RELAÇÃO ANTIGO-NOVO: TEORIA, AÇÕES E IMPACTOS NA PREEXISTÊNCIA PATRIMONIAL. FALTA DE ARQUITETURA NA RESTAURAÇÃO DA ANTIGA CARPINTARIA DE LARANJEIRAS-SE

June 12, 2017 | Autor: Betania Brendle | Categoria: Cesare Brandi
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RELAÇÃO ANTIGO-NOVO: TEORIA, AÇÕES E IMPACTOS NA PREEXISTÊNCIA PATRIMONIAL.

FALTA DE ARQUITETURA NA RESTAURAÇÃO DA ANTIGA CARPINTARIA DE LARANJEIRAS-SE RELACIÓN ANTIGUO-NUEVO: TEORÍA, ACCIONES Y IMPACTOS EN LA PREEXISTENCIA PATRIMONIAL. FALTA DE ARQUITECTURA EM LA RESTAURACIÓN DE LA ANTIGUA CARPINTERÍA DE LARANJEIRAS OLD-NEW RELATIONSHIP: THEORY, ACTIONS AND IMPACTS ON THE PREEXISTING CULTURAL HERITAGE. LACK OF ARCHITECTURE IN THE RESTORATION OF LARANJEIRAS OLD CARPENTRY. Eixo 4 Identificação, intervenção e gestão do patrimônio edificado: instrumentos, metodologias e técnicas

Maria de Betânia Uchôa Cavalcanti Brendle PhD em Urban Design (Oxford Brookes University). Professora Adjunta do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe.

Resumo: Este artigo examina a intervenção denominada Restauração da Carpintaria de Laranjeiras, ação integrante do Programa Monumenta/SE, que insere uma adição material contemporânea que além de ignorar os dados espaciais e a dimensão poética e construtiva das ruínas preexistentes prima pela falta de arquitetura e por um grave silêncio teórico e conceitual. Neste projeto ressalta-se a intrusão de uma massa construtiva cuja escala e formato adultera a legibilidade da preexistência destruindo seus dados espaciais, o caráter tectônico do sistema estrutural de madeira desnudamente exposto, além de encobrir a diversidade de sistemas construtivos de adobe, pedra calcária e tijolos cerâmicos, homogeneizando as texturas das paredes e a elas aplicando-lhes camadas de tinta a base de látex. O projeto prima ainda pela falta de desvelo com o detalhe arquitetônico, pela ocultação da verdade construtiva e pela destruição da “alma do espaço” para viabilizar o uso comercial sem considerar os fragmentos históricos, a compreensão do significado do sítio arqueológico como documento histórico e evidências da construção do edifício no transcurso do tempo. Utilizando fontes primárias e análises in loco desenvolvidas pela autora, este artigo demonstra a impropriedade de mais uma ação oficial do Programa Monumenta fiscalizada e aprovada pelo IPHAN–SE, que sem referência a nenhum princípio teórico-conceitual, ou pelo menos o atendimento à recomendações formuladas por documentos internacionais, trata a preexistência patrimonial de maneira leviana ferindo irremediavelmente a concepção original da antiga edificação que integra o patrimônio urbano e arquitetônico de Laranjeiras, cidade tombada pelo IPHAN em 1996. Palavras-chave: restauração, falta de arquitetura, destruição patrimonial, Laranjeiras, Programa Monumenta.

Resumen: Este artigo examina a intervenção denominada Restauração da Carpintaria de Laranjeiras, ação integrante do Programa Monumenta/SE, que insere uma adição material contemporânea que além de ignorar os dados espaciais e a dimensão poética e construtiva das ruínas preexistentes prima pela falta de arquitetura e por um grave silêncio teórico e conceitual. Neste projeto ressalta-se a intrusão de uma massa construtiva cuja escala e formato adultera a legibilidade da preexistência destruindo seus dados espaciais, o caráter tectônico do sistema estrutural de madeira desnudamente exposto, além de encobrir a diversidade de sistemas construtivos de adobe, taipa, pedra calcária e tijolos cerâmicos, homogeneizando as texturas das paredes e a elas aplicando-lhes camadas de tinta a base de látex. O projeto prima ainda pela falta de desvelo com o detalhe arquitetônico, pela ocultação da verdade construtiva e pela destruição da “alma do espaço” para viabilizar o uso comercial sem considerar os fragmentos históricos, a compreensão do significado do sítio arqueológico como documento histórico e evidências da construção do edifício no transcurso do tempo. Utilizando fontes primárias e análises in loco desenvolvidas pela autora, este artigo demonstra a impropriedade de mais uma ação oficial do Programa Monumenta fiscalizada e aprovada pelo IPHAN–SE, que sem referência a nenhum princípio teórico-conceitual, ou pelo menos o atendimento à recomendações formuladas por documentos internacionais, trata a preexistência patrimonial de maneira leviana ferindo irremediavelmente a concepção original da antiga edificação que integra o patrimônio urbano e arquitetônico de Laranjeiras, cidade tombada pelo IPHAN em 1996. Palabras-clave:

