Relação entre Competência Social e Competência Política

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Relação entre Competência Social e Competência Política

2008

Relação entre competência social e competência política

INDICE

1.0. Introdução ........................................................................................................... 2 2.0. Pergunta de Pesquisa ............................................................................................ 3 3.0 Hipótese ................................................................................................................ 3 4.0. Objectivo Geral ..................................................................................................... 3 5.0. Objectivos Específicos ........................................................................................... 3 6.0. Metodologia.......................................................................................................... 3 7.0. Justificativa ......................................................................................................... 4 8.0. Conceitualização................................................................................................... 4 8.1 Política .............................................................................................................. 4 8.2. Competência ..................................................................................................... 5 8.3. O Social ............................................................................................................ 5 9.0. Tipologia de Autoridade em Weber ....................................................................... 5 10. Sociedade como realidade objectiva (Berger & Luckumann) .................................. 7 11. Competência e representação política (Pierre Bourdieu) ......................................... 8 12. Discussão da relação entre competência social e competência política .................... 9 12. Conclusão ............................................................................................................ 11 13. Bibliografia ......................................................................................................... 12

Por: Egídio João - 2008

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1.0. Introdução O presente trabalho intitulado “Relação entre competência social e competência politica”, tem como objectivo principal, demonstrar a ligação teórica existente entre as duas competências. O meu argumento principal baseia-se na afirmação categórica de que a competência social contribui para a competência politica. Isto pelo facto de, ser no meio social onde reside as estruturas e condições que legitimam a competência politica. A competência social enquanto um merecimento social tipificado num individuo, ele assenta em valores socialmente aceites e contendo grande importância dentro de um grupo social especifico. Se quisermos transpor para os nosso quotidiano, diria que só é competente socialmente, quem possui responsabilidade social. e essa responsabilidade reside numa conduta especifica, num nível elevado de moral e ética social. É neste sentido que dentro de um grupo social estes valores proporcionam uma possibilidade grande de exercício politico dentro do mesmo grupo ( competência politica). Na base de autores que desenvolveram conceitos como autoridade, poder, competência irei de seguida mostrar a articulação existente entre competência social e competência politica.

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2.0. Pergunta de Pesquisa Haverá uma relação entre competência social e competência politica?

3.0 Hipótese Há relação entre competência social e competência política

4.0. Objectivo Geral Estudar a relação entre a competência social e competência politica

5.0. Objectivos Específicos 

Perceber a articulação e concordância teórica, entre a competência social e competência politica;



Analisar a influencia dos valores sociais na construção e representação da realidade social;

6.0. Metodologia A metodologia para este trabalho será fundamentalmente de revisão bibliográfica. Vou cingir-me nos autores como Max Weber, Pierre Bourdieu, e Peter L. Berger & Thomas Luckumann. Em Weber, no seu livro “Ensaios de Sociologia”. Neste autor vou abordar a problemática de autoridade e legitimidade, ou seja, vou partir da tipologia da autoridade defendida pelo autor, para explicar o trabalho. basicamente vou descrever os tipos de

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autoridade em Weber para posteriormente usar os adequados à natureza do trabalho proposto. Em Bourdieu vou partir da sua obra “O Poder Simbólico”, no seu capitulo VII relativo a “A representação politica: elementos para uma teoria do campo politico”, na qual, partindo dos conceitos de Habitus e de Campo assim como de Líder, irei sustentar ainda mais a relação existente entre o merecimento social e merecimento politico. Em Berger e Luckumann, na sua obra “A construção social da realidade”, irei abordar a partir desta a forma como os actores sociais constroem e representam socialmente a realidade.

7.0. Justificativa Este tema desperta interesse em minha parte individual e igualmente do ponto de vista académico. ao nível individual irá me fornecer subsídios para a percepção do impacto das crenças, valores sociais na construção da realidade quotidiana e a forma como se relaciona a questão social com a politica. Ao nível social, espero que seja um contributo para a percepção da realidade social como algo construído pelos mesmos actores sociais (no caso dos seres humanos), mas também da relação que se pode estabelecer (duma forma teórica), entre competência social e competência politica.

