Relatório de análise de vestígios ósseos humanos exumados no subsolo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Paranaguá – Paraná, 2015

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RELATÓRIO DE ANÁLISE DE VESTÍGIOS ÓSSEOS HUMANOS EXUMADOS NO SUBSOLO DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, PARANAGUÁ – PARANÁ

Curitiba 2015

Relatório de análise de vestígios ósseos humanos exumados no subsolo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Paranaguá – Paraná Curitiba - 2015 Museu Paranaense, Setor de Arqueologia

RELATÓRIO DE ANÁLISE DE VESTÍGIOS ÓSSEOS HUMANOS EXUMADOS NO SUBSOLO DA IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, PARANAGUÁ – PARANÁ Arqueóloga Dra. Claudia Inês Parellada (Org.)

1.

Introdução: a vistoria inicial na cripta aberta no subsolo do endo-nártex da

Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada em área central de Paranaguá, Paraná A Igreja Nossa Senhora do Santíssimo Rosário – Matriz é bem tombado em nível estadual1, pertencendo ao conjunto do Centro Histórico de Paranaguá, tombado em nível federal2. A Matriz pode ser visualizada na cidade de Paranaguá, figura 1, em imagem de satélite de 2014 do Google Earth. Kato (2011, 2012) disponibiliza plantas de Paranaguá, uma original e outra hipotética da Vila de Paranaguá em 18083, ver figuras 2 e 3. Conforme relatório anterior emitido pelo IPHAN do Paraná (Informação Técnica 141.14, de 15 de setembro de 2014): uma vistoria foi solicitada pelo Pe. Edilson Lima, pároco atual da Igreja, à Coordenadora do Patrimônio Cultural (CPC) da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, arquiteta Rosina Coeli Parchen, que comunicou o Diretor do Museu Paranaense, Prof. Dr. Renato Augusto Carneiro Júnior. Foram, na época, designadas as arqueólogas Mestre Daniela Gadotti Sophiati, da Superintendência do IPHAN no Paraná e Dra. Claudia Inês Parellada, do Museu Paranaense. Várias informações já apontadas naquela informação técnica foram novamente observadas, neste presente relatório, buscando uma análise globalizante. A vistoria fez-se necessária devido a reutilização da área de subsolo para a construção de uma cripta, visando sepultar membros da Igreja, como aconteceu em 5 de 1

Processo nº 18/67, Inscrição nº 18, Livro do Tombo Histórico. Data: 20/10/1967.

2

Processo de Tombamento 1097-T-83.

3 KATO, A.T.T. Chefes não brancos na distribuição socioespacial urbana de Paranaguá, 1808. Revista História. [online]. Fevereiro 2011, vol.46. Página 2 de 35

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dezembro de 2014 com o sepultamento do corpo do bispo emérito de Paranaguá, Dom Alfredo Novak, falecido em Campina Grande do Sul, Paraná. Anteriormente a este fato, em 2 de setembro de 2014 foi vistoriada a área aberta de cripta em subsolo desta igreja, situada à esquerda da porta principal (vista do altar), documentando-se ainda relatos orais e diferentes fontes relativas ao contexto, além do histórico da edificação e da prática de enterramentos em seu interior, observar figura 1 a 3. Os vestígios ósseos humanos analisados e indicados neste relatório, possivelmente, foram retirados, entre 2006 e 2009, do contexto de deposição original, sepultamentos primários, alguns provavelmente já impactados pelos sucessivos enterramentos nos séculos XVIII e XIX. Além disso, houve a identificação de um carpo de equino em meio a matriz sedimentar, observar figuras 4 a 6, o que pode caracterizar uma ampliação da igreja, com mudanças em seus limites, ou que o carpo era um amuleto de um dos sepultados.

Figura1 – Imagem de satélite de 2014, Google Earth, com a elipse vermelha localizando a Igreja Matriz de Paranaguá, a Igreja Nossa Senhora do Rosário.

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Figura 2 – Planta histórica de Paranaguá em 1808 com a letra a indicando a Matriz de Paranaguá (fonte: Kato, 2011).

Figura 3 – Planta hipotética de Paranaguá em 1808, segundo Kato (2012), com a elipse vermelha localizando a Igreja Matriz de Paranaguá.

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Figura 4 – Imagem de esqueleto de cavalo apontando em elipse vermelha a localização do carpo.

Figuras 5 e 6 – Fotografias do carpo de equino recuperado junto aos ossos humanos, dimensões 5,94x 5,22x 2,70cm (comprimento x largura x altura), com massa de 37,35g (fotos: Claudia Parellada, 2015).

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2.

