RELATO DAS OBSERVAÇÕES DE UM CULTO ADVENTISTA, EM RIO GRANDE-RS

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Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Instituto de Ciências Humanas e da Informação
Arqueologia - Bacharelado
Disciplina – Antropologia I


João Victor Gobbi Cassol
84157

Exercício etnográfico: diário de campo

RELATO DAS OBSERVAÇÕES DE UM CULTO ADVENTISTA, EM RIO GRANDE-RS

Inserir-se num ambiente cultural diferente daquele que comumente frequentamos é difícil e geralmente causa um impacto considerável tanto naquele que pertence ao grupo quanto no outro que está conhecendo tal ambiente. Nesse contexto, penso que lidar com questões religiosas mostra-se ainda mais delicado, especialmente em grupos de fé mais conservadores. A interpretação, a significação e a relação com a figura daquilo que é "sagrado" geralmente é o fator que difere uma religião de outra e, imerso nesse universo, um 'estranho' bem como seus comportamentos, pode causar uma imagem negativa do pesquisador para com a comunidade, fato que, creio eu, prejudica a prática da etnografia, mesmo que esta seja produzida apenas em caráter informal – como é o caso deste estudo. Como decidi realizar meu diário de campo em cima de uma comunidade religiosa, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, pensei em tomar o máximo de cuidado para não ofender os integrantes deste ramo evangélico durante a cerimônia que eu iria participar. A ideia de abordar este tema no diário de campo surgiu da curiosidade que tenho em conhecer as atividades que são executadas no sábado, entre os adventistas. Na pensão/república onde moro conheci um integrante da Igreja Adventista. Tal contato aguçou minha curiosidade e o trabalho etnográfico da disciplina de Antropologia I mostrou-se uma grande oportunidade para realizar essa experiência. Ressalto aqui a importância desse colega na mediação do contato "eu-Igreja Adventista" desde a autorização da pesquisa até a explicação sobre cerimônias e rituais ocorridos durante a celebração. Dito isso, segue abaixo a transcrição do diário etnográfico proposto.

Quinta-feira, 17/09/2015, noite.
Depois de algumas conversas breves e informais, conversei com Matheus – o colega da pensão, que é adventista – sobre como se daria a cerimônia do sábado, além de combinarmos horários de saída e chegada. Reforcei novamente, hoje, se haveria algum problema em fazer esse trabalho e, novamente, a resposta foi um receptivo "não, sem problemas". Sem querer adiantar muita informação – mas já adiantando - Matheus passou um breve panorama sobre alguns departamentos existentes dentro da Igreja Adventista e ressaltou que a celebração do próximo sábado seria especial, destinada a um desses grupos, neste caso os Desbravadores - sobre os quais falarei adiante. Ficou combinado que sairíamos às 08:00 da manhã do sábado e rumaríamos até uma das Igrejas Adventistas localizadas no Cassino.

Sexta-feira, 18/09/2015, noite.
O Sol já se pôs e o sábado para a comunidade adventista já começou. A visão do "Sábado" para um adventista é completamente diferente da visão de sábado para a maioria das religiões: "A maneira como encaramos Sábado é a principal característica que nos diferencia das outras religiões", disse Matheus. E realmente esse é o fator mais facilmente perceptível por alguém de fora da religião. Durante toda a semana os adventistas seguem uma série de comportamentos estabelecidos, tudo com base bíblica -como por exemplo evitar o consumo de carne suína. Amanhã é dia de culto, dia mais do que especial para qualquer fiel (a dimensão do Sábado para os adventistas só pode ser sentida em campo, mas tentarei demonstrar em forma de relato escrito). Não entendi ao certo o que vai acontecer amanhã, mas parece alguma espécie de iniciação para o dito grupo dos Desbravadores. Tudo pode parecer, para o amigo leitor, muito embaraçado, mas, se isso lhe-fizer sentir-se melhor, saiba que também estou absurdamente perdido e acredito que amanhã receberei um bombardeio de informações. Confio que conseguirei sanar as minhas dúvidas, acredito que devo estabelecer alguns objetivos, isto é, algumas perguntas para responder, mas não levarei isto ao pé da letra. Farei a pesquisa e registrarei informações conforme os assuntos forem surgindo.

