RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

June 5, 2017 | Autor: Thaysi de Paula | Categoria: Sociology, Education, Ciencias Sociales
Share Embed


Descrição do Produto









UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA


THAYSI DE PAULA SOARES




RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS







BRASÍLIA
2014

THAYSI DE PAULA SOARES



RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA DE ENSINO EM CIÊNCIAS SOCIAIS



Trabalho de Conclusão de Estágio
apresentado ao curso de Ciências Sociais, do
Departamento de Sociologia.


Orientadoras da Instituição de Ensino Superior:
Profª Haydée Caruso
Profª Sayonara Leal






Brasília
2014

Introdução

 
Nesse relatório serão apontados os principais pontos do Estágio de Docência em Ciências Sociais que presenciei nesse 1º semestre de 2014. Serão relatados os momentos de observações feitos na sala de aula, a formulação do Plano de Ensino até a regência de 2 horas de aula. Também não poderei deixar de comentar as aulas presenciais que tivemos da disciplina Prática de Ensino em Ciências Sociais, tanto pelos textos estudados e debatidos, os convidados que puderam nos explicar de forma objetiva e clara seus trabalhos e teses, quanto pela troca de experiências com os outros alunos. As trocas de experiências foram fundamentais para o esclarecimento de dúvidas que suscitaram entre os alunos em geral, pois ajudou a sanar as dificuldades em comum. As observações feitas na escola foram de suma importância para que o olhar etnográfico que tanto estudamos e ouvimos falar abstratamente pudesse ser aplicado de forma efetiva e auxiliar na nossa futura docência. No entanto, por esse ser um semestre atípico por conta da festividade da Copa do Mundo, houve pouco tempo de observação.
A escola observada foi o Centro de Ensino Médio Ave Branca – CEMAB- na região administrativa de Taguatinga, vale destacar que esse foi o colégio onde fiz o meu Ensino Médio.









Procedimentos Metodológicos
A metodologia utilizada para fazer esse relatório de Prática de Ensino em Ciências Sociais foi a de observação e por algumas vezes, observação participativa, tendo em vista entender de forma mais próxima e complexa a realidade escolar do Centro de Ensino Médio Ave Branca, em Taguatinga. E como a Sociologia é aplicada no contexto dessa Região Administrativa. Também foram aplicados questionários aos alunos para levantamento de dados, tendo como foco as aspirações do alunato para com essa disciplina.
















Dados socioeconômicos de Taguatinga, RA onde está localizada a Escola.