Descrição da área escavada para a cripta, de onde foram retirados os vestígios

ósseos humanos entre 2006 e 2009 Os conjuntos ósseos localizavam-se no subsolo do endo-nártex ou galilé, junto à fachada frontal da edificação, sendo este local utilizado para sepultamentos realizados no interior da igreja, entre os séculos XVII e XIX, conforme dados apontados em Vieira dos Santos (1850) 4. No século XX, esta área, foi utilizada como velário até o momento em que foi realizada a escavação para a cripta, entre 2006 e 2009. Ao escavar o subsolo para a nova esta cripta, entre 2006 e 2009, e no momento da vistoria, setembro de 2014, já com a cripta revestida em tijolos maciços, foram caracterizados muitos ossos humanos relacionados a vários sepultamentos em meio a sedimentos argilo-arenosos cinza escuros a negros, observar figuras 7 a 14. Em reportagem da RPC com entrevista dada pelo Padre José Miguel de Oliveira, que

pode

ser

visualizado

através

de

link

do

Youtube

postado

em

2012,

https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc, e as figuras 7 a 14 mostram partes deste vídeo.

Figura 7 - Interior da cripta observada em vídeo de reportagem da RPC de 2012 com o Padre José Miguel de Oliveira relatando a descoberta de ossos humanos no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc.

Figura 8 - Detalhe da parede da cripta com ossos humanos observados em vídeo de reportagem da RPC de 2012 encontrados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc.

4

SANTOS, A.V. Memória Histórica de Paranaguá - Volume II. 20. ed. Paranaguá: Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá - IHGP, 2001. 352 p. 2 v. Página 6 de 35

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Figura 9 - Parede da cripta com ossos humanos observados em vídeo de reportagem da RPC de 2012, e encontrados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

Figura 10 - Conjunto de ossos humanos observados em vídeo de reportagem da RPC de 2012, e encontrados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

Figura 11 - Materiais observados em vídeo de reportagem da RPC de 2012, e encontrados no subsolo da Igreja Matriz, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

Figura 12 - Conjunto de ossos humanos infantis em reportagem da RPC de 2012, no subsolo da Igreja Matriz, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

Figura 13 - Ossos humanos observados em reportagem da RPC de 2012, e encontrados no subsolo da Igreja Matriz, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

Figura 14 - Padre José Miguel de Oliveira ao lado da cripta aberta, reportagem da RPC de 201, na Igreja Matriz, https://www.youtube.com/watch?v=ZSYd2hbmNRc .

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Esta cripta já revestida mede internamente 3 x 2 x 1,42m (comprimento x largura x profundidade) e possuía abertura superior de 3m x 0,86m (comprimento x largura). A cripta foi projetada para abrigar inicialmente três caixões, porém foi diminuída para somente dois caixões, devido a descoberta destes sepultamentos antigos no período da escavação da cripta, segundo relatos de entrevistados em 2 de setembro de 2014. A vistoria do interior desta cripta em setembro de 2014 revelou a presença de blocos e seixos de migmatito e granito, rochas comuns no litoral paranaense, assentados com cal e reboco em uma das paredes, parte posterior da fachada principal da igreja. As outras três paredes da cripta apresentam tijolos maciços novos (cada tijolo mede 20x 9,5x 5cm, oriundos da olaria S.J.Batista), os do piso, em tijoleira, são tijolos maciços antigos, a maioria sem rejunte e com as mesmas dimensões dos das paredes. No piso da nova cripta foram usados tijolos mais antigos situados em área lateral da igreja, e foram assentados logo que a área foi escavada até 1,60m de profundidade; neste piso foi realizado um degrau de 5cm para o encaixe dos caixões. A alvenaria de tijolos das paredes, rejuntada com cimento. foi posterior ao piso, que possui ainda alguns restos de sedimentos que desmoronaram quando do nivelamento das paredes, já possivelmente em 2009. Foram identificados, ainda, restos ósseos acondicionados em saco plástico azul já rompido, depositados no canto inferior esquerdo da cavidade, associados à uma marreta e com a lâmina de uma faca. Realizou-se o registro fotográfico e croquis da área da nova cripta e da localização dos vestígios ósseos. Após o levantamento de informações orais, verificou-se que o material provinha de intervenção realizada entre os anos de 2006 e 20095, quando se iniciou o planejamento de destinar a área para o enterramento de membros da Igreja, conforme figuras 15 a 24. Em 2 de setembro de 2014 foram coletados os materiais para que fossem encaminhados aos laboratórios do Museu Paranaense. Os objetivos da coleta visavam prevenir maiores danos aos vestígios identificados, realizar sua documentação e resgatar a maior quantidade possível de informações a respeito dos restos mortais, como estimativa de idade e número de indivíduos, e, caso possível, algumas patologias, marcas e cicatrizes ósseas, gerando dados para futuras pesquisas documentais de identificação dos indivíduos sepultados, bem como acondicionamento visando devolução à Igreja Matriz de Paranaguá, para procedimentos de reenterro. 5

