RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO PIBID- UCS SUBPROJETO MÚSICA 2014

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RELATÓRIO DE ATIVIDADES DO PIBIDUCS SUBPROJETO MÚSICA

Janeiro de 2015

EQUIPE DE TRABALHO Rafael Rodrigues da Silva (coordenador) Angela Garahy (supervisora) Deise da Silva Santos (bolsista) Diego Conto Lunelli (bolsista) Eduardo Airton Arruda (bolsista) Gabriela Garibaldi Vidal (bolsista) Marlon da Silva Castilhos (bolsista) Wiliam Gustavo Machado (bolsista) Ticiana Cenci Ribeiro (bolsista)

ESPAÇO DE ATUAÇÃO E. M. E. F. Zélia Rodrigues Furtado

 

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LISTA DE FIGURAS   FIGURA 1 - Entrada da E. M. E. F. Zélia Rodrigues Furtado  .............................................  9   FIGURA 2 - Gráfico comparativo entre o Ideb da escola, a meta para o ano e a média de Caxias  ..............................................................................................................................................  10   FIGURA 3 - Mapa com localizações realizadas por um dos alunos.  ..............................  17   FIGURA 4 - alunos indicando o local das práticas musicais no mapa junto ao bolsista Eduardo.  ...............................................................................................................................................  18   FIGURA 5 - A professora unidocente em parceria com o bolsista Diego.  ...................  18   FIGURA 6 – Bolsistas e alunos em deslocamento durante a saída de campo  .............  19   FIGURA 7 - Bolsista e alunos em deslocamento durante a saída de campo  ................  20   FIGURA 8 – Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro  ..  21   FIGURA 9 - Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro  ...  21   FIGURA 10 - Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro   22   FIGURA 11 – Bolsistas planejando a maquete em dimensões reais em reunião na universidade  ........................................................................................................................................  23   FIGURA 12 - Esquema para a construção da maquete criado pelos bolsistas  ............  24   FIGURA 13 – Bolsistas experimentando a técnica de papietagem antes dos alunos   25   FIGURA 14 - Réplica da escola Zélia Rodrigues Furtado construída por seus alunos  .................................................................................................................................................................  25   FIGURA 15 – Material para a maquete construído pelos alunos  .....................................  26   FIGURA 16 – Bolsistas e alunos organizando a exposição na sala onde foi realizada  .................................................................................................................................................................  26   FIGURA 17 – A exposição montada antes de ser aberta a visitação  ..............................  28   FIGURA 18 - Professores e alunos da escola visitando a exposição  ..............................  28   FIGURA 19 - Detalhe do video reproduzido no tablete conectado a um fone de ouvido  ...................................................................................................................................................  29   FIGURA 20 - Reunião de trabalho  .............................................................................................  30   FIGURA 21 – Representantes do Pibid Música da UCS no Encontro Regional da ABEM  ...................................................................................................................................................  31   FIGURA 22 – Apresentação do Pibid Música da UCS na Semana Acadêmica do Campus 8  .............................................................................................................................................  32   FIGURA 23 - Cartaz de divulgação do evento  .......................................................................  34   FIGURA 24 - Mesa de abertura com a presença de autoridades da região  ...................  34   FIGURA 25 - Conferência de abertura com a Profa. Dra. Luciana Del-Ben  ...............  35   FIGURA 26 - Momento de apresentação de relatos de experiência no evento  ...........  36   FIGURA 27 - Plenária final  ..........................................................................................................  36   FIGURA 28 - Bolsista Marlon apresentando sua síntese dos resultados da pesquisa para o grupo  ........................................................................................................................................  38  

 

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SUMÁRIO 1.  Apresentação  .................................................................................................................  5   2.  O  PROCESSO  SELETIVO  ...............................................................................................  7   3.  A  ESCOLA  .........................................................................................................................  9   3.  AÇÕES  ............................................................................................................................  11   3.1  Estudos  dirigidos  sobre  saberes  docentes  em  música  ........................................  11   3.1.1  Pesquisa  do  tipo  estado  do  conhecimento  sobre  o  Pibid  nos  anais  da   ABEM  ...........................................................................................................................................  11   3.2  Práticas  de  vivência  e  intervenção  na  realidade  escolar  ....................................  13   3.2.1  Mapeamento  das  práticas  musicais  no  entorno  da  escola  .............................  13   3.3  Práticas  de  sistematização  e  compartilhamento  de  experiências  ..................  30   3.3.2  Encontro  de  Professores  de  Música  na  Educação  Básica  da  Serra  Gaúcha  .......................................................................................................................................................  33  

4  -­‐  TRABALHOS  DE  RECUPERAÇÃO  DE  FALTAS  ...................................................  38   6.  REFERÊNCIAS  ..............................................................................................................  41   ANEXO  I  .............................................................................................................................  42  

 

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1. Apresentação O que acontece quando o professor ensina? Quais são os saberes que permitem que o docente exerça sua profissão no contexto da educação básica brasileira? Sob que critérios e através de quais perspectivas é possível avaliar, analisar e planejar práticas musicopedagógicas na escola? Ao planejar uma proposta de formação de professores que fomente a iniciação à docência, contribua para o aperfeiçoamento da formação docente no ensino superior e para a melhoria da qualidade da educação básica sem, no entanto, constituir atividade semelhante à de estágio supervisionado, creio que estas são perguntas possíveis para balisar e dar unidade às diferentes ações. São perguntas restritas o suficiente para definir a atividade docente como foco e amplas o suficiente para permitir que se considere os diversos fatores a influenciam diretamente: aspectos sociais, culturais, identitários, profissionais e políticos. Acima de tudo, são perguntas que permitem orientar a prática reflexiva própria de uma formação superior para a observação e a análise de elementos que fazem parte da prática cotidiana do professor na educação básica, possibilitando, assim, um diálogo equilibrado e produtivo entre a escola e a universidade.1

A cerca de um ano, o subprojeto Música da UCS iniciou tendo essas questões como balizadoras. O objetivo era o de promover o aperfeiçoamento e a formação inicial de professores por meio da inserção dos estudantes do curso de Licenciatura em Música da UCS em escolas públicas da educação básica. Desde então, aquilo que surgiu como algo projetado por um professor para bolsistas sem nome e sem rosto afim de atuarem em uma escola ainda não conhecida, sofreu muitas alterações. Todas elas fruto da relação estabelecida entre os sujeitos envolvidos de maneira direta ou indireta no projeto (bolsistas, professores da escola, funcionários e alunos). Escolhas tiveram de ser tomadas, adaptações realizadas, pessoas entraram e saíram do projeto e aquilo que hoje temos para apresentar é fruto dessa dinâmica. O presente relatório apresenta o resultado de um ano de trabalho dentro do subprojeto Música da UCS. A intenção presente proposta era a de que as perguntas acima norteassem essa inserção que se daria através de ações divididas em três eixos: •

Práticas de vivência e intervenção na realidade escolar;



Estudos dirigidos sobre saberes docentes;



Práticas de sistematização e compartilhamento das experiências proporcionadas pelo Pibid.

