REFORMA DA COORDENADORIA DE RECURSOS TAQUIGRÁFICOS DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2a REGIÃO SEGUNDO DIRETRIZES DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

July 8, 2017 | Autor: Flavio Roitman | Categoria: Ergonomia
Share Embed


Descrição do Produto

REFORMA DA COORDENADORIA DE RECURSOS TAQUIGRÁFICOS DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2a REGIÃO SEGUNDO DIRETRIZES DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO Flavio Roitman, arquiteto Comitê de Ergonomia / Seção de Obras Tribunal Regional Federal da 2ª Região Rua Acre 80/1604,Centro.Rio de Janeiro/RJ CEP: 20081-000 – Tel/Fax: (21) 3261-8222 E-mail: [email protected] Palavras chave: Análise Ergonômica do Trabalho - AET, Comitê de Ergonomia, mobiliário, conforto. O artigo apresenta parte da Análise Ergonômica do Trabalho realizada na Coordenadoria de Recursos Taquigráficos do TRF 2ª Região, a partir do levantamento de queixas de saúde pelo Serviço Social. A criação do Comitê Permanente de Ergonomia foi efetuada visando a elevação dos índices de conforto dos servidores. O layout da sala, as condições físicas e o mobiliário, objetos da reforma, são analisados antes e após sua modificação. Keywords: Ergonomic Analysis of Work, Ergonomics Commitee, furniture, confort. The paper presents part of the Ergonomic Analysis of Work made in the Coordination of Taquigraphic Resourses of the Federal Justice Tribunal of the 2nd Region, based on data of health complaints by the Social Service. The creation of the Ergonomics Commitee was effectuated to bring the elevation of confort for the workers. The room layout, the physical conditions and the furniture, objects of reform, are analysed before and after their modification.

1. INTRODUÇÃO a

A atividade-fim do Tribunal Regional Federal da 2 Região (TRF) compreende o julgamento dos recursos de decisões de primeira instância da Justiça Federal dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Os processos são julgados nas Sessões do Tribunal Pleno ou nas Sessões Especializadas, compostas por três ou quatro desembargadores, que formam uma Turma Especializada. Todas as Sessões são gravadas e posteriormente, na Coordenadoria de Recursos Taquigráficos (CORTAQ), estas gravações são transcritas/digitalizadas pelas(os) taquigrafas(os) e anexadas aos autos correspondentes. O levantamento, pelo Serviço Social, de queixas de saúde dos servidores do TRF que pudessem ter relação com o trabalho desempenhado, resultou na implantação do programa de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) no TRF. Esta iniciativa foi uma dentre várias ações solicitadas pelo então Presidente do Tribunal, preocupado com o crescente nível de estresse de magistrados e servidores. Os resultados obtidos revelaram a existência de situações inadequadas relacionadas às condições físicas e organizacionais de trabalho de servidores lotados em alguns setores, tanto da área fim (jurídica) quanto da área meio (administrativa) do Tribunal.

Especificamente na CORTAQ, dentre os atendimentos médicos por problemas de saúde registrados foram verificados problemas respiratórios, gastrintestinais, cardiovasculares e osteomusculares, estes com 18 atendimentos no total, tendo 12 resultado em licença médica e 6 exclusivamente em atendimento no ambulatório. Alguns exemplos de diagnóstico dos problemas osteomusculares são: lombosacrociatalgia,

tendinite punho direito, dorsopatia, artrite. Este trabalho apresenta parte dos resultados da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) realizada na CORTAQ, no ano de 2006, a partir dos quais foi elaborado um projeto arquitetônico de reforma do layout interno e uma nova especificação para aquisição de mobiliário adequado às atividades específicas desempenhadas pelos servidores daquele setor. A AET supracitada foi desenvolvida através da contratação do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/ UFRJ, em conjunto com o Comitê Permanente de Ergonomia do TRF. Procurou-se compreender o trabalho dos servidores, identificando os aspectos críticos para as condições de trabalho e o seu desempenho. Foram realizadas entrevistas, observações e registros globais das

atividades dos servidores, que aliadas à descrição dos processos funcionais e aos dados técnicos do funcionamento geral do setor analisado constituíram a base para as recomendações de reforma. A análise realizada teve como objetivo um diagnóstico geral, englobando as seguintes características das condições de trabalho – condições físicas, de conforto ambiental e do mobiliário existente. A situação verificada durante a realização do diagnóstico foi uma elevada carga de trabalho dos