Existiam informações conflitantes durante as entrevistas, não há registro das intervenções. Página 8 de 35

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Os ossos foram embalados individualizando os onze conjuntos esqueletais identificados e mais uma embalagem separada com fragmentos ósseos diversos (figura 25), que não puderam ser atribuídos, com segurança, aos conjuntos identificados. Deve ser comentado que análises de DNA, além de muitas outras mais específicas, que demandam aporte significativo de recursos financeiros e mais tempo, poderiam ampliar a inclusão de alguns fragmentos ósseos nos conjuntos esqueletais. O acondicionamento dos materiais ósseos foi realizado pelas técnicas do Laboratório de Conservação do Museu Paranaense Esmerina Costa Luís e Janete dos Santos Gomes, buscando deixar reunidos os ossos e embalá-los, segundo a fragilidade, em subconjuntos com TNT, e uma segunda camada de proteção abrangendo cada conjunto esqueletal embrulhado com papel sulfurizé. Este embrulho foi numerado e inserido em uma embalagem plástica transparente marcada com tinta permanente indicando o número do conjunto esqueletal e informações básicas, repetidas em etiqueta de papel inserida no interior da embalagem plástica.

Figura 15 - Registro de informações, em 2 de setembro de 2014, sobre como ocorreu a abertura da cripta. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 16 - Levantamento de informações, em 2 de setembro de 2014, sobre o material retirado da cripta. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 17 - Abertura da cripta para vistoria em 2 de setembro de 2014. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 18 - Visualização do interior da cripta em 2 de setembro de 2014. Foto: Daniela G. Sophiati.

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Figura 19 - Situação do interior da cripta em 2 de setembro de 2014, dia da vistoria. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 20 - Vestígios ósseos remanescentes de sepultamentos no interior da cripta em 2 de setembro de 2014. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 21 - Detalhe dos vestígios ósseos identificados no interior da cripta. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 22 - Detalhe da base de rochas e reboco em parede da cripta visualizada em 2 de setembro de 2014. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 23 - Registro em croqui dos vestígios ósseos identificados, pela arqueóloga Dra. Claudia Parellada, em 2 de setembro de 2014. Foto: Daniela G. Sophiati.

Figura 24 - Coleta dos vestígios ósseos identificados em 2 de setembro de 2014, observar piso em tijolos antigos de edificação em ruínas ao lado da igreja e tijolos mais novos nas paredes. Foto: Daniela G. Sophiati.

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Figura 25 – Fragmentos ósseos dispersos, parte dos materiais exumados na Igreja Matriz de Paranaguá, Paraná (foto: Claudia Parellada, 2015).

3.

Informações orais e outros dados relativos à intervenção realizada entre 2006

e 2009 no subsolo do endo-nártex da Igreja Matriz de Paranaguá O levantamento de informações sobre as escavações realizadas no subsolo pretendia uma possível reconstrução do contexto original de deposição dos vestígios. O Padre Edilson Lima6, atual responsável pela Igreja Matriz, revelou não ter presenciado as intervenções, pois se encontra na Diocese de Paranaguá desde maio de 2014. Porém, informou sobre o destino dos sedimentos e ossos retirados do subsolo no momento das escavações entre 2006 e 2009, que foram armazenados em monte em área exterior à igreja e posteriormente, a seu pedido, peneirado por técnicos da Funerária Nossa Sra. do Rocio visando separar os fragmentos ósseos, os quais, segundo a funcionária da funerária Sra. Sandra Santos Souza7, foram reunidos em um saco plástico e colocados no mausoléu da Catedral Diocesana de Paranaguá situado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo. Vaniel Souza8, moradora da cidade de Paranaguá e funcionária da Igreja Matriz há 18 anos, comentou que nas escavações realizadas na cripta, em 2006, foram identificados vários enterramentos. A informante observou, naquela época, ossos pertencentes a

6

Pe. Edilson Lima, Pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário. Entrevista concedida à equipe responsável pela vistoria no dia 02/09/2014. 7

Sandra Luzia dos Santos Souza, 50 anos. Entrevista concedida à equipe responsável pela vistoria no dia 02/09/2014

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Vaniel Souza, 52 anos. Entrevista concedida à equipe responsável pela vistoria no dia 02/09/2014. Página 11 de 35

