Relações de Gênero no Ensino Fundamental e Médio: Abordagens Iniciais

June 1, 2017 | Autor: Cíntia Tortato | Categoria: Estudios de Género, Formação de professores e prática pedagógica, Gênero
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Relações de Gênero no Ensino Fundamental e Médio: Abordagens Iniciais 1

Cíntia de Souza Batista Tortato 2 Lindamir Salete Casagrande Marília Gomes de Carvalho

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Resumo O objetivo deste artigo é apresentar os resultados de um curso de capacitação que visou sensibilizar professoras e professores sobre a necessidade de buscar a equidade de gênero e o respeito à diversidade sexual no ambiente escolar. O curso uniu pesquisa e extensão, uma vez que, juntamente com as aulas ministradas, houve coleta de dados através de observação participante e trabalhos escritos pelos alunos e alunas que foram interpretados à luz das teorias de gênero. Este curso foi ofertado aos profissionais da rede estadual, municipal e particular de ensino de Curitiba e Região Metropolitana, do Ensino Fundamental e Médio. Foi utilizado o método participativo que possibilitou às/aos participantes a reflexão sobre temas como, práticas docentes, representações de gênero nos livros didáticos, o uso de reportagens de jornais, revistas e internet para a discussão de gênero e sexualidade, buscando a construção de concepções de gênero mais igualitárias. Com este método foi possível a produção conjunta de conhecimentos sobre os problemas que as profissionais da educação encontram em sua prática escolar, como conseqüência de preconceitos e discriminações de gênero. Como resultado pode-se perceber, por meio de depoimentos e do trabalho final, que algumas ações estão sendo realizadas nas escolas, porém de forma isolada. As/os participantes declararam que passaram a visualizar situações de preconceito e discriminações em seu cotidiano. Ressaltaram ainda que para abordar esta temática precisem superar suas limitações por meio de maior capacitação, bem como os empecilhos colocados pela comunidade que vão desde a falta de apoio da direção até a preocupação dos pais quando se fala em abordar a questão da sexualidade com os estudantes. O curso despertou o interesse das professoras e professores e mostrou a necessidade e importância de se propiciar discussões como essas aos docentes de todas as disciplinas e de todos os níveis de ensino.

Palavras-chave: Relações de Gênero; Diversidade Sexual; Educação.

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Mestre em Tecnologia pelo Programa de Pós-Graduação em Tecnologia – PPGTE da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Especialista em Educação, Tecnologia e Sociedade pela UTFPR e em Psicopedagogia pela PUC-PR. Graduada em Pedagogia pela UFPR e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia – GeTec da UTFPR. E-mail [email protected]

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Doutoranda em Tecnologia pelo PPGTE da UTFPR. Pesquisadora do GeTec, coordenadora editorial dos cadernos de gênero e Tecnologia. E-mail: [email protected]. 3 Doutora em Antropologia Social . Professora do PPGTE/UTFPR e coordenadora e pesquisadora do GeTec. E-mail: [email protected]

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Introdução Diante da importância de refletir sobre as questões de gênero no ambiente escolar, uma vez que, na escola encontra-se uma multiplicidade de indivíduos com experiências de vida, sonhos e realidades específicas e, compreender, aceitar e saber como lidar com esta diversidade é fundamental para quem busca uma sociedade mais justa e sem preconceitos e discriminações, o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia – GeTec, do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia – PPGTE da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR realizou o curso “Construindo a igualdade na escola: Repensando conceitos e preconceitos de gênero”. Este artigo aborda parte dos resultados de uma pesquisa realizada a partir deste curso cujos objetivos foram: •

Refletir sobre as questões de gênero e diversidade sexual na sociedade em geral e na escola em particular, a fim de promover uma educação democrática e inclusiva, sem preconceitos nem discriminações.

• •

Lidar com as questões de gênero e diversidade sexual na escola de forma a desconstruir padrões estereotipados que geram exclusão social. Contribuir na promoção da equidade de gênero, da diversidade sexual e no enfrentamento, no interior da instituição escolar, ao sexismo e homofobia, bem como promover a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos de jovens e adolescentes.

