA  JUNIOR; OLIVEIRA, 2013, p. 02­03).  

    Como  os  professores  atuam  na  esfera  pública,  e  alguns  são  Dedicação  Exclusiva,  não  têm  e  nem  podem  ter  vínculo  com  o  mercado  de  trabalho.  Uma  das  opções  é  a  consultoria,  caso  da  professora  da  UnB  que  é consultora de organizações internacionais  para  a  área  de  jornalismo  digital.  A  professora  da  UFSC  desenvolve  projetos  experimentais  com  o  foco  no  jornalismo  e  institucionais  com  atuação  em  webdesigner,  voltado  para  interfaces  web.  O  professor  da  UFPR  desenvolveu  o  software  livre  para  gestão  de  conteúdo  midiático  denominado  SACI10,  em  uso  em  diversas  localidades  do  país.  "Experimentalmente  estamos  começando  a  utilizar  este  sistema  para  o  ensino  de  jornalismo na UFPR, em Jornal Laboratório", ressalta Botelho.    Ainda  a  partir  do  resumo  do  Currículo  Lattes  dos  professores,  é  possível  visualizar  os  termos  recorrentes  referentes  às  áreas  de  interesse  para  pesquisa,  que  são:  Tecnologias  (5),  Comunicação  (3), Jornalismo  (3), Internet (3), Jornalismo Digital (3), Educação (2),  Computação  (2)  e  Engenharia/Desenvolvimento  de  Software  (2).  "[...]  os  'labels'  Tecnologia  e  Comunicação  são  mais  que  quadradinhos  de  conhecimento.  Eles  fazem  parte da realidade de foram estruturalmente relacionada" (LIMA, 2010).     Ressalta­se  também   o   fato  da  atuação  no  mercado  de  trabalho,  não  apenas  como  jornalista,  em  redações  de  jornais,  revistas,  sites  ou  como  consultores  em  órgãos  governamentais  e  de   pesquisa  ou  em  assessoria  de  imprensa,  rádio  e  TV,  mas  também   em  áreas  correlatas  à  tecnologia  como:  web  designer  e  analista  de  sistemas.  Eles  têm  pelo menos 5 anos de docência e atuam na graduação e pós­graduação.    Proferem  disciplinas  teóricas  e  práticas  relacionadas  às  aplicações  de  recursos  tecnológicos  no  Jornalismo  denominadas   como:   Tecnologias  em/da  Comunicação;  Jornalismo  Digital;  ​ Oficina  de  Jornalismo  Digital;  ​ WebDesign;  Jornalismo  de  Dados;  Informática  Aplicada  ao  Jornalismo;  Linguagens  e  Ferramentas  para   a  Produção  Web;  WebDesign;  Laboratório   de  Tecnologias  Digitais;  além  da  orientação  de  Projetos  Experimentais em Jornalismo.    No  geral,  é  possível  inferir  que  as  disciplinas  abordam  a  relação  entre  jornalismo,  tecnologia  e  sociedade  a  partir  do  uso  de  recursos  tecnológicos,  incluindo   a  internet,  10

 ​ Disponível em: . Acesso em: 18 set. 2015.  7 

 