servidores. Foram constantes as menções à quantidade insuficiente de servidores face ao elevado número de processos julgados e em tramitação. 2. O COMITÊ DE ERGONOMIA O Comitê Permanente de Ergonomia do TRF foi criado com o intuito de acompanhar os trabalhos da equipe contratada - COPPE/UFRJ - e receber desta uma formação básica em ergonomia que permitisse, após o término do contrato, continuar desenvolvendo trabalho semelhante em outros setores do órgão. O Comitê é formado por uma equipe multidisciplinar de servidores com formação ou especialização em diferentes áreas, tais como direito, assistência social, medicina do trabalho, odontologia, arquitetura, informática, infraestrutura e outras. As atribuições do Comitê Permanente de Ergonomia são: desenvolver um Programa de Ergonomia no Tribunal, visando a elevação dos índices de conforto, qualidade de vida e produtividade; contribuir para a criação de uma cultura ergonômica na instituição e formar multiplicadores para desenvolver a implantação e seguimento do Programa. 3. CONDIÇÕES DE TRABALHO, CONDIÇÕES FÍSICAS E MOBILIÁRIO EXISTENTES O levantamento das condições de trabalho, das condições físicas do local e do mobiliário da CORTAQ foi realizado através de entrevistas com os servidores, observações locais e acompanhamento das atividades dos servidores no setor. A seguir as principais observações relativas a cada um dos itens. 3.1 Condições de trabalho As servidoras do setor, embora tenha havido queixas de saúde, não relacionaram as queixas nem ao espaço físico nem ao mobiliário. As queixas, segundo elas,

seriam causadas pelo tipo e pelo volume de trabalho, que exige muita concentração, interpretação correta da fala de cada participante da Sessão, conhecimento dos termos jurídicos e leis mencionados e dos prazos estabelecidos para realização da transcrição/digitação. 3.2 Layout da sala O layout consistia de 16 estações de trabalho dispostas em forma de quatro ilhas com quatro estações cada uma, com divisórias baixas em forma de cruz separando as mesas. As ilhas estavam dispostas com as divisórias paralelas às paredes, e com isso as servidoras ficavam posicionadas nas estações de trabalho dispostas em ângulos de 45 graus em relação às paredes, às janelas e às luminárias no forro (fluorescentes). Na época da AET os monitores utilizados ainda eram de padrão CRT. Estes apresentavam reflexo das luminárias e da luz natural das janelas, devido ao ângulo de 45 graus com os espaços de trabalho. 3.3 Condições físicas A sala da CORTAQ mede aproximadamente 70 metros quadrados. Os acabamentos construtivos são: piso frio padrão “marcopiso”, forro modulado em placas de acrílico, alvenarias revestidas em papel de parede, divisórias em laminado padrão “Eucatex”. As luminárias são de lâmpadas fluorescentes embutidas no forro, com aletas brancas. Todas as salas possuem condicionamento de ar central dentro dos limites de conforto térmico. Neste espaço físico, com materiais de acabamento refletivos em termos de acústica, onde as servidoras se falavam para ajudar umas às outras, acontecia do nível sonoro ultrapassar os limites do conforto acústico. No que se refere a iluminação, as luminárias em linha, o espaçamento entre elas e pé direito baixo favoreciam a ocorrência de áreas muito iluminadas e áreas de leve penumbra. 3.4 Mobiliário As estações de trabalho utilizadas eram de bom padrão de qualidade, medindo 1,20 x 1,20 m., com pés de aço pintado e superfícies em laminado texturizado padrão ovo. Cada servidora possuía um gaveteiro móvel, sendo que de tamanhos diferentes. As cadeiras eram do tipo “cadeira de digitador” sem braços, de diversos fornecedores.

As mesas com altura de tampo fixo associadas às cadeiras sem braços, monitores sem regulagem de altura e falta de apoio de pés levaram a criatividade das servidoras a encontrar soluções personalizadas para adaptar o posto de trabalho a fim de torná-lo mais ergonômico. Alguns exemplos destas soluções são: catálogos sob os monitores, almofadas nos assentos, pernas apoiadas sobre latas de lixo etc. 4. O PROJETO DE REFORMA 4.1 Layout da sala / iluminação O novo layout consiste em quatro conjuntos de mesas em disposição linear, uma contra a outra, com quantidades diferentes – seis, quatro, quatro e duas mesas. Isto devido à existência de um pilar estrutural na sala que impediu uma disposição simétrica das mesas. As mesas ficam separadas por divisórias baixas, de 1,25 m. de altura. A nova disposição dos conjuntos de mesas ficou perpendicular às paredes da sala, às janelas e às aletas das luminárias no forro. Esta disposição eliminou os reflexos nos monitores e os casos de ofuscamento. Além disso, os monitores foram trocados por padrão LCD, que refletem menos a luz ou claridade neles incidente. 4.2 Condições físicas A envoltória da sala – piso, forro e paredes não sofreram intervenção. As luminárias foram redistribuídas de modo a deixar a distribuição de luz mais uniforme. O novo layout linear, em contraponto às antigas ilhas, formando “baias” individuais, favoreceu o trabalho individual e dificultou o contato com mais de um colega, o que resultou em nível sonoro dentro das faixas de conforto, sem necessidade de tratamento acústico específico. 4.3 Mobiliário Foram adquiridas mesas com tampo de dupla regulagem de altura – uma parte para teclado e mouse, outra parte para monitor – ambas variando entre 64 e 84 cm, com largura total de 1,30 m. Foram adquiridas cadeiras com assentos, espaldar e braços reguláveis (os assentos com 5 cm de espuma). Foram adquiridos gaveteiros móveis padronizados com largura de 30 cm, altura de 59 cm, podendo ser localizados sob as mesas.