O curso foi financiado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SECAD do Ministério da Educação – MEC. As aulas foram ministradas por pesquisadores do GeTec e atendeu 381 professores (313 mulheres e 68 homens) das redes municipal e estadual que atuam em Curitiba e Região metropolitana. Com carga horária total de 60 horas/aula, foram ofertados quatro módulos, o primeiro módulo com 10 horas/aula abordou uma breve trajetória histórica do conceito de gênero, o segundo, com 10 horas/aula, tratou das questões de gênero e diversidade sexual no ambiente escolar, incluindo práticas pedagógicas, material didático, espaço escolar e currículo explícito e oculto. No terceiro módulo, com 10 horas/aula refletiu-se sobre gênero, ciência, tecnologia e mídia abordando gênero e diversidade sexual na produção científica, na produção e uso de tecnologias, estereótipos de gênero e escolha profissional e gênero e diversidade sexual e mídia (cinema, imprensa escrita, internet e outros. No quarto módulo com 10 horas/aula as reflexões foram sobre equidade de gênero e enfrentamento ao sexismo e homofobia, considerando questões sobre direitos sexuais e reprodutivos, políticas públicas de gestão e ações de instituições governamentais e não-governamentais para o combate ao sexismo, homofobia e defesa dos direitos produtivos e reprodutivos. Como etapa final, com carga horária de 20 horas/aula, foi proposta aos participantes à elaboração um trabalho no qual se apresentava questões consideradas importantes abordadas durante os módulos e que foram revisitadas e reelaboradas em forma de produção escrita e de propostas práticas voltadas para o alcance dos objetivos do curso nas suas práticas cotidianas. Entre os (as) participantes do curso estavam professora (e)s dos vários níveis de ensino e das várias áreas do conhecimento, estudantes de Pedagogia, Serviço Social, Educação Física, História,

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Letras, bibliotecária, agente de apoio, pedagogas, diretor(es)as de escola, outros profissionais ligados à educação regular e profissional e representantes do sindicato de professores do Paraná, dentre outros. Para a elaboração deste artigo tomou-se por base as informações relativas ao módulo 2 do referido curso que teve por objetivo debater sobre as questões de gênero que se manifestam no 4

ambiente escolar, buscando sensibilizar as participantes sobre a importância de tal reflexão para a construção de uma educação democrática e igualitária, visando a redução das desigualdades sociais e provocar indagações e inquietações nas participantes levando-as à reflexão sobre as representações de gênero e suas relações na educação. Buscou-se também refletir sobre a necessidade de se desenvolver a cultura do respeito à diversidade sexual no espaço escolar ou fora dele. Entende-se que o gênero é social e culturalmente construído nas relações interpessoais e na interação das pessoas com o contexto no qual estão inseridas (COSTA, 1994). Estabelece relação de poder entre indivíduos do mesmo gênero ou de gêneros distintos (SCOTT, 1995) além de estar “relacionado fundamentalmente aos significados que são atribuídos ao ser mulher ou ao ser homem em diferentes sociedades e épocas” (FELIPE e GUIZZO, 2003, p. 121). Assim, não é um conceito fixo, tampouco unânime, está em constante mutação de acordo com as regras de convívio social de cada cultura. Foi ressaltada a importância dos atores sociais bem como das ferramentas utilizadas por estes com o intuito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem para a construção e/ou manutenção das relações e representações estereotipadas de gênero.

O que se percebe nas escolas Uma questão que logo se destaca nos trabalhos desenvolvidos com profissionais da educação acerca das questões de gênero, diversidade sexual, preconceitos e todas as relações que resultam dessas abordagens, é que a maioria dos profissionais consegue identificar situações extremas que foram sendo invisibilizadas no cotidiano da escola. Alguns exemplos citados pelos participantes do curso em 5

seus trabalhos de conclusão do curso : “Aluno filho de mãe homossexual, também bastante discriminado, pela situação da mão foi até transferido, pois o mesmo não conseguiu suportar a discriminação tanto por parte dos colegas de sala e também por alguns professores (...)” “Durante uma discussão entre dois alunos, uma deles quis insultar o outro usando o termo “viado”. Quando propus uma discussão sobre a situação, alguns dos alunos me informaram que a professora x já havia os informado que homossexualidade não é normal, que Deus criou Adão e Eva, ou seja, o certo é ser heterossexual.” “(...) por volta de 1998, quando trabalhava numa escola pública estadual que, por questões de ética profissional, não será citado, onde a direção da escola negou aulas, mesmo tendo-as disponíveis, a um professor pó ele ser homossexual.” “(...) quando a professora chamou o aluno de “ranhento” vá limpar o nariz, “nojento”, não brinque com “aquela neguinha”.” “certa vez em uma sala de aula, de uma turma de quinta série um aluno estava chorando porque estava com problemas em casa, mas os coleguinhas não sabiam o porquê, nem mesmo eu até me 4

Neste artigo optamos por usar, na maior parte das vezes o feminino, pois, conforme mostra os números relativos aos participantes, a maioria eram mulheres. 5 Depoimentos citados literalmente.