Sábado, 19/09/2015, manhã.
Saímos de casa exatamente no horário proposto. Moramos na Vila Maria, nas redondezas da FURG, então seguimos no sentido FURG-Avenida Itália para pegarmos o ônibus que nos levaria ao destino. Neste trajeto, até o ponto de ônibus, avistamos um rapaz negro, alto, portando uma espécie de livreto. Ele cruzou por nós, em direção contrária, no mesmo lado da calçada. Agi com naturalidade e seguimos nossa caminhada, mas não pude deixar de perceber que Matheus notou algo naquele jovem. Andamos mais alguns metros e Matheus me disse que aquele rapaz também era adventista. A minha reação imediata foi perguntar se eles se conheciam, assim como acredito que vocês também fariam. A resposta surpreendeu, Matheus disse que não conhecia o rapaz, mas que identificou o traje do indivíduo - que era igual ao que Matheus usava naquele momento. Na hora me virei e comparei rapidamente os dois trajes e de fato o conjunto inteiro era idêntico. A explicação para isso, conforme Matheus, está relacionada aos departamentos da Igreja Adventista. Como ele pertence aos Desbravadores, disse-me que todos utilizam um uniforme igual, que varia dependendo da idade do participante, mas que segue um padrão nacional estabelecido pela Igreja Adventista no Brasil. O traje é todo social: sapato preto, calça verde escuro e camisa branca ou marrom, dependendo da idade, além de um lenço amarelo no pescoço. Percebi então a distinção de um dos grupos dentro da própria Igreja Adventista através do uniforme. Chegamos ao ponto e, até o ônibus aparecer, Matheus me falou sobre a existência de uma Igreja Adventista nas proximidades da FURG – para onde muito provavelmente estava indo o rapaz que encontramos. Também me passou algumas informações sobre os Desbravadores. Segundo ele, mais do que pertencer somente à Igreja Adventista, os Desbravadores é um projeto de cunho religioso aberto ao público em geral, inclusive a adeptos de outras religiões. Por se tratar de um movimento que trabalha muito com acampamentos, atividades ao ar livre e tarefas de campo - como fazer fogo e procurar água numa situação de sobrevivência - os Desbravadores são também chamados de escoteiros, porém acrescenta-se a esse aprendizado técnico-prático alguns ensinamentos bíblicos e a intepretação sobre o "sagrado" que a Igreja Adventista tem. Matheus várias vezes atentou para a importância social e pedagógica dos Desbravadores [Termos que só fui compreender por completo quando estive no contexto da Igreja e dos Desbravadores].
No ônibus a conversa continuou e assuntos aleatórios iam surgindo. Aproveitei a oportunidade de estar travestido no papel de um antropólogo, – longe de ser até mesmo um aspirante, mas buscando encontrar o espírito do trabalho de campo – observei o trajeto Rio Grande-Cassino tentando enxergar aquilo que habitualmente não vejo, tentando estranhar, como se fosse a primeira vez que estivesse passando por ali [apesar de não ser um transeunte comum nesse itinerário, as poucas vezes que percorri esse caminho já bastaram para perder a sensação do novo, do estranho, do diferente].
A viagem foi rápida, em torno de 20 minutos apenas. Pouco antes da entrada do Cassino, muito próximo inclusive da popular "rua das festas", Matheus me avisou que desceríamos no próximo ponto. Dali até a igreja foram uns 100 metros numa rua de areia. Chegamos na igreja e, como já era esperado, ela ainda estava fechada. Confesso que me surpreendi positivamente com a estrutura física do prédio, já que aparentava ser novo, sua pintura estava bem preservada e era decorado com ladrilhos vermelhos, além de apresentar a habitual "imponência" que igrejas costumam demonstrar. Apesar de estar situada relativamente distante do centro do Cassino, a Igreja foi erguida numa boa localização, com uma boa quantidade de residências nas proximidades. Na porta da igreja encontramos duas meninas que também aguardavam a abertura do prédio. Pelas roupas que vestiam deduzi que também pertenciam aos Desbravadores, e Matheus confirmou essa hipótese. Apesar de ter cumprimentado elas, meu espírito de pesquisador não havia despertado [este, por sua vez só apareceu no final da manhã] então assumi o papel de observador, sem interagir muito. As duas meninas aparentavam estar animadas com o culto desse sábado. Matheus conversava bastante com elas, como quem tenta distrair-se e esperar o tempo passar. Passados em torno de 10 minutos e os responsáveis pela abertura da igreja chegaram e logo foram conversar com Matheus sobre a cerimônia do dia, preparativos, etc.. Fui cumprimentado, e recebi as boas-vindas.
Ressalto aqui que em momento algum falei que estava pesquisando e nem fui interrogado sobre o motivo de minha presença naquele local [talvez o fato de eu ser o único a estar portando uma mochila nas costas e um caderno na mão tenha evidenciado isto]. Falha minha pois durante boa parte do culto não disse que estava estudando, fazendo um trabalho de campo. Talvez Matheus tenha avisado seus colegas sobre minha presença, mas, apesar de terem me olhado de uma maneira diferente, fui tratado como qualquer pessoa naquele local, talvez um fiel...