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diferentes indivíduos, alguns possivelmente crianças, devido o tamanho pequeno dos esqueletos. Afirmou que os mesmos encontravam-se “inteiros”, em decúbito dorsal, vários dispostos no sentido horizontal, transversal à nave. Também observou que os sepultamentos estavam em diferentes sentidos e direções. A informante ainda ressaltou a fragilidade dos ossos encontrados nas escavações, que se desmanchavam à medida que os sedimentos do subsolo eram retirados. Em sua fala, Vaniel afirma que a Igreja Matriz, atual Igreja Matriz, é historicamente conhecida como “(...) o cemitério dos senhores brancos (sic)”, e que a Igreja da Irmandade de São Benedito era tradicionalmente destinada ao sepultamento dos escravos. Afirmou, ainda, que diferentes áreas da edificação eram destinadas ao sepultamento de mortos: “era tudo um grande cemitério (sic)”. Existem dados contraditórios, já que nos comentários de Vieira dos Santos (1850) 9 e Moraes et al. (2013) 10 são mencionados sepultamentos de escravos no interior da igreja do Rosário, em diferentes períodos. Antônio Miguel de Oliveira11, marceneiro e irmão do Padre José Miguel de Oliveira, que participou das atividades de escavação do subsolo da Igreja Matriz entre 2006 e 2009, afirmou que naquele período foram observados pedaços de ossos, como partes de crânios, por exemplo, em meio a terra escavada. Segundo o informante, os restos mortais estavam estendidos e sua presença podia ser verificada no perfil da escavação onde, além dos materiais ósseos, percebia-se a coloração mais escura do solo ao redor dos ossos. Questionado a respeito da presença de outros tipos de materiais, como restos de louça, telhas ou tecidos, afirmou que nada mais visualizou. Antônio relatou que os sepultamentos foram identificados entre os 60cm e 100cm de profundidade. Reafirmou a informação da fragilidade dos materiais ósseos encontrados e relatou que os fragmentos que estavam em melhor estado de conservação foram recolhidos em um saco plástico e depositados novamente no interior da cripta. Por fim o informante mencionou o revestimento por tijolos das paredes, realizado após o término das escavações e sugeriu a realização de entrevista

9

SANTOS, A.V. Memória Histórica de Paranaguá - Volume II. 20. ed. Paranaguá: Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá - IHGP, 2001. 352 p. 2 v. 10 MORAES, E.M.A.; BUENO, J.F.S.L.; SANTOS, C.F.M. & SILVA FILHO, W.B. Religião, cultura e ciências na idade moderna: a geografia da morte para a cidade de Paranaguá no século XIX . Revista História, ISSN 19830831, disponível em http://docs.google.com/a/revistahistoria.com.br/viewer?a=v&pid=sites&srcid=cmV2aXN0YWhpc3Rvc mlhLmNvbS5icnxyZXZpc3RhLWhpc3RvcmlhfGd4OjJhZmExMGFlNjJlOGE0MDg . Acesso em: 12/ 09/ 2014. 11

Antônio Miguel de Oliveira, 66 anos. Entrevista concedida à equipe responsável pela vistoria no dia 02/09/2014. Página 12 de 35

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com o Padre. José Miguel de Oliveira para maiores informações a respeito do histórico da edificação e das intervenções nela realizadas, fato que até o momento, março de 2015, ainda não conseguiu ser realizado. Segundo os relatos obtidos em 2 de setembro de 2014, todo o sedimento retirado do interior da cripta, por conter vestígios de material ósseo, foi armazenado em área externa à edificação, para posterior triagem. A responsável pelo procedimento, Sandra Luzia Lopes dos Santos Souza, moradora local e proprietária da funerária Nossa Sra. do Rosário, afirmou12 que todo o material passou por com duas peneiras de malhas distintas, uma mais grossa e, após, uma mais fina. Todos os fragmentos ósseos identificados no peneiramento foram acondicionados em saco plástico e armazenados em uma gaveta da funerária, pertencente à Igreja Matriz, sendo inseridos em área do Cemitério do Rocio de Paranaguá. Com o objetivo de levantar dados a respeito dos vestígios identificados na cripta, como informações de sepultamentos realizados no interior da edificação e que pudessem servir de base para pesquisas futuras, realizou-se visita, em 2 de setembro de 2014, à Mitra Diocesana de Paranaguá, para consulta aos registros de óbitos. No entanto, em decorrência dos trâmites necessários para autorização de acesso aos documentos, a pesquisa ainda não pôde ser realizada.

4.

