Reflexões sobre pulsão mimética, tecnologia audiovisual e etnografia fílmica

A comunicação consiste em três momentos principais: primeiramente, busco conceituar a pulsão mimética a partir das contribuições de autores como Adorno e Horkheimer, Walter Benjamin e Freud, cotejando também a síntese contemporânea proposta por Michael Taussig, de um ponto de vista antropológico. Nesse ponto, interessa observar como a ―compulsão de tornar-se semelhante‖, nas palavras de Benjamin, é historicamente modulada, constituindo assim um saber passível de ser conformado em diversos padrões de regulação. Em segundo lugar, seguindo o argumento de Benjamin e Taussig acerca das tecnologias audiovisuais como artefatos miméticos, a tentativa é de identificar as especificidades dessa pulsão quando mediada pelas modernas técnicas de registro e reprodução de imagens. Aqui, o foco recai sobre a descrição, feita por Taussig, de como essas técnicas promovem uma reconfiguração da pulsão mimética no contexto da modernidade. Por fim, busca-se aplicar essas ideias em uma reflexão sobre um modo como as técnicas audiovisuais podem ser incorporadas pelas ciências sociais em suas práticas de pesquisa: a etnografia fílmica aparece então como resultado de um uso possível da mimesis, mediada pela técnica do filme. Essa mimesis etnográfica e fílmica será pensada na medida em que pode apontar para um modo alternativo de aproximação aos objetos, uma abordagem sensível, tátil, que escapa ao modo iluminista de se organizar o conhecimento científico (isto é, a partir do sujeito cognoscente e racional). Comunicação apresentada no XX Seminário de Pesquisa do Grupo Cultura, Memória e Desenvolvimento (CMD) - Memória e Simbólico nos Interstícios Disciplinares - 14 a 16 setembro – Faculdade de Arquitetura - Universidade Federal da Bahia - UFBA. Publicado nos Anais do XX Seminário Interno de Pesquisa do Grupo de Cultura, Memória e Desenvolvimento: http://www.culturaememoria.com.br/painel/up/paginas/43_.pdf