Abstract: Este artigo examina a intervenção denominada Restauração da Carpintaria de Laranjeiras, ação integrante do Programa Monumenta/SE, que insere uma adição material contemporânea que além de ignorar os dados espaciais e a dimensão poética e construtiva das ruínas preexistentes prima pela falta de arquitetura e por um grave silêncio teórico e conceitual. Neste projeto ressalta-se a intrusão de uma massa construtiva cuja escala e formato adultera a legibilidade da preexistência destruindo seus dados espaciais, o caráter tectônico do sistema estrutural de madeira desnudamente exposto, além de encobrir a diversidade de sistemas construtivos de adobe, taipa, pedra calcária e tijolos cerâmicos, homogeneizando as texturas das paredes e a elas aplicando-lhes camadas de tinta a base de látex. O projeto prima ainda pela falta de desvelo com o detalhe arquitetônico, pela ocultação da verdade construtiva e pela destruição da “alma do espaço” para viabilizar o uso comercial sem considerar os fragmentos históricos, a compreensão do significado do sítio arqueológico como documento histórico e evidências da construção do edifício no transcurso do tempo. Utilizando fontes primárias e análises in loco desenvolvidas pela autora, este artigo demonstra a impropriedade de mais uma ação oficial do Programa Monumenta fiscalizada e aprovada pelo IPHAN–SE, que sem referência a nenhum princípio teórico-conceitual, ou pelo menos o atendimento à recomendações formuladas por documentos internacionais, trata a preexistência patrimonial de maneira leviana ferindo irremediavelmente a concepção original da antiga edificação que integra o patrimônio urbano e arquitetônico de Laranjeiras, cidade tombada pelo IPHAN em 1996. Keywords:

FALTA DE ARQUITETURA1 NA RESTAURAÇÃO DA ANTIGA CARPINTARIA DE LARANJEIRAS-SE. “... se é nosso dever refutar uma arquitetura de baixa qualidade como condição inaceitável do nosso presente, com maior razão devemos impedir que ela 2 substitua ou altere aquela do passado.”

O restauro arquitetônico, como argumenta Beatriz Kühl (2009, p.112), “é campo de alta formação, em que deveria ser exigida uma preparação de pós-graduação, como ocorre na medicina”. No Brasil, a restauração é em muitos casos uma ação arbitrária e empírica permeada pelo desconhecimento de princípios e fundamentos teóricos como premissa da definição de critérios e posturas de intervenção no bem patrimonial. Exceções existem. Além da obra do arquiteto Paulo Ormindo de Azevedo discutida por ANDRADE JÚNIOR (2013) neste Colóquio3, cujas intervenções no bem patrimonial antecedem as recomendações da Carta de Veneza, são referenciais, entre outras, as intervenções no Solar do Unhão, Ladeira da Misericórdia, Casa do Benin–BA e no Sesc-Fábrica Pompéia-SP (Lina Bo Bardi), no Convento do Caraça-MG (Rodrigo Meniconi e Maria Edwiges Leal), na Pinacoteca de São Paulo (Paulo Mendes da Rocha). Mais recentemente tem-se os exemplos da Casa da Torre de Garcia d’Ávilla-BA (2002) (Figura 1) (Ubirajara Mello), do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Novo do Recife (Andrade & Raposo Arquitetos) (em construção) (Figura 2) e do elevador da Caixa d´Água de Olinda do GRAU (Roberto L’Amour e Felipe Campello) (Figura 3).

Figura 1 – Casa da Torre de Garcia d’Ávilla, BA. Fotos realizadas pela autora, 2010.

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O termo falta de arquitetura que compõe o título deste artigo é de autoria de Lucio Costa e demonstra a atualidade de sua argumentação contra a construção de um pastiche em Ouro Preto e em defesa do projeto de Oscar Niemeyer para o Grande Hotel Ouro Preto. 2 Paolo Torsello (1997) Conservare e Comprendere apud Beatriz Kühl (Considerações sobre a relação antigo-novo nas intervenções em ambientes e edificações de interesse para a preservação, 2009, p.169). 3

Nivaldo Vieira de Andrade Júnior - Projeto, memória e ambiência: as intervenções de Paulo Ormindo de Azevedo sobre o patrimônio edificado. In: Colóquio Temático- Relação antigo-novo: Teoria, ações e impactos na preexistência patrimonial. IV Arquimemória, Salvador, 2013.