Histórico de sepultamentos na Matriz de Paranaguá e algumas correlações

com dados obtidos na vistoria de 2 de setembro de 2014 A área vistoriada, pretendida para novos sepultamentos de membros da Igreja, trata-se de antigo local de sepultamentos no subsolo no endo-nártex da igreja, como pode ser verificado por suas características físicas e pelos relatos da identificação, durante as escavações, de diferentes enterramentos em seu interior. Conforme relata Vieira dos Santos13 no ano de 1850, os sepultamentos no interior da edificação foi prática bastante comum, segundo o autor: O pavimento do Templo foi dividido no anno de 1756 em tres divizõens de sepulturas: A primeira do Prosbyterio ao Arco cruzeiro

12

Sandra Luzia Lopes dos Santos Souza, 55 anos. Entrevista concedida à equipe responsável pela vistoria no dia 02/09/2014. 13 SANTOS, A.V.. Memória Histórica da Çidade de Paranaguá e seu municipio, segunda parte. Curitiba: Museu Paranaense, 1952 (1850), 352 p. Página 13 de 35

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com vinte sepulturas em duas ordens, onde se não enterra pessoa algua salvo se fôr Eccleseastico. A segunda divisão he do Arco cruzeiro ás grades da Communhão, em três ordens – em trinta – Sepulturas, sendo a primeira ordem próxima do Arco cruzeiro de 6 sepulturas... as outras duas ordens, são de doze Sepulturas em cada hua, e destas pertençem á Irmandade do Santissimo Sacramento doze d’entre ellas – A terçeira divisão He das grades da Communhão a porta principal que contem 135 sepulturas dividas em nove ordens de quinze cada hua, sendo o total de todas que tem este Templo – 185 – Sepulturas, são alguas dellas pertencentes a Irmandade de Nossa Senhora do Rozario... (...) Calcula se com razoável fundamento de estarem sepultados dentro do recinto deste Templo desde que ellle foi erecto ate ao prezente de 45,000 a 50,000 –Côrpos (...) 14 (p. 45).

Não há consenso no que diz respeito à data de construção da edificação: (...) embora Vieira dos Santos assegure ter sido a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá construída ‘nos idos de 1578’ e refira-se, exaustivamente até, às inúmeras obras e reformas pelas quais passou ao longo do tempo, essa antiguidade é contestada por um sem-número de pesquisadores e historiadores (...)15 (p. 346).

Informações contidas, sobre a edificação, no Livro do Tombo Histórico16 da edificação sinalizam para reformas realizadas nos anos de 1661 e 1723. A fragilidade de parte dos materiais ósseos, mencionada pelos entrevistados, pode ser um indicativo de sua antiguidade. A vistoria realizada permitiu verificar que o local onde foi escavada, entre 2006 e 2009, a cripta era uma antiga área de sepultamentos no subsolo. Em várias entrevistas foram relatadas as escavações removendo os sedimentos e materiais orgânicos presentes no subsolo para posterior revestimento, preparando o espaço para futuros sepultamentos. Na vistoria, em 2 de setembro de 2014, a área escavada encontrava-se parcialmente revestida com tijolos, restando os materiais originais em uma das paredes. Foram 14 LYRA, C.I.C.O.; PARCHEN, R.C.A.; LA PASTINA FILHO, J. Espirais do tempo: Bens Tombados do Paraná. 21. ed. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 436 p. 15 LYRA, C.I.C.O.; PARCHEN, R.C.A.; LA PASTINA FILHO, J. Espirais do tempo: Bens Tombados do Paraná. 21. ed. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006. 436 p. 16

Disponível 05/09/2014.

em:

http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/arquivos/File/tombados/PNG2-018.jpg. Página 14 de 35

Acesso

em:

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identificados, ainda, vestígios ósseos coletados em meio a sedimentos retirados do subsolo, acondicionados em saco plástico e novamente depositados no interior da cavidade. As intervenções no local descontextualizaram os sepultamentos, pois não houve registro estratigráfico e nem documentações imagéticas sistemáticas, removendo os materiais ósseos humanos de vários sepultamentos dos locais de deposição original e ocasionando a perda parcial dos vestígios.

5.

Análise dos remanescentes ósseos humanos exumados e analisados em

laboratórios do Museu Paranaense Os remanescentes ósseos humanos encontrados foram higienizados e separados, sendo submetidos a análises morfológicas prévias e paleopatológicas, além da comparação com ossos de esqueletos existentes no Museu Paranaense, observar figura 26. Para este estudo foram utilizadas metodologias preconizadas por autores como: Comas (1966)17, Pereira & Mello e Alvim (1979)18, Ubelaker (1979)19, McMinn & Hutchings (1985)20, e Neves (2013)21. Os remanescentes ósseos foram misturados durante as escavações da cripta entre 2006 e 2009, e inseridos todos juntos em um saco plástico azul claro, que estava já arrebentado quando da vistoria em 2 de setembro de 2014. Parte dos ossos encontrados parece ter sido sepultada em um mausoléu da Catedral Diocesana no Cemitério Nossa Senhora do Carmo. Certamente na construção da nova cripta, entre 2006 e 2009, houve escavação parcial e corte de vários sepultamentos, além do fato de parte dos ossos exumados ter sido fragmentada ou extraviada, pois de alguns indivíduos foram identificados ossos apenas de um dos pés ou do crânio, ou mesmo de uma lateralidade do corpo. Deve ser observada a extrema dificuldade na separação dos vestígios ósseos devido o estado de alguns ossos, alguns muito friáveis e porosos, conforme tabela 1. A análise tafonômica do material ósseo permitiu uma melhor compreensão de alguns processos premortem, perimortem e postmortem que provocaram modificações na 17

COMAS, J. Manual de antropologia física. Mexico, Inst. de Investig. Históricas, 1966.