                                                                                                                1

 

Parágrafo extraído do texto de apresentação do subprojeto Música da UCS.

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Após uma breve apresentação do processo seletivo de bolsistas que deu origem à equipe atual e da escola onde o projeto vem ocorrendo, o presente relatório relatará suas realizações no ano de 2014 respeitando a divisão por eixos de ação proposta no projeto. Tal divisão tem por objetivo contribuir para que o leitor tenha melhores condições de avaliar o subprojeto com base nos objetivos iniciais e das ações projetadas e dos resultados alcançados. Ao final, uma breve síntese da política de recuperação de faltas implementada no subprojeto e as considerações finais.

 

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2. O PROCESSO SELETIVO A divulgação da seleção de supervisores e bolsistas para o subprojeto Música do Pibid UCS se deu através de diferentes estratégias. Para os alunos do curso, a oportunidade de participação no projeto foi divulgada através do ambiente virtual de aprendizagem, cartaz no mural do curso e visita do coordenador a turmas de algumas das disciplinas do curso. Para a seleção de supervisores, foi pedido aos professores do curso que repassassem a carta-convite a seus contatos através das redes sociais e outros possíveis canais de comunicação. Em todos esses diferentes momentos de divulgação, foi divulgado simultaneamente aos possíveis bolsistas e supervisores um texto de curto de esclarecimento sobre o programa em formato “perguntas frequentes” (ANEXO I) e o próprio edital como forma de ajudar aqueles que não tinham experiência em ler editais, o que parece ser uma dificuldade comum, considerando número de alunos que me encaminhavam perguntas mesmo tendo acesso ao edital. Houveram duas professoras inscritas para a seleção de supervisores e X para a de bolsistas. As entrevistas foram realizadas no campus central da UCS junto à coordenadora institucional do Pibid ou por telefone em casos muito específicos. Visto que uma das professoras inscritas leciona em uma escola localizada em uma cidade consideravelmente distante de Caxias do Sul, o que dificultaria muito o acesso dos bolsistas, a candidata Angela Garahy da E. M. E. F. Zélia Rodrigues Furtado se mostrou a única candidatura a ser considerada e, portanto, foi a selecionada. Ainda que o critério localização tenha sido determinante, a candidatura da escola Zélia Rodrigues Furtado cumpria os requisitos estabelecidos e apresentava potenciais e desafios interessantes para o projeto de formação docente enunciado entre os objetivos do Pibid. A professora Angela possui formação em Artes Visuais, o que, ainda que a situe seu campo de ação dentro do componente curricular Arte na organização curricular da escola, pertence a uma linguagem diferente daquela que baliza a formação oferecida no curso de Música. Tal diferença promove uma abordagem interdisciplinar interessante para os bolsistas em sua formação docente e, possivelmente, acabou por contribuir para que houvesse um diálogo com outras disciplinas durante as atividades realizadas pelos bolsistas.

 

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Já que o número de candidatos inscritos para bolsistas não alcançou o número máximo (12), todos os alunos inscritos foram selecionados. Com um perfil pouco homogêneo, o grupo constituído contempla tanto alunos que vinham cursando as disciplinas de estágio curricular quanto alunos dos primeiros semestres que ainda não haviam cursado um número significativo de disciplinas da área da educação musical. Tal heterogeneidade também promoveu ricos diálogos e relações entre os participantes do projeto.

 

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3. A ESCOLA A E. M. E. F. Zélia Rodrigues Furtado, situada no bairro Parque Oásis (zona norte de Caxias do Sul), possui 536 alunos matriculados, segundo o censo escolar de 2013, todos divididos entre os anos iniciais e finais do ensino fundamental. FIGURA 1 - Entrada da E. M. E. F. Zélia Rodrigues Furtado

Fonte: os autores De acordo com dados oriundos do Censo Escolar e da Prova Brasil disponíveis no site QEdu2, o Nivel socioeconômico (NSE)3 do público atendido pela escola é médio e o Ideb da escola vem mantendo-se abaixo da média da cidade de Caxias do Sul. Ainda assim, os índices oficiais apresentam uma melhora significativa na aprendizagem dos alunos a partir do ano de 2011. Os resultados da Prova Brasil                                                                                                                 2

O QEdu é um site criado em uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann que tem por objetivo sintetizar dados e índices oficiais sobre escolas, municípios e estados brasileiros. Tais informações são apresentados com base nos resultados de avaliações institucionais como o Censo Escolar e a Prova Brasil 3 Índice que sintetiza características do indivíduo como renda, ocupação e escolaridade a partir de questionários aplicados junto à Prova Brasil. O resultado é separado em sete níveis qualitativos: "Mais Baixo", "Baixo" "Médio baixo", "Médio", "Médio Alto", "Alto", "Mais Alto".

 

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apontam um salto de 29 pontos percentuais no número de alunos que aprenderam o adequado em relação à leitura e interpretação de textos até quinto ano entre 2009 e 2011 (24% em 2009 e 54% em 2011) e de 21 pontos no nono ano (14% em 2009 e 35% em 2011). Tal resultado a coloca acima da média de aprendizagem brasileira (35% no quinto ano e 20% no nono), do estado do Rio Grande do Sul (42% no quinto ano e 27% no nono) e do município de Caxias do Sul (53% no quinto ano e 32% no nono). Os índices referentes à aprendizagem de matemática não mostram o mesmo salto e até apresentam um resultados ligeiramente abaixo da média gaúcha e municipal, ainda que acima da média nacional. Tais números provenientes de avaliações institucionais oficiais podem contribuir para que tracemos um perfil da comunidade, da atuação da escola e da efetiva aprendizagem promovida na escola, ainda que tais indicadores de aprendizagem se limitem às áreas como interpretação de texto e matemática. FIGURA 2 - Gráfico comparativo entre o Ideb da escola, a meta para o ano e a média de Caxias

Fonte: www.qedu.org.br Como os números parecem ilustrar, os resultados referentes à escola Zélia Rodrigues Furtado apontam para uma realidade que não é das mais favoráveis. Tais características, no entanto, são avaliadas por nós como sinais de um ambiente rico para os objetivos estabelecidos para a promoção da docência pelo Pibid.

