Relatório de pesquisa/artigo científico

May 31, 2017 | Autor: L. Belinaso Guima... | Categoria: Environmental Education, Educación Ambiental, Educação Ambiental
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Descrição do Produto

Módulo VIII

Relatório de SHVTXLVDDUWLJRFLHQWtÀFR

Colaborador

Leandro Belinaso Guimarães

2015

Equipe do Curso Coordenador-Adjunto do curso Prof. Dr. André Ferreira dos Santos Supervisora de Curso Profa. Dra. Patrícia Aparecida de Souza Formador do Curso Profa. Dra. Susana Cristine Siebeneichler Equipe de Professor-Pesquisador Prof. Rodolfo Medeiros Prof. Dr. André Ferreira dos Santos Prof. Dr. Sandro Estevan Moro Prof. Danival Souza Prof. Dr. Jair da C. Oliveira Filho Profa. Dra. Maria C. Bueno Coelho Profa. Dra. Priscila Bezerra de Souza Prof. Dr. Rubens Ribeiro da Silva Prof. Dr. Saulo de Oliveira Lima Prof. Dr. Leandro Belinaso Guimarães Prof Dr. Marcelo Gules Borges Orientação Pedagógica Isabel Cristina Auler Assessoria em EaD José Lauro Martins 'LDJUDPD¤ÑR'HVLJQHU*UÌoFRê'7( Juniezer B. de Souza

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Gurupi

*L

Guimarães, Leandro Belinaso 5HODWyULRGHSHVTXLVDDUWLJRVFLHQWtÀFRV/HDQGUR%HOLQDVR*XLPDUmHV Gurupi, 2016. 49 p. ;; il. Curso de Especialização EaD em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis (Módulo VIII).





(GXFDomRDGLVWkQFLD7UDEDOKRÀQDO(GXFDomRDPELHQWDO%UDVLO, Título. &'' Bibliotecária: Glória Maria Soares Lopes CRB2 -­ 592 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Sumário

1 -­ Objetivos de aprendizagem

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2 -­ A elaboração de um TCC

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3 -­ Narrativas sobre o processo de criação de um TCC

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4 -­ Algumas dicas para fazer um ótimo TCC

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5 -­ Referências

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Objetivos de aprendizagem

Módulo VIII

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Objetivos de aprendizagem

Neste último Módulo do nosso Curso de Especialização em Educação Ambien-­ WDOYRFrLGHQWLÀFDUiDOJXPDVSRVVLELOLGDGHVGHFRQVWUXomRGHXP7UDEDOKRGH&RQ-­ clusão de Curso (TCC). Compreenderá que há muitos modos de fazer uma pesquisa e/ou uma intervenção em educação ambiental e que os temas podem ser variados. Através da leitura de um conjunto de vivências sobre o processo de confecção de um TCC, espera-­se que você possa reter elementos para construir seu próprio projeto, a partir de tudo aquilo que aprendeu ao longo do Curso.

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A elaboração de um TCC

Módulo VIII

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A elaboração de um TCC Poderíamos escrever aqui nesta seção algumas receitas que, ao você segui-­las ÀHOPHQWHHODERUDULDTXHPVDEHXPyWLPR7&&$FRQWHFHTXHQmRDFUHGLWDPRVHP fórmulas mágicas, muito menos em receitas miraculosas. Como você pode apreender ao longo do Curso, há muitos modos de se pensar e praticar educação ambiental. De-­ sejando marcar essa multiplicidade, convidamos nove jovens pesquisadores/as espa-­ lhados/as pelo país (de Florianópolis/SC, Pato Branco/PR, Maceió/AL, Niterói/RJ H8EHUOkQGLD0* TXHHVWmRFRPHoDQGRXPDWUDMHWyULDSURÀVVLRQDODQRVFRQWDUHP FRPRIRLRSURFHVVRGHFRQVWUXomRGHVHXVSURMHWRVGH7&&7RGRVÀ]HUDPXP7UDED-­ lho de Conclusão de Curso enamorado de uma educação ambiental que acreditamos, ou seja, atenta à cultura, à mídia, ao cotidiano, à vida que acontece na escola ou em outras instâncias das sociedades. Começamos o Curso, através da aula inaugural do professor Leandro Belinaso Guimarães, salientando a importância das narrativas para um trabalho contemporâ-­ neo em educação ambiental. Nada como encerrar esta coleção de materiais didáticos do nosso Curso lendo deliciosas narrativas. Por vezes elas nos emocionam, nos fazem pensar, nos permitem criar perguntas para o nosso próprio processo de criação. Cada narrativa que você lerá neste Módulo VIII não funciona e não serve para que você possa reproduzir uma ideia, um processo, uma pesquisa, uma prática ai na sua cida-­ de no estado do Tocantins. São histórias para se inspirar, para com elas conversar e pensar no TCC que você deseja criar. Como você verá, nenhuma ideia, projeto, prática nasce sem o esforço do estudo. As narrativas mostram e marcam o árduo processo de leitura atenta e criteriosa de textos (escritos e imagéticos), pois uma pergunta, uma questão a ser enfrentada por XP7&&VyQDVFHHPÀQDVLQWRQLDFRPRVDVDXWRUHVDVTXHHOHJHPRVFRPRQRVVRV parceiros não só de pensamento, como de vida. Nenhum texto é imprescindível, ne-­ cessário, fundamental. A medida de sua importância precisa ser avaliada pelo movi-­ mento que ele causa em nosso corpo, pela tempestade que ele proporciona em nós. Quando um autor, um texto, nos tira o chão, nos atiça uma vontade de estudar ainda mais, nos permite perguntar muito;; se tudo isso ou algo disse acontece, podemos in-­ ferir que uma amizade entre você e o texto está começando. As narrativas que você lerá trazem ferramentas para se pensar modos de pes-­ quisar. Convidamos jovens pesquisadores/as que sabíamos que nos trariam modos LQFRPXQVGHSHQVDUDHGXFDomRDPELHQWDO$ÀQDOHVWXGDPRVSDUDQmRÀFDUPRVQR mesmo lugar onde estamos. Criar um TCC a partir da educação ambiental que já praticamos ou estamos acostumados seria muito fácil. Difícil é se aventurar por cami-­ nhos que nos tiram do lugar comum em que nos encontramos. Quando convidamos cada educador/a ambiental para escrever uma narrativa sobre seu processo de construção do TCC, enviamos quatro questões. Pedimos seu

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nome completo, a instituição em que desenvolveu o Trabalho, seu/sua orientador/a e um resumo do mesmo. Solicitamos também um relato, que pudesse salientar os de-­ VDÀRVDVGHOtFLDVHDVDQJ~VWLDVGHVHID]HUXP7&&3RUÀPSHUJXQWDPRVRTXHJRV-­ tariam de dizer para quem está começando um TCC? A seguir, começamos listando os/as jovens pesquisadores/as entrevistados e os respectivos resumos dos Trabalhos IHLWRV'HSRLVSDUWLPRVSDUDDVQDUUDWLYDVÀQDOL]DQGRFRPRLWRGLFDVH[WUDtGDVGRV conselhos dos/as autores/as que colaboraram com a costura deste livro. Autor: Daniel Ganzarolli Martins Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Orientadoras: Professoras Natalia Hanazaki e Aline Gevaerd Krelling Ano de conclusão: 2015 Título do TCC: Um educador-­navegante em mares gancheiros: encontros entre Etnoecologia e Educação Ambiental na APA de Anhatomirim Resumo: 2SUHVHQWHWUDEDOKREXVFDDSURIXQGDUXPDUHÁH[mRDFHUFDGDVLQWHU-­ faces entre os campos da Etnoecologia e da Educação Ambiental. Esse possui como REMHWLYRVHVSHFtÀFRVDQDOLVDUDVSHUFHSo}HVHDVUHODo}HVTXHRVDOXQRVGHXPDHVFROD no entorno de uma unidade de conservação mantêm com a mesma e o seu ambiente, assim como debater acerca da importância de dinâmicas de sensibilização nas práti-­ FDVGH(GXFDomR$PELHQWDO1RVHJXQGRVHPHVWUHGHIRUDPUHDOL]DGDVRÀFLQDV educativas no período de contraturno com um grupo de estudantes da Escola Maria $PiOLDHP*RYHUQDGRU&HOVR5DPRV 6& $VRÀFLQDVWLYHUDPXPIRUPDWRGLDOyJL-­ co e exploraram temas relacionados com a Área de Proteção Ambiental do Anhato-­ mirim e sua sociobiodiversidade. Para a análise dos dados, a pesquisa se utiliza de HVWXGRVVREUHQDUUDWLYDVHGDVUHÁH[}HVSURSLFLDGDVSRUXPGLiULRGHFDPSR)RUDP discutidas as percepções dos alunos acerca da unidade de conservação, as transfor-­ mações neste espaço e as relações com os animais, as plantas e o imaginário popular que lá existem. Também é debatido acerca das práticas de sensibilização aplicadas neste projeto de educação ambiental, com enfoque nas saídas de campo, numa en-­ trevista com antiga moradora da região e na utilização de dinâmicas teatrais. Esta pesquisa apresenta a necessidade de se desenvolver práticas educativas dialógicas e participativas com os estudantes, onde se releve a importância dos saberes tradi-­ cionais nos ambientes escolares e na Educação Ambiental. Através da metáfora do educador como um navegante, o autor busca abrir caminhos para novas releituras sobre o tema.