FIGURA 2 – Projeto do Terminal Marítimo de Passageiros do Recife. O Armazém 7 é preservado e adaptado às novas funções tornando legível a leitura dos momentos arquitetônicos: o edifício portuário do século XIX e a expressão contemporânea da arquitetura do século XXI. Fonte: Andrade & Raposo Arquitetos, 2011. www.ar.arq.br

Figura 3 – Intervenção na Caixa d’Água de Olinda (projeto de Luís Nunes, 1934) para inserção de um elevador de acesso ao mirante de autoiria do GRAU - Grupo de Arquitetura e Urbanismo Ltda., Recife4. Fotos elaborada pela autora em abril de 2012.

Fato extremamente preocupante e recorrente é que no âmbito oficial, grande parte das intervenções em bens arquitetônicos e urbanos de valor patrimonial realizada pelos órgãos de preservação no Brasil (des) conhece a restauração como uma disciplina autônoma e científica e é fruto de projetos de autoria de profissionais despreparados, propositores de intervenções reconstrutivas fantasiosas, historicizadas ou miméticas ou de inserções contemporâneas de péssima qualidade projetual.

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"Este projeto aborda dois temas: a restauração do acervo da arquitetura moderna, com adequação a novos usos, e uma intervenção contemporânea em um sítio histórico tombado e Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco". Ronaldo L'Amour (GRAU - Grupo de Arquitetura e Urbanismo Ltda, Recife) apud Revista AU disponível em http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/224/artigo272956-1.asp

[...]Citam-se frequentemente Brandi e a Carta de Veneza, mas o resultado de várias operações mostra ou uma ignorância completa desses escritos, ou uma leitura pouco aprofundada, ou, ainda, um flagrante e intencional desrespeito às posturas neles consolidadas”. (Kühl, 2009, p.113).

Segundo BRENDLE (2012) “o desconhecimento da teoria brandiana tem legado ao Brasil exemplos de reconstruções leducianas acríticas que constituem o ideário normativo oficial de reconstituições estilísticas e integrais realizadas pelo IPHAN [...]”, exemplificada, entre outras, na falsa restauração5 do Quarteirão dos Trapiches de Laranjeiras, SE (IPHAN-SE, 2009), cuja recomposição figurativa mimética foi forjada “a partir de indícios materiais escassos sob a justificativa de que a ruína enquanto documento filológico desfigura a cidade onde o bem pretérito está inserido”. (BRENDLE e VIEIRA, 2010). Em recente edição luxuosa editada pelo IPHAN/Programa Monumenta, o livro Intervenções urbanas na recuperação de centros históricos, de autoria de Nabil Bonduki6, exemplifica a fragilidade científica e a ignorância de conceitos básicos, teorias e posturas do campo da restauração patrimonial. A avaliação da intervenção no “Quarteirão dos Trapiches” em Laranjeiras (Sergipe) para instalação de um campus universitário é panegírica, retórica e plena de falácias e adjetivações vazias decorrentes da falta de conhecimento sobre a restauração como disciplina científica, além de fornecer informações equivocadas7. Mais grave ainda, o autor promove como modelo de “referência para novas intervenções em andamento” (BONDUKI, 2012, p.234) a intervenção desastrosa no conjunto edificado da cidade patrimônio nacional que causou sua adulteração e destruição (BRENDLE e VIEIRA, 2010) e desliza ao afirmar: Assim como no Quarteirão Leite Alves [campus de Cachoeira, BA] apenas as fachadas, paredes externas e alguma internas foram conservadas, reestruturandose inteiramente os espaços internos. No entanto o projeto do campus de Laranjeiras conseguiu realizar uma feliz articulação das edificações antigas com as intervenções novas, (sic) mantendo as ruínas das colunas soltas no pátio interno como elementos de grande força estética. (BONDUKI, 2012, p.257) (Grifo nosso)

À inadequada alusão de “força estética” nas próteses inseridas como elementos de sustentação dos pilares originais, a argumentação de Nery e Baeta (2012) é contundente: Mas, em nenhum momento, seria pensado ou admitido o acréscimo de pilares metálicos que atuassem como “muletas” para os apoios de pedra soltos no 5

No sentido definido por Max Dvořák, historiador da arte tcheco ligado à Escola de Viena, em “Catecismo da preservação dos monumentos”, publicado em 1916. 6 O autor é pesquisador na área de Habitação Social no Brasil e não tem experiência na área de preservação patrimonial que o autorize a formular crítica e cientificamente a avaliação de projetos desta natureza. 7 O Sobrado Rollemberg não está vinculado ao campus da UFS e o restaurante lá instalado, objeto de mais uma intervenção reconstrutiva acrítica e de má qualidade (VIEIRA, BRENDLE e BRAZÃO, 2011), foi cedido para exploração privada pela Prefeitura Municipal de Laranjeiras, proprietária do imóvel.

pátio, como foi feito a revelia dos autores do projeto”. (NERY e BAETA, 2012, p. 27) (Grifo nosso).