18

PEREIRA, C.B. & MELLO e ALVIM, M. Manual para estudos craniométricos e cranioscópicos. Santa Maria: Ed. Universidade Federal de Santa Maria, 1979. 19

UBELAKER, D. Human skeletal remains. Chicago: Aldine Company, 1979.

20

MCMINN, R.M.H. & HUTCHINGS, R.T. Atlas colorido de anatomia humana. São Paulo: Editora Manole, 1985.

21

NEVES, W.A. Um esqueleto incomoda muita gente... Campinas: Ed. Unicamp, 2013. Página 15 de 35

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superfície óssea, buscando-se diferenciações entre mudanças de origem genética, patológica ou tafonômica para realizar um diagnóstico mais aprofundado do material, conforme preconiza Botella et al. (2000) 22. Deve ser comentado que a justificativa da identificação parcial dos esqueletos pode estar relacionada ao fato ao serem realizados sepultamentos diferentes em uma mesmo espaço ao longo de 200 anos, pode ter acontecido várias vezes de enterramentos mais antigos serem cortados ao escavar novas covas no subsolo da igreja. A separação prévia dos remanescentes ósseos, por faixa etária além de inventário ósseo preliminar, foi realizada pela antropóloga física Dra. Maria Mercedes Okumura, pesquisadora do Museu Nacional e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, em setembro de 2014, com colaboração da arqueóloga Dra. Claudia Inês Parellada, do Museu Paranaense. Um aprofundamento da análise dos remanescentes ósseos foi desenvolvido em março de 2015 pela técnica Simone Belarmino da Silva, com larga experiência na conservação e análise em materiais ósseos humanos, especialmente em estudos na Fundação Museu do Homem Americano, observar figura 26.

Figura 26 – Identificação anatômica dos ossos e fragmentos ósseos exumados na Igreja Matriz de Paranaguá, Paraná (foto: Claudia Parellada, 2015).

22

BOTELLA, M.; ALEMÁN, I.; JIMENEZ, S.A. Los huesos humanos: manipulación y alteraciones. Barcelona: Ed. Bellaterra, 2000. Página 16 de 35

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Depois da identificação de parte dos ossos por faixa etária, fizeram-se novas separações buscando-se o número máximo de indivíduos, através da classificação anatômica dos ossos e dentes, quando disponíveis, e a lateralidade dos ossos, caso existisse a possibilidade, pois a maioria está muito fragmentada. Foi utilizado adesivo temporário para juntar fragmentos ósseos, posteriormente retirado, para uma análise mais detalhada. Usou-se como referência de cor, da superfície óssea, na documentação imagética a escala da Federação Internacional de Arte Rupestre – IFRAO, que é reconhecida internacionalmente como uma escala padrão. Parte da separação aconteceu associando diferentes cores dos materiais ósseos, desde os muito brancos até os mais amarelados, dos mais compactos aos mais friáveis e fraturados, conforme síntese apresentada na tabela 1 e figuras 32 a 66. Devido ao largo período que o subsolo da igreja foi usado como local para sepultamentos, os mais frágeis e esbranquiçados parecem estar relacionados a um período mais antigo. Deve ser lembrado que patologias e questões genéticas, além do uso de certos medicamentos, podem diferenciar a coloração óssea dos esqueletos. Mesmo de ossos pertencentes a um mesmo conjunto esqueletal pode haver diferentes tonalidades e estados de conservação, ainda observando que as características do tipo de acondicionamento do corpo e mesmo da matriz sedimentar, além da presença de insetos e/ ou animais, e de áreas mais úmidas e/ ou com maior variação de temperatura e umidade, podem ser fatores importantes para a preservação de materiais orgânicos, como os ossos humanos. Esta área foi velário por muito tempo, o que provocou certamente um aquecimento diferenciado nesta parte da igreja, que pode ter afetado parte dos ossos de sepultamentos. Ainda deve ser comentado que os sedimentos do interior da cripta em conjunto com os ossos acabaram ficando depositados, entre a época da escavação do subsolo, 2006/ 2009, até 2014, em um monte na área externa, sujeita a intempéries, oscilações climáticas, vandalismo e ataque de insetos e roedores, entre outras possibilidades. Foram analisados mais de 500 ossos e fragmentos ósseos humanos, sendo caracterizados onze indivíduos, sem determinação de sexo: dois recém-nascidos, um bebê de cerca de 6 meses, uma criança de 2 a 3 anos, um adolescente com 10 a 11 anos, além de dois subadultos- juvenis e quatro adultos sem estimativa de faixa etária, conforme síntese apresentada na tabela 1 e figuras 32 a 66. São indivíduos oriundos de populações heterogêneas, ou seja, podem ser caucasianos, indígenas ou africanos, ou ter Página 17 de 35