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Módulo VIII Autora: Clara de Carvalho Machado Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF) Orientadora: Professora Marise Basso Amaral Ano de conclusão: Título do TCC: Outros olhares no ensino de botânica: lembranças, contextos e práticas e um pé de cultura. Resumo: Apesar da nossa convivência diária com os vegetais, ainda é notável a precariedade no processo de ensino-­aprendizagem na área de botânica. Os motivos TXHDSRQWDPSDUDHVWDGLÀFXOGDGHQRHQVLQRVmRUHFRUUHQWHVQDOLWHUDWXUDDIDOWDGH contextualização do tema e de interesse dos alunos, os temas priorizados no currículo, DGLItFLOOLQJXDJHPFLHQWtÀFDDVLPDJHQVHVWUDQJHLUDVQRVOLYURVGLGiWLFRVHDIRUPD FRQWHXGLVWDGRHQVLQR$SHVDUGHUHFRUUHQWHVHVWHVPRWLYRVQmRVmRVXÀFLHQWHVVHQ-­ GRQHFHVViULDXPDUHÁH[mRPDLVDSURIXQGDGDVREUHDIDOWDGHFRQWH[WXDOL]DomRGHXP WHPDWmRFRWLGLDQRHPQRVVDVYLGDV$VHSDUDomRHQWUHDSURGXomRFLHQWtÀFDGDiUHD das Ciências Naturais e das questões culturais tem sido incorporada “naturalmente” pela escola. Os currículos apresentam a ciência de forma independente do contexto cultural que a originou. Além disso, nossa sociedade sofre os sintomas da “cegueira botânica” que se caracteriza pela falta de reconhecimento das plantas como algo mais que componentes da paisagem. Neste trabalho, foram aplicados questionários para 95 alunos da Universidade Federal Fluminense, dos cursos de Pedagogia e Ciências Biológicas. As seis perguntas procuraram investigar e despertar lembranças sobre o ensino de botânica tanto da escola quanto da universidade. Os resultados encontra-­ dos sugerem a carência de aulas práticas com interação com as plantas e a falta de aulas sobre o tema no período escolar como as memórias mais destacadas. O presente trabalho pretende discutir criticamente os resultados encontrados, problematizando o discurso corrente sobre a importância das aulas práticas apontado pelos alunos e a falta de contextualização do ensino de botânica por parte da literatura, como também analisar o programa “Um Pé de Quê?” do Canal Futura, buscando diferentes formas de aprender e ensinar sobre as plantas possibilitando às mesmas, novas formas de vi-­ sibilidade e protagonismo. Analisando os resultados dos questionários e os episódios do programa, pudemos concluir que uma abordagem cultural no ensino escolar pode ser muito proveitosa e auxiliar na superação dos sintomas da cegueira botânica, for-­ mando assim, cidadãos mais aptos a “enxergar” as plantas e entender a importância das mesmas para o equilíbrio da natureza.

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Autor: Carlos Jorge da Silva Correia Instituição: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Orientadora: Professora Shaula Maíra Vicentini de Sampaio Ano de conclusão: 2010 Título do TCC: 5HÁH[}HV VREUH D UHFHSomR GH FDPSDQKDV DPELHQWDOLVWDV SRU estudantes do ensino médio. Resumo: 1HVWDPRQRJUDÀDGLUHFLRQHLPHXROKDULQYHVWLJDWLYRSDUDRVSURFHV-­ VRVGHVLJQLÀFDomRTXHDUWHIDWRVFRPRYtGHRVHIRWRJUDÀDVSURGX]LGRVHSRVWRVHP circulação na mídia por Organizações Não-­Governamentais (ONGs) ambientalistas VXVFLWDPHPHVWXGDQWHVGRHQVLQRPpGLR3DUDWDQWRFULHLXPFLFORGHRÀFLQDVVREUH meio ambiente na mídia dentro de um dos meus estágios, com o intuito de promo-­ ver com isso um espaço adequado para fazer surgir elementos que me auxiliassem a pensar sobre a seguinte questão: Como estudantes do ensino médio recebem o dis-­ curso ambiental veiculado por ONGs na mídia brasileira? Nesse trabalho, aproximo campos de saber que pouco dialogaram até aqui: a educação ambiental e os estudos GH UHFHSomR SRLV LQWHQFLRQR D SDUWLU GHVVD DSUR[LPDomR GHVHQFDGHDU UHÁH[}HV H GHEDWHVVREUHFRPRDTXHVWmRDPELHQWDOQDPtGLDpUHFHELGDH UH VLJQLÀFDGDSHORV estudantes. Por esses caminhos, discuto ao longo do trabalho temas como as árvores PXLWRIUHTXHQWHQDVIDODVHQRVGHVHQKRVGRVSDUWLFLSDQWHVGDVRÀFLQDV DYLVmRFD-­ WDVWUyÀFDGHPHLRDPELHQWH WmRFRPXPQDVFDPSDQKDVXWLOL]DGDV DLPSRUWkQFLDGD OHJLVODomRDPELHQWDO TXHGHYHULDVHUPDLVULJRURVDVHJXQGRRVSDUWLFLSDQWHVGDVRÀ-­ FLQDV HQWUHRXWURV3RUÀPSHUFHELTXHDVIRWRJUDÀDVHYtGHRVXWLOL]DGRVQDVRÀFLQDV tiveram os discursos ambientalistas veiculados facilmente “reconhecidos” pelos par-­ WLFLSDQWHVGDVRÀFLQDVDWpPHVPRSRUTXHDVFDPSDQKDVWUDWDPGHWHPDVDPELHQWDLV já há muito debatidos (desmatamento, poluição das águas, aquecimento global, entre outros), favorecendo, assim, a sensação de que se tratam de discursos que fazem par-­ te do dia a dia das pessoas. Contudo, em alguns casos, como os descritos no tópico ´(VWUDQKDPHQWRVµKRXYHXPUHÁHWLUPDLVDSXUDGRVREUHRTXHVHHVWDYDYHQGRHRX-­ vindo. Quer dizer, as visões produzidas pelas ONGs acerca das questões ambientais foram recebidas com aura de verdade instituída, merecedora de credibilidade, mas também foram contestadas em algumas circunstâncias.

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Módulo VIII Autor: Gustavo Lopes Ferreira Instituição: Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Orientadora: Professora Lucia de Fátima Estevinho Guido Ano de conclusão: 2010 Título do TCC: A mídia como elemento articulador entre o conhecimento po-­ pular sobre plantas e a educação ambiental de jovens e crianças. Resumo: $UHDOL]DomRGHVWDSHVTXLVDIXQGDPHQWDVHHPUHÁH[}HVVREUHDVP~O-­ tiplas possibilidades “do fazer” educação ambiental, tendo como ponto de partida XP HVWXGR Mi ÀQDOL]DGR TXH EXVFRX FRQKHFHU H YDORUL]DU R FRQKHFLPHQWR SRSXODU sobre plantas nos distritos rurais do município de Uberlândia, MG iniciado no ano GH%XVFRXVHHQYROYHUFULDQoDVMRYHQVHSHVVRDVGDFRPXQLGDGHGRVGLVWULWRV de Tapuirama nas diversas linguagens das mídias. As abordagens metodológicas se diferenciaram no percurso investigativo procurando adequar-­se à realidade. O elo e o princípio norteador das aproximações realizadas junto aos sujeitos da pesquisa IRUPDDXWLOL]DomRGHGLYHUVDVPtGLDVYLVXDLVIRWRJUDÀDHYtGHRV2HVWXGRIRLGLYLGL-­ do em duas etapas principais: “Levantamento de dados sócio-­econômico-­cultural da FRPXQLGDGHORFDOµHRUJDQL]DomRGHRÀFLQDVFRQÀJXUDGDVFRPRURGDVGHFRQYHUVD 1DVHQWUHYLVWDVRSRUWXQL]RXVHLGHQWLÀFDUSRVVtYHLV&RQKHFHGRUHVGH3ODQWDVH/LGH-­ UDQoDV&RPXQLWiULDV2PHLRDPELHQWHUHSUHVHQWDGRQDVIRWRJUDÀDVSURGX]LGDVQD SULPHLUDRÀFLQDPRVWURXVHDVVRFLDGRDXPGLVFXUVRQDWXUDOLVWDFRQIXQGLGRFRPR natureza. Produziu-­se coletivamente o documentário Causos do Cerrado. O estudo fez interagir o local (tradição do conhecimento popular sobre as plantas) e o global (re-­ cursos tecnológicos empregados na produção midiática). Autora: Fernanda Ribeiro de Souza Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Orientador: Professor Leandro Belinaso Guimarães Ano de conclusão: 2012 Título do TCC: Filmes nas sala de aula: as ciências em foco Resumo: &RPSUHHQGHU D FXOWXUD FRPR SURGXWRUD GH VLJQLÀFDGRV LPSOLFD HP reconhecer que a escola não é a única instituição envolvida no processo de educar. As PtGLDVFRPRRVÀOPHVSRUH[HPSORQRVHQVLQDPQmRDSHQDVTXHVW}HVUHODWLYDVDWH-­ mas escolares, mas também, modos de pensar, de se relacionar no e com o mundo, os outros sujeitos e seres vivos. Diante disso, esse estudo enfoca as práticas pedagógicas desenvolvidas com o cinema em sala de aula, contribuindo para novas abordagens