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aproximar e perguntar o que estava acontecendo, e uma aluna, virou-se para ele e disse para não chorar, porque chorar é coisa de mulher.” “Na sala de aula, há uma idéia de que, em geral, os meninos são melhores em matemática e física, áreas que exigem o raciocínio. Estudos apontam que tal habilidade dos meninos se deve pelo fato de que eles são estimulados desde crianças, quando ganham jogos de estratégias, vídeo-game e enquanto as meninas brincam de boneca. „Eu acho lógico, meus jogos favoritos eram war, detetive e super-nintendo‟.” “(...) o preconceito e a discriminação de gênero também são facilmente identificados no ambiente escolar: meninas recebem bola de vôlei e meninos de futebol, na semana cultural as meninas são colocadas em oficinas de artesanato e os meninos em oficinas de jogos eletrônicos, a maioria dos professores pede para que os alunos retirem os objetos (...)” “(...) um aluno do ensino médio que era taxado pelos colegas de colégio todo de “Biba” onde ele passava o chamavam assim. Com o passar do tempo ele foi ficando muito chateado, decepcionado, com baixa auto-estima e infelizmente ele não agüentou e abandonou os estudos. (...)” “Vivenciamos alguns casos, mas, um em especial chocou toda a comunidade escolar. A aluna tinha 17 anos, com dificuldade de relacionamento familiar em função da sua orientação sexual. A orientação educacional da escola a acompanhava. Esta recebia atendimento psicológico e psiquiátrico indicado pela equipe multidisciplinar. Mas, infelizmente aconteceu uma fatalidade quando soubemos do seu suicídio em sua própria residência, após ter comparecido em um evento organizado pela escola.” “Outra situação considerada como preconceito discriminação de gênero, aconteceu com um aluno homossexual, que veste-se com roupas femininas, agindo de maneira efeminada, foi remanejado para o período noturno, após sofrer todo o tipo de discriminação, tanto por parte dos professores, como dos colegas, sendo tratado muitas vezes como uma aberração da natureza.” “Em salas de aulas ocorre preconceitos e exclusão quando é para reunirem em grupos. Aqueles alunos com dificuldades de aprendizagem, alunos que demonstram fragilidades emocionais e físicas, meninos delicados.” “(...) um professor de Ed. Física que chamou um aluno de quinta série de gay por ele ter um comportamento diferente dos demais alunos e o caso foi simplesmente abafado pela diretora para que não houvesse confusão envolvendo a escola. (...)” “Certa vez um adolescente logo no início do ano, quando percebeu que peguei a lista de presença para chamar os alunos pelo nome, o adolescente rapidamente se levantou, veio até mim e pediu para que eu não o chamasse pelo nome que estava na lista para que eu aguardasse e depois ele iria dizer por qual nome ele queria ser chamado. Quando observei melhor percebi que se tratava de um menino vestido com trajes femininos e maquiado.”

Gênero e educação A busca por uma sociedade mais democrática e justa deve ser um dos objetivos dos atores sociais que trabalham na escola (professores, professoras, alunos, alunas, supervisores, supervisoras, diretores, diretoras, enfim, profissionais da educação), para que sejam formados cidadãs e cidadãos que respeitem a diversidade cultural, os valores, as crenças, bem como os comportamentos relacionados à sexualidade. Conseqüência das lutas históricas do movimento feminista, políticas públicas relacionadas à inserção da perspectiva de gênero na educação começaram a surgir nos documentos legais a partir da Constituição de 1988 e depois com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (1998). Essas políticas representaram um avanço, porém, segundo Vianna e Unbehaun (2006, p. 407): embora esses documentos constituam importantes instrumentos de referência para a construção de políticas públicas de educação no Brasil, a partir da ótica de gênero, contribuindo com a formação e com a atuação de professoras e professores, essas políticas não são devidamente efetivadas pelo Estado.

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Entre as questões levantadas pelas autoras em sua análise de documentos de políticas públicas no Brasil, está o questionamento acerca da sistematização e aprofundamento das questões que compõe a perspectiva de gênero e outras, como as de classe/etnia, orientação sexual e geração, num trabalho constante e permanente junto aos educadores e ao currículo. Neste espaço é que entra esse curso, pois, para uma efetiva inclusão de questões voltadas para o combate às desigualdades sociais, ações como o curso que está sendo comentado neste trabalho deveriam multiplicar-se tantas vezes quantas fossem necessárias. Desse modo, trabalhar conceitos, noções, construções e 6

desconstruções leva tempo e demanda um esforço conjunto, não basta constar nas orientações ou legislações, é preciso aproximar a escola e todos que participam dela às contribuições dos especialistas e suas construções teóricas. Para AUAD (2006, p. 86): a escola, para que haja aprendizado, interfere nas hipóteses das crianças sobre os conhecimentos matemáticos, científicos e lingüísticos. Da mesma maneira, há de se intervir nos conhecimentos relativos às relações de gênero, às relações étnico-raciais, geracionais e de classe, para que as discriminações e desigualdades acabem.