Dentro da igreja, antes mesmo de olhar para o altar, a disposição dos bancos ou até mesmo se havia algum banheiro no interior do prédio, percebi de cara a presença de um projetor e de uma tela de projeção, além de caixas de som nas laterais. Esses itens imediatamente me fizeram pensar que os cultos ali celebrados conciliam as mensagens bíblicas transmitidas aos fiéis com recursos tecnológicos de comunicação. Eram duas fileiras de bancos, com uns 15 bancos em cada fileira. Uma igreja de porte relativamente pequeno, mas bem organizada, decorada e limpa.
Conforme a comunidade ia chegando até a igreja, fui sendo cumprimentado pela maioria, inclusive pelo pastor. Um costume interessante e que demonstra a importância do sábado para os adventistas é o cumprimento "Feliz Sábado". Matheus disse que esse cumprimento é comum entre eles, mas confesso que fiquei sem saber o que responder quando me desejaram isso. A igreja foi enchendo aos poucos, conforme Matheus o culto atrasou alguns minutos, e quando era 9:15 a celebração teve início. A presença do pastor no culto é algo valorizado pelos fiéis da igreja já que ele tem de dividir o seu tempo e atender todas as igrejas adventistas situadas do Cassino num mesmo dia. O ambiente dentro da igreja depois do início do culto também surpreende. Enquanto nas missas da Igreja Católica o silêncio é algo profundamente exigido, na Igreja Adventista – pelo menos nesta oportunidade em que estive presente – a celebração transcorria em paralelo a conversa dos fiéis, que ainda caminhavam dentro da igreja naturalmente. Esse tipo de comportamento transmitiu-me a ideia de uma certa "liberdade" dentro da Igreja Adventista. Ou seja, o culto ocorre para quem quiser assisti-lo, participar; a celebração não vai parar por que alguém está conversando durante uma pregação, por exemplo.
Logo após o início do culto a igreja se divide: formam-se quatro grupos – 1 de jovens e 3 de adultos – que, liderados por um representante cada, mantém um diálogo interno. Pelo que percebi esta conversa é informal, uma reflexão com base em algumas leituras bíblicas – são as mesmas passagens para os diferentes grupos –. Minha interpretação é que a divisão ocorra para uma melhor discussão das leituras, além de permitir que os diferentes nichos de fiéis que frequentam a Igreja possam discutir e refletir com os "mais próximos". No caso dos jovens, por exemplo, uma espécie de líder – que neste caso era Matheus – realiza as leituras e media um debate sobre as passagens numa linguagem adequada aquele público. Da mesma forma ocorre com os outros grupos de adultos, nos quais a conversa é adaptada àqueles membros, com uma linguagem particular, em que todos possam compreender e se sentir confortáveis para falar. Nesses grupos são feitas orações espontâneas, preces e agradecimentos, além de comentários gerais sobre as leituras. Após alguns momentos, um dos meninos responsáveis pelo culto deste dia subiu ao palco e pediu para que aquelas discussões fossem encerradas para a continuidade da celebração. Ao final desse espaço, são entoados cantos e orações de agradecimento.
A partir deste momento, e já sem a presença do pastor, o culto tradicional sabático deu lugar à celebração especial, sobre a qual Matheus havia me avisado ainda na quinta-feira. Alguns fiéis se retiraram da igreja, mas a maioria permaneceu. Chegou o momento do juramento dos/as Desbravadores/as, ocasião na qual um grupo de jovens que pertencem a este departamento irá receber o lenço amarelo, que é o principal adereço de um/a Desbravador/a. "Um Desbravador não é um Desbravador sem um lenço amarelo" disse o coordenador do departamento dos Desbravadores nesta igreja. Para tal conquista, além de fazer um juramento perante toda a comunidade presente naquele momento, devem ter realizado um teste teórico que os/as credencia como Desbravadores/as. Antes disso são considerados/as como aspirantes à Desbravadores/as. A cerimônia iniciou após um discurso do coordenador dos Desbravadores sobre a importância e a responsabilidade em assumir o lenço amarelo, além de tratar sobre futuros acampamentos que os/as Desbravadores/as da localidade participarão. Também neste momento o coordenador falou sobre a atuação dos Desbravadores como projeto social, já que possibilita o envolvimento de crianças e jovens da sociedade em geral – não somente adventistas -. A cerimônia é iniciada com uma música de entrada para os Desbravadores que serão premiados neste dia. Hoje não ocorrerá apenas a entrega dos lenços, mas também a distribuição de "investiduras", ou seja, conquistas atingidas pelos Desbravadores através da participação em eventos, realização de provas teóricas e práticas que envolvam situações de sobrevivência. Neste momento é iniciada a entrada dos Desbravadores e aspirantes. A semelhança com uma cerimônia militar é visível: por primeiro entra a bandeira nacional, seguida pela bandeira do estado e por outras bandeiras, como a da Igreja Adventista e a dos Desbravadores. Inicia-se cantando o hino nacional e o hino dos Desbravadores. Na sequência ocorre o juramento dos Desbravadores. Creio que este juramento se suceda toda vez que ocorrem entrega de investiduras, como forma de renovar o compromisso com o grupo diante da comunidade. Um a um os/as Desbravadores/as são chamados para receber as investiduras, que se dividem em "especialidades" – títulos concedidos aos participantes que concluíram determinadas tarefas em algumas áreas pré-determinadas – e "trunfos" – símbolos entregues aos Desbravadores/as que participaram de acampamentos ou eventos com o grupo.
Como já escrevi, esse departamento dentro da Igreja Adventista utiliza uniformes padronizados, com algumas diferenças de acordo com a idade do membro – a cor da camisa varia de um marrom mais escuro para o branco conforme o Desbravador fica mais velho. A partir dos 16 anos ele passa a ser considerado Líder, e então passa a usar camisa na cor branca -. Porém outros artigos fazem parte da indumentária de um Desbravador: uma faixa verde, disposta de maneira transversal, na parte frontal do corpo, carrega os símbolos das especialidades conquistadas. Na parte dorsal da faixa, que fica nas costas, estão as representações dos trunfos, que, junto com os símbolos das especialidades, compõe um visual típico de um escoteiro. Todos os símbolos são bordados, tanto as especialidades quanto os trunfos, sendo carregados por toda caminhada de um Desbravador dentro do movimento.