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FRP R XVR GH ÀOPHV QR HQVLQR GH &LrQFLDV H GH %LRORJLD $ SHVTXLVD FRQÀJXURX-­ -­se como um estudo de caso, em uma escola pública da rede estadual de educação do Paraná, realizado através de entrevistas com professores de todas as disciplinas GRVDQRVÀQDLVGR(QVLQR)XQGDPHQWDOFRPRREMHWLYRGHLQYHVWLJDUDVSUiWLFDVSH-­ GDJyJLFDVUHODFLRQDGDVDRXVRGHÀOPHVHPVDODGHDXODHPHVSHFLDOQDGLVFLSOLQD de Ciências. De acordo com os relatos dos professores, organizados em um caderno de campo, o cinema é utilizado como um recurso secundário e complementar aos conteúdos relacionados a cada disciplina, não sendo consideradas as suas múltiplas potencialidades enquanto objeto estético que constitui uma linguagem artística. Os GRFHQWHVUHFRQKHFHPRSRWHQFLDOSHGDJyJLFRGRVÀOPHVQRHQWDQWROLPLWDPVHXXVR jVUHODo}HVFRPFRQWH~GRVVHPFLWDURVVLJQLÀFDGRVVREUHFXOWXUDPRGRVGHVHUHVH relacionar no e com o mundo que são postos em circulação a partir dos mesmos. A XWLOL]DomR GR FLQHPD FRPR OD]HU WDPEpP IRL YHULÀFDGD $ PDLRULD GRV SURIHVVRUHV UHODWRXGHVHQYROYHUDWLYLGDGHVDSDUWLUGHÀOPHVVHQGRRVHQFDPLQKDPHQWRVPDLV comuns: a produção de relatórios, a discussão sobre o assunto abordado, produção GHKLVWyULDVHPTXDGULQKRVTXHVWLRQiULRVHQWUHRXWURV9HULÀFRXVHTXHRVJrQHURV GRV ÀOPHV XWLOL]DGRV HP VDOD GH DXOD VmR YDULDGRV VHQGR RV GH DQLPDomR RV PDLV XWLOL]DGRVQRHQVLQRGH&LrQFLDV3RUHVWHPRWLYRRÀOPH´5LRµIRLVHOHFLRQDGRFRPR REMHWRGHDQiOLVHHSUREOHPDWL]DomRFRPDÀQDOLGDGHGHGHVWDFDUDVSRWHQFLDOLGDGHV da animação e algumas possibilidades de abordagem como elemento pedagógico a ser inserido em sala de aula no ensino de Ciências. Autora: Lorena Santos da Silva Instituição: Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Orientadora: Professora Paula Corrêa Henning Ano de conclusão: 2015 Título do TCC: Alfabetização, livros didáticos e educação ambiental: produção de sujeitos na contemporaneidade. Resumo: A presente pesquisa trata de um dos requisitos obrigatórios para a conclusão da graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Nessa analisa-­se as verdades sobre Educação Ambiental que vêm sendo SURIHVVDGDVHP/LYURV'LGiWLFRVDYDOLDGRVSHOR0(&QR~OWLPRWULrQLR  e 2015) que compõem o ciclo de alfabetização. Os materiais selecionados são muito utilizados em escolas públicas da cidade do Rio Grande/RS. Parte-­se do pressuposto, embasado nas perspectivas dos Estudos Culturais, de que os Livros Didáticos são artefatos culturais que colocam em circulação verdades sobre EA. Dessa forma, se XWLOL]D RV HVWXGRV GR ÀOyVRIR 0LFKHO )RXFDXOW H DOJXPDV GH VXDV IHUUDPHQWDV TXH subsidiam a Análise do Discurso para colocar em suspenso as fabricações discursivas que se articulam à EA nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Alguns dos acha-­ dos desta pesquisa evidenciam o distanciamento da abordagem transdisciplinar, bem

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Módulo VIII como a circulação de enunciações que apresentam algumas temáticas ambientais a partir do naturalismo e do discurso da crise ambiental. Autora: Louise Azulay Palavecino Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF) Orientadora: Professora Shaula Maira Vicentini de Sampaio Ano de conclusão: 2014 Título do TCC: Culturas infantis contemporâneas em diálogo com brincadeiras e infâncias de outros tempos. Resumo: Cada criança se relaciona de maneira singular com a sociedade em que vive: as subjetividades são produzidas de modos particulares de acordo com a tem-­ poralidade e cultura vividas. Pensando em todas as mudanças ocorridas ao longo dos tempos e os efeitos produzidos nos modos de ser criança, esse estudo reitera a impor-­ tância de se conhecer que crianças chegam hoje às escolas e como elas se relacionam com a sua cultura e com as culturas infantis de outros tempos. Foram formulados alguns questionamentos essenciais para o andamento da pesquisa: Como o contexto histórico e sociocultural produz diferentes formas de brincar? Quais são os conheci-­ mentos que as crianças atuais têm sobre a infância de seus pais e avós? O que as crian-­ ças contemporâneas pensam sobre a infância das gerações anteriores a sua? O quanto brincadeiras infantis mais antigas ou tradicionais ainda fazem parte do cotidiano da infância contemporânea e o quanto elas vêm perdendo visibilidade? Essas diferentes formas de brincar podem coexistir? Como as brincadeiras “antigas” podem ser rein-­ ventadas na contemporaneidade? 1mRKRXYHRLQWXLWRGHREWHUUHVSRVWDVGHÀQLWLYDV para essas perguntas, mas sim repensar, junto aos alunos do 4º ano da escola Munici-­ pal Anísio Teixeira, novas maneiras de aproximação de culturas infantis de diferentes WHPSRV 3DUD LVVR IRUDP GHVHQYROYLGDV RÀFLQDV FRP HVVDV FULDQoDV TXH WLYHUDP R objetivo de suscitar vivências e discussões sobre as brincadeiras e as infâncias destes tempos e dos tempos dos avós dos alunos participantes. As análises sobre estas ativi-­ GDGHVEXVFDUDPDOpPGHGHVFUHYHURTXHDFRQWHFHXQDVRÀFLQDVSURPRYHUDOJXPDV UHÁH[}HVVREUHRVVLJQLÀFDGRVGLVSDUDGRVSHODVIDODVHGHVHQKRVGDVFULDQoDVVREUH o presente, o passado, as brincadeiras, a tecnologia, o meio ambiente, entre outros aspectos. Com isso, buscou-­se entender como as crianças contemporâneas dialogam com a forma como seus pais e avós brincavam, reforçando-­se a relevância de que a escola se abra para iniciativas que promovem encontros com a cultura vivida pelos alunos e alunas.

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Autora: Elisângela Barbosa Madruga Instituição: Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Orientadora: Professora Paula Corrêa Henning Ano de conclusão: 2015 Título do TCC: O meio ambiente/natureza sob a perspectiva imagética da in-­ fância. Resumo: O imaginário está presente em vários momentos da vida do ser hu-­ mano. Quando se lê, se escreve, se pensa em um ideal de sujeito, de vida e de mun-­ GR1HVVDSHUVSHFWLYDRSUHVHQWHWUDEDOKRWHPSRUÀQDOLGDGHLQYHVWLJDUDYLVmRGH meio ambiente/natureza na infância. Tal problematização se fez importante para a investigação, pois permitiu colocar em suspenso um certo tipo de sujeito que pouco DSRXFRVHFRQÀJXUDFRPRQHFHVViULRQDDWXDOLGDGHRXVHMDXPVXMHLWRHFRORJLFD-­ mente correto. O enfoque abordado decorre das leituras sobre Educação Ambien-­ WDO0tGLDHGRUHIHUHQFLDODGYLQGRGDÀORVRÀDSyVHVWUXWXUDOLVWDSULQFLSDOPHQWHGRV estudos de Friedrich Nietzsche, Michel Foucault e outros. Nesse sentido, buscou-­se abordar a Educação Ambiental, os jogos e a fabricação do sujeito ecologicamente cor-­ reto, tomando-­se como problema de pesquisa a visão de meio ambiente/natureza SURGX]LGDSRUFULDQoDVGHHDQRV3DUDLVVRXWLOL]RXVHGDLQYHVWLJDomRQDUUDWLYD FRPRIHUUDPHQWDPHWRGROyJLFDSRUDSUHVHQWDUHVSHFLÀFLGDGHVUHOHYDQWHVSDUDDSHV-­ quisa. A investigação apontou para a fabricação de uma visão de natureza bela, boa HSXUDHGHXPVXMHLWRHFRORJLFDPHQWHFRUUHWRLGHQWLÀFDGRFRPRXPKRPHPERP Esse acentua a necessidade de sua existência através de outro, o homem mau, que possui peculiaridades contrárias ao do bom. Autora: Nayara Elisa Costa da Conceição Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF) Orientadora: Professora Marise Basso Amaral Ano de conclusão: 2015 Título do TCC: Pesquisa em Educação Ambiental e Cultura: uma análise de trabalhos apresentados no VII EPEA. Resumo: O presente trabalho se propõe a investigar, dentro do campo da Edu-­ cação Ambiental, as pesquisas que se aproximam mais de uma linha que dialoga in-­ tensamente com a cultura. Para tanto, foi realizado nesta investigação uma apresen-­ tação sobre as diferentes tendências teóricas na Educação Ambiental e, em seguida, XPDDSUR[LPDomRGRVWUDEDOKRVLGHQWLÀFDGRVQDSHUVSHFWLYDSyVFUtWLFDGD(GXFDomR

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Módulo VIII Ambiental. O objetivo principal deste estudo foi mapear, nessa perspectiva, a partir de um referencial teórico dos Estudos Culturais, trabalhos que tem em comum uma articulação com a cultura, incorporando outras linguagens, objetos, perguntas e me-­ todologias na sua construção. Nessa articulação, os trabalhos destacam outras ma-­ neiras de narrar a pesquisa, um pouco mais ensaística, mais experimental. A forma de exposição das análises reconhece diferentes possibilidades de olhares, de lugares investigativos, permitindo uma polissemia de sentidos nessas pesquisas. Os traba-­ lhos trazem a experiência estética, o uso das imagens e o encontro com diferentes linguagens como possibilidades importantes na prática de uma Educação Ambiental cotidiana.