 

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3. AÇÕES Encerrado o processo de seleção, o dia 22 de março marcou o início das atividades do subprojeto com a participação do grupo na reunião de abertura do Pibid. Após o rico debate proporcionado pela fala do palestrante, foram realizadas as primeiras combinações e consulta dos horários de cada um dos participantes para disponíveis para o projeto. As primeiras reuniões aconteceram na escola e foram dedicadas ao conhecimento do espaço e dos sujeitos da escola, apresentação do grupo ao diretor da escola e aos professores, e à análise do documento intitulado Proposta pedagógica para educação infantil, ensino fundamental e modalidade educação especial. Após esse reconhecimento inicial do espaço de atuação e de parte dos sujeitos que nele atuam, iniciamos de maneira mais efetiva o encaminhamento das ações previstas no subprojeto. Como apresentado anteriormente, tais ações foram divididas em três eixos: “Práticas de vivência e intervenção na realidade escolar”; “Estudos dirigidos sobre saberes docentes” e; “Práticas de sistematização e compartilhamento das experiências proporcionadas pelo Pibid”. No presente texto as ações aparecem em ordem cronológica de acordo com o início de sua realização

3.1 Estudos dirigidos sobre saberes docentes em música 3.1.1 Pesquisa do tipo estado do conhecimento sobre o Pibid nos anais da ABEM Cumprida a etapa de reconhecimento do espaço escolar e dos sujeitos pertencentes à comunidade escolar, foram dados os primeiros encaminhamentos da ação referente à realização de uma pesquisa do tipo estado do conhecimento sobre o Pibid nos anais dos encontros nacionais da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), o evento acadêmico mais importante da área. Tal levantamento da produção sobre o Pibid tinha por objetivo [1] apropriar-se da discussão acumulada na área sobre o tema, [2] tomar contato com relatos de experiências realizadas através do Pibid em outros cursos de música do Brasil, afim de toma-los como possível referência para nossa própria atuação, [3] oportunizar uma experiência prática de pesquisa aos bolsistas envolvidos no subprojeto e [4] elaborar uma síntese dos resultados da pesquisa registrada em um artigo a ser publicado como forma de

 

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contribuir para o debate na área e gerar dados significativos para alimentar a atuação dos diversos subprojetos da área da música no Pibid. Para o estado do conhecimento, foram analisados todos os anais dos congressos nacionais da ABEM realizados após 2007, ano em que o Pibid teve início. Ao todo, foram cinco os encontros anuais realizados desde então: 2008, 2009, 2010, 2011 (ano em que o Encontro Nacional da ABEM passa a ser bianual) e 2013. Para cada um dos documentos, foi feito o download do arquivo completo disponível no site da ABEM em formato PDF (Portable Document Format). Em cada um dos arquivos foi realizada uma busca pelo termo Pibid através do comando ctrl+f, disponível no software de leitura. Os artigos onde a havia a ocorrência da palavra Pibid foram salvos separadamente em formato PDF em uma pasta específica que serviu como banco de dados. Os artigos que, tratando de temas não diretamente relacionados ao Pibid, apenas citavam o programa como exemplo de política de formação docente, sem dedicar maiores análises ao tema, foram excluídos da amostra geral. A partir, então, da leitura desses textos selecionados foi criada uma tabela contendo os seguintes indicadores: ano; referência; instituição à qual o(s) autor(es) estavam vinculados à época; participação de coordenadores, supervisores e graduandos; classificação dos autores como professores de ensino superior, professores de educação básica e licenciandos; relato de experiência ou desenvolvimento teórico; do que tratam; e o que podemos concluir. Para a classificação, foi realizada uma busca na Plataforma Lattes por cada um dos nomes apresentados como autores. Optou-se pelas categorias professores de ensino superior, professores de educação básica e licenciandos, ao invés da nomenclatura adotada pela Capes (coordenador, supervisor e bolsista, respectivamente), porque, com grande frequência, o currículo Lattes dos autores não deixavam claro o tipo de vínculo com o projeto. Dessa forma, a escolha por caracterizar o vínculo que o autor possuía à época com a Instituição de Ensino Superior ou com a escola, em vez de com o Pibid, foi a identificação possível de se realizar a partir dos dados constantes no Lattes dos autores. A tabela foi criada a partir da distribuição dos 24 artigos selecionados entre bolsistas, supervisor e coordenador. Cada texto foi lido por dois membros, apresentado para os demais e, então, estes dois preencheram os indicadores definidos para a pesquisa em uma planilha no software Excel para melhor visualizarmos os dados e facilitar posterior análise. A partir desta ferramenta usamos filtros pra  

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estabelecer a recorrência quanto às universidades, os autores e suas respectivas posições no programa e o tipo de trabalho, a fim de estabelecer as informações que compuseram a pesquisa. Todo o processo de seleção, leitura e preenchimento da tabela tomou pouco mais duas semanas. O processo de análise dos dados e redação do artigo com os resultados da pesquisa foi deixado para o fim do semestre para que se amadurecesse o debate e para dar encaminhamento a outras ações previstas no cronograma para o período. Em julho de 2014, a apresentação da pesquisa no Encontro Regional da ABEM Sul foi de grande importância pois permitiu que tivéssemos contato com críticas e sugestões de diferentes pesquisadores e estudantes presentes no evento. Tais contribuições serão sistematizadas e a análise que, até então se ocupou de aspectos mais quantitativos relacionados à produção acadêmica sobre o Pibid na área, em 2015 será ampliada com intuito de analisar que tipos de atividades vem sendo apresentadas nesses relatos de experiência e como.