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ascendência multiétnica, o que interfere nos parâmetros que devem ser utilizados para a análise dos remanescentes ósseos humanos, tornando-a muito mais complexa, e fazendo com que os dados apresentados neste relatório tenham que ser relativizados. Nas figuras relacionadas na tabela 1 apresentam-se desenhos e fotografias dos vestígios ósseos identificados em cada um dos onze conjuntos esqueletais.

Núm . indi víduo

Estimativa de idade ou faixa etária

Ossos identificados

Dentes ident.

Cores das superfícies ósseas e estado de conservação

Figuras

1

0 a 4 meses, bebê

Parciais do crânio, vértebras, membros superior e inferior lateral esquerda

Sem

Bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

32 a 34

2

0 a 4 meses, bebê

Parciais do membro superior lateral direita, e inferiores laterais direita e esquerda

Sem

Bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

35 a 37

3

10 a 11 anos, juvenil ou subadulto

Parciais do crânio, com lesões, maxilar inferior, vértebras, coste-las, membros superiores lateral direita, e bacia lateral esquerda

Com muitas cáries

Branco a bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

38 a 43

4

2 a 3 anos, criança

Parciais do crânio, maxilar inferior, membros superior e inferior lateral esquerda

Com

Bege a branco amarelado, compacto com pequenas porosidades

44 a 46

5

4 a 6 meses, bebê

Parciais dos membros superior lateral direita e inferiores laterais direita e esquerda

Sem

Bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

47 e 48

6

Adulto

Parciais do crânio, com cicatrização óssea circular, membros superior e inferior lateral direita, e pé esquerdo

Sem

Branco amarelado a marrom claro, compacto e poroso

49 a 52

7

Adulto

Parciais do crânio, costela, membros superior lateral direita, e inferiores direita e esquerda

Sem

Branco a bege, friável

53 a 55

8

Juvenil ou subadulto

Parciais do crânio, com cicatrização óssea circular, membros superior e inferior direitos, pé esquerdo

Sem

Branco a bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

56 e 57

9

Juvenil ou subadulto

Parciais do crânio, vértebra, membros superior e inferior lateral direita

Sem

Bege amarelado, compacto com pequenas porosidades

58 a 60

10

Adulto

Parciais do crânio, membros superior direito, e inferior esquerdo

Sem

Cinza esbranquiçado, muito friável

61 a 63

11

Adulto

Parciais dos, membros superiores e inferiores laterais direita e esquerda

Sem

Branco a rosa, muito fraturado e friável

64 a 66

Tabela 1 – Síntese de informações dos onze conjuntos esqueletais identificados, exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá entre 2006 e 2009 e analisados nos laboratórios do Museu Paranaense.

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O adolescente de 10 a 11 anos, apesar de poder ser observado o ângulo do maxilar inferior, conforme figura 27, tem a caracterização de sexo bastante duvidosa devido a pouca idade. Este indivíduo apresentava marcas de cortes sucessivos, de 0,2 até 1,3cm de tamanho, de cima para baixo, por lâmina fina, em áreas das partes superior e posterior do crânio, provavelmente estão relacionadas ao período de sua morte. Além disso, os dentes deste adolescente apresentam-se bastante cariados, com lesões extensas. Para caracterizar a faixa etária, além da análise dentária (figura 28), foram analisadas tanto as dimensões e morfologias dos ossos, como o grau de fusão das epífises (figuras 29 a 31), além de outras características.

Figura 27 – Diferenças do maxilar inferior entre homem e mulher, conforme Neves (2013).

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Figura 28 – Caracterização de faixas etárias conforme erupções dentárias, primeira e segunda dentições, conforme Ubelaker (1979) e Neves (2013).

Figura 29 - Diagrama de esqueleto mostrando a posição das epífises, e gráfico indicando o período de fusão das epífises para vários ossos em diferentes idades, para homens, exceto quando apontadas outras possibilidades, conforme Buikstra 23 & Ubelaker (1994) .