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Narrativas sobre o processo de um TCC

Módulo VIII

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Narrativas sobre o processo de criação de um TCC Narrativa 1, por Daniel Ganzarolli Martins

$ÀQDOFKHJRXRPRPHQWRGR7UDEDOKRGH&RQFOXVmRGH&XUVRRXSDUDRV´tQWL-­ mos”, o TCC. Normalmente há uma grande expectativa acerca desse trabalho, já que ele, de certa forma, sintetiza nossas trajetórias de aprendizagem e as põe em prática. Com todas as expectativas que fazem parte, o TCC também pode se tornar uma ex-­ periência muito prazerosa e repleta de descobertas. Irei narrar sobre como foi minha navegação rumo a esses mares desconhecidos, em especial ao realizar um TCC que dialoga com a área da Educação Ambiental. Antes de tudo, foi preciso pensar num projeto de TCC, que é basicamente um SODQHMDPHQWR GR TXH VH EXVFDUi DOFDQoDU FRP D SHVTXLVD $R UHÁHWLU VREUH PLQKD trajetória durante a graduação, eu havia me envolvido com investigações em Etnoe-­ cologia junto a pescadores do município de Tijucas, em Santa Catarina. Junto a essas pessoas pude conhecer a profundidade e a amplitude dos conhecimentos tradicio-­ nais, muitas vezes ignorados pela academia. Também tive uma experiência bastante positiva num projeto de extensão em Educação Ambiental numa ONG que atendia crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Ambas experiências IRUDPPDUFDQWHVHHVSHFLDLVDVXDPDQHLUD$ÀQDOSRUTXHQmRUHDOL]DUXPDSHVTXLVD que unisse essas duas paixões pessoais: a Etnoecologia e a Educação Ambiental?

Etnoecologia, de acordo com Marques (1995), é o estudo das interações en-­ tre a humanidade e o resto da ecosfera, através da busca da compreensão dos sentimentos, comportamentos, conhecimentos e crenças a respeito da natureza, FDUDFWHUtVWLFRV GH XPD HVSpFLH ELROyJLFD +RPR VDSLHQV  DOWDPHQWH SROLPyUÀFD fenotipicamente plástica e ontogeneticamente dinâmica. De acordo com o autor, a Etnoecologia teria como objetivo principal a integração entre o conhecimento HFROyJLFRWUDGLFLRQDOHRFRQKHFLPHQWRHFROyJLFRFLHQWtÀFRWHQGRVXDrQIDVHQD diversidade biocultural. Conversei acerca desses planos com a minha orientadora que faz pesquisa em Etnoecologia, a professora Natalia Hanazaki. Ela me deu bastante apoio, mas sugeriu que eu também buscasse auxílio de uma pessoa vinculada à área da Educação Am-­ biental. Através de indicações, conheci a minha futura coorientadora Aline Krelling, que foi fundamental em todo esse processo de “tececer”. Minha orientadora colocou como toda uma pesquisa pode começar por uma simples pergunta. Fiquei a pensar e pensar... Qual seria essa minha pergunta? Anali-­ sei com calma e vi que precisava me informar sobre as principais discussões na área

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da Educação Ambiental. Por isso li sobre as problemáticas e o que já havia sido reali-­ zado nesse sentido. Entretanto, longe de um caminho pré-­planejado e cautelosamen-­ WHRUTXHVWUDGRPXLWRVTXHVWLRQDPHQWRVHUHÁH[}HVIRUDPVXUJLQGRQRGHVHQURODUGD pesquisa, como minha coorientadora me ajudou também a discernir. Dessa forma, após diversas transformações nesse processo, meu principal objetivo se constituiu em discutir qual é a contribuição de saberes etnoecológicos e de percepções sobre o ambiente para práticas dialógicas em Educação Ambiental, a partir da interação com estudantes de uma escola no entorno de uma Unidade de Conservação de Uso Sus-­ tentável. Conjuntamente, minha pesquisa nascia de uma outra grande vontade, pratica-­ mente uma angústia! Eu busquei realizar uma pesquisa que fosse também uma inter-­ venção educativa, tanto transformadora quanto crítica, algo que foi possível dentro GDSURSRVWDGDSHVTXLVDDomR$SHVDUGHKDYHUSHVTXLVDVPXLWRVLJQLÀFDWLYDVEDVHD-­ GDVSXUDPHQWHQDUHÁH[mRWHyULFDHXWLQKDXPDYRQWDGHGHYLYHQFLDUHLPHUJLUQHVVD Educação Ambiental que eu acreditava. E a partir dessa experiência, posteriormente eu poderia analisar e problematizar os assuntos que assim desejava para a pesquisa.

Segundo Engel (2000), a pesquisa-­ação surgiu da necessidade de superar a ODFXQDHQWUHWHRULDHSUiWLFD1DVSDODYUDVGRDXWRU´DVPRGLÀFDo}HVLQWURGX]LGDV na prática são constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção e RIHHGEDFNREWLGRGRPRQLWRUDPHQWRGDSUiWLFDpWUDGX]LGRHPPRGLÀFDo}HVPX-­ GDQoDVGHGLUHomRHUHGHÀQLo}HVµ (1*(/S 'HVVDIRUPDHODFRQVLVWH num processo autoavaliativo e cíclico onde a separação entre sujeito e objeto de pesquisa busca ser superada, na sentido que ocorra uma aprendizagem dialogada entre todos envolvidos, sejam estes pesquisadores ou não. Parti para me contatar com uma escola, sendo que a professora Natalia me falou de uma demanda existente no município de Governador Celso Ramos, localizado no litoral de Santa Catarina, pois lá eu poderia conciliar meu projeto de pesquisa com outros que também ocorriam na região. Governador Celso Ramos tem uma forte liga-­ ção com a cultura pesqueira e uma relação complexa com a unidade de conservação que existe na região, a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA). Acabei tendo o contato com a direção da Escola de Educação Básica Municipal Maria Amália Cardoso, localizada no bairro pertencente à APAA da Fazenda da Armação. Os fun-­ cionários da escola foram muito acolhedores, sendo que após bastante diálogo com a GLUHomRHRVDOXQRVLQWHUHVVDGRVLQLFLHLXPFLFORGHRÀFLQDVHP(GXFDomR$PELHQWDO no contraturno escolar. Ao realizar meu projeto de TCC, para a seção metodológica me utilizei de duas SULQFLSDLVIRQWHVGHGDGRVHUHÁH[}HVDSULPHLUDDSDUWLUGDVSURGXo}HVHVFULWDVHGDV falas e narrativas advindas dos estudantes. Já um segundo instrumento importantís-­ simo foi meu diário de campo (ou diário de bordo, como os bons navegantes têm), onde narrava todas as experiências educativas com os alunos na minha subjetivida-­

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Módulo VIII de. Através dessas duas fontes de dados, tanto das percepções dos alunos quanto das minhas, eu poderia ir moldando o meu TCC. 7UDEDOKDUFRPSHVVRDVSRGHVHUDOJRGHVDÀDGRUHLPSUHYLVtYHOFRPRWDPEpP extremamente recompensador! Fiquei ansioso no primeiro encontro, sendo que aca-­ EDUDPYLQGRDSHQDVDOXQRVQDVRÀFLQDVTXHRUJDQL]HLPHVPRGLYXOJDQGRSUHVHQ-­ cialmente em muitas salas de aula. Por ser uma atividade não obrigatória, eu tive que PHHVIRUoDUDLQGDPDLVQDVRÀFLQDVSDUDRVDOXQRVVHHQYROYHUHPGRFRPHoRDRÀP praticamente “cativá-­los” com a Educação Ambiental (e vice-­versa). Felizmente, após alguns encontros, foi formado um grupo de alunos que dedicavam atenciosamente suas tardes de quintas-­feiras para o projeto. Semana a semana fomos nos conhecendo, numa autêntica troca entre educador e educandos. Paralelamente, eu ia colocando PLQKDVUHÁH[}HVHDSUHQGL]DGRVQRGLiULRWHQGR em mente meus objetivos de pes-­ quisa. $SDUWLUGLVVRDVRÀFLQDVIRUDPVHGHVHQURODQGRHJHUDQGRXPJUDQGHHQYROYL-­ mento entre todos participantes. Mais que uma mera formalidade, o TCC pode ensi-­ QDULPSRUWDQWHVDSUHQGL]DGRVQDVQRVVDVWUDMHWyULDVSURÀVVLRQDLVHPHVPRSHVVRDLV Especialmente pelo potencial de transformação que brota de cada um na perspectiva da Educação Ambiental. )LTXHLHVSHFLDOPHQWHIHOL]FRPDDWLYLGDGHTXHRVMRYHQVÀ]HUDPDRHQWUHYLVWDU a Dona Aléci, uma antiga moradora da Fazenda da Armação. Nela foram narradas mudanças culturais e ambientais que ocorreram em Governador Celso Ramos nas úl-­ WLPDVGpFDGDV8WLOL]HLXPJUDYDGRUQHVVDURGDGHFRQYHUVDTXHÀ]HPRVMXQWRVHX os alunos e Aléci -­ onde todos tiveram algo a ensinar e a aprender. Além disso, essa atividade valorizou e incluiu na escola uma pessoa que faz parte da comunidade, sendo Aléci uma senhora que mesmo tendo poucos anos de escolarização, tinha uma imensa experiência de vida. 2XWURHYHQWRPXLWRHVSHFLDOIRLDVDtGDjFDPSRTXHÀ]FRPRVDOXQRVSDUDD Ilha de Anhatomirim. Foi um dia incrível e que não esquecerei. Depois de muitíssima articulação prévia para que essa saída ocorresse junto com a direção da escola, os res-­ SRQViYHLVGRVDOXQRVHDXQLYHUVLGDGHÀQDOPHQWHSRGHVHUUHDOL]DGD(UDDSULPHLUD vez que alguns alunos iam até a ilha que faz parte da APAA, sendo que outros deles já haviam visitado muitas vezes, mas faziam questão de também comparecer nessa saída. Entramos no barco do senhor Maneca no trapiche da Costeira da Armação e LQLFLDPRVQRVVDWUDMHWyULD$RSDUDUPRVHPIUHQWHjEDtDGRVJROÀQKRVQDUUHLDLP-­ portância e os objetivos da APAA, a qual podíamos observar com uma vista privi-­ legiada. Ao chegarmos na ilha de Anhatomirim, fui contando algumas das incríveis histórias daquele lugar repleto de segredos e mistérios. A história sobre os fantasmas da ilha e a árvore dos enforcados foi uma das que mais lhes interessou. Os alunos pu-­ deram explorar o seu imaginário e foi interessante perceber como se cativaram pela narrativa da história, especialmente se ela estiver envolta por emoções de aventura, medo e descoberta. Posteriormente, eu discuti acerca da importância das narrativas ao escrever o meu TCC.