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além  do  olhar  voltado  para  o  ambiente  atual  de  convergência  midiática.  Teorias,  técnicas  e  práticas  sobre  o  uso  de  ferramentas  digitais  são ensinadas  para que os alunos  tenham  instrumentos  de  pesquisa,  informação,  colaboração,  produção,  composição  e  divulgação de notícias.     Consideram  ainda  o  uso  de  softwares,  plataformas  e  aplicativos  para  a  produção  multimídia,  além  das  novas  linguagens  e  formatos  jornalísticos  para  a  experimentação  de  processos  e  produtos.  ​ "Matrizes  curriculares,  planos  de  ensino  e  intenções  públicas  em  sites  podem  funcionar  tanto  como  instrumentos  de  planejamento  oficiais,  consonantes  com as exigências legais, quanto como argumento convincente para futuros  alunos" (LIMA JUNIOR; OLIVEIRA, 2013, p. 03).    Alguns  professores  têm  blogs,  sites  e/ou  utilizam  grupos  em  redes  sociais,  como  o  Facebook,  para  divulgar  os  conteúdos  e  atividades das disciplinas. Por exemplo, o Prof.  Alfredo  Lanari   de  Aragão  (UFMS)  possui  o  site Tecnologias e Comunicação11 e a  Prof.  Rita  Paulino  (UFSC)  o  Mídia  Online12.  Nestes,  são  disponibilizados  planos  de  ensino,   slides,  ferramentas,  projetos,   artigos,  produtos,  tutoriais,  livros  etc.  Alguns  sites  de  professores, segundo os mesmos, já não estavam mais online.    Para  ensinar  os  alunos,  os  professores  se mantém atualizados sobre softwares utilizados  nas  disciplinas,  participam  de  eventos,  palestras,  congressos  científicos,  fazem  cursos  relacionados  ­  presenciais  e  à  distância  ­,  além  da  leituras  constantes  de  artigos,  livros,  revistas  da  área  e  conteúdo  disponíveis  em  mídias  sociais,  além  da  assinatura  de  feeds  de notícias.     Em  relação  à   primeira  pergunta  do  questionário:  Quais  recursos  tecnológicos  são  utilizados  em  suas  disciplinas  e  com  quais  objetivos?  (Equipamentos,  dispositivos,  programas,  aplicativos),  a  maioria  respondeu  apenas  ao  primeiro  questionamento,  listando  os  seguintes  recursos  tanto  das  Universidades  quanto  dos  próprios  alunos:  Equipamentos  (Datashow),  Dispositivos  (​ Computadores,  Notebooks,  Tablets,  Samrthphones),  Programas  (Word,  LibreOffice,  Adobe  CS6­Indesign,  CorelDraw,  Inkscape)  e  Mídias  Sociais  (Facebook,  Youtube,  Twitter),  além  de  outras  ferramentas  (Prezi, GoogleDocs, GoogleMaps).     Aqueles  que  responderam  a  segunda  parte,  destacam  o  objetivo  de  obter  habilidades  práticas,  além  de  apresentação,  leitura  e  correção  dos  trabalhos  dos  alunos  de  forma  online,  que  permite  comentários  e  visão  do  histórico,  o  que  é  pedagógico.  Já  os  11

 ​ Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2015.   ​ Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2015. 

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Sistemas  de  Gerenciamento  de  Conteúdo  (SGC)  em  uso  por  esses  professores  são:  Komodo, Blogger, Wordpress, Wix e SiteBuilder.     Algumas  das  vantagens  destacadas  foram:  facilidade  de  uso,  conjunto  de  funcionalidades  de  redação,  revisão  e  edição  compartilhada;  e  desvantagens:  o  fato  do  uso  avançado  requerer  conhecimento de linguagens de programção como PHP/MySQL.  São  organizadas  oficinas  de  cada  SGC.  Um  dos  objetivos,  segundo  Rodrigo  Botelho  (UFPR)  é  "[...]  experimentar  escrita  coletiva,  edição   e  colaboratividade  em  uma  plataforma e, ao mesmo tempo, a automatização da sua publicação".    Já  sobre  o  domínio  dos  alunos  em  relação  ao  uso  das  tecnologias,  suas  facilidades  e  dificuldades,  os  docentes  responderam  que  "[...]  em  geral  os  alunos  chegam  com  conhecimento  superficial  e  sem  sistematização",  Alfredo  Lanari­UFMS;  "[...]  têm  facilidade  de  manejo,  mas  não  refletem  sobre  a  prática",  Thaís  Jorge­UnB;  "[...]  dominam  bem  as  mídias  sociais  e algumas ferramentas de publicação, especialmente de  vídeo,  [...]  demonstram  facilidade  e,  quando  desafiados a explorarem um  aplicativo que  desconhecem, geralmente, passam a dominar logo as ferramentas", Mirna Tonus­UFU;     Rita  Paulino,  da  UFSC,  afirma  que  "[...]  não  apresentavam  dificuldades  em   relação  às  tecnologias  utilizadas,  pois  optamos  por  sistemas  simples   e  básicos.  No  entanto,  a  estratégia  criativa  de  utilização  da  rede  foi  o  foco  e  isso apresentou certas dificuldades.  Por  exemplo:  os  alunos  foram  convidados  a  eleger,  no  Google  Maps,  uma  localidade  (exceto  Brasil), levantar e conduzir uma pauta sobre um tema atual e redigir uma notícia  jornalística  respeitando  os  princípios  de  JOL.  Neste  caso,  tanto  levantamento  do  nome  de  pessoas  para   entrevista,  como  a  própria  entrevista  etc deveriam ser feitas por e­mail,  skype ou similar. Os resultados foram surpreendentes, mas as dificuldades, até por conta   da língua e desconhecimento geográfico, dificultaram".    Esses  professores  são  também  responsáveis  por  laboratórios  como  o  Laboratório  de  Estudo  de  Linguagens em Dispositivos Móveis (Labdim­UnB)13, ​ este que tem uma "[...]  Redação  Virtual,  no  sentido  de  que  ela  pode  ser  montada  em  qualquer  espaço,  a  qualquer  tempo,  preferencialmente  nos  dias  de  aula,  com os equipamentos dos próprios  alunos.  A  FAC  tem  também  um  grande  laboratório  multimídia  (120  computadores)",  afirma Thaís Jorge.     Na  UFMS  há  três  laboratórios,  sendo  dois  equipados  com  22  computadores  cada  e  1  com  15  notebooks.  Já  na UFU, o curso tem um laboratório de redação e uma agência de  13