Figura 4 – Ruínas do Trapiche Santo Antônio em sua dignidade filológica e legibilidade espacial e estrutural, posteriormente adulteradas. Fonte: Rodrigo Baeta, 2003.

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Figura 5 – a) Pátio do campus da UFS em Laranjeiras-SE com os pilares de pedra calcária adulteradas com “muletas” metálicas. b) Completamento das superfícies dos pilares originais imitando a configuração antiga, destruindo a pátina e impedindo a distinguibilidade do antigo & novo. Fotos realizadas pela autora, 2010.

E a pretensa “feliz articulação” do novo & antigo é contestada por Brendle e Vieira (2010): Para a inserção de novos elementos estruturais e novos materiais nos edifícios antigos ou ruínas é fundamental o design contemporâneo de qualidade. Aqui, [campus de Laranjeiras] os antigos pilares de pedra calcária arruinados foram literalmente entalados por paredes que não permitem sua leitura e apreensão espacial, e os detalhes dos arremates do novo teto de madeira, que encobre a nova estrutura de sustentação metálica, são patéticos e de má qualidade projetual. As ruínas não respiram. São sufocadas, mutiladas e amputadas em sua digna condição pretérita.

Figura 6 – Adulteração espacial e tectônica no antigo Trapiche Santo Antônio. Fotos realizadas pela autora, 2010.

Bonduki (2012, p.261), inadvertidamente, reproduz um texto plagiado8 publicado numa coletânea de artigos intitulado “O despertar do conhecimento na colina azulada: a Universidade Federal de Sergipe em Laranjeiras” organizado por NOGUEIRA e SILVA (2009) para comentar o projeto final. Este texto foi retirado da conceituação do memorial formulado pelo arquiteto Rodrigo Baeta9, autor, juntamente com o arquiteto Fernando Márcio Oliveira, do primeiro projeto do campus que difere totalmente da proposta de reconstrução acrítica final aprovada pelo IPHAN de autoria da PCL - Projetos e Consultoria Ltda.10. Por isso, a equipe propôs operações de remodelamento da unidade figurativa dos edifícios a partir do resgate de suas caixas murais e do “redesenho” contemporâneo de suas cavidades internas – uma concepção de design que uniria a esfera contemporânea, representada pela rearticulação de seu espaço interior, com a imagem oitocentista preexistente, centrada no resgate da caixa mural dos monumentos: o resultado seria a confecção de novas obras de arquitetura, 8

Plagiar no Dicionário Houaiss significa “apresentar como da própria autoria (obra artística, científica, etc. que pertence a outrem)”. Na íntegra, o texto plagiado por ROCHA e SILVA (2009, p. 157): “Por isso, a equipe propôs operações de remodelamento da unidade figurativa dos edifícios, a partir do resgate de sua caixa mural, e do “redesenho” contemporâneo da cavidade interna- uma concepção de design que une a esfera contemporânea, representada pela rearticulação de seu espaço interior, com a imagem oitocentista preexistente, centrada no resgate da caixa mural dos monumentos: o resultado é uma nova obra de arquitetura, fundada no confronto sadio entre estes dois tempos históricos, e no respeito pela unidade artística da cidade (na verdade em seu restauro)”. 9

O projeto inicial de intervenção para a recuperação do Quarteirão dos Trapiches e sua adaptação para um campus universitário foi realizado amparado na teoria de restauração elaborada por Cesare Brandi pela equipe formada inicialmente para o Programa Monumenta Laranjeiras constituída pelos arquitetos Fernando Márcio de Oliveira e Rodrigo Baeta. 10 O arquiteto Ernesto Regino Xavier Carvalho é quem assina a ART do projeto final do campus de Laranjeiras.

fundadas no confronto sadio entre estes dois tempos históricos e no respeito pela 11 unidade artística da cidade. (BAETA, 2003, p.5) (NERY e BAETA, 2012, p.10).

A intervenção no “Quarteirão dos Trapiches”, no Casarão Rollemberg e sobrado anexo e a construção de um Centro de Artesanato no sítio arqueológico do Porto da Quaresma, entre outras ações na cidade integrantes do Programa Monumenta/SE, tem sido sistematicamente denunciada e discutida por alguns autores em fórum acadêmico, embora sem nenhuma ressonância prática na esfera institucional que não aceita críticas nem se dispõe a participar de discussões no plano teórico, conceitual e metodológico consolidando a já tão larga distância entre a academia e os órgãos de preservação patrimonial no Brasil12. (BRENDLE e VIEIRA, 2010; BRENDLE, 2011; VIEIRA, BRENDLE e TEIXEIRA, 2011; BAETA e NERY, 2012). As intervenções em Laranjeiras perpetradas pelo Programa Monumenta como aval do IPHAN-SE são de caráter cenográfico, sem sustentação teórica e têm transformado a antiga cidade num arremedo falsificado e maquiado (desbotado?) de seu passado arquitetônico e urbano. Estabelecido um modelo não desejável, ou seja, a cópia estilística, este foi transformado arbitrariamente em paradigma projetual para toda e qualquer intervenção no ambiente construído da cidade tombada. Esta é a re-edição do estilo patrimônio. (BRENDLE, 2011).