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1DYROWDFRPREDUFRQRÀQDOGRGLDRVDOXQRVDORSUDUDP$VRQGDVGRPDU batiam na embarcação e respingavam muita água salgada em todo mundo, gerando gargalhadas gerais na criançada... Não teve jeito, chegamos completamente empa-­ SDGRVQDYROWDjWHUUDÀUPHPDVDEVROXWDPHQWHIHOL]HV3HUFHELQDTXHOHPRPHQWRR brilho nessa capacidade de tornar o ensino divertido, prazeroso, cativante e vivencial. Eu pensei: “é isso o que quero como educador e professor!”. Não imaginava que esse WLSRGHUHÁH[mRIDULDSDUWHGHWRGR´DYHQWXUDUVHµGR7&& Fiquei pensando em como a navegação podia se tornar uma metáfora dessa pesquisa, ainda mais ao associá-­la ao ambiente em que eu estava, que era uma escola RQGH HVWXGDYDP ÀOKRV H QHWRV GH SHVFDGRUHV DUWHVDQDLV 2 HVFULWRU IUDQFrV 0DUFHO 3URXVWMiKDYLDDÀUPDGR´'HVFREULUQmRVLJQLÀFDEXVFDUQRYDVWHUUDVPDVVLPROKDUFRP QRYRVROKRVµ2XVHMDPXLWDGDVGHVFREHUWDVTXHÀ]RFRUUHUDPDÀQDQGRPHXROKDU para os detalhes, sendo que não havia uma forma homogênea e puramente objetiva de se analisar os fatos. Isso também foi verdade quando tive que analisar as falas e escritas dos meus alunos. $SyVDÀQDOL]DomRGRSURMHWRFRPRVMRYHQVTXDQGRWLYHXPUHWRUQRGHOHVVREUH todo o processo que vivenciamos juntos, chegou o momento de sentar e escrever mi-­ QKDVUHÁH[}HV)RLSRVVtYHOSHUFHEHUDSHVTXLVDFRPRXPSURFHVVRQRTXDOYRFrQmR VDEHTXDLVVHUmRH[DWDPHQWHDVUHVSRVWDVDRÀQDOHWDOYH]QHPGHVHMHWrODVQXPYLpV de causa e efeito. Um mundo é frequentemente complexo e ambíguo, isso demonstra a necessidade de se repensar quaisquer “certezas” que ainda possamos ter. “Tudo que pVyOLGRVHGHVPDQFKDQRDU”, disseram Marx e Engels. Tive assim a experiência de uma educação dialógica que possibilitou aprendi-­ zados para ambos os lados, tanto ao educador como ao educando, sendo que estes papéis de fato se alternaram frequentemente de posição. Tenho o desejo que este TCC possa ajudar de alguma forma a futuros projetos de Educação Ambiental em unida-­ des de conservação, tendo em vista a relevância social desse tema. &RPRVDOGRSHVVRDOQHVVDWUDMHWyULDSRVVRDÀUPDUTXHDSUHQGLPXLWRPDLVFRP esses jovens do que o contrário. Desde conhecimentos como os métodos para catar berbigões e outros moluscos da região, até os diferentes usos de plantas na comuni-­ GDGH'DVOHQGDVHFDXVRVFRQWDGRVGHJHUDomRDJHUDomRDWpRVLJQLÀFDGRGDSDOD-­ vra “saragaço”, tal como dito no falar próprio do povo de Governador Celso Ramos DRVFXULRVRVTXHQXQFDRXYLUDPDQWHVDSDODYUDVLJQLÀFDQDGDPHQRVTXHXPDERD algazarra ou arruaça). Sobretudo, aprendi a observar a beleza e a importância que existe nesse tecer (ou seria “tececer?”) de relações entre o ser humano, sua cultura e a natureza.

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Módulo VIII

Narrativa 2, SRU&ODUDGH&DUYDOKR0DFKDGR Para iniciar um Trabalho de Conclusão de Curso é preciso ter uma ideia. Não basta qualquer ideia, é importante que seja uma com voz própria, capaz de contar a KLVWyULDGRVFDPLQKRVSHUFRUULGRVQDJUDGXDomRRXDRPHQRVXPDSDUWHVLJQLÀFD-­ tiva dela. Desta forma, não pude deixar de pensar em uma proposta relacionada às plantas. Mesmo antes de cursar Ciências Biológicas as plantas me fascinavam e, como um imã, me convidaram a estudá-­las. Após dois anos de graduação em Biomedicina, troquei de curso por causa delas, e busquei ao máximo aprender a respeito, cada aula de botânica era como um tesouro que eu tinha em mãos, era um conhecimento que não se encontrava em qualquer lugar, e sempre me senti privilegiada por ter a opor-­ tunidade de assisti-­las. Porém, mesmo com toda a sede de conhecimento botânico, ainda hoje conheço muito pouco a respeito do mundo vegetal. Muito do que aprendi MiÀFRXHVTXHFLGRHPXLWRGRTXHVHLQmRIRLDSUHQGLGRHPVDODGHDXODPDVQDV práticas de vivências agroecológicas que busquei ou conversando com a minha avó. $RLQJUHVVDUQDOLFHQFLDWXUDSXGHUHÁHWLURSURFHVVRGHDSUHQGL]DJHPDWUDYpV de outras perspectivas, e então abri o questionamento sobre o grande fracasso que o HQVLQRGHERWkQLFDUHSUHVHQWDQDPLQKDWUDMHWyULD/HPEUHLGRQ~PHURVLJQLÀFDWLYR de colegas de universidade que menosprezaram a botânica, e, inclusive, dos profes-­ sores lá da escola, que não gostavam de dar aula sobre esse tema na biologia. E então me perguntei: por quê? Por que a botânica é tão detestada? Por que ninguém gosta de aprender sobre as plantas? Ou ensinar? Por que não consegui aprender botânica mesmo me interessando? Por quê? Comecei apenas com a ideia do ensino de botânica, gostaria de trabalhar com isso porque era uma pergunta pessoal e até um pouco egoísta. “Por que as pessoas não gostam tanto de botânica quanto eu?”. Além dessa pergunta, a outra questão que PHURQGDYDHUD´3RUTXHPHVPRJRVWDQGRWDQWRQmRFRQVLJRPHLGHQWLÀFDUFRPR ensino ao qual tenho acesso aqui na universidade?” Conversando com a professora Marise, com quem tive aulas de Pesquisa e Práti-­ ca de Ensino e que me fez se apaixonar por educação e cultura, decidimos fazer essas perguntas para os alunos do curso de Ciências Biológicas e Pedagogia, para, então, tirarmos a dúvida se era uma frustração pessoal ou mesmo uma falha no ensino de ERWkQLFD$ÀQDORTXHVHUiTXHRVDOXQRVDSUHQGHUDPDUHVSHLWRGDVSODQWDVDRORQJR desses anos de escola e universidade? Com as respostas em mãos, pudemos notar um certo desprestígio da botânica e de seus saberes, uma falta de motivação e interesse TXDQWRDRVVHXVFRQWH~GRVHVSHFtÀFRVHDWpPHVPRDWRWDODXVrQFLDGHVVDWHPiWLFDQR período escolar. A partir destas indagações, e conversando com minha orientadora, fomos bus-­ car, fora do ensino formal, espaços onde a botânica é ensinada, com outro modelo, outra ideia e outra intenção. Atentamos para o programa de televisão “Um Pé de Quê?”, do Canal Futura. Em função disso nos interessou saber se o mesmo era conhe-­ cido dos alunos, sobretudo aqueles que cursavam ciências biológicas. No questioná-­ rio, poucos alunos mostraram conhecer o programa, e isso nos surpreendeu. Assis-­