 Mais informações em: . Acesso  em: 12 set. 2015.  9 

 

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notícias,  junto  com  laboratório  de   vídeo.  A  UFPR  tem  uma  sala  equipada  com  um  computador  por  aluno,  com  acesso  à  Internet.  A  tendência  é  transformar  estes  espaços  em ambientes de convergência.    Nova  palavra  de  ordem  nos   meios   empresarial,   profissional  e  acadêmico,  a  convergência  tem  sido   utilizada  para  fazer  referência  a  uma  diversidade  de  processos:  concentração  dos  grupos  de  comunicação,  iniciativas de  integração   de  redações  e  de  distribuição  de  conteúdos  em  múltiplas  plataformas,  desenvolvimento  de novos formatos de linguagem,  reconfiguração das relações  entre  produtores  e  audiências  etc.  Como explica  o  pesquisador Canavilhas,  no  artigo  que  abre  este  dossiê,  “podemos  constatar  uma  tentativa  de   integrar  as  várias  facetas  da   convergência,  procurando  uma  definição  chapéu  capaz  de  abraçar todos os campos da convergência”. (MAIA; PEREIRA, 2012, p. 01) 

  Assim  como  revelado  em  pesquisa  anterior,  sobre  os  trabalhos  na  área  de  Jornalismo   e  Tecnologia  premiados  na  Expocom  (Exposição  de  Pesquisa  Experimental  em  Comunicação),  muitos  projetos  são  desenvolvidos  durante  as  disciplinas,  mas,  ao  final  da  mesma,  já  não  têm  mais  continuidade,  como,  por  exemplo,  como  citado  por  uma  professora neste breve estudo, o site ​ Mobilidade Urbana​ , produzido na UnB.     Seguindo  o  questionário,  observa­se  o  consenso  entre  os  professores  da  área  sobre  a  necessidade  da   aproximação  do  Jornalismo  com  a  Computação.  Inclusive,   a  Faculdade  de  Comunicação  da  UnB,  por  exemplo,  tem  uma  parceria com a  Faculdade de Ciências  da  Computação  da  UnB  e  com  a  Universidade  de  Brunel  (Londres)  para  pesquisas  conjuntas  na  área.  "O  jornalismo  pode  aprimorar­se  bastante  com  essa  união",  destaca  Mirna  Tonus  da  UFU.  "Cada  vez  mais  a  multidisciplinaridade  se  faz  necessária  para  desenvolver  um  produto  com  todas  as  potencialidades  tecnológicas",  afirma  Rita  Paulino da UFSC, que considera que "[...] o jornalista precisa ser o maestro do grupo".     De  acordo  com  Rodrigo  Botelho,  da  UFPR,  "[...]  o  Jornalismo  deve  se  aproximar  dos  princípios  básicos  da  Computação,  principalmente  do  ponto  de  vista  da  lógica  computacional,  tendo  em  vista   uma  atuação  de  Jornalismo  guiado  por  dados,  interatividade,  interfaces  etc. Não imagino que seja preciso aprender a programar, mas é  importante  que  o  jornalista  tenha  uma  visão  crítica  da  informação  na  rede,  saiba  localizá­la,  manipula­la  e  apresentá­la  ao   público   em  formato  de  notícia  de  forma  a  promover  a  interação  com  os  temas  relevantes  para  a   sociedade.  Num  mundo  cada  vez  mais  guiados  por  sistemas,  é  preciso  não  só  saber  operá­los,  como  extrair  deles  informação relevante e desenvolver soluções que ajudem na formação de opinião".      10 