3.2 Práticas de vivência e intervenção na realidade escolar   3.2.1 Mapeamento das práticas musicais no entorno da escola Durante as leituras dos relatos de experiências com música no Pibid de outras universidades do país, foi possível entrar em contato com múltiplas formas de se colocar na realidade escolar e organizar o tempo dedicado pelos bolsistas ao programa. Tais leituras nos permitiram, portanto, considerar múltiplas possibilidades ao decidir de que forma organizaríamos as, ao menos, oito horas semanais previstas no regulamento do Pibid. Considerando a disponibilidade de horários dos bolsistas, o grande grupo se dividiu em três grupos menores (dois atuando no período da tarde e um pela manhã), cada um dos grupos responsável por uma ou duas turmas. Assim, a princípio, observando as aulas ministradas nas diferentes turmas, os bolsistas se preparavam para a ação de mapeamento das práticas musicais da região em torno da escola, a qual lhes demandaria ainda maior protagonismo. Procurando promover o acesso à cultura e o conhecimento do seu contexto musical, o projeto teve como objetivo o mapeamento das manifestações musicais existentes em torno da comunidade escolar, levando o aluno à vivência musical no contexto em que está inserido. A escola sugeriu dois anos para serem trabalhados: quinto e sétimo, sendo duas turmas de cada ano. No turno da tarde as atividades  

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foram desenvolvidas com os quintos anos, com uma dupla de bolsistas para cada classe. Os sétimos anos, no turno da manhã, possuíam um trio de bolsistas que atuavam nas duas turmas. As atividades do Pibid aconteciam às segundas-feiras, com duração de um período de 50 minutos, ocupando o horário do professor titular, que acompanhava as atividades. A oficina visa promover com os alunos da escola uma espécie de mapeamento que registra de forma gráfica, escrita, sonora e/ou fílmica a diversidade das práticas musicais presentes na região da escola. As músicas presentes nos mais diversos espaços (igrejas, torcidas de futebol, corais de música italiana, grupos de rap, etc.) contribuirão para que os alunos promovam não só o registro musical mas também o debate sobre a diversidade cultural na região e as distintas formas de produzir música. Essa proposta também surge através da seguinte pergunta: O que pode ser considerado música? É possível que muitas dessas práticas musicais não estariam entre as respostas dos alunos. Portanto, é significativo promover um olhar diferenciado sobre essas manifestações, muitas vezes desconhecidas por parte dos alunos, para que também sejam reconhecidas como música. A atividade propõe que os alunos sejam instigados a buscar por si essas práticas musicais que se encontram na comunidade, e a partir dessas buscas conhecêlas e vivenciá-las, realizando seus próprios registros. Dessa forma, os licenciandos, juntamente com o seu coordenador e supervisor, podem discutir e planejar o que realmente pode ser uma atividade musical significativa e, ao mesmo tempo, interessante para o aluno. As aulas foram ministradas e, conforme disponibilidade, planejadas em conjunto com as professoras unidocentes nas turmas de quinto ano e com o professor de Geografia nas turmas de sétimo ano. O planejamento levou em conta o perfil das turmas já observadas pelos bolsistas. Durante duas semanas os grupos acompanharam, dentro de sua carga horária, o espaço em que as atividades seriam desenvolvidas. Como o objetivo da primeira intervenção era mapear as manifestações musicais presentes no entorno da comunidade escolar, percebemos a necessidade de construir um conhecimento prévio dos possíveis resultados a serem levantados pelos alunos, além de traçar um perfil do próprio bairro. Para tanto, separamos o perímetro da escola em três áreas que foram percorridas e analisadas pelos bolsistas. Neste levantamento inicial encontramos centros comunitários que desenvolvem atividades musicais (geralmente sob a forma de oficinas), escola de samba, grupos musicais e  

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instrumentistas de diversos estilos, além de um grande número de igrejas (de diversos segmentos religiosos). Após a coleta preliminar de dados, iniciamos o planejamento das atividades práticas a serem aplicadas. Mesmo que as turmas tenham idades e características distintas, optamos por desenvolver o projeto com um único planejamento, a ser adaptado de acordo com as necessidades das mesmas. Em nossas reuniões semanais designamos um tempo para construir o planejamento em grupo. É importante ressaltar que, quando necessário, os planos de aula eram alterados durante sua aplicação, afinal o espaço escolar é complexo e possui uma dinâmica que o planejamento inicial não consegue abranger. Como apontam Hentschke e Del Ben (2003, p.178): o ensino é uma atividade complexa, que envolve várias pessoas, várias coisas a fazer simultaneamente e, por isso, sempre terá alguma imprevisibilidade, já que não é possível prever como os alunos, individualmente ou em grupo, estarão interagindo com os acontecimentos da sala de aula e com o contexto da prática. Por isso, o plano poderá (e, em alguns casos, deverá) ser transformado, recriado e até mesmo abandonado e substituído durante sua implantação.

A realização das aulas se deu nos meses de maio e junho, sempre articulando as aulas ministradas nas segundas-feiras e reuniões de avaliação e planejamento nas quartas-feiras. Foram ministradas sete aulas, nas quais foram desenvolvidos, cronologicamente, os seguintes objetivos: estabelecer vínculo com as turmas; ampliar a concepção dos alunos sobre a música em seus diversos contextos; compreender espaço, localização e representação geográfica; construir um mapa englobando as habilidades trabalhadas. As aulas iniciais foram executadas considerando os dois primeiros objetivos. Para tanto, realizamos as seguintes atividades: rodas de improvisação e imitação com sons do corpo, chamada musical, apreciação de músicas e vídeos de diversos estilos (torcida de futebol, louvor, gaúcha, pagode, entre outros), buscando relacioná-las ao contexto do qual faziam parte. Os trabalhos dirigidos para o mapeamento iniciaram a partir da aplicação de um questionário de pesquisa, entregue aos alunos na terceira aula, com as seguintes questões: nome (instituição, banda ou músico), estilo, endereço com ponto de referência, contato e quando aconteciam os ensaios ou apresentações. O intuito era que os alunos recolhessem informações sobre manifestações musicais

 

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próximas a eles e/ou à escola, para, a partir deste levantamento, marcar encontros e desenvolver um roteiro de visitação a esses espaços. Esta atividade, porém, não teve o resultado esperado: a maior parte dos alunos não retornou o questionário, não tendo realizado a pesquisa em casa. Entre os poucos questionários que nos foram entregues, também foi comum que as respostas fossem insuficientes ou pouco claras quanto à identificação e localização. Isso nos deixou um pouco inseguros quanto ao resultado a ser alcançado, isto é, se conseguiríamos realizar o mapeamento. É importante ressaltar que para nós era essencial a participação dos alunos do processo. Seria relativamente fácil conseguirmos os contatos, até porque ao realizar o conhecimento prévio da comunidade no início do projeto conhecemos alguns locais, mas nosso propósito era que eles conhecessem e/ou reconhecessem essas práticas dentro do ambiente em que viviam. Dessa forma decidimos prosseguir com o planejamento, onde o próximo passo seria trabalhar a noção de mapa, e mais tarde, retomaríamos esse reconhecimento das práticas musicais. Passamos para o desenvolvimento da compreensão sobre espaço, localização e representação geográfica, utilizando a própria sala de aula como ponto de partida: os alunos puderam explorar os sons deste ambiente, criando pequenas composições em grupo, a partir dos elementos sonoros pesquisados. Através do espelho de classe, trabalhamos a localização de cada um dentro da sala de aula. Desta forma, além de desenvolver a noção espacial realizamos um trabalho de percepção da paisagem sonora. Em seguida, ampliamos a atividade para todo o espaço escolar. Para tanto, gravamos os sons de diversos ambientes da escola: recepção, cozinha, sala de cópias, corredor, escada, biblioteca, sala de informática, quadra, banheiro, sala dos professores e sala de aula. A tarefa dos alunos era identificar os locais a que cada áudio pertencia, listando-os na lousa. Ao lado desta lista, foi desenhado um mapa da escola. Os alunos deviam reproduzir individualmente esse esboço, inserindo nele os locais identificados. Através desta atividade percebemos que a compreensão dos alunos sobre localização espacial através de mapas alcançara um nível satisfatório. Assim, partimos para a última etapa deste primeiro semestre, que consistia na construção de um mapa do bairro, destacando as práticas musicais localizadas. Apresentamos uma série de slides com imagens do espaço geográfico em torno da escola; em seguida, cada aluno recebeu uma cópia desse mapa em folha A4, no qual localizaram suas