E ainda mais, é preciso extrapolar os limites da sala de aula e envolver todos que fazem parte da escola, pois “cada espaço da instituição - as salas de aula, a sala de professores, a cozinha, o saguão, o corredor ou o pátio – tem características comuns e, também, particularidades que lhe são 7

próprias, configurando sua própria cultura” (STIGGER e WENETZ, 2006, p. 73) . Em todos estes espaços podem ocorrem manifestações de preconceito, discriminação e violência de gênero, merecendo desta forma a atenção dos profissionais que atuam na escola. A abordagem do conceito de gênero procurou proporcionar o entendimento da construção social e histórica que se fez em torno dos sexos e das desigualdades que decorreram dessa construção, enfatizando o aspecto relacional e social do conceito e considerando o “gênero como constituinte da identidade dos sujeitos” (LOURO, 1997). Louro apoiou-se em Meyer (2003, p. 16), que contextualiza o conceito de gênero fundamentado numa abordagem feminista pós-estruturalista, com base em Michel Foucault e Jacques Derrida, considerando o corpo “como um construto sociocultural e linguístico, produto e efeito de relações de poder”. Houve uma grande preocupação em trabalhar a idéia de que tanto as questões de gênero como as de sexualidade são social, cultural e historicamente construídas e, portanto, podem ser transformadas e modificadas.

A abordagem metodológica Utilizando o método participativo foi possível às/aos participantes a reflexão sobre temas como, práticas docentes, representações de gênero nos livros didáticos, o uso de literatura infantil, reportagens de jornais, revistas e internet para a discussão de gênero e sexualidade, dentre outros, buscando a construção de concepções de gênero mais igualitárias. Com este método foi feita a 6

Louro (1997, p. 30) situa a idéia da desconstrução referindo-se à historiadora Joan Scott que coloca “a idéia de que é preciso desconstruir o caráter permanente da oposição binária masculino-feminino”, reforçando que essa oposição também “é construída e não inerente e fixa”. E ainda, em Louro (2004, p.42) “Desconstruir um discurso implicaria minar, escavar, perturbar e subverter os termos que afirma e sobre os quais o próprio discurso se afirma.” 7 Pesquisa realizada visando estudar as relações de gênero que se manifestam no momento do recreio escolar.

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produção conjunta de conhecimentos sobre os problemas que as profissionais da educação encontram em sua prática escolar, como conseqüência de preconceitos e discriminações de gênero. Os temas gênero e diversidade sexual têm sido abordados em cursos de sensibilização de professores por meio de diversas estratégias que são semelhantes àquelas que eles próprios utilizam em suas práticas pedagógicas. A idéia consiste em não só oferecer o acesso ao conhecimento, mas também o acesso às várias formas de trabalhar esse conhecimento. Entre as estratégias utilizadas estão: leitura de livros de literatura infantil cuja temática facilite a abordagem tanto de gênero como de diversidade sexual com os discentes; slides contendo pinceladas de teoria que vão sendo explicitadas ao longo das apresentações; leitura de textos e imagens retirados de livros didáticos na intenção de aguçar a percepção quanto à sutileza da linguagem estereotipada e preconceituosa; apresentação de reportagens que podem ser utilizadas para o debate das desigualdades de gênero em diversas situações da sociedade retiradas da internet; apresentação de música onde a letra contenha questões a serem postas à reflexão do grupo; a apresentação de piadas e situações constrangedoras comuns nos ambientes escolares; e uso do vídeo “Boneca na mochila” que serviu de subsídio para discussão posterior. Estas atividades serão abordadas mais detalhadamente na sequência deste artigo.

A abordagem de gênero por meio da literatura infantil A literatura infantil compreende um universo de simbolizações e significações que se situam numa posição privilegiada de comunicação com a criança, sua linguagem, ilustrações e formatos têm sido pensados e testados para esse fim entendendo que, a partir da centralidade que a criança assumiu na cultura contemporânea, ela também se constituiu em um grande mercado consumidor (FELIPE, 1999, 2000, 2003; GOUVÊA, 2005; ZILBERMAN e LAJOLO, 1991; ZILBERMAN, 2003).Os setores acadêmicos ligados à crítica da literatura infantil como recurso pedagógico ressaltam que o uso de livros e histórias infantis como pretexto para abordar questões pedagógicas compromete o caráter artístico dessa modalidade de literatura (SILVEIRA, 2003). Para alguns autores a literatura pertence ao campo do lúdico e da emoção e sua subordinação ao discurso científico-pedagógico pode até aniquilá-la (BURGARELLI, 2005). No entanto, a criação e consolidação da literatura infantil estão historicamente ligadas a questões de cunho pedagógico. Gouvêa (2005, p.81), fazendo um resgate da construção histórica da literatura infantil, coloca: De maneira característica, a literatura infantil definiu-se historicamente pela formulação e transmissão de visões de mundo, assim como modelo de gostos, ações, comportamentos a serem reproduzidos pelo leitor. Construiu-se a concepção de um texto literário em que o caráter pedagógico fez-se especialmente presente. Ao mesmo tempo, à menoridade da infância associou-se a menoridade da produção literária, no interior desse campo cultural.