Segundo dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios 2010/2011, a população urbana de Taguatinga é de 221.909 habitantes. Do total de habitantes da RA, 16,4% têm até 14 anos de idade, abaixo da proporção do DF (25,5%). O grupo de 15 a 59 anos, compõem a população em idade ativa, são 65,3%. Na faixa de 60 anos ou mais, concentram-se 18,3%, muito acima da média do DF (7,4%).
A maior parte da população é constituída por mulheres (54,7%). A razão de sexo, que é expressa pelo número de homens para cada 100 mulheres, é de 82,9, abaixo da registrada no Distrito Federal (90,7). Reflexo, provavelmente, do elevado percentual de população acima de 60 anos ou mais, majoritariamente formada por mulheres, e a mortalidade por causas externas, principalmente, do sexo masculino.
Da população total de Taguatinga, 29,2% são estudantes, sendo que a maioria estuda em escola pública. Em relação ao grau de instrução da população, 1,4% declararam ser analfabetas. A maior participação concentra-se na categoria dos que têm o ensino médio completo, (24,3%). O ensino fundamental incompleto é a segunda escolaridade com maior representatividade 51.803 (23,3%). Cabe observar que deste total, 33,1% são estudantes na faixa etária adequada. O curso superior, completo, incluindo curso de especialização, mestrado e doutorado somam 17,1%.
A partir das informações coletadas no tocante à ocupação dos moradores de Taguatinga, observa-se que 41,7% de 10 anos e mais têm atividade remunerada, enquanto 14,1% encontram-se aposentados. Os desempregados somam 4,1% da população total. Entre os que trabalham, 28,7% desenvolvem suas atividades no comércio e 22,8% em órgãos públicos.
Do contingente de trabalhadores, a pesquisa indica que a maioria (55,3%) é constituída por empregado, vendo que, 48,1% possuem carteira assinada, e 7,2% ainda estão na informalidade. Os autônomos representam 22,7% e no serviço público e militar estão 18,6%.
Por sua vez, entre os que trabalham, cerca de 80% contribuem para a previdência, quase que exclusivamente pública, pois a previdência privada não apresenta participação significativa.
A Região Administrativa de Taguatinga oferece número significativo de postos de trabalho (41,8%) aos seus residentes. Fora da localidade, destacam-se os que trabalham na RA Brasília (34,1%). As demais regiões são pouco significativas.
Quanto ao destino dado à parcela do 13º salário, 79.097 (79,6%) dos empregados que o recebem, pagam suas dívidas. As outras opções como lazer, compras, melhorias na residência e poupança, representam 13,6%. Cabe observar que 44,9% da população acima de dez anos não recebem este salário.
A renda familiar constitui-se num indicador amplamente utilizado para análise da situação socioeconômica de uma população, embora apresente limitações por não considerar a ocupação domiciliar e a faixa etária dos moradores. Quando apurado o rendimento gerado, ignoram-se as desigualdades de condições de cada domicílio.
Ao analisar a renda de uma localidade, deve-se também atentar para o fato de que a renda domiciliar é resultado do momento em que o dado é coletado, do desempenho global da economia, da política salarial, assim como da situação do mercado de trabalho.
Feitas as devidas ressalvas, esse indicador permite que se elabore o perfil socioeconômico dos moradores de Taguatinga por meio do levantamento do rendimento bruto mensal do trabalho e dos demais rendimentos como aposentadorias, pensões, aluguéis, doações, entre outros, auferidos pelos membros dos domicílios pesquisados.
A renda domiciliar média da população de Taguatinga, apurada na pesquisa, é da ordem de R$ 4.359,00, correspondente a 8,5 salários mínimos (SM) e a renda per capita é de R$ 1.465,00 (2,9 SM). Ao analisar a distribuição da renda domiciliar bruta mensal, segundo as classes de renda, com base em múltiplos de salários mínimos, verifica-se que a mais expressiva é o agrupamento de mais de 2 até 5 SM, que concentra 31,7% dos domicílios, seguidos da classe de 5 até 10 SM (26,9%). Cabe destacar a participação significativa, em termos proporcionais, para aqueles que percebem mais de 10 a 20 SM (21,0%) e os que auferem uma renda domiciliar acima de 20 SM , 8,0%.





Descrição da Escola

Como estudei no CEMAB, eu já tinha ideia de como era a disposição das salas, pátios, quadras, direção, sala dos professores etc. Porém pude notar algumas reformas e melhorias desde a época em que saí, que foi em 2007. A escola está bem pintada, todas as salas possuem TVs modernas, os bebedouros são novos e eficientes, a escola é limpa e bem cuidada. O que não observei mudança foi nas carteiras que continuam quebradas e velhas e no banheiro que continua em más condições. As salas possuem janelas grandes e largas o que facilita a ventilação e iluminação, já que elas não possuem ventiladores.
A inserção de TV na sala de aula, indubitavelmente, foi algo de grande utilidade, pois, me recordo que quando eu era aluna, os professores nos levavam para uma suposta sala de vídeo, onde tinha uma TV pequena que mal dava para assistir o que se passava.
O CEMAB atende, na atualidade (em 2013), aproximadamente a 2500 (dois mil e quinhentos) estudantes no ensino médio regular, em três turnos. De acordo com uma pesquisa realizada no ano de 2008 pela Secretaria Escolar do CEMAB, a maioria de seus estudantes, principalmente do turno diurno, são oriundos de outras cidades próximas e até do entorno do Distrito Federal. Em setembro de 2008, por meio de aplicação de questionário sociocultural, constatou-se que a maioria dos estudantes da instituição é proveniente das cidades de Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo e Riacho Fundo II. Apenas uma minoria dos estudantes reside nas imediações da escola, em Taguatinga.
Assim, são setenta turmas de estudantes, aproximadamente duzentos profissionais da educação (entre professores, técnicos, agentes, orientadores etc.) e uma direção composta por membros eleitos pelos segmentos da escola com a missão de construir com estes uma gestão efetivamente compartilhada, portanto, democrática.
Em 2011 o CEMAB completou 50 anos de sua criação. Com as comemorações, resgataram-se também os primeiros registros oficiais de sua história, assim como evidenciou-se a sua evolução como instituição educacional. Naturalmente, evidenciaram-se, também, os seus problemas históricos, por tratar-se de uma escola pública, sujeita às intempéries de administrações políticas.
Dentre seus maiores desafios, apontados nos encontros comemorativos do seu cinquentenário, há o consenso de tornar o CEMAB ainda mais consciente de seu passado e de sua identidade, para a construção de uma educação verdadeiramente emancipatória e livre.


