Depois de várias premiações e fotos, a cerimônia dos Desbravadores se aproxima do final. Porém, não antes do momento em que os aspirantes recebem o lenço amarelo no pescoço, oficializando o/a membro/a como um/a Desbravador/a. O coordenador do departamento dos Desbravadores chama o nome do/a aspirante, que por sua vez apresenta-se na frente da comunidade. Ao chegar na frente do altar, o/a aspirante deve pedir a alguém que considere importante/especial para realizar o ato de colocar o lenço sobre si, comportamento que mostra o comprometimento que é ser um/a Desbravador/a para comunidade adventista, principalmente. Cerca de 6 aspirantes são convidados a receber o lenço amarelo: primeiro recebem a condecoração os Líderes mais velhos, depois os aspirantes mais novos. Mesmo se tratando de um dos momentos mais sérios do dia, o clima dentro da igreja é de descontração, o que reforça a impressão inicial que tive sobre a comunidade adventista. Depois de receberem o lenço, os "novos Desbravadores" são saudados pelos colegas com um "balanço coletivo de lenços ao ar" Ao final da cerimônia as bandeiras são retiradas na mesma ordem que entraram, com a flâmula nacional guiando os demais Desbravadores. Não por acaso essa cerimônia aconteceu nesta data. Hoje, 19/09, é o Dia do Desbravador, data comemorada no mundo inteiro por adventistas e adeptos aos Desbravadores.
Antes de encerrar as atividades da manhã, um dos Líderes dos Desbravadores fez uma leitura da Bíblia chamando atenção para o ato de compartilhar o alimento. Depois de uma breve reflexão sobre a passagem ele atentou para uma campanha mundial que ocorre neste aniversário dos Desbravadores. O lema "um milhão de pães em uma hora" sugere que em todo o planeta, ao mesmo tempo, sejam doados 1 milhão de pães para pessoas, famílias, entidades ou comunidades necessitadas, por meio dos grupos de Desbravadores. Disse que essa atividade também seria realizada em Rio Grande, à tarde, num asilo. Lembrei-me, nesse momento, daquilo que Matheus me falou sobre a ponte que os Desbravadores representa entre a Igreja Adventista e a sociedade, mostrando-se não apenas um departamento fechado para a Igreja, mas uma forma de estabelecer contato benéfico com a comunidade, assim como também serve de "anúncio, propaganda" para a Igreja Adventista, mesmo que não seja esta a intenção fundamental do movimento
Diferente de Malinowski entre os Trobriandeses, fui notado rapidamente. Ao final da celebração também fui cumprimentado por algumas pessoas que, muito provavelmente, perceberam que eu anotava algo durante o culto. Percebi aqui, neste momento, que só o fato de ter me interessado por este tema já fez de mim alguém bem quisto pelos adventistas, ou talvez eles/elas sejam assim com todas as pessoas. Enfim, fui bem tratado enquanto estive em campo e convidado a participar de outros cultos e celebrações daquela Igreja. Confesso que, não fosse a grande inércia em que vivo – leia-se preguiça -, eu voltaria até lá. Porém não descarto retornar qualquer dia desses, seja como pesquisador ou até mesmo como ouvinte. Meu parecer sobre a comunidade adventista que conheci está amarrado a uma gente receptiva, alegre e fiel, que interpreta e entende a sua religião como uma das maneiras de ver Deus, não a única maneira. Deixo registrado aqui o agradecimento à todas as pessoas que estiveram envolvidas com o trabalho de campo, aos que compreenderam minha visita e àqueles que nem souberam que eu estive por lá como "pesquisador". Da mesma forma agradeço a Matheus que serviu como interlocutor principal e até este momento responde minhas dúvidas sobre a Igreja.