4.4 Participação dos servidores Após a finalização dos anteprojetos foi feita uma apresentação para os servidores, mostrando os detalhes e os elementos que nortearam as soluções encontradas. Foram apresentadas duas opções de layout com diferentes modos de distribuição das mesas. Estas duas opções foram deixadas para discussão e votação dos servidores. A opção escolhida por elas, a mais votada, foi a que está montada hoje. Além disso, fornecedores de mesas de dupla regulagem deixaram um protótipo no setor durante uma semana, onde todos os servidores passaram algumas horas trabalhando para verificar sua usabilidade. Esta participação foi essencial para o detalhamento dos projetos, inclusive, como exemplo, o desenho padrão da mesa foi alterado no projeto para melhor atender pessoas com pernas mais alongadas. 4.5 Fornecimento e instalação A reforma geral da CORTAQ foi subdividida em três etapas para efeito de fornecimento e instalação. Isto para tornar a reforma mais econômica, tendo em vista que os fornecedores são diferentes. Foram feitas três licitações públicas em forma de pregão eletrônico: 1. Divisórias baixas; 2. Mesas e Gaveteiros; 3. Cadeiras. O remanejamento das luminárias foi executado pela empresa (terceirizada) que já presta serviços de manutenção elétrica no TRF. 5. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO Após cerca de três meses da realização da reforma foi aplicado um questionário na CORTAQ, para que as servidoras respondessem, com o intuito de conhecer a avaliação das reformas feita pelas usuárias do espaço e do mobiliário novo. Sintetizando alguns itens relevantes do questionário, foram obtidas as seguintes totalizações: - 80% dos servidores responderam; - 42% dos respondentes indicaram que o uso da nova cadeira com braços e regulagem de altura do assento e do encosto aumenta o grau de conforto; - 50% dos respondentes apontaram que a nova mesa de trabalho com dupla regulagem de altura e o aumento do espaço livre para as pernas (sob as mesas) aumentaram o grau de conforto;

-

60% dos respondentes informaram que as seguintes transformações aumentaram o grau de conforto: iluminamento em relação à intensidade da luz e reflexo nos monitores e espaço livre para circulação na sala; - 67% dos servidores indicam que não vislumbram alguma outra melhoria necessária no seu ambiente físico de trabalho; - 67% dos servidores informaram que os incômodos de saúde sofreram redução após a intervenção ergonômica. Desta forma, parece ser possível concluir que não há mais transformações significativas a serem feitas no espaço físico ou no mobiliário do setor. 6. CONCLUSÕES Apresentamos três conclusões principais sobre o trabalho realizado, onde os servidores demonstram satisfação por ter hoje um espaço físico e um mobiliário ergonômico mais adequados ao tipo de atividade desempenhada naquele setor. • A arquitetura e as condições do espaço físico têm influência direta na saúde e no desempenho das atividades pelos usuários daquele espaço.

A ergonomia é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de um projeto adequado às necessidades específicas do espaço e das atividades nele desempenhadas. • A participação dos usuários é fundamental para o sucesso de sua implementação. As transformações nos locais de trabalho devem ser estudadas com rigor e, segundo o exemplo realizado, cada reforma deve ser objeto de uma avaliação pósimplantação para verificar se a intenção proposta foi realizada com sucesso na etapa de implantação. •

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA FUNDAÇÃO COPPETEC. Análise Ergonômica do Trabalho - CORTAQ. Tribunal Regional Federal 2ª Região, Rio de Janeiro, maio/2006. FUNDAÇÃO COPPETEC. Capacitação na análise ergonômica do trabalho aplicada a projetos de transformação das condições de trabalho. Tribunal Regional Federal 2ª Região, Rio de Janeiro, janeiro/2006. ROITMAN, FLAVIO. Análise Ergonômica do Trabalho aplicada a projeto de modificação do mobiliário em uma subsecretaria do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. ABERGO, 2006.

8. FIGURAS

Planta Baixa após a reforma

Detalhe do novo posto de trabalho

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.