 

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Enfim,  é  perguntado  aos  docentes  se  conseguem  estabelecer  relação  com  empreendedorismo  e/ou  inovação em suas aulas, e eles que afirmam que sim, quando  os  alunos  utilizam  os  próprios  dispositivos  móveis  para  apurar  e  veicular  reportagens  no  meio  digital,  ou  quando  incentivam  o  experimentalismo  a  partir  de  algo  viável  mercadologicamente,  a  fim  de  estimulá­los  a  implantar  suas  ideias  no  mercado  e  atuarem  profissionalmente  a  partir  delas,  não  dependendo dos veículos de comunicação  existentes.    Consideram  ainda,  que  na  área  do  Jornalismo  especificamente,  a  inovação  acontece  primeiro  no  mercado e depois vai para a academia, sendo o contrário em outras áreas do  conhecimento,  como  a  Computação.  Por  isso  é  importante  para  os cursos observarem e  incentivarem   a  aplicação  de  softwares  específicos   ­  inclusive  livres  ­;  a  criação  e  a  produção  de  conteúdos   jornalísticos  vinculados  a  Laboratórios  Multimídia;  o  incentivo  ao Jornalismo Convergente.    Salaverría  (2010)  propõe  a convergência compreendida como  produto, sistema  e   processo.  Desta  perspectiva   mais  ampla  decorrem  outras  segmentações:  a  convergência  tecnológica,  a  convergência  empresarial  e  a  convergência  profissional.  Sobre  a  última,  o  autor  direciona  sua  abordagem  para   a ideia  de  profissionais  trabalhando  em  conjunto  a  fim  de produzir diversos  conteúdos a  serem distribuídos  para  múltiplos meios.  A convergência  supõe a integração de  redações  de  meios  distintos.  [...]  A  ausência  de  formação  e  qualificação   específica,  a insuficiência de  recursos  para  implementar mudanças, a excessiva   carga  de  trabalho  para  os  profissionais  e  a  fragilidade  de  infraestrutura  tecnológica   prejudicam  o desenvolvimento da convergência profissional plena.  (MAIA; PEREIRA, 2012, p. 01)  

  Quando  questionados  sobre  as  novas   habilidades  requeridas  ao estudante de Jornalismo  na  Era  da  Convergência,  destacaram:  auto­didatismo;  curiosidade;  conhecimento  sobre  cultura  geral,  midiática  e  digital;  capacidade  de   interpretar,  planejar  e  gerir  conhecimento  novo  e  propor   aplicações,  envolvendo  grupos  multidisciplinares;  facilidade  em  trabalhar  em  equipe;  agilidade;  criatividade;  espírito  inovador  e  investigativo; visão crítica e baseada na ética; interesse pela sociedade.    E  ainda,  ter  conhecimento  em  informática:  pensamento  computacional  (lógica),  plataformas  (sites,  dispositivos  móveis),  linguagens  (HTML5,  CSS)  e  softwares  (Adobe).  ​ [...]  A  convergência  também  desperta  a  percepção  do  jornalista  digital  como  um profissional polivalente, versátil e multitarefas (OLIVEIRA; JORGE, 2015, p. 118).     PONDERAÇÕES  11 