 

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residências e o trajeto até a escola, assim como diferentes pontos de referência existentes no local. FIGURA 3 - Mapa com localizações realizadas por um dos alunos4.

Fonte: os autores.

A atividade de conclusão, que abrangeu as principais habilidades trabalhadas, foi realizada através de um mapa do entorno da escola, impresso em papel fotográfico em tamanho A0. Com ele posicionado ao centro da sala, os alunos reuniram-se em volta e foram indicando (através de pequenas imagens, previamente preparadas) os locais onde sabiam da existência de manifestações musicais. Esta atividade demonstrou que os alunos conheciam muitas práticas musicais no bairro, apesar de não terem respondido ao questionário anteriormente aplicado. As trocas de conhecimento dentro das turmas foram muito válidas, suscitando entre eles várias discussões sobre a localização exata das práticas e mesmo sobre as práticas em si. A seguir, são apresentadas algumas imagens sobre os resultados obtidos nas turma.

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Nessa atividade, se pediu a cada um dos alunos que [1] localizasse no mapa a escola, [2] pintasse de verde a rodovia, [3] marcasse com um x onde se localiza o principal mercado do bairro, [4] traçasse o caminho da escola até a lagoa e [5] que localizasse sua casa e traçasse o caminho até a escola.

 

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FIGURA 4 - alunos indicando o local das práticas musicais no mapa junto ao bolsista Eduardo.

Fonte: os autores.

FIGURA 5 - A professora unidocente em parceria com o bolsista Diego.

Fonte: os autores

Após essa primeira etapa relacionada ao desenvolvimento da habilidade de ler mapas e de identificar práticas musicais no cotidiano do bairro, deu-se início à

 

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segunda etapa que consistia na saída a campo com as crianças para que registrassem os moradores do bairro Parque Oásis fazendo música. Para tanto, foi criada uma oficina no contraturno escolar e enviada uma autorização aos pais dos interessados onde ficasse registrada a permissão para que cada um dos alunos inscritos pudesse sair a campo. As primeiras aulas foram dedicadas a passar orientações iniciais sobre como manusear o equipamento fotográfico para tirar fotos e filmar e como dividir tarefas entre os membros de cada grupo. Nessas aulas, os alunos experimentaram os diferentes papéis idealizados por nós do Pibid (entrevistador, cinegrafista, fotografo e até mesmo músico) para sentirem-se familiarizados com os papeis na saída a campo. As saídas aconteceram em pequenos grupos, sempre sob a supervisão da supervisora e/ou do coordenador do projeto, de professores da escola e dos bolsistas, como as imagens ilustram. FIGURA 6 – Bolsistas e alunos em deslocamento durante a saída de campo

Fonte: os autores

 

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FIGURA 7 - Bolsista e alunos em deslocamento durante a saída de campo

Fonte: os autores As saídas de campo se mostraram também muito produtivas do ponto de vista da identificação e localização de práticas musicais. O mapa criado pelos alunos serviu como referencia, no entanto, durante as caminhadas, o grupo se permitiu fazer perguntas aos moradores da região e observar sinais de instrumentos musicais e práticas musicais nas casas pelas quais passavam. De certa forma, o mapa foi sendo redesenhado durante a caminhada na cabeça dos alunos e na dos bolsistas. A relação entre a representação estática do mapa e a dinamicidade do espaço social foi sendo reforçada nesse movimento. Enquanto descobriam os sujeitos que faziam música, registravam da sua forma, através de seu olhar. As informações e dados foram coletados através de anotações, registro gráfico, de aúdio e/ou filmica Fomos muito bem recebidos pelos músicos moradores do bairro que abriram suas casas ou instituições, responderam a todas as perguntas feitas pelos alunos e tocaram pra elas com muito carinho. Muitos deles se sentiram muito felizes e valorizados e manifestaram isso diversas vezes.

 

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FIGURA 8 – Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro

Fonte: os autores FIGURA 9 - Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro

Fonte: os autores

 

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FIGURA 10 - Alunos investigando práticas musicais entre os moradores do bairro

Fonte: os autores Enquanto as saídas de campo, que duraram dois encontros da oficina, iam ocorrendo, as reuniões semanais eram dedicadas ao planejamento da forma pela qual o produto da pesquisa dos alunos seria exposto à comunidade. Diversas alternativas foram levantadas, todas relacionadas à realização de uma exposição interativa onde cada um dos visitantes pudesse, localizando-se no mapa do bairro, escolher que manifestação musical deseja assistir. Após avaliar e criar muitas possibilidades diferentes, a exposição foi concebida de maneira a articular artes visuais e música. A ideia era construir com as crianças uma maquete do bairro e dispor sobre ela vários tablets e, em cada um, um vídeo do morador correspondente àquele local da maquete. Optamos por realizar o planejamento da criação da maquete entre os bolsistas, antes mesmo de iniciar as aulas de confecção da maquete, pois tínhamos, ao todo, três semanas (um encontro por semana) para construí-la com os alunos. Dessa forma, a escolha da sala de aula da escola onde seria realizada a exposição e o cálculo aproximado da escala utilizada na maquete chegou aos alunos em um nível de planejamento maior do que o comum, sem maiores possibilidades de contribuições criativas dos alunos, como foi comum em outros momentos da ação. Ainda assim o estabelecimento dos pontos de referencia constantes na maquete (mercado do bairro, igrejas, viaduto, sinalização de trânsito, lago, etc) foi feito em parceria com os alunos

 

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e tomando pontos comumente utilizados em suas descrições (“perto do mercado Vantajão”, “depois do viaduto”, etc.). FIGURA 11 – Bolsistas planejando a maquete em dimensões reais em reunião na universidade

Fonte: os autores.