Considerando a restauração como “uma das mais difíceis formas de fazer arquitetura e urbanismo”, Paulo Ormindo de Azevedo compara o arquiteto-restaurador a um intérprete musical que sem sensibilidade para entender a obra não poderá revelar a mensagem do autor. E argumenta: [...] a burocratização e a excessiva especialização profissional vêm aumentando o hiato entre historiadores, restauradores e arquitetos projetistas, conduzindo, em muitos casos, a intervenções confusas, em que não se entende bem que valores se pretende resgatar e os critérios adotados. Temos, de um lado, restauradores com boa preparação tecnológica, mas deficiente formação em história da arte e escassa experiência de projetação arquitetônica. De outro lado, há bons projetistas que desconhecem os critérios e possibilidades da restauração e não conseguem dialogar com o monumento. Em muitos casos, as soluções ficam a dever ao monumento, ou pelo caráter simplório das intervenções, ou pela extravagância das mesmas. Em ambos os casos o monumento sai perdendo. (AZEVEDO, 2003, p.22) (Grifo nosso).

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Rodrigo Espinha Baeta. Conceituação do Projeto do Quarteirão dos Trapiches. In: Perfil do Programa Monumenta

Laranjeiras. Aracaju: Universidade Tiradentes, 2003. 12

A autora tem desenvolvido na disciplina Tópicos Especiais de Planejamento II do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS, projetos de intervenção no ambiente construído da cidade visando difundir nos futuros arquitetos numa consciência profissional mais respeitosa e qualificada no trato do patrimônio arquitetônico e urbano nacional apesar dos “conflitos inconciliáveis entre o ensino da teoria moderna da conservação pela Academia, como pilares do processo de projeto da nova arquitetura em áreas patrimoniais e a inserção draconiana do fachadismo autorizada pelo IPHAN-SE, de cópias, pastiches e imitações estilísticas”. (BRENDLE, 2011, p.1)

Mais que simplória13 a última ação do Programa Monumenta em Laranjeiras, o projeto denominado RESTAURAÇÃO DA CARPINTARIA DA PREFEITURA – CENTRO DE COMPRAS E LAZER, objeto deste artigo, é medíocre e devastadora. Em seu minúsculo Memorial Descritivo (UNIDADE EXECUTIVA DO PROJETO/PROGRAMA MONUMENTA LARANJEIRAS14, 2009) está formulado um lacônico arremedo conceitual, que, como será demonstrado mais adiante, em nenhum momento constituiu o princípio da intervenção: A proposta se caracteriza por uma reabilitação e adaptação do espaço acima citado a funções mais atuais, [sic] como a implantação de um Centro de Compras e Lazer com dois pavimentos, e se apresenta aqui na forma de uma proposta técnica estabelecida dentro das teorias mais difundidas do restauro, respeitando os aspectos que caracterizam a edificação. (sic) (UEP Laranjeiras, 2009) (Grifo nosso).

O que a Superintendência do IPHAN em Sergipe entende por “teorias mais difundidas do restauro”? A total ausência de referências a conceitos e princípios da restauração, o empirismo projetual e a inserção brutal de novas estruturas com total desrespeito à substância arquitetônica e ao espaço preexistente da antiga Carpintaria é mais uma perda inexplicável e irreparável para Laranjeiras, cidade monumento nacional e para o povo brasileiro seu detentor. Laranjeiras foi tombada em 1996, como Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico e inscrita em 03 Livros de Tombo15. Como argumenta Baeta (2003), o diferencial de Laranjeiras não é a presença de grandes monumentos significativos isolados, mas a exuberância e originalidade de um núcleo urbano que se desenvolveu no século XIX “com um traçado tendente à regularidade, com vias bem alinhadas e uma arquitetura civil elegante e imponente, inspirada no exemplo pombalino, que chega tardiamente na colônia no início dos oitocentos.” Reunindo elementos que a definem como uma obra de arte urbano-arquitetônica, condição ratificada pelo reconhecimento oficial de seu valor artístico através de sua inscrição no Livro de Tombo de Belas Artes, Laranjeiras está constantemente exposta às ações do tempo e às intervenções agressivas e espúrias que muito descaracterizaram seu tecido figurativo comprometendo em grande escala a integridade física e imagética de suas edificações. A restauração de seus edifícios arruinados tem sido conceitual e metodologicamente problemática visto que eles estão em tão alto estado de fragmentação que sua unidade artística potencial