Sabe-se hoje, que a literatura infantil tem uma trajetória histórica vinculada ao contexto social em que surgiu e se consolidou e que, a partir daí conquistou um espaço próprio e importante como um gênero literário. Salientamos que neste trabalho não estamos reduzindo a função da literatura infantil a um recurso pedagógico, mas estamos nos valendo de um universo onde as questões principais

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desse trabalho: as questões de gênero e da diversidade sexual possam ser abordadas com as crianças de forma lúdica e sem modelos definidos.

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Como afirma Zilberman (2003, p. 12):

O fato de a literatura infantil não ser subsidiária da escola e do ensino não quer dizer que, como medida de precaução, ela deva ser afastada da sala de aula. Como agente de conhecimento porque propicia o questionamento dos valores em circulação na sociedade, seu emprego em aula ou em qualquer outro cenário desencadeia o alargamento dos horizontes cognitivos do leitor, o que justifica e demanda seu consumo escolar.

Silveira (2003) destaca a idéia de que mesmo sem finalidade explícita de ensinar os livros infantis carregam uma ideologia implícita com estruturas sociais assumidas e valores. Silveira e Santos (2006, p.1), complementam: Assim, mesmo a literatura infantil produzida nos anos mais recentes que se pretende “emancipatória”, ou “não pedagogizante”, “não moralizante”, não foge à contingência de carregar consigo representações de mundo, consciente ou inconscientemente nela plasmadas pelo autor, assim como não pode sofisticar demais seus recursos, sob pena de ser rejeitada pelo leitor infantil.

Em muitos casos, porém, está explícita a intenção de problematizar e oferecer possibilidades de leituras de mundo para as crianças de forma a questionar os padrões hegemônicos.

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A literatura

infantil também está relacionada ao desenvolvimento da linguagem, através da ludicidade, da linguagem simbólica, da linguagem imagética, da linguagem verbal, a criança entra em contato com uma série de estímulos que vão auxiliá-la em seus processos de aprendizagem e em sua formação como um todo (CANDIDO, 2003).

As representações e linguagem nos livros didáticos Os livros didáticos constituem um importante material de apoio aos professores e professoras bem como aos alunos e alunas. Muitas vezes, esses são os únicos livros aos quais docentes e discente têm acesso. Silva (2000, p. 140) argumenta que, “por causa da ausência de outros materiais que orientem os professores quanto à „o que ensinar

e „como ensinar , e também em decorrência da

falta de acesso do aluno a outras fontes de estudo e pesquisa”, os livros assumem um papel significativo no dia-a-dia escolar. Passam, dessa forma, a ser o único material de apoio às atividades de ensino e aprendizagem. O Ministério da Educação - MEC tem empreendido esforços para que o livro didático “passe a ser entendido como instrumento auxiliar, e não mais a principal e única ferramenta” (SILVA, 2000, p. 140) de apoio as atividades de ensino e aprendizagem. Porém, não se pode esquecer que em algumas regiões do Brasil o acesso a outros meios e materiais é extremamente difícil, quer pela localização geográfica da escola, quer pelas condições financeiras da população local. Por esse motivo, o que está contido nos livros didáticos assume, muitas vezes, o status de verdade absoluta, imutável e inquestionável. Entretanto, uma análise mais apurada de alguns livros que são distribuídos para as escolas brasileiras permite que se perceba que muitos desses trazem, em suas imagens e textos, estereótipos e preconceitos de gênero, classe, etnia, raça, dentre outros. Isso pode ser 8

A escolha dos livros privilegiou aqueles em que a normatização através de representações das relações de gênero e da sexualidade é subvertida de alguma forma. Para Sefon (2006, p. 1): Os livros são importantes artefatos culturais e, no Brasil, desde 1980, vêm reforçando seu lugar junto a crianças, professores/as e familiares, como veiculador pedagógico, que ensina, dentre outros aspectos, o „certo e o errado , o „bom e o mau , os modos de ser „menino e menina , de ser „pai e mãe . 9

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constatado não só pelo que encontramos nesses livros, mas também pelas ausências. O silêncio fala, e precisamos saber ouvi-lo. Questionar as representações estereotipadas ali encontradas não significa negar a qualidade dos livros que estão no mercado nem tampouco a importância que eles assumem no cotidiano escolar. Significa alertar para a necessidade de se manter um olhar crítico e, quando for necessário, questionar as representações que podem transmitir preconceito e gerar discriminações quando essas adquirem valor de “verdade”. Moreno, argumenta que os livros ensinam mais do que os conteúdos aos quais eles são destinados. Segundos a autora os livros de linguagem não ensinam só a ler, assim como não é o domínio do idioma a única coisa que cultivam, mas sim todo um código de símbolos sociais que comportam uma ideologia sexista, não explícita, mas incrivelmente mais eficaz do que fosse expressa em forma de decálogo. Meninas e meninos tendem de maneira irresistível a seguir a modelos propostos, principalmente quando lhes são oferecidos como inquestionáveis e tão evidentes que nem sequer necessitam ser formulados (1999, p. 43).