8.0. Conceitualização

8.1 Política “É o processo social através do qual o poder colectivo é gerado, organizado, distribuído e usado nos sistemas sociais1”. a politica se refere a todas as modalidades de relacionamento, o que quer dizer, não se limita a entidade normativa e jurídica como o Estado. Muito embora que esse conceito e termo tenha muita aplicabilidade no Estado, ele não se esgota a esta realidade. Mas ela deve-se a essa entidade, pelo simples facto de ser o mesmo Estado, a entidade que possui o poder legal e normativo instituído, sobre uma dada sociedade. Razão pelo qual que a politica é gerada num processo colectivo, ou 1

Johnson, Allan G. (1997) Dicionário de Sociología. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, P.28

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seja, num processo relacional. Para o nosso trabalho, vamos ver a politica como algo ligado ao exercício do poder numa sociedade.

8.2. Competência De acordo com Dicionário Universal da Língua Portuguesa (versão em CD – ROM), competência se refere a capacidade de realizar algo correctamente. refere-se a aptidão sobre algo. Desta forma um individuo seria competente, a partir do momento em que reunisse uma aptidão ou habilidade que lhe garantisse o exercício de uma determinada actividade.

8.3. O Social O social2 não se deixa definir objectivamente. O social é tudo que se relaciona com os sistemas sociais. O social se refere ao afectivo. Refere-se ao afecto, a proximidade, ao que é perceptível por todos indivíduos duma colectividade quer seja por meio dos seus códigos, a linguagem, enfim à toda simbologia que rodeia os seres. Nesta perspectiva quero remeter o termo social como algo ligado aos humanos cuja as suas acções e relações são estabelecidas reciprocamente.

9.0. Tipologia de Autoridade em Weber Vou colocar Weber numa posição privilegiada para explicar este trabalho pela sua abordagem genial em relação aos tipos de autoridade. Isto porque ele define de forma sequencial e em desenvolvimento os conceitos de Poder, Autoridade e posteriormente os tipos de autoridade articulando com os conceitos atrás mencionados.

Existe um distinção entre autoridade e poder na lógica weberiana. Em Weber (1991:33) o poder consiste na “(...) probabilidade de um actor impor a sua própria vontade, dentro de uma relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa 2

Johnson, Allan G. (1997) Dicionário de Sociología. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, P.43

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probabilidade”. quer dizer o poder não é negocial até certo ponto, mas ele é uma imposição unidireccional. Mas o autor, ao referir que o conceito de poder, sociologicamente não é tão sólido ou cristalizado sob o ponto de vista de consistência. Admite a imprecisão deste conceito e sugere a existência de diferentes bases possíveis desse mesmo poder, na medida em que, tanto as qualidades de uma pessoa, como as circunstancias em que eventualmente se encontre, a podem colocar (...) em posição de impor a sua vontade (...)” (idem). Weber (1991:139) propõem então o conceito que designa por dominação ou autoridade significando a “probabilidade de encontrar obediência para ordens especificas (ou todas) dentro de um determinado grupo de pessoas” deste modo, o poder tanto pode reforçar como pode condicionar a autoridade, sendo a autoridade entendida não como algo oposto ao poder, mas como uma forma especial deste.

Neste ponto de vista Weber (1991: 141-142), ao estudar os processos que norteiam a legitimação e aceitação social de determinadas relações de poder e que conduzem a subordinação e obediência social, mostra que o reconhecimento da legitimidade pelos subordinados é o principal sustento da dominação ou autoridade. dai propor a tipologia da autoridade assente em três tipos de autoridade: tradicional, carismática e legal ou burocrática.

A autoridade tradicional está ligada e assente no reconhecimento do status social dos chefes e demais membros da comunidade, cuja autoridade é tradicionalmente reconhecida. A fonte de autoridade reside nos valores culturais do grupo e a obediência não é devida a pessoa em si, mas ao papel que esta desempenha no grupo e que lhe confere direitos sobre os seus subordinados.