 

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FIGURA 12 - Esquema para a construção da maquete criado pelos bolsistas

Fonte: os autores Tendo planejado as proporções da maquete e tendo em vista o cronograma, partimos para a etapa de confecção da maquete propriamente dita. Conforme indicado pela supervisora do subprojeto, a técnica escolhida para a construção da maquete foi a papietagem5, mas antes de os bolsistas ministrarem as aulas ensinando as crianças a fazerem a maquete, foi necessário que os bolsistas da UCS tivessem uma aula com a professora supervisora para aprender e experimentar a técnica.

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Técnica que, utilizando como base materiais rígidos como caixa de leite, usa uma solução de água e cola para sobrepor pedaços de jornal (ou outro tipo de papel) formando uma superfície que pode ser pintada com facilidade.

 

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FIGURA 13 – Bolsistas experimentando a técnica de papietagem antes dos alunos

Fonte: os autores FIGURA 14 - Réplica da escola Zélia Rodrigues Furtado construída por seus alunos

Fonte: os autores

 

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FIGURA 15 – Material para a maquete construído pelos alunos

Fonte: os autores FIGURA 16 – Bolsistas e alunos organizando a exposição na sala onde foi realizada

Fonte: os autores

 

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A data para a realização da exposição, decidida em conjunto com a direção da escola, foi o dia 13 de dezembro, o dia da festa de natal e último dia letivo da escola. Uma semana antes exposição, aproximadamente metade das casas e prédios feitos pelos alunos desapareceu da sala de Artes, onde estavam sendo armazenadas, o que prejudicou em parte o resultado final. Na reunião de avaliação após a exposição, o coordenador considerou a possibilidade de tal desaparecimento ser um sinal de que o envolvimento com o projeto ficou muito limitado aos alunos da oficina (entre 30 e 40 alunos, ao todo). Talvez, um maior empenho em apresentar o que vinha sendo feito para os demais alunos da escola antes da exposição como uma forma de situa-los simbolicamente sobre o que tal material representava, pudesse ter evitado tal desaparecimento. Ficou como lição para as próximas ações. Ainda com a significativa perda com o desaparecimento de grande parte das casas o resultado não ficou visualmente tão prejudicado, como as fotos abaixo ilustram. A ideia inicial de envolver os alunos na edição dos vídeos que eles mesmos captaram mostrou-se inviável ao constatarmos que os computadores da escola não possuía configuração suficiente para suportar um processo pesado como a edição de vídeos. Nas vezes em que realizamos testes, os computadores travaram antes mesmo que qualquer operação de edição fosse realizada. Outro problema referente à qualidade dos equipamentos tecnológicos da escola, se manifestou poucos dias antes da exposição, quando percebemos que os tablets da escola apresentavam problemas muitos problemas de sincronia entre som e imagem e travavam simplesmente por terem de executar um clipe já editado (3 a 5 minutos de duração). Dessa forma, um grande esforço conjunto foi realizado entre os bolsistas para encaminhar os últimos retoques para a exposição: enquanto um grupo editava os vídeos captados pelos alunos para gerar um clipe para cada morador com músicas e entrevistas, outro grupo selecionava fotos das saídas de campo e da construção das maquetes e as imprimia e outro grupo divulgava e buscava entre amigos e colegas do curso estantes de partitura para sustentar os tablets com os vídeos dos moradores. Foram confeccionados convites para a exposição para os moradores do bairro que participaram do projeto. Neles convidamos os músicos participantes a prestigiar a exposição e levarem seus instrumentos para tocar na festa da escola. Também foram confeccionados DVDs com os clipes de todos os moradores registrados para serem entregues de presente por sua participação e colaboração no projeto.

 

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Finalmente, a exposição ficou pronta para o dia marcado. Infelizmente, a montagem, que aconteceu em uma sexta e um sábado (dias diferentes daqueles marcados para a oficina) não pode contar com presença significativa de alunos, ficando a cargo dos bolsistas Pibid. De qualquer forma, um número significativo de alunos compareceu à festa e circulou pela exposição apresentando-a a amigos e professores. FIGURA 17 – A exposição montada antes de ser aberta a visitação

Fonte: os autores FIGURA 18 - Professores e alunos da escola visitando a exposição

Fonte: os autores

 

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FIGURA 19 - Detalhe do video reproduzido no tablete conectado a um fone de ouvido

Ao término desta primeira etapa do projeto é possível dizer que nossos objetivos foram alcançados. Ainda assim é necessário salientar que “nem tudo foram flores”. Em todas as turmas tivemos problemas de indisciplina. Alguns alunos eram inquietos, mais agitados, o que dificultava sua atenção para o desenvolvimento das atividades e acabava influenciando o restante da turma. Nos quintos anos, houve a troca dos professores titulares quase na metade do semestre, fato que também contribuiu com a inquietação das turmas. Durante o desenvolvimento do projeto pudemos estabelecer vínculos com os alunos. Percebemos uma melhora significativa no relacionamento com as turmas ao longo desse período. Esta melhora é compreensível, visto que agora os alunos já estão habituados à presença dos bolsistas e à rotina das aulas. As aulas possuem uma dinâmica que difere da maioria das disciplinas, tanto pela sua orientação, quanto pela própria presença de atividades musicais no espaço escolar. As aulas baseiam-se em práticas que envolvem a turma inteira e desafiam os alunos, tanto na realização das atividades quanto no relacionamento interpessoal, e, por diferirem do chamado “ensino tradicional” despertam o interesse destes. O próximo passo em 2015 é montar essa exposição na universidade e levar os alunos da escola de ônibus para a festa de abertura da exposição e para conhecer o campus.  

