Refugiados Sírios no Líbano Provocam Crise Generalizada no País

September 17, 2017 | Autor: Marli Barros Dias | Categoria: UNHCR, Siria, Líbano, Guerra Civil Da Síria, Crise Humanitária, Oriente Medio
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Refugiados Sírios no Líbano provocam crise generalizada no país Author : Marli Barros Dias - Colaboradora Voluntária Categories : ANÁLISES DE CONJUNTURA, ORIENTE MÉDIO Date : 8 de janeiro de 2015

As consequências da Guerra Civil da Síria continuam a impactar a economia libanesa. Os reflexos estão presentes na demografia, na instabilidade política e na segurança do país. Há previsão de que, em início de 2015, o Líbano acolha mais de 1,3 milhão de refugiados, situação que coloca em risco a capacidade para atender de modo satisfatório o contingente de necessitados[1]. Em meados de dezembro de 2014, o Banco Mundial divulgou um relatório sobre a atual situação econômica libanesa, apresentando projeções pouco animadoras para o futuro. O Governo libanês terá que enfrentar sérios desafios ao longo deste ano para superar as diversas carências econômicas, políticas, sociais e de infraestrutura. Apesar de o Líbano ter apresentado uma recuperação nos setores do Turismo, Comércio e Imobiliário, após três anos em declínio, o déficit continua elevado e a situação financeira do país está a deteriorar-se. Segundo o Relatório, “o déficit poderá chegar a até 10,2 por cento do PIB em 2014, ante 9,4 por cento em 2013”[2]. Ele ainda chama a atenção para o fato de que “o impasse político e as repercussões dos conflitos regionais limitam a capacidade de a Economia crescer se a situação se agravar”[3]. Isto corresponde aos efeitos provocados pelos conflitos em países vizinhos, que estão pressionando as Finanças do Líbano, afetando desta maneira os vários setores da Economia e o desempenho dos serviços públicos. O Relatório do Banco Mundial foi contestado por Ghassan Diba, Chefe do

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Departamento de Economia da Universidade Libanesa Americana (LAU). Diba argumentou que os dados do Relatório não são precisos e o impacto positivo dos refugiados não foi considerado. Segundo ele, “há vantagens econômicas em ter estes muitos refugiados. Os números negativos são exagerados, deturpados pelo Banco Mundial, agravando o racismo contra os refugiados”[4]. A rejeição aos refugiados sírios no Líbano já vem ocorrendo há algum tempo. Eles são responsabilizados pela crise econômica, financeira e de infraestrutura no país[5]. Esta é uma das preocupações de Diba, pois a projeção negativa das Finanças libanesas, para 2015, faz aumentar o preconceito e a continuidade das campanhas de ataques contra os expatriados. A pressão sobre a Economia e a Infraestrutura libanesas é um argumento para o Governo fechar as fronteiras aos refugiados, pois os indicadores sócioeconômicos continuam em declínio. O PIB sofreu uma queda acentuada. O crescimento do PIB em 2010 foi de 10% enquanto que em 2014, foi de apenas 1%, acompanhado pelo dobro de desempregados[6]. Ante o agravamento da crise, o país está preparando um plano, juntamente com a ONU, abrangendo 2015 e 2016 para, assim, tentar encontrar uma solução para o problema. Tamman Salam, Primeiro-Ministro do Líbano, diz estar esperançoso e espera que os doadores levem em conta setores específicos, esperando que as doações não se restrinjam às questões humanitárias[7]. A ONU reconhece que os países que recebem os refugiados sírios estão lutando para enfrentar os problemas gerados com o acolhimento de uma grande quantidade de pessoas. Segundo Gina Casar, representante do Programa de Desenvolvimento da ONU, “a resposta humanitária tradicional não é mais suficiente. A tarefa que temos pela frente requer uma resposta global para a crise em ordem a construir a capacidade de resistência das comunidades e instituições governamentais”[8]. O Líbano que, apesar de não fazer parte da Convenção de Refugiados, de 1951, é o país no mundo que, até hoje, acolheu mais refugiados sírios. Embora as restrições fronteiriças já sejam uma realidade, a Agência da ONU para Refugiados (UNHCR) acredita que o Líbano continuará a ser um local de abrigo para os sírios[9]. Desde junho de 2014 têm aumentado, também, os pedidos de asilo por cidadãos iraquianos que, atualmente, contabilizam o maior número de novos registros entre os estrangeiros em seu território. Segundo a UNHCR, “estima-se que há dezenas de milhares de pessoas apátridas no Líbano. Refugiados sírios nascidos no Líbano estão particularmente em risco. Uma pesquisa com 5.779 recémnascidos sírios em 2014 descobriu que 72 por cento não possuem uma certidão

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de nascimento oficial, levantando preocupações sobre o reconhecimento de sua nacionalidade por parte das autoridades sírias”[10]. As ações a serem desenvolvidas pelo Líbano e pela ONU, no decorrer de 2015, determinarão as condições de vida de seus cidadãos e dos refugiados, ambos na dependência da reorganização política e econômica do país. A ausência de assistência ao Líbano levará ao colapso da infraestrutura local e dos serviços básicos como saúde, educação, água e esgotos. Para Gina Cassar, “Os países que acolhem os refugiados sírios estão lutando com o enorme impacto sobre suas Economias, sociedades e infraestrutura, ameaçando não só a sua estabilidade, mas a estabilidade de toda a região”[11]. Este cenário reflete a dimensão da crise que o Líbano está vivendo, o que exige a atenção da comunidade internacional com a finalidade de traçar uma meta capaz de auxiliar o país a superar as dificuldades, evitando assim mais uma catástrofe humanitária e o agudizar do conflito na região. --------------------------------------------------------------------------Imagem “Família de refugiados sírios numa tenda alugada, na aldeia de Jeb Jennine, Vale de Beqaa, Líbano” (Fonte): http://catholicphilly.com/media-files/2012/11/syrian-refugee-family.jpg --------------------------------------------------------------------------Fontes consultadas: [1] Ver: http://www.unhcr.org/pages/49e486676.html [2] Ver: http://english.al-akhbar.com/node/23099 [3] Ver: http://english.al-akhbar.com/node/23099 [4] Ver: http://english.al-akhbar.com/node/23099

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[5] Ver: http://www.jornal.ceiri.com.br/a-campanha-de-ataques-contra-os-refugiados-sirios-no-libano/ [6] Ver: http://www.3rpsyriacrisis.org/the-3rp/lebanon/ [7] Ver: http://www.dailystar.com.lb/News/Lebanon-News/2014/Dec-15/281079-lebanon-to-launchrefugee-crisis-response-plan.ashx [8] Ver: http://www.unhcr.org/5492a7bb6.html [9] Ver: http://www.unhcr.org/pages/49e486676.html [10] Ver: http://www.unhcr.org/pages/49e486676.html [11] Ver: http://www.unhcr.org/5492a7bb6.html

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