Ensino e saberes dos professores e
O alunato: aprendendo Sociologia


Irei observar quatro turmas no turno Matutino, duas do 2º ano do Ensino Médio e duas do 3º Ano do Ensino Médio, sendo nas terças-feiras as turmas do 2º Ano e nas quintas as turmas do 3º Ano. O professor que irei acompanhar é o Professor Hélio que é formado em Sociologia. A turma do 2ºMF possui 32 alunos, a do 2ºMH possui 38 alunos, a do 3ºMD possui 35 alunos e a do 3ºMI possui 32 alunos. As aulas acontecem em uma única sala destinada ás aula de Sociologia, sendo os alunos encarregados de se direcionarem até a sala. O professor utiliza o livro didático fornecido pelo MEC.




Primeiro dia de observações:
Terça-feira, dia 29/04/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Oficialmente inicio minhas observações na escola. São exatamente 7h10min, acabei de chegar à escola. As primeiras observações ocorrem na sala dos professores que possui mesas, sofás, um bebedouro. Como as aulas do professor Hélio só começa às 7h45min, fico aguardando durante esse período até o momento de acompanhar as aulas de sociologia. Ele aproveita esse pequeno tempo para me explicar qual será o assunto abordado em sala. No momento estão 7 professores aqui na sala dos docentes. Duas professoras conversam sobre a aplicação e correção de avaliações. Duas outras estão preenchendo seus livros de chamadas, enquanto que outra professora a minha esquerda grampeia folhas de futuras avaliações.

Estou ambientada nesta escola, pois como já disse anteriormente, cursei meu ensino médio no CEMAB.
O sinal acabou de "bater". São exatamente 07:45, eu e o professor nos dirigimos até a sala de aula. Ele me apresentou para as duas turmas de segundo ano que observei. A primeira, 2ºMF, me pareceu bem tranquila e introspectiva.
O professor sai da sala dizendo que vai buscar os livros, mas voltou e pediu para um aluno ir buscá-los.
Os alunos conversam com o professor sobre um assalto que ocorreu a uns deles na noite anterior. O aluno assaltado conta com detalhes como foi a abordagem do assaltante. Os alunos que estão sentados a minha direita, ficam interessados em saber o que estou escrevendo. Respondo que se trata de uma etnografia. O professor pega um gancho na minha resposta é pergunta para turma "o que é uma etnografia?".
Dois alunos prestam atenção. Logo em seguida ele pede para que os alunos abram os livros numa determinada página.
O conteúdo do capítulo procura apresentar a partir de um panorama histórico a discussão sobre "mudança" e "transformação".
Um aluno pede para ir ao banheiro e sai da sala. O aluno que foi ao banheiro retorna a sala, mas logo volta a sair. O professor conversa com os alunos sobre o final do semestre, dizendo para a turma que faltam pelo menos mais um mês e meio de aulas, fala direcionada principalmente para o grupo que está sentado mais ao fundo. No que pude perceber a turma respeita o professor.


Inicialmente o professor procurou desenvolver uma atividade ligada a discussão de futebol, sociedade e política na América Latina durante os regimes militares do Brasil e Argentina, aproveitando a chegada da Copa para tocar neste tema. Trabalhou com a exibição de documentários, filmes e conversas mediadas, apresentando um panorama geral do tema com alunos do 2° ano. Tratou também das relações entre a utilização das seleções nacionais pelos regimes militares como propaganda política de seus respectivos governos.
Já são 09:45 e está perto do intervalo dos alunos. A sensação que tenho é de que o tempo passou muito rápido. Seis alunos que sentam mais ao fundo da sala levantam-se e começam a sair da sala antes do sinal do intervalo. Saindo alguns minutos antes eles não precisam enfrentar a fila da cantina. Aqui finalizo o primeiro dia de observação no 2° MF.
Durante o intervalo fiquei com o professor dentro da sala de aula e ele me explicou mais algumas coisas. Disse que eles utilizam a plataforma MOODLE, exercícios, livro didático, exibição de filmes e documentários.