Domingo, 20/09/2015, noite.
O objetivo deste ensaio não é obter uma definição da Igreja Adventista e dos Desbravadores. Durante o meio-dia que passei entre os fiéis, meus objetivos e perguntas foram se alterando. O foco do diário foi ganhando outra direção. O culto que registrei nesse final de semana foi uma exceção na programação mensal na Igreja Adventista, portanto não quero que o amigo/a leitor/a entenda este texto como um "passa a limpo" da religião adventista. Isto que escrevo não tem objetivo de estar certo ou errado. É fato que nomenclaturas ou designações que, apesar de evitar, coloquei neste documento, podem estar, aí sim, erradas. Mas isso é uma questão prática, de conhecimento e vivência com a Igreja, esferas que não consegui atingir em apenas um dia de observação. Isto que escrevo é, então, minha interpretação sobre o que vi e ouvi, e não há como afastar essa subjetividade da pesquisa. É uma interpretação a partir de apenas um contato com o cotidiano de uma Igreja Adventista, num dia cuja programação foi excepcionalmente incomum e descrita por um "meio-pesquisador".
Acredito que, ao final desse trabalho de campo, saio com mais dúvidas sobre a comunidade do que quando entrei. Buscava responder algumas questões e sequer toquei nelas neste relato. Por outro lado, explanei sobre coisas que jamais pensei que iria trazer para este artigo. Penso que foi uma forma de descontruir uma visão que eu possuía ao mesmo tempo que tento elaborar um outro conjunto de conceitos para este grupo. É puramente subjetivo.


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