A autoridade carismática baseia-se no carisma, ou seja, nas qualidades excepcionais do indivíduo. A obediência é prestada à pessoa cujos comportamentos e qualidades são reconhecidas e aceites como modelos comportamentais e permitem reconhecer que essa pessoa tem capacidade para nos orientar a acção.

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Por último, a autoridade legal ou “autoridade racional legal”, fundamenta-se, por um lado, na lógica das regras e na posição que cada actor detêm na estrutura da organização e, por outro lado, no seu reconhecimento, e está, portanto, ligada à educação em sentido lato. A fonte de autoridade é a lei, ou seja, como refere o Weber (1991: 144), “o que é estabelecido é a lei”. A obediência está subordinada a uma ordem impessoal. esta impessoalidade constitui, pois, uma consequência social do controlo normativo burocrático.

10. Sociedade como realidade objectiva (Berger & Luckumann) De acordo com Berger & Luckumann (2004: 72), “a sociedade é uma realidade objectiva”. Quer dizer que a sociedade existe e é possível de observar pelos elementos, manifestações ou características presentes nela. Esta objectividade da sociedade deriva do facto de existir duas componentes no processo de interacção social entre os humanos: A institucionalização e a legitimação.

Na institucionalização as acções dos homens por serem frequentemente repetidas e transmitidas ao longo de gerações, por meio de socializações diferenciadas, elas ganham corpo e consistência, tendo ao longo das várias gerações transmitidas nos modelos pelos quais os actores sociais aprenderam. Mas estas pocessualidade das acções, elas passam a exercer um controlo social sobre os mesmos actores, tudo por forma que sejam reproduzidas nos mesmos termos apreendidos. Isto mostra que, ao longo do tempo elas apresentam-se como produto fora da criação dos homens. Portanto, a sua legitimação se realiza a partir do momento em que se encara como normalidade e aceite por todos e sujeitos a controlo social específico.

A legitimação das acções dos homens passa fundamentalmente pela aceitação normal das tais práticas sociais. De acordo com Berger & Luckumann (2004: 102):

“ A legitimação ‘explica’ a ordem institucional atribuindo validade cognitiva aos seus significados objectivados. A legitimação justifica

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a ordem institucional dando dignidade aos seu imperativos práticos.” Quer dizer, os valores aceites socialmente, são justificados com fundamento básico no qual o criaram ou o inspiraram.

11. Competência e representação política (Pierre Bourdieu) Em Bourdieu (1989: 169), a competência politica reside em parte no habitus3 politico ou do politico, o que:

“(...) supõe uma preparação especial. É em primeiro lugar, toda a aprendizagem necessária para adquirir o corpus de saberes específicos

(teorias,

problemáticas,

conceitos,

tradições

históricas, dados económicos, etc.) (...)”

Desse modo, a competência politica passa em primeiro lugar por desempenhar fielmente as expectativas depositas na figura do politico. Mas este político, deve antes passar por um processo de socialização e de interiorização das práticas política. É aqui onde na visão de Bourdieu (1989: 195) a figura do líder aparece. O líder é a entidade que aparece e possui capacidade de convencer as massas em nome de um grupo especifico. O líder aparece em representação do grupo. Este líder deve ser capaz (e supõe-se) ser um detentor do capital cultura4l para possuir uma competência social.

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Parafraseando, em Bourdieu, habitus significa um conjunto de disposições sociais presentes num indivíduo e que derivam fundamentralmente do processo se socialização, na qual o indivíduo interioriza vários aspectos da vida social nas sua vivencias, constituindo desse modo a sua personalidade. O habitus difere de hábito. O primeiro é uma sensibilidade presente na sua personalidade, ao passo que o segundo refere-se as práticas rotineiras ou continuas. 4 Capital cultural refere-se a toda simbologia dominante numa determinada sociedade existente (linguagem,regras, normas e valores sociais).

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12. Discussão da relação entre competência social e competência política De acordo com a tipologia da autoridade apresentadas por Weber (1991: 141-142), a autoridade carismática e tradicional responde melhor ao nosso tema, excluindo desse modo a autoridade legal.