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Segundo o Dicionário Houaiss, simplório quer dizer tolo, ingênuo e bronco. Ao longo do texto deste artigo esta sigla será simplificada para UEP Laranjeiras. 15 O Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (Inscrição 111), o Livro de Belas Artes (Inscrição 604) e o Livro Histórico (Inscrição 538). (IPHAN – Arquivo Noronha Santos) 14

jamais poderá ser alcançada sem cometer a heresia do falso histórico e da ofensa estética formulada por Cesare Brandi (1977). [...] os monumentos arruinados não possuem nem mesmo unidade artística em potencial. Logo, podem ser no máximo preservados em seu estado de degradação, ou então, recriados enquanto à sua qualificação artística, a partir de uma intervenção que promova o confronto entre a estrutura preexistente, e o desenho contemporâneo. (BAETA, 2003) (Grifo nosso).

MAIS UMA DESTRUIÇÃO OFICIAL DO PATRIMÔNIO BRASILEIRO A ruína é a expressão de uma realidade física que não existe íntegra e materialmente, e o testemunho, mesmo fragmentado e irreconhecível, de histórias, processos humanos, fatos e lembranças interrompidas que constituem pilares de sustentação cultural de uma sociedade. A única intervenção apropriada na ruína é a consolidação de suas estruturas, pois como argumentam Brendle e Vieira (2010) apoiadas na Teoria da Restauração de Cesare Brandi, “ruína não se restaura”. A edificação em análise (Figuras 7 e 8) está classificada pelo Plano Urbanístico de Laranjeiras (AZEVEDO, 1975) na tipologia arquitetônica A4 (referente à Mercado e/ou Trapiche) da primeira metade do século XIX sendo-lhe atribuído o “grau de proteção 2” e seu último uso abrigou um depósito e uma carpintaria da Prefeitura Municipal em torno da década de 1980. Constituída por narrativas formais e espaciais de arquiteturas pretéritas de integridade fragmentada e dilacerada pela ação do tempo, acidentes e/ou vandalismo, às expressões tectônicas desta imponente estrutura se agregaram valores, memórias e simbolismos da cultura imaterial local cujos significados extrapolaram a simples leitura estratigráfica de suas camadas de história construtiva pela imposta deterioração física.

Figura 7- “Quarteirão dos Trapiches” de Laranjeiras no começo do século XX com a Antiga Carpintaria ao fundo (em vermelho). Fonte: Arquivo pessoal de Jorge Luis dos Santos, apud COSTA, 2001.

Como estabelece Azevedo (1975) e relatos de antigos moradores de Laranjeiras, o edifício teria sido um depósito para armazenagem de açúcar conhecido na região como trapiche. Sua tipologia arquitetônica e layout (Figuras 9 e 10) inferem este uso bem como a configuração dos vãos em sua caixa mural com parapeito baixo o suficiente para receber cargas de açúcar diretamente dos veículos que o transportavam dos engenhos da redondeza. (Figura 11) Sua localização a beira do Rio Cotinguiba e a configuração destas aberturas voltadas para o mesmo reforça esta hipótese. (Figura 12).

Figura 8 - Vista da Antiga Carpintaria na esquina da Rua Pereira Lobo com a Rua Porto do Oitizeiro. Foto elaborada por Klaus Brendle em 2010.

De planta quadrada e simétrica, a edificação era constituída por um único grande vão estruturado por pilares de seção quadrada de pedra calcária que sustentavam um telhado de 4 águas com cumeeira paralela à rua referente ao corpo principal e uma pequena saliência frontal coberta por meia água com inclinação frontal voltada para a fachada principal. (Figura 9)

Figura 9 – Maquete virtual da antiga Carpintaria no estado anterior à intervenção do Programa Monumenta. Elaborada por David Rodrigues Silva Dória para a disciplina Tópicos Especiais de Planejamento (ministrada pela autora) do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS, em março de 2013.

Figura 10 - Maquete volumétrica baseada no levantamento arquitetônico realizado pela UEP Laranjeiras revelando o espaço interno da edificação. Realizada pelos alunos Carla Campos, David Dória, Isadora Santana e Rafael Valença para a disciplina Tópicos Especiais de Planejamento (ministrada pela autora) no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS, em março de 2013.

a b Figura 11 – Antiga Carpintaria. Vista externa (a) e interna (b) com detalhe dos vãos para recebimento das cargas de açúcar. Fonte: a) UEP Laranjeiras; b) Foto elaborada por Klaus Brendle em 2010.

Figura 12 – Vista aérea parcial do centro tombado de Laranjeiras. Em primeiro plano o Mercado Público Municipal seguido pelas ruínas do “Quarteirão dos Trapiches” antes da intervenção que o converteu num Campus da UFS. Em amarelo, a antiga Carpintaria às margens do Rio Cotinguiba. Fonte: UEP Laranjeiras, 2003.