 

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Como  o  foco  deste  artigo  foi   analisar  o  percurso  metodológico  escolhido  para  levantamento  de  dados,  no  caso  uma  pesquisa  ​ survey​ , foi observado primeiramente que  a  forma  para  distribuição  do  mesmo  não  foi  uma  boa  opção.  Como  a  pesquisa  foi  enviada  para  listas  de  grupos  grandes,  com  professores  de  diversas  áreas,  além  de  Jornalismo  e  Tecnologia,  provavelmente  muitos  especialistas  nem  notaram  o  teor  da  mesma.  Outros  que  não  eram  especificamente  da  área  responderam,  o  que  incluiu  até  alunos, que não eram púbico do estudo.    O  questionário  também,  muito  extenso,  e   sem  tempo  de  dedicação  para  as  respostas  determinado,  pode ter afastado os interessados. O dead­line de apenas uma semana e, na  sequência,  também  de  apenas  uma  semana,  também  não  atendeu  a  demanda  da  pesquisa,  uma  vez  que  professores  enviaram  e­mail  afirmando  que  não  tinham  tempo  para respondê­la naquele período específico.     Em  uma  próxima  etapa,  pretende­se  direcionar  o  questionário   de forma individualizada  para  os  professores  que  já  escreveram  obras de referência sobre o Ensino de Jornalismo  e  Tecnologia  e  orientaram  trabalhos  premiados  na  Exposição  de Pesquisa Experimental  em Comunicação (Expocom) em categorias relacionadas.    Em  relação  às  perguntas  do  questionário,  elas  misturavam  temas  específicos,  o  que  fez  com  que  os  respondentes  agissem  em   um  movimento  de  voltas.  Especificamente  na  questão  sobre  as disciplinas, não havia espaço no mesmo para que fossem acrescentadas  as  ementas  e  os  professores  não  responderam  os  semestres  em  que  as  mesmas  foram  proferidas.  Entende­se  que  este  deve ser um trabalho posterior  à resposta do formulário,  apenas  com  os  nomes  das  disciplinas,  quando  a  própria pesquisadora poderá identificar  nos  sites  dos  cursos  as  ementas  e  seus respectivos semestres, criando uma planilha com  os dados.    Outro  objetivo  da  pesquisa  de  pós­doutorado   é  reunir  o  material  que  os  docentes  de  Jornalismo  Digital  disponibilizam  online,  para  que  outros  professores  possam  se  inspirar  ou  até  mesmo  utilizar  conteúdos  permitidos.  Enquanto  alguns  trabalham  com  grupos  fechados  em  redes  sociais,  como  o  Facebook,  outros  disponibilizam  materiais  para  fácil  acesso  em  sites  e  blogs.  Em  uma  etapa  sequencial   da  pesquisa,  pretende­se  analisar  estes  recursos,  assim  como  os  planos  de  ensino  das  disciplinas,  cujos  links  também foram disponibilizados pelos docentes.    Já  sobre  as  perguntas,   na  primeira,  como  o  foco  das  respostas  foi  uma  listagem  de  recursos  tecnológicos  em  uso,  optou­se  para,  em  um  próximo  passo,  tirar  a  pergunta  sobre  os  objetivos  e  incluir  os  Sistemas  Gerenciadores  de  Conteúdo  como  um  item,  12 

 