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tindo aos episódios, percebíamos e aprendíamos como era possível fazer das plantas, um entretenimento, e como essa visão destoava daqueles discursos encontrados nos questionários, onde a botânica aparecia como um estudo chato e desinteressante. Então, o interesse pela proposta apresentada pelo programa aumentou, e passa-­ mos a atentar para a produtividade de suas discussões, principalmente para o ensino de Botânica. Os episódios de “Um pé de quê?” são construídos a partir de diferen-­ tes narrativas, exaltando também a importância cultural das plantas e colocando-­as como protagonistas e ponto central que une pessoas, histórias, nomes e datas. Será que se o conhecimento se apresentasse na escola da forma que se apresenta nesse es-­ paço cultural, a botânica ainda seria uma “chatice”? Será que é esse o papel do ensino de botânica na escola? E na universidade? Ainda enquanto eu estava no processo inicial de construção, participei de uma Jornada Fluminense de Botânica, onde apresentei, pela primeira vez, um trabalho. (UDXPDDSUHVHQWDomRRUDOHDPRQRJUDÀDQmRHVWDYDSURQWD1DRFDVLmRRVDOXQRV subiam em uma espécie de palco e apresentavam a projeção de power point que cobria quase toda a parede em um microfone. Como eu acreditava ser algo mais intimista, ÀTXHLDVVXVWDGDDRYHUDHVWUXWXUD$OpPGLVVRDPDLRULDGRVDOXQRVTXHDSUHVHQWD-­ YDPQmRHUDPGHHGXFDomRDOLQJXDJHPGRVWUDEDOKRVHUDPXLWRFLHQWtÀFDHHVWUL-­ tamente botânica. Quando chegou minha vez, expliquei que o meu trabalho era de HGXFDomRHTXHVHWUDWDYDGHXPDPRQRJUDÀDDLQGDHPFRQVWUXomR$SUHVHQWHLH para minha surpresa, todos participaram muito, com questões, opiniões diferentes e muito entusiasmo. Inclusive, devido à falta de tempo, algumas pessoas não puderam se colocar. Fiquei muito feliz, e concluí que era um tema que tocava muitos, e, prin-­ FLSDOPHQWHTXHWRGRVHUDPFDSD]HVGHFRPSUHHQGHUVHLGHQWLÀFDUHRSLQDU)RLFRP muita alegria e surpresa que recebi o prêmio de primeiro lugar na Jornada! Foi uma honra ter representado os trabalhos em educação recebendo esta homenagem. Construir todos esses passos foi uma trajetória muito interessante e natural para mim. Lembro-­me que conversava com todos a respeito do meu trabalho. Pais, amigos, primos, conhecidos... Todos eram contribuintes, e isso favoreceu muito a linguagem que se desenrolou no trabalho. Uma linguagem simples e compreensível para todos. (QTXDQWR HX HVFUHYLD D PRQRJUDÀD FULiYDPRV H[HUFtFLRV GLiULRV FRPR SRU H[HP-­ plo, notar as plantas que existiam no nosso caminho para casa. Notá-­las, observá-­las, LGHQWLÀFiODV 'LVFXWLD FRP PHXV DPLJRV ´6H HVVD SODQWD IDODVVH R TXH HOD GLULD"µ 6LQWRTXHRSURFHVVRGHHVFULWDHFRQVWUXomRGDPLQKDPRQRJUDÀDWRFRXPXLWRPDLV pessoas do que posso imaginar. Muitos me pediam para ler, conversavam comigo, lembravam de mim em algumas situações que envolviam as plantas, ou o programa “Um pé de Quê?”. Recebi DVDs com episódios gravados de amigos. Certa vez, uma WLDPLQKDOHXDPRQRJUDÀDHPHGLVVHTXHSDVVRXDQRWDUWRGDVDVSODQWDVSUHVHQWHV no prédio dela, e na calçada, e passou a regá-­las junto ao jardineiro. Quando ela me GLVVHLVVRFRPSUHHQGLTXHDPRQRJUDÀDVHHVWHQGLDSDUDDOpPGHXPWUDEDOKRDFD-­ dêmico, atingia pessoas que eu nem conhecia. Todos esse envolvimento com o trabalho me deixou muito segura para apresen-­ WiORPXLWDVYH]HVHVFUHYHUHUHHVFUHYHU$SyVDGHIHVDÀQDODLQGDÀ]MXQWRj0DULVH PXLWRVWUDEDOKRVTXHSDUWLUDPGDPRQRJUDÀD3XEOLFDPRVGHPRVDXODVMXQWDVIR-­

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Módulo VIII mos até notícia na internet! Somos muito amigas, admiro e respeito profundamente a minha orientadora e reconheço que isso também é essencial para bons resultados. Ela sempre me ofereceu muita autonomia, ao mesmo tempo que contribuía com opiniões e orientações muito importantes. Sempre teve paciência e respeito com meus pontos de vista. Nossa relação é horizontal. Este trabalho me ajudou a amadurecer, aprender e questionar. Não foi cansati-­ vo, estressante ou chato, pelo contrário. A partir dele, reconheci uma qualidade em mim, tenho facilidade e prazer em escrever, e passei a desenvolvê-­la escrevendo con-­ tos e crônicas. Este era um prazer que eu desconhecia e que agora sinto grande alegria por ter sido apresentada a ele ainda cedo. Foi, e tem sido, um processo de autoconhe-­ FLPHQWR$QRVGHSRLVÀ]RXWUDPRQRJUDÀDSDUDFRQFOXLURFXUVRGR%DFKDUHODGRH não foi tão simples quanto esta. Talvez por não ter sido uma causa tão pessoal, pelo WUDEDOKRGHFDPSRSHODPHQRUOLEHUGDGHGHHVFULWDTXHDOLQJXDJHPFLHQWLÀFDWUD] e relação menos horizontal com a nova orientadora. Apesar disso, eu já estava mais FRQÀDQWHSDUDUHDOL]iORHQmRWLYHWDQWDVGLÀFXOGDGHV

Narrativa 3, SRU&DUORV-RUJHGD6LOYD&RUUHLD O projeto de pesquisa de meu TCC surgiu na esteira de um interesse pessoal que tenho por peças publicitárias criativas e instigantes, que podem, a meu ver, nos ajudar no exercício de ler o mundo desde que tomadas enquanto artefatos que colo-­ FDPHPFLUFXODomRFRQFHSo}HVVREUHGLIHUHQWHVDVSHFWRVGDYLGDQRSUHVHQWHHUHÁH-­ tidas com isso em vista. Nesse contexto, eu estava particularmente interessado em analisar como o discurso ambientalista veiculado em imagens e vídeos estava sendo produzido por ONGs ambientalistas em suas campanhas bem como este discurso era recebido por jovens estudantes do ensino médio. Com este recorte investigativo, es-­ tava reconhecendo, sobretudo, a centralidade da mídia nos tempos de hoje, inclusive, no que se refere ao debate sobre as questões socioambientais. Contudo, o percurso que me trouxe até aquele ponto não foi assim tão objetivo, tão claro. Vejamos... Antes de me decidir por esta linha de pesquisa tive outros interesses investigati-­ vos que me levaram a uma verdadeira crise de identidade, pois cada um deles apon-­ tava para um lugar, direcionando meu olhar ora para a importância da formação dos educadores ambientais, ora para a produção de imagens como meio de expressar sig-­ QLÀFDGRVVREUHRPHLRDPELHQWHRUDSDUDOXJDUQHQKXP1HVVDVKRUDVPDLVHVFXUDV deu vontade de gritar, confesso. Mas não gritei. Estava tudo pronto, o projeto escrito, PDVDRTXHSDUHFLDFODUDPHQWHDVPLQKDVDÀQLGDGHVQmRHVWDYDPOiTXHVWLRQDYD a minha orientadora. Daí eu falei: O que me interessa? Não lembro se verbalizei o pensamento que me atravessou naquele instante, lembro apenas que disse que não tinha desejos. Menti? Ainda não sei, pois falo de desejo de pesquisar uma coisa e não outra, falo de paixão na pesquisa. Vou tentar ser mais claro, estou falando da minha GLÀFXOGDGHHPGHÀQLUXPWHPDSDUDDPLQKDSHVTXLVD O primeiro mês de orientação do TCC foi, da minha parte, muito confuso, espe-­ cialmente devido aos recomeços constantes. No parágrafo anterior, inclusive, citei al-­

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guns temas que me interessaram por algum momento, houve outros, muitos outros, mas tão leves, tão suaves, quase brisas. Que não consegui prendê-­los a minha super-­ fície de pesquisador em construção, isso é fato, deles senti apenas a insinuação de um certo cheiro/tema e a aspereza de determinadas texturas/problemas. Felizmente, penso agora, consegui me desvencilhar da maioria das ideias que me tomavam quase de assalto, pois os desvios teriam sido maiores caso as tivesse agarrado no afã de dar conta de uma investigação mais generalista. Eram, pois, muitas e variadas as ideias de temas de pesquisa que me ocorriam DWpTXHHXLQYHQWHLSDUDPLPXPWLSRGHVDQLGDGH~WLODÀQDOSUHFLVDYDUHDOL]DUXPD SHVTXLVDHHVFUHYHUXPDPRQRJUDÀD'HWRGDVRUWHIRLUHDOPHQWHXPPrVGHUHYL-­ ravoltas -­ característica astrológica dos sagitarianos, diria uma pessoa que conhece o zodíaco, característica normal a qualquer estudante universitário em vésperas de se IRUPDUGLULDTXDOTXHURXWUDSHVVRD0DVDRÀPGHWXGRHPXLWRJUDoDVjRULHQWDomR acadêmica que recebi, elegi como possibilidade de pesquisa um tema que correspon-­ dia a interesses pessoais de estudo e, ao mesmo tempo, possuía relevância social e acadêmica na época e ainda mais hoje em dia. Foi assim que, com o ar que aquela sanidade inventada me vestiu, apareci na quarta reunião do grupo de pesquisa que participava certo do que queria pesquisar: Como estudantes do ensino médio recebem as campanhas ambientalistas de ONGs veiculadas na mídia? Que tipo de narrativa estas campanhas suscitam entre esses jo-­ vens? Obviamente, eu não cheguei à reunião com essas questões de pesquisa tão bem formuladas, não mesmo. Na verdade, eu saí de lá com elas desse jeito. A reunião foi proveitosa para vocês? Perguntou a orientadora. Para mim, foi. Respondi. Quando decidi pesquisar sobre como as campanhas de ONGs ambientalistas são recebidas por alunos do ensino médio, a primeira tarefa que a minha orientadora me colocou foi a de resgatar sucintamente os percursos dos movimentos ambienta-­ listas;; contudo, fui alertado para ter cuidado em não construir uma cronologia dos grandes encontros internacionais, forma já consagrada de contar essa história. Ou seja, concordávamos com Carvalho (2000) sobre a necessidade de relermos a história ambientalista levando-­se em consideração outros elementos para além dessas gran-­ des conferências, trazendo à tona, assim, livros, textos e acontecimentos locais que também serviram como agentes mobilizadores do ambientalismo, inclusive, antes mesmo dele ser “reconhecido” institucionalmente. Está claro, já aqui, o quanto foi relevante para mim ter participado de um gru-­ po de pesquisa ao longo do processo de concepção e execução do projeto que deu margem à produção do meu TCC. Sem dúvida alguma, uma das mais importantes vivências que trago dessa experiência foi o convívio com as colegas do grupo e, em HVSHFLDOFRPDQRVVDRULHQWDGRUD$FUHGLWRPXLWRTXHHVWHGHVDÀRGHHVFUHYHUXP TCC é muito mais leve e prazeroso se compartilhado, se dialogado. Sim, o trabalho nunca deixará de ser nosso, individualmente somos os responsáveis por ele, mas co-­ letivamente se vai mais longe, principalmente no que se refere à nossa capacidade de ver mais e melhor acerca de fatos e experiências que nos ocorrem ao longo da pesqui-­ sa e que, dado o grande envolvimento que temos com o processo, somente um olhar “de fora” às vezes é capaz de perceber que determinado detalhe é mais que isso, é