 

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3.3 Práticas de sistematização e compartilhamento de experiências Com a a publicação da chamada de trabalhos para o Encontro Regional da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM-Sul) e a necessidade de interromper as atividades de mapeamento por razão da proximidade das férias escolares em julho, as atenções do grupo se voltaram para a redação de dois artigos para serem submetidos ao encontro: um trazendo o resultado da pesquisa de estado do conhecimento já iniciada e um relato de experiência sobre a ação de mapeamento ainda em curso. Para a redação desses dois artigos houve uma reunião de planejamento com o grande grupo onde a estrutura de cada um dos artigos foi planejada coletivamente. Discutiu-se sobre o como as diferentes seções dos artigos deveriam ser compostas de maneira a compor um artigo consistente, tendo os artigos lidos anteriormente dos Anais da ABEM e as normas para submissão como referencia. FIGURA 20 - Reunião de trabalho

Fonte: os autores Após a etapa de planejamento, o grupo foi dividido conforme interesse em dois grupos, cada um responsável por um dos artigos. A redação do artigo se deu fazendo uso do site Google Drive, onde é possível que diferentes autores editem  

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online um mesmo documento de texto. Cada seção do trabalho foi divida entre os bolsistas e três reuniões foram dedicadas a lê-lo coletivamente para que se avaliassem problemas e se planejasse alterações e novas redações. Os dois artigos foram submetidos, no entanto, por problemas no momento da submissão (realizada online) apenas um dos artigos foi considerado para avaliação. No dia 21/08 a carta de aceite do trabalho intitulado "Estado do conhecimento sobre o Pibid na área da educação musical: os anais dos Encontros Nacionais da ABEM (2008 – 2013)" e o procedimento para solicitar a ajuda de custo para a viagem para Blumenau –SC, onde o evento foi realizado. Dois dias antes da viagem, foi organizada na universidade uma prévia da apresentação que foi realizada em Blumenau para os alunos e professores do curso de Música da UCS afim de praticar com um público mais próximo antes do evento e ouvir críticas e sugestões. A participação do Pibid Música da UCS no evento foi muito proveitosa. Além de os alunos apresentarem seu trabalho para um público bastante qualificado, foi uma oportunidade muita rica na qual eles puderam assistir a conferências de grandes nomes do campo da educação musical, conhecer pessoalmente pesquisadores que só conheciam através dos textos, trocar experiências com colegas de outros Pibid Música da região sul e adquirir material bibliográfico sobre música dos estandes de venda tão comuns nesse tipo de evento.

FIGURA 21 – Representantes do Pibid Música da UCS no Encontro Regional da ABEM

 

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Fonte: os autores O artigo intitulado “A escola botando a(s) música(s) no mapa: relato de uma experiência no Pibid” sobre a ação de mapeamento realizada na escola, que não foi avaliado por problemas na submissão no encontro da região sul, foi enviado também para o Encontro Regional da ABEM Sudeste que foi realizado em Vitória – ES entre os dias 15 e 17 de outubro. O artigo também recebeu carta de aceite no dia 23/09 e os pareceres de dois pesquisadores da área contribuíram muito para qualificar o artigo para uma próxima submissão, mas não foi possível participar desse evento por não dispormos de recursos suficientes após a viagem para Blumenau Quanto à divulgação das atividades do Pibid Música da UCS para a comunidade universitária ligada ao curso de música em Caxias e em outras universidades do país, foi criado o blog (já previsto no edital e promovido para todos os subprojetos pela coordenadora institucional da UCS) disponível no endereço e uma página na rede social Facebook https://www.facebook.com/pibidmusicaucs> utilizados como meio de divulgar as ações do subprojeto. Também tivemos a oportunidade de apresentar as ações do subprojeto para o público do campus na programação da Semana Acadêmica Integrada do Centro de Artes e Arquitetura da UCS. Na apresentação, estiveram presentes professores e alunos do curso de música e outros interessados. FIGURA 22 – Apresentação do Pibid Música da UCS na Semana Acadêmica do Campus 8

Fonte: os autores.      

 

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3.3.2 Encontro de Professores de Música na Educação Básica da Serra Gaúcha Entre as ações que não estavam previstas no subprojeto aprovado no início de 2014 e que foram idealizadas e promovidas a partir de demandas surgidas nas discussões no grupo, está o I Encontro de Professores de Música na Educação Básica da Serra Gaúcha. O encontro ocorreu entre os dias 21 e 22/11 de 2014, na cidade de Caxias do Sul – RS, organizado pelo subprojeto Música do PIBID da Universidade de Caxias do Sul e pelo curso de Licenciatura em Música da mesma universidade. O evento teve como objetivos: •

Divulgar e valorizar as práticas musico-pedagógicas que vem sendo realizadas

nas escolas da região da serra gaúcha e os profissionais responsáveis por elas; •

Realizar um levantamento dos professores de música distribuídos pela região

como forma de compreender as demandas da educação básica na serra gaúcha; •

Contribuir para a estruturação de uma identidade profissional bem como para

a construção de repertório de saberes relacionados à profissão de professor de música; •

Debater alternativas para a ampliação e qualificação das práticas musico-

pedagógicas na região da serra gaúcha e diretrizes para a formação de professores de música. A ideia do encontro surgiu conforme foi se percebendo uma ausência de referencias acerca das possibilidades do ensino de música na educação básica (poucos no grupo tiveram música na escola), o pouco contato que profissionais professores de música tinham entre si e a falta de espaços de formação continuada baseada na troca de experiência entre profissionais da área. Foi enviado um ofício assinado pela diretora do Centro de Artes e Arquitetura para todas as Secretarias Municipais de Educação e todas as três Coordenadorias Regionais de Educação da região. Além disso, diferentes profissionais da área foram mobilizados para que se entrasse em contato com o maior número possível de professores de música atuando na região.

 

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FIGURA 23 - Cartaz de divulgação do evento

Fonte: autoria de Rosiana Debarba Frizon FIGURA 24 - Mesa de abertura com a presença de autoridades da região

Fonte: os autores

 

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FIGURA 25 - Conferência de abertura com a Profa. Dra. Luciana Del-Ben

Fonte: os autores Ao todo, foram mais de 40 participantes, entre representantes das CREs e Secretarias Municipais, professores de música que atuam em escolas da educação básica (públicas e privadas), professores do curso e licenciandos. Entre estes, 18 relatos de experiência foram apresentados entre os 4 Grupos de Trabalho (GTs): Educação Infantil; Anos iniciais do Ensino Fundamental; Anos finais e Ensino Médio; e Extra-curricular e Projetos escolares. Os relatos e as questões levantadas nos GTs foram sintetizadas e levadas para a plenária. O documento resultante dos debates na plenária ainda está em construção.