A diversidade de sistemas e materiais construtivos conferia ao antigo edifício um interesse especial pois muito poderia revelar sobre a história das técnicas construtivas de Laranjeiras. Além da alvenaria de pedra calcária muito utilizada na região, a antiga Carpintaria apresentava alvenarias de tijolo e de pedra e paredes de adobe (Figura 13) assentadas entre esteios de madeira sem pintura e de secção quadrada. Tudo foi ocultado e uniformizado sob reboco e camadas de tinta à base de látex. Tudo foi brutalmente destruído. (Figura 14)

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Figura 13 – A riqueza e diversidade das técnicas e materiais construtivos da ruína da antiga Carpintaria. a e b) adobe; c) trecho de alvenaria de pedra na fachada da Rua Pereira Lobo; c) alvenarias mistas de pedra e adobe na fachada lateral esquerda; d) detalhe de pilar em pedra calcária. Fotos elaboradas pela autora em 2010.

a b Figura 14 – Adulteração de vestígios da história e cultura material do edifício através da uniformização da caixa mural e de seu interior camuflados sobre camadas de reboco e tinta. a) Vista da esquina da Rua Pereira Lobo (comparar com as Figuras 10a e 10c antes da intervenção). Fotos elaboradas pela autora em março de 2013.

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b Figura 15 – Fachada lateral direita da antiga Carpintaria às margens do Rio Cotinguiba. a) antes da intervenção. b) após a restaurção. a) Foto elaborada pela autora em 2010. b) Fonte: UEP Laranjeiras, 2012.

Figura 16 – Detalhes do sistema estrutural de madeira original sobre os pilares de pedra calcária. Fotos elaboradas pela autora em 2010.

Para viabilizar o uso comercial estabelecido peIo IPHAN/Programa Monumenta, o projeto do Centro de Compras e Lazer de Laranjeiras de autoria da equipe UEP Laranjeiras (Figura 17), para atender a um extenso programa (21 lojas comerciais, praça de alimentação, circulações, sanitário feminino, sanitário masculino, sanitário acessível, elevador, DML, sala de administração e lanchonetes) que o edifício não poderia acolher sem ser descaracterizado, propôs a construção de dois pavimentos destruindo sua configuração espacial original e engessando o que o edifício tinha

de mais significativo: um grande espaço funcional (Figura 18) sustentado por pilares maciços de secção quadrada de pedra calcária (Figura 16) e por um telhado imponente composto por um sistema estrutural de madeira aparente de grande interesse construtivo e técnico.

Figura 17 - Planta-baixa da proposta de intervenção. Em vermelho (claro) as novas paredes construídas aleatoriamente sem considerar as colunas existentes e sem preocupação de preservar a espacialidade do antigo edifício. Em azul, marcação do novo bloco construído. Fonte: UEP Laranjeiras, 2009.

Figura 18 – Maquete volumétrica baseada no levantamento arquitetônico realizado pela UEP Laranjeiras revelando o espaço interno da edificação. Maquete realizada pelos alunos Carla Campos, David Dória, Isadora Santana e Rafael Valença do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS em março de 2013.

b Figura 19 – a) Interior arruinado antes da intervenção. Destaque para a estrutura de madeira do telhado e junção com as colunas de pedra calcária. b) Após a intervenção coma ocultação do sistema estrutural engatado na nova parede de alvenaria de tijolo. Fonte: UEP Laranjerias, 2009.

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b Figura 20 – Estado posterior à intervenção. a) A criação de uma barreira formada pela disposição das lojas impede a percepção espacial do edifício original. b) A legibilidade do sistema construtivo é obstruída e a diversidade dos materiais originais (adobe, pedra calcária, madeira sem pintura, entre outros) homogeneizada pelo reboco e pintura à base de tinta latex. Fotos elaboradas pela autora em março de 2013.

O critério utilitário aliado aos interesses político-partidários prevaleceu como decisão de projeto sobre as instâncias históricas, estéticas, simbólicas e memoriais. Ao forçar a preexistência a acolher um bloco de dois pavimentos foram ignorados os dados espaciais do antigo edifício resultando numa inserção extremamente invasiva espacial e tipologicamente e de péssima qualidade arquitetônica. Não há uma metodologia de projeto de restauração, não há pesquisa histórica e iconográfica e inexistem princípios teóricos de fundamentação da intervenção dita restaurativa. A ausência de estudos arqueológicos tem sido uma constante nos projetos do Programa Monumenta em Laranjeiras, inclusive no “Quarteirão dos Trapiches”16. O projeto do Centro de Compras e Lazer foi realizado sem que na antiga Carpintaria fossem criteriosamente examinados vestígios de sua cultura material e o seu transcurso no tempo (mais de um século) como determina o Manual de Elaboração de Projetos de Preservação do Patrimônio Cultural (Programa Monumenta, 2005)17.

a b Figura 21 - a) Estrutura original do telhado sobre as colunas de pedra calcária. b) Procedimento utilizado em toda obra: novo telhado (sem diferenciação entre o novo e o preexistente) e a uniformização das paredes antigas e novas. Em amarelo, novo volume inserido na antiga edificação. Fotos elaboradas pela autora em março de 2013.