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Módulo VIII uma sutileza que merece ser destacada em nossa escrita. 1RFDPSRGDVGLÀFXOGDGHVDÀQDOHODVVHPSUHH[LVWHPHXGHVWDFDULDTXHRPDLV GHVDÀDGRUVHGHXQRVHQWLQGRGHFRQVWUXLUDVFRQGLo}HVQHFHVViULDVSDUDDHIHWLYDomR da pesquisa. Estou falando necessariamente dos esforços envidados na fase de mobi-­ lização dos participantes da pesquisa, pois o que eu planejava era realizar um ciclo de WUrVRÀFLQDVHPWDUGHVGHViEDGR(DtMiYLXQp"2VDOXQRVMiYmRjHVFRODDVHPDQD WRGDHHXWLQKDFRPLJRRGHVDÀRGHPRWLYiORVDDSDUHFHUQDHVFRODXPGLDDPDLVH GHQWURGRÀPGHVHPDQD1mRIRLIiFLOHDUHVSRVWDGRS~EOLFRIRLVLPPHQRUGRTXH a que eu desejava. Por outro lado, o grupo de cerca de dez estudantes que frequen-­ WDUDPDVRÀFLQDVHUDEDVWDQWHUHSUHVHQWDWLYRHVHHQYROYHXGHIRUPDVXUSUHHQGHQWH FRPDVDWLYLGDGHVSURSRVWDVWDQWRTXHDLQGDÀ]HPRVXPHQFRQWURH[WUDSDUDWUDWDU de um abaixo-­assinado referente a um dos problemas socioambientais locais que dis-­ FXWLPRVDRORQJRGDVRÀFLQDV Realmente, esse acolhimento dos participantes em relação à proposta de dis-­ FXWLUYtGHRVHIRWRJUDÀDVGHFDPSDQKDVDPELHQWDOLVWDVFULDGDVSRU21*·VIRLPXLWR JUDWLÀFDQWH 'H IDWR XPD GDV FRLVDV PDLV IDVFLQDQWHV HP WRGR HVVH SURFHVVR IRL R HQJDMDPHQWRGRJUXSRGHSDUWLFLSDQWHVTXHYLHUDPjVRÀFLQDVQDYHUGDGHDWUiVGH respostas sobre como lidar com as questões socioambientais. Evidentemente, não era sobre esses caminhos que se desejava falar, até porque não havia, nesse sentido, res-­ SRVWDVDRIHUHFHU2TXHVHSURSXQKDHUDH[DWDPHQWHRFRQWUiULR$VRÀFLQDVHUDPQD verdade, um convite para adentrarmos nos labirintos produzidos hoje em dia pelos discursos sobre meio ambiente veiculados na mídia. Uma vez imersos e atuando nes-­ ses labirintos, caber-­nos-­ia, então, a tarefa nada simples de forjar saídas pessoais e, portanto, singulares, em algum dos intricados corredores desses espaços discursivos repletos de denúncias, sugestões de novos hábitos, soluções, críticas, ironias, humor... Tudo isso falando, em última instância, de meio ambiente. Nesse sentido, se eu ti-­ vesse mesmo que apontar um caminho para aquelas pessoas em formação a respeito de como lidar com meio ambiente em suas futuras aulas (elas estudavam o ensino médio normal, isto é, de formação de professores para a educação infantil), eu cha-­ maria atenção para essa grande diversidade de formas de falar sobre meio ambiente que vemos despontar em nosso cotidiano, seja ao navegarmos pela internet, seja ao assistirmos à TV, seja ao lermos jornais e revistas. Antes de qualquer coisa, eu sina-­ lizaria a importância de estarmos atentos para esses diferentes discursos postos em circulação através das mídias, especialmente a televisiva, pois eles vêm constituindo cada vez mais novas maneiras de ser e estar no mundo, inclusive em relação ao meio ambiente (MARTIN-­BARBERO, 2000). Obviamente, estou ciente de que não esgoto com essas breves considerações todas as possibilidades de releitura do que se passou ao longo do processo de pesquisa relacionado com o meu TCC. Nem mesmo se eu me debruçasse nessa tarefa ao longo de minha vida acadêmica, sei que não iria abarcar todo o potencial interpretativo das falas, desenhos, gestos, silêncios -­ que não foram, QHPSRGHULDPVHUGHVFULWRVHDQDOLVDGRVHPVXDWRWDOLGDGH(QÀPFRPRFRQFOXLU YHUGDGHVVREUHRLQÀQLWRTXHFDEHPLVWHULRVDPHQWHGHQWURGRÀQLWRHVSDoRGHWUrV RÀFLQDVTXDLVTXHUTXHVHMDP"

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Narrativa 4, SRU*XVWDYR/RSHV)HUUHLUD Foi durante a disciplina Metodologia de Pesquisa, oferecida no quarto período GRFXUVRGH&LrQFLDV%LROyJLFDVGD8)8TXHFRPHFHLDUHÁHWLUVREUHDSRVVLELOLGDGH GHPHGHGLFDUjSHVTXLVDHVSHFLÀFDPHQWHHPHGXFDomR$SURIHVVRUD/~FLDGH)iWL-­ ma Estevinho Guido realizou uma participação na disciplina na qual compartilhou sua vivência em pesquisas de caráter extensionistas com as comunidades dos dis-­ tritos rurais de Uberlândia, a saber Miraporanga, Tapuirama, Martinésia e Cruzeiro GRV3HL[RWRV$RÀQDOGDDXODDSURFXUHLSDUDVDEHUPDLVVREUHRDVVXQWRPHPRVWUHL interessado, e assim fui convidado a acompanhar mais de perto o grupo de pesquisa coordenado por ela. Meu primeiro contato com a pesquisa se deu acompanhando o grupo “Etno-­ biologia, Conservação e Educação Ambiental”, vinculado ao Instituto de Biologia, que trabalhava com a etnobotânica do bioma Cerrado, lidando com o conhecimento popular sobre as plantas desse ambiente. Esta interessante abordagem escuta as pes-­ soas, registra suas falas e dá valor ao saber popular como fonte de conhecimento. Logo me encantei. As saídas a campo com os moradores dos distritos eram muito prazerosas, cheias de histórias e aprendizados. Enquanto acompanhava o grupo, ajudando os colegas em suas pesquisas, a CAPES, lançou no início de 2009 um programa inédito com o objetivo de incentivar alunos de Licenciatura à docência. Assim, o curso de biologia, física, química e mate-­ mática foram escolhidos para iniciarem o programa, intitulado “Programa Institucio-­ nal de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID”. Então, decidi concorrer ao edital, pois IRLDFKDQFHTXHWLYHGHDOLDUPLQKDPRWLYDomRSHVVRDOHSURÀVVLRQDODXPDEROVDGH iniciação à docência. Foi então, que em março de 2009 fui selecionado para ser bolsista PIBID, o que não me afastou da pesquisa em etnobotânica. Conseguia conciliar meu trabalho na escola, com a pesquisa etnobotânica nos distritos rurais de Uberlândia. No projeto PIBID pude vivenciar a escola na sua realidade, repleta de complexidades que na-­ quele momento eu não conseguia entender muito bem, mas busquei fazer da minha participação um constante aprender, tentando entender o funcionamento da escola e sua lógica (se é que existe). Estar no ambiente escolar e conviver bem perto dos pro-­ fessores, alunos e funcionários foi de extrema importância para constatar que a escola ainda não mudou muito desde que terminei a Educação Básica. Durante minha atuação como bolsista de iniciação à docência, muitas vezes, percebia a existência de um descompasso entre o que era discutido nos referenciais teóricos, e nas falas de alguns professores do curso, e o que acontecia na realidade escolar. Isso me preocupava, porque eu precisava de subsídios que me capacitassem a promover mudanças na escola, que fosse para além do discurso. Diante disso, esfor-­ çava-­me em ser ativo em minha formação, buscando leituras e práticas interessantes que me motivassem. Assim, o projeto PIBID contribuiu para o meu desenvolvimento formativo des-­ PLWLÀFDQGRDHVFROD1DTXHOHPRPHQWRDPSOLHLPLQKDFDSDFLGDGHFUtWLFDHGHUHVROX-­ omRGHSUREOHPDVPHSUHSDUDQGRSURÀVVLRQDOPHQWHSDUDDDWLYLGDGHGRFHQWH