Cabendo aos professores estarem atentos para formar estudantes críticos que sejam capaz de questionar as representações que os livros trazem. Em pesquisa realizada para a dissertação de mestrado, Casagrande (2005) constatou que os livros didáticos de Matemática representam homens e mulheres de forma estereotipadas. Homens e mulheres são apresentados em situações diferenciadas como se vivessem em mundos separados com pouca interação entre sujeitos de gêneros distintos. No geral, as atividades representadas desenvolvidas pelas meninas são menos dinâmicas do que as desenvolvidas por meninos, o que contribui para a construção da imagem de que as meninas são mais passivas e organizadas, e os meninos, mais agitados e criativos. Segundo Auad (2003), esse fato corresponde às expectativas de professores e professoras. Essa representação corrobora ainda o argumento de Cavalcanti (2003), quando ela argumenta que a escola contribui para a construção de uma visão dicotomizada de gênero, em que as meninas e mulheres possuem determinadas características, e meninos e homens, outras distintas. Para este curso, buscou-se imagens e textos em livros didáticos de diversas disciplinas. As representações encontradas nestes livros se assemelham as que Casagrande (2005) encontrou nos livros de Matemática. Esse tipo de representação é encontrado em livros de diversas disciplinas como Ciências, Geografia e Língua Portuguesa. Porém, as mesmas imagens que podem transmitir estereótipos e preconceitos podem também servir como ponto de partida para o debate de seus significados, implícitos e explícitos, em sala de aula. Para que isso ocorra, há a necessidade de que professores e professoras percebam que a manutenção e reprodução de situações que podem culminar em discriminações de gênero, classe, raça e etnia se constitui em um problema. Somente quando identificarmos uma situação como problemática, poderemos tomar atitudes e desenvolver ações para transformá-la. Essa transformação, geralmente, é difícil e lenta, entretanto, necessária. A projeção das ilustrações teve como objetivo refletir como essas imagens podem contribuir para a construção e manutenção dos estereótipos de gênero e, juntamente com outras mídias como a televisão, cooperar para a construção das identidades dos jovens e adolescentes. Muitas

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participantes faziam leituras interessantes das imagens, em alguns casos as análises traziam ingredientes que nós, enquanto pesquisadoras, não tínhamos percebido. As ilustrações contribuíram para que as participantes olhassem para os conteúdos dos livros didáticos de forma crítica, identificando os conceitos e preconceitos de gênero presentes neles. O olhar crítico possibilitará o desenvolvimento de uma educação mais igualitária.

A internet A internet vem se constituindo num importante instrumento de acesso e disseminação da informação e do conhecimento. Nem tudo o que se encontra na rede deve ser considerada como verdadeira, entretanto depois de uma criteriosa seleção, muitas reportagens disponíveis na internet podem ser utilizadas em sala de aula como apoio ao ensino. O uso da internet pode ampliar as possibilidades e interações no contexto escolar: Os trabalhos de pesquisa podem ser compartilhados por outros alunos e divulgados instantaneamente na rede para quem quiser. Alunos e professores encontram inúmeras bibliotecas eletrônicas, revistas on-line, textos, imagens e sons, que facilitam a tarefa de preparar as aulas, fazer trabalhos de pesquisa e ter materiais atraentes para apresentação (MORAN, 1995, p. 5).

Outra ferramenta que pode ser utilizada como apoio ao ensino e aprendizagem e a criação de blogs que podem se constituir em um espaço de construção de conhecimentos, um recurso pedagógico interativo e inovador, desde que seja utilizado de forma crítica. Durante o curso, foram apresentadas algumas reportagens sobre gravidez na adolescência, violência contra homossexuais, violência no transito e violência doméstica contra as mulheres e crianças como exemplos de reportagens que podem ser utilizadas para abordar as questões de gênero, diversidade sexual e violência de gênero com alunos de diversos níveis de ensino. Este tipo de reportagem pode ser utilizado em diversas disciplinas como Matemática na qual pode ser discutido os números apresentados nestas reportagens, formulando problemas com estes números; Língua Portuguesa com a construção de textos e realização de debates nos quais os estudantes podem desenvolver o poder de argumentação; Ciências e Biologia nas quais pode-se abordar as conseqüências para o corpo dos adolescentes de uma gravidez precoce, da violência de gênero e da homofobia, dentre outras. Com o uso destas reportagens apresentou-se aos participantes possibilidades de ações no cotidiano escolar buscando instrumentar as professoras para que possam passar da reflexão à ação.