A restauração da Carpintaria de Laranjeiras é, sobretudo, um projeto desrespeitoso em relação

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Durante as obras houve a presença de arqueólogo. No caso do Quarteirão dos Trapiches, foram entregues os relatórios de acompanhamento, mas os artefatos recolhidos durante a pesquisa ficaram em poder do arqueólogo além do tempo previsto, gerando uma ação do IPHAN junto ao Ministério Público para que este devolvesse o material. Na Carpintaria não houve projeto de resgate arqueológico, mas um insuficiente acompanhamento pelo IPHAN durante a abertura de valas para fundações. 17

“[...] preparado com o objetivo de atender, prioritariamente, aos profissionais que trabalham nos projetos integrantes do Programa Monumenta, e que envolvam bens imóveis protegidos por tombamento federal ou situados nas Áreas de Projeto, assim como Projetos de Intervenção em espaços públicos urbanos integrantes dessas áreas. O Manual orienta a elaboração e a apresentação de Projetos a serem submetidos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN para fins de aprovação e pretende contribuir com todos os agentes envolvidos nas ações de intervenção no patrimônio protegido, possibilitando atingir níveis de qualidade progressivamente maiores nas obras de restauro”. (Programa Monumenta, 2005, p.9). (Grifos nossos).

aos aspectos filológicos do edifício, trata o patrimônio coletivo com desdém, manipula, adultera e destrói irreparavelmente este documento arquitetônico camuflando processos, técnicas e materiais construtivos, além de transfigurar sua integridade espacial e ignorar a autenticidade de suas evidências arquitetônicas presentes e íntegras. O projeto prima ainda pela falta de desvelo com o detalhe arquitetônico, pela ocultação da verdade construtiva e pela destruição da “alma do espaço” e a execução da obra exigiu o rebaixamento do pé direito do pavimento térreo projetado para poder receber uma nova massa arquitetônica de 02 pavimentos e tentar viabilizar o uso comercial sem considerar os fragmentos históricos, a compreensão do significado do sítio arqueológico como documento histórico e evidências da construção do edifício no transcurso do tempo.

a

b Figura 22– O rebaixamento do piso para acomodar à força as 21 lojas comerciais. Em vermelho, o detalhe dados degraus na entrada principal do edifício. Fotos elaboradas pela autora em março de 2013.

Figura 23 - a) O novo volume oculta a estrutura, adultera o espaço e não tem um pé-direito de dimensões aceitáveis. Fotos elaboradas pela autora com a participação de alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS em março de 2013.

Figura 24 – A má arquitetura é uma constante do projeto: entre a caixa do elevador e a escada de acesso ao pavimento superior (vermelho) um vazio arquitetônico. c) a grotesca resolução projetual para a caixa d’água (amarelo). Fotos elaboradas pela autora em março de 2013.

Em casos em que é legítimo e necessário intervir tratando lacunas ou inserindo novos elementos, qualquer que seja a postura adotada mediante a análise fundamentada da realidade existente, a intervenção será, de fato, algo além da conservação, em que a arquitetura contemporânea, consoante ou dissonante, com legítima pretensão a obra de arte, pode e deve manifestar-se. Manifestar-se, porém, respeitando e valorizando o preexistente, buscando uma relação positiva e construtiva do novo com aquilo que ali está. [...] Ao mesmo tempo, devem-se conservar escrupulosamente os elementos que caracterizam o conjunto (ou edifício) e as partes que o compõem, não deturpando os documentos históricos. (KÜHL, 2009, p.166). (Grifo nosso).

)

b)

Figura 25 – a) Vista da Carpintaria da colina do Cruzeiro e seu estado de arruinamento no início das obras. b) Vista do mesmo ângulo sem a “conservação escrupulosa” mencionada por Beatriz Kühl no texto citado acima. Fotos elaboradas por (a) Klaus Brendle, 2010 e (b) David Rodrigues Silva Dória, aluno do Curso de Arquitetura da UFS em março de 2013.

Figura 26 – Loja do Centro de Compras não tem pé direito suficientemente alto. A outrora imponente estrutura de madeira da antiga Carpintaria hoje serve de estante para exposição de artigos esportivos. Fotos elaboradas pela autora com a participação de alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFS em março de 2013.

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urbanas

na

recuperação

de

centros

históricos.

Programa

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