Desse modo, posso afirmar que há concordância entre competência social com a competência politica. Se por um lado, a autoridade tradicional a sua fonte de poder e dominação sobre os outros reside nos valores sociais tradicionalmente aceites e tidos como honra, ele quando presente num membro de uma colectividade, constitui o aspecto fundamental para que este individuo possa ter competência politica no grupo. Isto porque esta figura é até certo ponto uma identidade dessa colectividade. Por outro lado, se a autoridade carismática, o seu poder sobre os restantes funda-se nas qualidades excepcionais, no carisma ou admiração diante dos outros, isto mostra que este individuo possui competência social porque será aceite por todos por suas qualidades excepcionais e consecutivamente contribuirá para a competência politica. Isto porque, para Bourdieu (1989: 195) ele irá agir em nome da colectividade na qualidade de líder. A competência social em Weber (idem) reside na posse de valores sociais dignificantes numa colectividade (autoridade tradicional) e na posse de qualidades supra-humana (autoridade carismática). Estas qualidades ou posses socialmente válidas irão

proporcionar

competência politica porque tal competência em Bourdieu (idem) assenta na socialização sobre aspectos ligados a politica. Por outra, se socialmente um individuo é vulgarmente aceite como referência num grupo social, isto mostra que possui competência social. mas por outro, se a sua aceitabilidade no grupo mostra tal competência social, há fortes possibilidades de este individuo possuir competência politica dentro do grupo no qual faz parte.

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Mas é preciso notar, que as autoridades tradicional e carismática ao contribuírem para uma competência social e consequentemente à competência politica, elas não passam de um processo de representação social da realidade. quer dizer, de acordo com Berger & Luckumann (2004: 72), os elementos de um grupo social instituem aspectos socialmente valorativos e que são institucionalizados, passando as pessoas a objectivar a competência social na base desses valores instituídos. Podemos exemplificar na base das monarquia europeias ( sem tirar mérito as monarquias africanas). Todo sucessor do trono duma monarquia na Europa, em sua personalidade reside uns carismas, valores sociais prestigiantes e na base disso a sua sociedade olha para os príncipes com uma certa admiração e veneração. Nesse caso, eles possuem um capital cultural, carisma e um poder tradicional sobre a sua sociedade. Toda esta veneração e admiração constituem para Berger & Luckumann (idem) uma construção social da realidade, uma concepção que as pessoas foram construindo as imagens dos monarcas ao longo dos tempos. Portanto elas objectivam a monarquia e os monarcas na base dessa valoração. Caso contrario as expectativas fracassem, reside a desilusão nos mesmos.

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12. Conclusão Em jeito de conclusão afirmo que. existe relação entre competência social e competência politica. Mas muito pouco a competência politica pode contribuir para a competência social. Isto porque o bom politico numa sociedade pode não ostentar uma certa aceitação social. Mas isso não retira a possibilidade de um bom politico vir a ser competente socialmente. A relação entre o merecimento social com o merecimento político, reside numa base social de credibilidade, ou seja, é no seio dos valores, regras sociais, carisma presentes num individuo que o farão com muita probabilidade, um dirigente dos destinos do grupo social na qual faz parte. A delegação desse poder, é feita na base de competência social (exemplo das monarquias europeias). A competência politica é consequência da competência social. Em Bourdieu (1989: 169), o habitus irá cristalizar o exercício da actividade politica do individuo na sociedade da qual faz parte. Portanto, há relação entre competência social e competência politica, ou seja a competência politica encaixa-se em parte na competência social.

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13. Bibliografia 

Berger, Peter L. & Luckumann, Thomas (2004). A Construção Social Da Realidade. Lisboa: 2ª ed., Dinalivro, 207 págs



Bourdieu, Pierre 1989). O Poder Simbolico. Lisboa: Dipel, 314 págs., (163-202);



Dicionário Universal da Lingua Portuguesa (2007). Versão em CD – ROM: Lisboa, Porto Editora;



Johnson, Allan. G. (1997) Dicionário de Sociología. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 300 págs;



Weber, Max. (1991). Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 347 págs;



A indiscilina e o poder na organização escolar disponível em http://www.cffrancisco-holanda.rcts.pt/public/elo9/elo9_26.htm, Acessado em 4/4/08

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