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Módulo VIII Concomitantemente ao projeto PIBID desenvolvia outros estudos. A pesquisa em etnobotânica me parecia muito familiar, um campo aconchegante e que permi-­ tiria múltiplas possibilidades, inclusive de usá-­la como ferramenta para um projeto de educação ambiental. Foi daí que surgiu a ideia e o desejo de propor uma pesquisa voltada à área da educação conciliando essas duas vertentes. Percebi que eu poderia tratar do conhecimento popular sobre as plantas do Cer-­ rado, resgatado nas pesquisas em etnobotânica, como ferramenta para um projeto de educação ambiental. Assim, após dedicar-­me a pensar, estruturar e escrever o proje-­ to de pesquisa junto a minha orientadora, submetemos o trabalho ao edital PIBIC/ CNPq/UFU de 2009. Enquanto aguardava o resultado, ia me dedicando às atividades da escola com o PIBID. Assim, em julho de 2009 o projeto que eu havia submetido foi aceito, e me vi diante de uma situação difícil. Após muitas conversas com minha orientadora, a pro-­ fessora Lúcia de Fátima Estevinho Guido, solicitei o desligamento do programa PI-­ BID, abrindo mão da iniciação à docência para me dedicar exclusivamente à pesquisa GHLQLFLDomRFLHQWtÀFD$SHVDUGRSRXFRWHPSRTXHSHUPDQHFLQRSURJUDPDFHUFDGH TXDWURPHVHVDGTXLULDXWRFRQÀDQoDSDUDRGHVHQYROYLPHQWRGHSHVTXLVDVYROWDGDV a educação, além disso, essa experiência fez-­me acreditar que eu poderia ser um bom SURÀVVLRQDOGDiUHD De agosto de 2009 a julho de 2010 dediquei-­me ao projeto de pesquisa aprova-­ do, “A mídia como elemento articulador entre o conhecimento popular sobre plantas e educação ambiental de jovens e crianças”, e as últimas disciplinas da graduação (Iniciação a Pesquisa 1 e 2). Isso me deu mais tempo livre e disposição para ir ao dis-­ trito de Tapuirama, local do estudo, para coletar dados e desenvolver o projeto. A pesquisa teve como objetivo envolver crianças, jovens e pessoas da comuni-­ dade com a mídia e a educação ambiental. O estudo foi estruturado em três momen-­ tos. No primeiro os estudantes de 8º e 9º ano da escola local produziram imagens que retrataram seus entendimentos do que é meio ambiente. No segundo, os alunos H SHVTXLVDGRUHV XWLOL]DUDP FkPHUDV ÀOPDGRUDV SDUD HQWUHYLVWDU SHVVRDV GD FRPX-­ QLGDGH LGHQWLÀFDGDV FRPR FRQKHFHGRUHV GH SODQWDV 1R ~OWLPR PRPHQWR RFRUUHX a produção coletiva de um documentário em que apareceram muitas histórias de moradores locais. A mídia foi o ponto de partida, por sua linguagem atual, próxima dos mais jo-­ vens, e contribuiu para uma educação ambiental que valorizou a cultura popular em torno do conhecimento de plantas do Cerrado. Foi uma experiência empolgante, em que a cada dia no convívio com os moradores, novos aprendizados eram gerados. Ao longo de minhas andanças pelo distrito, tive a oportunidade de conhecer moradores que me acolheram afetuosamente, despendendo tempo e esforços para contribuir com o estudo. Não posso esquecer as conversas em que não faltavam chás, bolos e deliciosos pães-­de-­queijo, feitos na hora. Era realmente uma parte muito boa do trabalho! Os principais legados da pesquisa foram as experiências vividas com o uso da mídia, em que todos os envolvidos puderam se aproximar de tecnologias como câ-­

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meras digitais, notebooksFkPHUDVÀOPDGRUDVPDWHULDLVGHiXGLR7XGRLVWRSURGX-­ ziu interessantes imagens dos encontros, do distrito, das pessoas, e, acima de tudo, de importantes momentos de compartilhamento e aprendizado vividos ao longo da pesquisa. Em parceria com a PROEX/UFU foi possível concretizar a produção do docu-­ mentário “Causos do Cerrado”, um vídeo produzido coletivamente entre pessoas da comunidade de Tapuirama e nós, pesquisadores do projeto. Foram entrevistados seis DQWLJRVPRUDGRUHVLGHQWLÀFDGRVFRPR&RQKHFHGRUHVGH3ODQWDVTXHFRQWDUDPVXDV experiências de vida, não só quanto ao relacionamento com as plantas, mas também em relação à forma como lidam e pensam o mundo. Foi um momento de grande emoção ver pessoas “simples” tendo suas histórias valorizadas, ganhando destaque diante da mídia. Esta ferramenta valiosa que pode chegar à lugares inimagináveis. $ SHVTXLVD FXOPLQRX HP PLQKD PRQRJUDÀD DSUHVHQWDGD HP GH]HPEUR GH 2010, um importante momento em minha vida acadêmica, ocasião em que pude com-­ partilhar os resultados deste estudo. O trabalho foi muito elogiado pela banca de professoras e atingiu a pontuação máxima. Finalizei minha graduação em Ciências Biológicas com a sensação de dever cumprido e desejando prosseguir como pesqui-­ sador no mestrado.

Narrativa 5, SRU)HUQDQGD5LEHLURGH6RX]D O processo de construção do meu Trabalho de Conclusão de Curso iniciou-­se DLQGDQRDQRGHQRTXDOÀ]DRSomRSRUGLUHFLRQDUDSHVTXLVDSDUDDiUHDGR (QVLQRGH&LrQFLDV(QFDQWDGDFRPDVUHÁH[}HVVXVFLWDGDVDSDUWLUGDVDXODVHWH[WRV da disciplina Tópicos Especiais de Educação em Biologia, ministrada pelo professor Leandro Belinaso Guimarães, que chamava atenção para a centralidade da cultura em nossas vidas e o papel das mídias e dos elementos culturais na produção de signi-­ ÀFDGRVHFRQVHQVRV VREUHWXGRQDiUHDGH&LrQFLDVHGD%LRORJLD GHFLGLDSURIXQGDU minhas leituras na área da cultura e dos Estudos Culturais, para desenvolver o Pro-­ jeto de Pesquisa e posteriormente o Trabalho de Conclusão de Curso nesta temática. A imersão no tema foi para mim, uma experiência nova, singular, que me pos-­ sibilitou repensar o modo como percebia o ensino e a aprendizagem, para além do HVSDoRHVFRODU(pSDUDLVVRDÀQDOTXHVHUYHXPWUDEDOKRGHFRQFOXVmRGHFXUVR para nos permitir a inserção no trabalho de pesquisa, e, para além disso, possibilitar a aprendizagem de métodos e conceitos teóricos, que certamente transformarão nossos modos de ver e pensar o objeto pesquisado e a própria realidade. E se tratando de cinema e de educação ambiental, as transformações no modo GHFRPSUHHQGHURFRUULTXHLURHVLPSOHVDWRGHYHUXPÀOPHDGTXLUHPDLQGDPDLV UHOHYkQFLDHVLJQLÀFDGR Neste sentido, minha caminhada especialmente no que se refere à aproximação com o campo conceitual dos estudos culturais e do cinema em sua relação com a edu-­ cação, foi instigante, doce e permeada por um encantamento ímpar.

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Módulo VIII Busquei conhecer outros trabalhos, textos que tratavam dos estudos culturais e sua relação com o ensino de Ciências e com a educação ambiental, e me vi envolta em escritos marcados por uma sensibilidade e criticidade necessários para nos permitir enxergar por lentes nunca antes experimentadas novas formas de compreender a re-­ alidade, a cultura, a mídia, a educação e seus processos nos mais diversos contextos. (QWUHWDQWRVXUJLUDPDOJXPDVGLÀFXOGDGHVFRPUHODomRjGHÀQLomRGDPHWRGR-­ logia para a realização de um estudo que me permitisse evidenciar o modo como o cinema estaria adentrando na educação e, em especial, no ensino de Ciências. Assim, optei, após conversa com meu orientador, cujas orientações tiveram uma importância inestimável para o desenvolvimento e conclusão do trabalho, limitar a pesquisa a um (VWXGRGH&DVRHPXPDHVFRODQDTXDODQDOLVDULDDXWLOL]DomRGHÀOPHVFRPRHOH-­ PHQWRVSHGDJyJLFRVHPWRGDVDVGLVFLSOLQDVTXHFRPS}HPRFXUUtFXORGRVDQRVÀQDLV do Ensino Fundamental, com especial atenção aos usos do cinema nas aulas de ciên-­ cias. Busquei compreender a forma como os temas ligados à área eram trabalhados, como colaboravam para a compreensão de conteúdos da disciplina, para a educação DPELHQWDO SDUD SURGXomRUHSURGXomR GH VLJQLÀFDGRV FXOWXUDLV FRPSRUWDPHQWRV hábitos e valores. Delimitado o campo de pesquisa e os sujeitos que participariam do estudo, era QHFHVViULRGHÀQLURURWHLURSDUDDUHDOL]DomRGDVHQWUHYLVWDVVHPLHVWUXWXUDGDVHLQL-­ ciar a construção do Caderno de Campo. $GHÀQLomRGRURWHLURGDHQWUHYLVWDpXPDHWDSDPXLWRLPSRUWDQWHHGHFLVLYD para o desenvolvimento adequado da pesquisa e para a consecução dos objetivos estabelecidos. Assim, o momento de elaboração desse instrumento foi permeado por PXLWDVG~YLGDVHH[LJLXUHÁH[mRHFODUH]DVREUHRTXHHXSUHWHQGLDLQYHVWLJDUDSDUWLU das narrativas dos docentes sobre os usos do cinema em sala de aula. O desenvolvimento da pesquisa, em especial, a realização das entrevistas em FDPSRH[LJLXVHQVLELOLGDGHSDUDGHÀQLURPRPHQWRDGHTXDGRSDUD´FRQYHUVDUµFRP FDGDVXMHLWRRXYLUDQDOLVDUHGLUHFLRQDUVHXVGLVFXUVRVDÀPGHFRPSUHHQGHUDVSUi-­ WLFDVVLJQLÀFDo}HVTXHDVQDUUDWLYDVH[SUHVVDYDPVREUHDUHDOLGDGHHRREMHWRSHVTXL-­ sado. Não apenas os discursos, enquanto palavras faladas nos importavam, mas ex-­ pressões, reações, atitudes dos sujeitos, o ambiente, o momento em que cada entrevis-­ WDIRLVHFRQVWUXLQGR$SRWrQFLDGHOHUHVLJQLÀFDUQmRpGDGDDSHQDVSHODVSDODYUDV pois há que se considerar o corpo sensível e sua ação para a compreensão do objeto pesquisado. Neste horizonte, a pesquisa de campo exige empatia para reconhecer as possi-­ ELOLGDGHVGHOHUHVLJQLÀFDURPXQGRDSUHHQGHUHFRPXQLFDUXPVHQWLGRFRPRDFRQ-­ dição pela o qual o humano “transcende em direção a um comportamento novo, ou em direção ao outro, ou em direção ao seu próprio pensamento, através de seu corpo HGHVXDIDOD 0(5/($83217
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