23 BUIKSTRA, J.E. & UBELAKER, D.H. Standards for data collection from human skeletal remains. Fayetteville, Arkansas: Arkansas Archaeological Survey Report Number 44, 1994. Página 20 de 35

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Figura 30 - Estágios diferentes de fusão da epífise em tibias humanas, as idades são da esquerda para a direita: recém24 nascido, 1,6 anos, seis anos, dez anos, doze anos e dezoito anos, conforme Whiter & Folkens (2005) .

Figura 31 – Fusão na epífise e diáfise de osso longo humano, conforme Neves (2013).

24 WHITE, T.D. & FOLKENS, P.A. The human bone manual. San Diego, CA: Academic Press. p. 360-385, 2005. Página 21 de 35

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Esqueleto 1

Figuras 32 e 33 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 1, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 34 – Fotografia de detalhe de ossos do crânio e parte das vértebras do esqueleto 1, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 2

Figuras 35 e 36 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 2, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 37 – Detalhe do fêmur e tíbia, laterais direitos, identificados como esqueleto 2, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 3

Figuras 38 e 39 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 3, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 40 – Detalhe de crânio com marcas de instrumento cortante, além de fragmentos do maxilar inferior com dentes cariados e outros em erupção, bem como os segundos incisivos esquerdo e direito com cáries, identificados no esqueleto 3, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Figura 41 – Maior detalhe de osso do crânio com marcas de instrumento cortante, identificado no esqueleto 3, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figuras 42 e 43 – Detalhes dos fragmentos do maxilar inferior com dentes cariados e outros em erupção, bem como os segundos incisivos superiores esquerdo e direito com cáries, identificados no esqueleto 3, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (fotos: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 4

Figuras 44 e 45 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 4, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 46 – Detalhes do maxilar inferior com dentes em erupção, bem como os incisivos superiores esquerdo e direito, identificados no esqueleto 4, exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 5

Figuras 47 e 48 – Desenho com a marcação em verde dos fragmentos ósseos identificados do esqueleto 5, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 6

Figuras 49 e 50 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 6, e a fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Figura 51 – Detalhe de ossos do crânio, um apresentando cicatrização óssea circular, identificada no esqueleto 6, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 41 – Detalhe de ossos do pé esquerdo, identificados no esqueleto 6, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 7

Figuras 53 e 54 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 7, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

Figura 55 – Detalhe de ossos do crânio e costelas do esqueleto 3, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 8

Figuras 56 e 57 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 8, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015)

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Esqueleto 9

Figuras 58 e 59 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 9 e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015)

Figura 60 – Detalhe de ossos do crânio e costelas do esqueleto 9, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 10

Figuras 61 e 62 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 10, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015)

Figura 63 – Detalhe de ossos do crânio do esqueleto 10, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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Esqueleto 11

Figuras 64 e 65 – Desenho com a marcação em verde dos ossos e fragmentos ósseos identificados do esqueleto 11, e fotografia destes vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015)

Figura 66 – Detalhe de ossos do membro superior direito do esqueleto 11, vestígios exumados no subsolo da Igreja Matriz de Paranaguá (foto: Claudia Parellada, 2015).

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6.

Síntese das ações e estratégias futuras



Os ossos foram embalados individualizando os onze conjuntos esqueletais

identificados e mais uma embalagem com fragmentos ósseos diversos, que não puderam ser atribuídos, com segurança, aos conjuntos identificados. Deve ser comentado que análises de DNA, além de muitas outras mais específicas, que demandam aporte significativo de recursos financeiros e mais tempo, poderiam ampliar a inclusão de alguns fragmentos ósseos nos conjuntos esqueletais; 

Encaminhamento ao IPHAN do material para ser reenterrado em seu local de

origem: após devolvido à Igreja Nossa Senhora do Rosário, Igreja Matriz de Paranaguá, o material deverá ser retornado ao seu local de origem, depositando-se os restos mortais no interior da cripta, onde foram originalmente sepultados; 

Elaborar programas de pesquisa e ampliar os estudos arqueológicos e históricos

através de parcerias com instituições de ensino e pesquisa científica, visando aprofundar os dados relativos a localização inicial da Capela de Nossa Senhora do Rosário e suas transformações ao longo do tempo, que deverá ser realizada, por profissionais habilitados, sob responsabilidade da Diocese de Paranaguá, incluindo maior número de pesquisas históricas, com consultas a documentos como obituários arquivados na Mitra Diocesana de Paranaguá e antigas plantas da edificação, entre outros, além de fontes orais; 

Realizar o monitoramento arqueológico contínuo de áreas em superfície e

subsuperfície do Centro Histórico de Paranaguá seria muito importante para ampliar os dados daquela região.

______________________________________ Dra. Claudia Inês Parellada Museu Paranaense – Setor de Arqueologia

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