A música Nas discussões com as participantes utilizaram-se as letras de algumas músicas para a reflexão de como este artefato cultural pode ser usado para a introdução e a reflexão das questões de gênero com os alunos. Para este curso selecionou-se as músicas Pagu de Rita Lee e Homem com H de Ney Matogrosso. As letras dessas duas músicas são, aparentemente, contraditórias. Enquanto Pagu 10

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ressalta o que ela não é , Homem com H tem a ênfase na afirmação do que ele é , porém ambas 10

Nem!Toda feiticeira é corcunda/Nem!Toda brasileira é bunda/Meu peito não é de silicone/Sou mais macho/Que muito

homem...

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buscam a afirmação das qualidades de seus protagonistas. Após uma breve discussão sobre as letras destas duas canções as participantes citaram os nomes de outras músicas que também podem ser utilizadas para abordar a temática com os adolescentes. As discussões também foram voltadas para a análise da forma como homens e mulheres são cantados na Música Popular Brasileira – MPB. Em muitas letras as mulheres são tratadas como objeto. O corpo feminino é um dos principais temas da MPB. Os corpos das mulheres cantadas em verso e prosa, na maioria das vezes são jovens e belos e isso pode contribuir para que as jovens que não percebem seus corpos como belos se sintam fora do padrão e busquem dietas que podem leválas a doenças como a anorexia, por exemplo. O uso de músicas tem a vantagem de ser lúdico e assim despertar o interesse dos estudantes. Por outro lado, a falta de reflexão sobre as letras e o conteúdo das mesmas pode contribuir para a disseminação de conceitos e preconceitos e, desta forma contribuir para a manutenção de estereótipos de gênero, de raça e de classe. Assim, este artefato cultural pode ser útil para a reflexão de gênero e diversidade sexual desde que utilizado de forma crítica.

Filmes e documentários Outro artefato cultural que pode se tornar bastante apropriado para as discussões de gênero com os estudantes é o filme de curta metragem ou trechos de filmes de longa duração. Existem três pontos principais pelos quais os filmes podem ser selecionados para trabalhar uma determinada temática: pelo conteúdo, pela linguagem ou pela técnica. Para a discussão de gênero, o conteúdo é fundamental para a seleção dos filmes a serem utilizados e, quando devidamente preparados e adequadamente selecionados podem desencadear o surgimento de diversas questões para o debate, podendo assim contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e a capacidade de argumentação dos estudantes. Os filmes podem ser usados como fonte “quando o professor direcionar a análise e o debate dos alunos para os problemas e as questões surgidas com base no argumento, no roteiro, nos personagens, nos valores morais e ideológicos que constituem a narrativa da obra” (NAPOLITANO, 2004, p. 1). O debate é fundamental em atividades com uso deste tipo de artefato. Assim, é importante que, ao selecionar um filme, o docente verifique a duração do mesmo com o intuito de assegurar que haverá tempo para debater as questões levantadas pelos estudantes. Durante o curso, utilizou-se o filme Boneca na Mochila (1995), entretanto existe um grande número de vídeo que poder ser utilizados em sala de aula ou em cursos de sensibilização de 12

professores . Esses filmes podem despertar o interesse tanto das meninas quanto dos meninos, e se tornarem um instrumento útil para a discussão de temas que, muitas vezes, são controversos, polêmicos e de difícil abordagem. Desse modo, os filmes e documentários podem servir de instrumento para facilitar a abordagem destes temas com os estudantes. 11

Eu sou homem com H/E com H sou muito homem/Se você quer duvidar/Olhe bem pelo meu nome/Já tô quase namorando/Namorando pra casar... 12 Acorda, Raimundo acorda (1996); Minha Vida de João (2001); Transamérica (2005); Ser Mulher (2006) e Singularidades (2007), por exemplo.