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excluindo  a  questão  subsequente.  Pretende­se  criar  uma  lista  com  as  ferramentas  em  uso,  com  links  para  as  mesmas,  para  que  os  próprios  professores  possam  analisá­las  e,  se ainda não usam, possam utilizá­las.    Quando  feita  a  questão  sobre  as  dificuldades  e  facilidades  do  uso  de  recursos  tecnológicos  pelos  alunos,  a   intenção era, na sequência, também enviar um questionário  para  os  estudantes,  por  meio  dos  próprios  professores,  mas  devido  a  dificuldade  inicial  de  conseguir  respostas  dos  docentes,  esta  estratégia  também  está  sendo  repensada,  até  mesmo  porque,  no  geral,  os  alunos  enfrentam  dificuldades,  mas que são superadas com   as práticas.    Sobre  a  pergunta  em  relação  aos  laboratórios,  oprtou­se  por  tirar  a  expressão  "Laboratório  de  Jornalismo  Convergente",  uma  vez  que   as  Universidades  têm  laboratórios  equipados,  mas  não  com  essa  denominação,  o  que  deixou  a  pergunta  confusa.  Assim  como,  foi  retirada  as  referências  em  relação  à  imagens  e  link  do  local,  que  não  foram  disponibilizados  pelos  professores.  Portanto,  o  ganho  desta  questão  está  em mapear apenas os dispositivos à disposição dos alunos no espaço universitário.    Em  relação  à   pergunta:  "5.Quais  os  projetos  de  Jornalismo  Convergente  já  foram  desenvolvidos  pelos  alunos  e  quais  estão  disponíveis  online?"  percebe­se  que  a  melhor  forma  de  analisar  este  tópico  já  tinha  sido  feita, que é olhar para os produtos premiados  na  Expocom,  uma  vez  que  o  espaço  do  questionário  fica  muito  restrito  para  este  tema.  Considerando  ainda  o  fato  de   nem  todos  os  professores  reunirem  todos  seus  projetos  orientados em um único site.     O  site  da  UFSC  midiaonline.sites.ufsc.br,  por  exemplo,  apresenta  alguns  projetos  com  tablets,  mas  a  professora  destaca  que  os  produtos  são  individualizados  conforme  a  disciplina.  Outra  confusão  se  aplica  em  relação  ao  uso  do  termo  Convergente, uma vez  que  muitos  produtos  são  voltados apenas para o digital. Outra questão que ainda precisa   ser  repensada  é  a"7.Qual  o seu envolvimento com o mercado de  trabalho dos jornalistas  hoje?", talvez seja necessário inserir "para além da academia" e reordená­la.    REFERÊNCIAS  BRONOSKY,  Marcelo Engel; CARVALHO, Juliano Maurício  de. ​ Jornalismo e  convergência​ .  São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014.    JOHNSON,  T.  ​ Pesquisa  social  mediada  por  computador​ : questões,  metodologias e técnicas  qualitativas. Rio de Janeiro: E­papers, 2010.     13 

 

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LIMA  JUNIOR,  W.  As  startups  de  Balzac  e  o  fim  da  era  "cada  um  no  seu  quadrado".  IDGNOW!  18/10/2010.  Disponível  em:  . Acesso em: 14 set. 2015.    LIMA  JUNIOR,  W.;  OLIVEIRA,  A.  R.  de.  Habilidades  Tecnológicas  e  Ensino  Superior  em  Jornalismo  no  Brasil:  Observação  das  Exigências  Contemporâneas  e  seu  Contraste  com  as  Grades   Curriculares.  ​ XVIII  Congresso  de  Ciências  da  Comunicação  na  Região  Sudeste  –  Bauru  ­  SP  –  03  a  05/07/2013.  Disponível  em:  .  Acesso  em: 20  ago.  2015.    MAIA,  K.;  PEREIRA,  F.  JORNALISMO  E  CONVERGÊNCIA.  ​ BRAZILIAN  JOURNALISM   RESEARCH  ​ ­  Volume  8  ­  Número  1  ­   2012.  Disponível  em:  . Acesso em: 20 ago. 2015.    MURAD,  A.  Oportunidades e  desafios  para  o jornalismo  na Internet. ​ Revista do Programa de  Pós­graduação em  Comunicação da  Universidade Federal Fluminense​ , Rio de Janeiro, n. 2,  1999.  Disponível  em:  .  Acesso  em:  18  ago. 2015.    OLIVEIRA, V.  R.; JORGE, T.  de  M.. O jornalista atuante nas novas mídias móveis: o perfil do  editor  de  conteúdo  noticioso  para  plataformas  tablets  e  smartphones.  ​ Comunicação  &  Inovação​ ,  PPGCOM/USCS,  v.  16,  n.  31  (113­129)  maio­ago  2015.  Disponível  em:   .  Acesso  em: 28 ago. 2015.    TRISTÃO,   R.  F.  de  M.;  HILDENBRAND,  M.  A. ​ AVALIAÇÃO DO  ENSINO ONLINE  NO  CURSO  DE  JORNALISMO:  O  OLHAR  DO   ESPECIALISTA,  DA  GESTORA  E  DOS  EGRESSOS.  Mídia  ​ e  Cotitiano​ ,  v.6,  n.6,  2015.  Disponível  em:  .  Acesso em 18  ago. 2015.   