 

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FIGURA 26 - Momento de apresentação de relatos de experiência no evento

Fonte: os autores FIGURA 27 - Plenária final

Fonte: os autores Entre as conclusões levantadas na Plenária estão: •

Há, na região, uma demanda consideravelmente maior por professores de

música na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. No entanto, por questões legais, tais níveis de ensino não tem sido contemplados nas práticas de estágio do curso de Música da UCS (o único da região). O colegiado do curso se

 

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comprometeu a buscar junto à universidade possibilidades para atuação de estagiários nesses níveis. •

Foram recorrentes os relatos de não reconhecimento do tempo dedicado à

preparação de aulas na carga horária d os docentes na educação básica e de excesso de turmas. Tal problema foi relatado por professores de todos os níveis de ensino de escolas particulares e públicas e é comum entre professores de outras áreas, mas alguns relatos apontam que se agrava entre professores de música em decorrência de uma associação direta entre aula de música e recreação. Parcerias estão sendo criadas para realizar um mapeamento com foco nas condições de trabalho dos professores de música da Serra Gaúcha.

 

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4 - TRABALHOS DE RECUPERAÇÃO DE FALTAS Houveram diversas situações em que membros do grupo tiveram de se ausentar das atividades relacionadas ao Pibid, entre elas muitas situações que envolviam compromissos profissionais. Entre os bolsistas do grupo, um número considerável atua como músico profissional e viaja com frequência para tocar em cidades próximas As atividades de recuperação foram negociadas individualmente entre os bolsistas com faltas e o coordenador do subprojeto e visavam pesquisar e apresentar aos colegas pequenos relatórios sobre

tarefas já previstas, mas ainda não

encaminhadas por falta de tempo. Com tais apresentações as decisões do grupo se davam com maior embasamento. A pesquisa de estado do conhecimento foi sendo retomada periodicamente pelo grupo ao longo dos quatro meses também graças ao trabalho de recuperação de faltas de um dos bolsistas. Tal trabalho consistia em fazer uma análise preliminar dos dados gerados pelo grupo e preparar uma apresentação que permitisse que o grupo discutisse possíveis interpretações dos dados e sua validade. Este trabalho de sistematização e apresentação foi realizado com a orientação do coordenador. FIGURA 28 - Bolsista Marlon apresentando sua síntese dos resultados da pesquisa para o grupo

Fonte: os autores.

 

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O blog do subprojeto Música já estava bem estruturado antes da oficina de criação de blogs promovida pela coordenação institucional do Pibid-UCS por razão do trabalho de recuperação de faltas realizado por uma das bolsistas que se dedicou a pesquisar blogs de subprojetos de Música de diferentes regiões do país, preparar uma apresentação desses blogs para apreciação dos colegas e estruturar a primeira versão do blog, a partir do que foi sugerido durante a apresentação. Esta primeira versão está disponível no endereço .

 

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este primeiro ano foi bastante produtivo para os envolvidos no subprojeto Música. Diversas vicências na escola, leituras, escrita de artigos, participações em eventos, organização de um encontro regional e de uma exposição a partir de saídas de campo com alunos, marcaram um ano que julgamos muito bem aproveitado. A intenção dos bolsistas é organizar atividades de arrecadação de dinheiro para que o grupo consiga participar de ainda mais eventos da área (2015 possui um calendário cheio para a área de educação musical) e dar sequencia às atividades iniciadas em 2014. A dinâmica oportunizada pelo programa promove uma experiência significativa em sala de aula e nos debates e planejamentos fora dela. No grupo do Pibid a maioria dos bolsitas se encontram em momentos distintos dentro do curso, uma certa disparidade acadêmica. Além disso, há diferentes níveis de vivência escolar enquanto docente: três bolsistas possuem experiência com ensino regular, quatro alunos atuam como professores particulares de instrumento e um trabalha em um centro educativo com oficinas de violão. É interessante salientar que os saberes diversificados são benéficos ao grupo, pois essa troca enriquece o planejamento e execução das atividades em conjunto.

                 

 

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6. REFERÊNCIAS HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana. Aula de música: do planejamento e avaliação à prática educativa. In: _________. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

 

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ANEXO I Caros alunos do curso de Música, o período de inscrição para aqueles querem ser bolsistas do Pibid vai de 15 de fevereiro a 07 de março no sitehttp://www.ucs.br/site/graduacao/pibid/editais-alunos/ As instruções e os critérios para inscrição estão disponíveis no sitehttp://www.ucs.br/site/midia/arquivos/Edital_n._3-2014_Pibid_alunos_2.pdf

O que é o Programa institucional de bolsa de iniciação à docência (Pibid)? Segundo o próprio site da CAPES (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), o Pibid “é uma iniciativa para o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica. O programa concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à docência desenvolvidos por Instituições de Educação Superior (IES) em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino. Os projetos devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola.”

Fonte: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid

Quanto devo me dedicar ao projeto para ser bolsista? Segundo o edital de seleção de bolsistas da UCS (Edital Pibid-UCS N.º 3/2014), entre outros critérios para a seleção, as atividades relativas ao projeto iniciam no dia 14 de março de 2014 e o aluno deve ter disponibilidade de 8 horas semanais distribuídas nos dois turnos do subprojeto para o qual está se candidatando, conforme a agenda do Pibid-UCS. Fonte: http://www.ucs.br/site/midia/arquivos/Edital_n._3-2014_Pibid_alunos_2.pdf

Qual a remuneração de um bolsistas Pibid? A bolsa de R$ 400,00 mensais. O valor é estabelecido pela CAPES e, portanto, é o mesmo para todos os alunos vinculados ao projeto em todo o Brasil.

O que faz um bolsista Pibid? O bolsista trabalhará em conjunto com o professor coordenador (ligado ao curso) e o professor supervisor (ligado à escola) observando, planejando, executando e avaliando práticas pedagógicas relacionadas à sua área de estudo. O bolsista deverá participar das reuniões de planejamento e avaliação, do grupo de estudos e debates, das práticas pedagógicas relacionadas ao projeto (observando ou atuando em práticas musico-pedagógicas) e envolver-se nas atividades cotidianas da escola como forma de ambientar-se. Além disso, participará da elaboração de relatórios, materiais didáticos e textos acadêmicos que divulguem o trabalho realizado. Conforme a disponibilidade, é possível que o bolsista receba financiamento para apresentar os resultados do projeto em eventos acadêmicos em nível nacional.

Qual o interesse do governo em promover um programa como esse? Como é sabido, a carreira docente não vem sendo vista como atrativa para grande parte da população brasileira e mundial. Por isso, o número de matriculados  

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em cursos de licenciatura vem caindo anualmente e o governo, percebendo a necessidade de promover a docência e construir alternativas ao atual quadro em que as escolas de educação básica se encontram, lançou o projeto. Na prática, é um projeto que articula universidades e escolas com vistas a melhorar a qualidade da educação básica no Brasil. Maiores informações, através dos sites já citados ou com o professor Rafael:[email protected] Um abraço Prof. Rafael R. da Silva

 

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