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Considerações finais Tem sido de fundamental importância a abordagem das questões de gênero no ambiente escolar em cursos de capacitação de professores. Nas práticas realizadas apresenta-se com veemência a necessidade de se proporcionar outros momentos como estes para que a discussão sobre as relações de gênero, a busca pela eqüidade de gênero e o respeito à diversidade sexual dentro e fora do ambiente escolar seja ampliada e difundida a um número cada vez maior de pessoas. As participantes demonstraram interesse em discutir a temática e reforçaram a necessidade da busca por cursos de capacitação que auxilie as professoras e professores a abordar assuntos tão relevantes. A reflexão sobre os diversos artefatos culturais que podem ser utilizados como disparadores das discussões acerca das temáticas de gênero e diversidade sexual no ambiente escolar se mostrou fértil e, por meio dela, pode-se apresentar sugestões de atividades a serem desenvolvidas com os alunos com o intuito de desenvolver neles o respeito a diversidade de gênero e sexual e a diminuição da homofobia e do sexismo. Foi possível identificar transformações significativas na forma das/os participantes perceberem as relações de gênero na sociedade em geral e de modo especial na escola. Isso foi percebido durante as aulas, nas quais muitas/os expressaram as transformações pelas quais estavam passando por meio de depoimentos, em sala de aula ou nos corredores, quando nos procuravam para falar das experiências que estavam vivenciando no seu cotidiano. Eis alguns exemplos: “Já na escola o que se observa é a total falta de esclarecimento e de capacitação dos próprios gestores e professores no sentido das novas identidades sociais, pois a instituição não se preparou para os novos desafios contemporâneos, que envolvem uma nova estrutura social (...)” “E os estereótipos são sempre os mesmos, tudo aquilo e aquele considerado “diferente” é discriminado (...)” “(...) professores que ainda tratam a homossexualidade como anormal e repassam isso aos alunos; professores que ignoram situações de discriminação de gênero, ou por desconhecimento ou por opção. (...)” “Passei a notar com mais clareza os diversos tipos de preconceitos, nas mais variadas situações que passamos diariamente. Onde uma simples conversa descontraída, ou um discurso ideologizante, podem estar carregados destes tipos de preconceitos abordados durante o curso.” “A partir do curso começamos a perceber várias situações em que o preconceito e conceitos já estabelecidos estão muito evidentes, como o sexismo, situações como, por exemplo, tudo que é diferente é muito discriminado, pessoas de mesmo sexo não podem ter uma vida juntas, e não podem adotar crianças. (...)” “(...) percebi que não há como se falar em igualdade na escola, sem discutir o próprio sistema, pois, o preconceito e discriminação não estão somente na escola, na família, no trabalho, na religião, na mídia, mas, está principalmente na classe de maior poder aquisitivo.” “Passei a observar com outros olhos situações no ambiente de trabalho, principalmente com relação ao corpo discente, onde os preconceitos algumas vezes acontecem de forma mascarada em forma de brincadeiras ofensivas.”

A grande procura pelo curso demonstra a importância e a necessidade de se ofertar cursos como estes para os profissionais dos mais diversos níveis de ensino. Quando encontram oportunidades, as professoras e professores se dispõem a participar e a buscar novos

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conhecimentos, nas mais diversas áreas com o intuito de melhorar suas práticas docentes e possibilitar uma melhor compreensão da diversidade que se encontra no espaço escolar. Convidados a sugerir formas de inserir as questões abordadas no curso para a efetivação das ações voltadas ao combate ao preconceito e às desigualdades em geral os participantes sinalizaram a necessidade de: “Um debate aberto entre os profissionais da instituição sobre tais questões.” “Cursos e palestras, com pessoas que tenham um contato maior com estas questões, direcionados aos alunos e membros da comunidade, afim de desde logo, ir inserindo uma nova visão na sociedade.” “Reuniões mensais ou bimestrais com especialistas e mais cursos.” “Sem dúvida é necessário trabalhar primeiramente com o corpo docente (... )” “(... ) cursos de capacitação para professores, funcionários (... )” “(... ) formação de um grupo de gênero dentro da escola (...)” “Cursos preparatórios para os professores, funcionários, secretárias.” “Criar grupos de estudo e discussão sobre os referidos temas, e oferecer uma caixa de relatos vivenciados ou sugestões que não exija identificação do remetente (é sabido que nessas caixas serão colocadas agressões, brincadeiras, etc, mas sempre se consegue algo que auxilie no trabalho).” “É necessário todo um processo de formação que mostre as diversidades como algo presente na sociedade e não algo que tem que ser combatido. Para que possamos ter um debate que ajude na formação dos nossos alunos, é imprescindível que o professor esteja preparado.” “Questões como violência de gênero, homofobia, sexismo fazem parte do contexto escolar e devem ser encarados francamente pela escola e debatidos para serem superados. Não se devem deixar esses assuntos, por serem espinhosos, para serem discutidos em seminários e sim, discutidos em sala de aula no momento que as dúvidas ou os preconceitos se evidenciam e com a franqueza e singeleza que merecem.”

O objetivo deste módulo foi debater sobre as questões de gênero que se manifestam no ambiente escolar, buscando sensibilizar as participantes sobre a importância de tal reflexão para a construção de uma educação democrática e igualitária, visando a redução das desigualdades sociais e provocar indagações e inquietações nas participantes levando-as à reflexão sobre as representações de gênero e suas relações na educação. Com base nos trabalhos de conclusão e nos depoimentos dos participantes pode-se concluir que este objetivo foi atingido plenamente. Após a sensibilização as professoras e professores foram estimulados a buscar na internet, nas universidades, nas bibliotecas, junto a grupos e núcleos de estudo de gênero mais materiais, bibliografias e apoio para seus estudos e com isso, se preparar cada vez mais para enxergar e enfrentar as manifestações de preconceito que surgem no dia-a-dia.

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