APÊNDICE  Questionário: O uso de tecnologias no ensino de Jornalismo no Brasil    Este  questionário faz parte de Pesquisa de Pós­Doutorado em  Comunicação, desenvolvida pela  Prof.  Alessandra  de  Falco  (UFSJ),  sob  orientação  do  Prof.  Walter  Teixeira  Lima  Júnior  da  Universidade  Metodista  de  São  Paulo.  O  objetivo  é  fazer  um  levantamento  de   ferramentas  e  práticas relacionadas ao ensino do Jornalismo Convergente  em cursos  de Gradução no país. A  14 

 

II Encontro Internacional Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva

Universidade Metodista de São Paulo – 03 e 04 de Dezembro de 2015

 

participação  dos  professores  de   disciplinas  que  relacionam   Jornalismo  e  Tecnologias,  como  Jornalismo  Online,  Jornalismo  Digital,  Webjornalismo,  entre  outras  variáveis,  é  voluntária  e  deve  ser  feita  com  consentimento  livre  e  esclarecido.  Os  resultados  da  pesquisa  serão  analisados, publicados  e compartilhados em um site para acesso  de todos os participantes, sendo  que suas identidades poderão ser reveladas. Dead­line: 09/09/2015.    Nome completo:  Instituição de Ensino Superior:  Currículo: (Resumo do Lattes)  E­mail:  Facebook:  Nomes  das disciplinas que profere, semestres e ementas: (Disciplinas relacionadas  a Jornalismo  e Tecnologias)  Links para sites/blogs das disciplinas:  Links para Planos de Ensino:    1.Quais  recursos  tecnológicos  são  utilizados  em   suas  disciplinas  e  com  quais  objetivos?  (Equipamentos, dispositivos, programas, aplicativos)  2.Quais  os  Sistemas  de  Gerenciamento de  Conteúdo  (SGC) em uso?  Quais as suas vantagens e  desvantagens?  3.Qual  o  domínio  dos  alunos  em  relação  ao  uso  das  tecnologias?  Quais  as  facilidades  e  dificuldades?  4.Descreva   o  Laboratório  de  Jornalismo  Convergente  de  sua  instituição  (espaço  e  equipamentos). Se possível, insira um hiperlink direcionando para imagens do local.  5.Quais  os  projetos  de  Jornalismo  Convergente  já  foram  desenvolvidos  pelos  alunos  e  quais   estão  disponíveis  online?  (Produtos  realizados  durante  as  disciplinas  ou  como  Trabalho  de  Conclusão de Curso ou Extensão, por exemplo.)  6.Você  acredita  na  necessidade  da  aproximação do  Jornalismo com a  Computação? Justifique  sua resposta.  7.Qual  o seu  envolvimento com  o  mercado de trabalho dos jornalistas hoje? (Outros empregos,  atividades ou parcerias.)  8.Como você se atualiza para ensinar seus alunos? (Participação em cursos, eventos etc.)  9.Você consegue  estabelecer  relação com empreendedorismo  e/ou inovação  em  suas aulas? Dê  exemplos.  10.Quais novas habilidades são requeridas ao estudante de Jornalismo na Era da Convergência?           

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