A segunda turma observada foi o 2ºMH, eles me passaram a sensação de serem mais agitados e quando fui me apresentar alguns deram risadas. Logo depois o professor os repreendeu pelo fato de estarem rindo, talvez com algum deboche, e logo foi ao quadro escrever uns exercícios para que eles copiassem e respondessem no caderno. Enquanto copiavam conversavam baixo, sem incomodarem. E o resto da aula foi assim. Acabou o meu primeiro dia de observação às 12:15.



Segundo dia de observações
Terça-feira, dia 06/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

São 07:30, eu e o professor estamos caminhando para a sala do 2° MF. Nesta aula houve a aplicação de uma avaliação com consulta ao livro didático de sociologia. Na verdade a avaliação acaba sendo um trabalho em sala de aula, onde o professor procura tirar as dúvidas dos alunos. A prova é formada com seis questões. Uma menina demonstra estar com dúvida em uma questão, olha pra mim e diz em voz alta: "professor você explica melhor." Fiquei um pouco incomodada com essa frase, talvez pelo fato da menina não confiar muito em mim, resolveu pedir ajuda para o professor, o que é legitimo. Num determinado momento o professor saiu da sala e pediu para que eu ficasse na sala observando eles fazerem a prova. Uma aluna levanta a mão e diz: "Tia, você pode me explicar uma coisa?". Pedi a atenção da turma e amigavelmente falei que eles poderiam me chamar de Thaysi ou de Professora ( que foi como o professor Hélio me apresentou) até porquê eu não era tão velha assim. Senti isso como um teste dos alunos para ver até onde eu seria frágil. Depois de explicar isso, tirei a dúvida dela e ela agradeceu.

Esse fato marcou o meu segundo dia da minha observação na escola, fiquei refletindo muito sobre isso. É uma das conclusões que cheguei foi a que podemos até ter conhecimento sobre determinado conteúdo, mas quando estamos em uma sala do ensino médio, temos que adequar o vocabulário, saber ceder e também se impor.
Explicar de maneira clara e objetiva é um grande desafio. São 09:15 e a atividade ocorreu de forma tranquila. Os alunos ficaram concentrados em seus afazeres. O professor procura deixar os alunos livres para agirem, mas sem ser desrespeitado por eles. Ao sair da sala ouvi de uma menina dizer que ela gosta de sociologia e esta pensando em fazer vestibular para ciências sociais.

No intervalo eu e o professor fomos para a sala dos professores onde socializei com os outros professores também. Após o fim do intervalo fomos para a sala esperar os alunos do 2ºMH.
Nesta aula também haverá a aplicação de uma avaliação com consulta. Os alunos chegam do intervalo um pouco eufóricos, mas logo se acalmam e se concentram para fazer a prova. São 11:34 e eles continuam concentrados respondendo as questões sobre a temática do "trabalho" e " a sociedade moderna" . A prova com consulta parece incentivá-los a escrever mais com base no livro didático. Após término da prova o professor libera os alunos. E assim acaba meu segundo dia de observação às 12:15.



Terceiro dia de observação
Quinta-feira, dia 08/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Chego ao CEMAB às 07:15 e me dirigido para a sala dos professores e espero o professor Hélio chegar. Assim que ele chega, conversamos um pouco e vamos para a sala. Hoje observarei as turmas de 3º ano do ensino médio. A primeira é o 3ºMD.
O professor me apresentou á turma que, realmente, parecia ter um maior amadurecimento. Após a minha apresentação o professor passou alguns exercícios no quadro para que os alunos respondessem. Após escrever as perguntas no quadro, sentou-se e pediu para os alunos que estivessem com os exercícios anteriores completos, fossem até lá para que ele corrigisse e desse o visto. Nesse momento, os alunos falavam alto, e andavam pela sala arrastando as cadeiras para que pudessem responder os exercícios do quadro perto de outros colegas. O professor teve que se levantar e pedir silêncio nessa hora. Depois de o barulho diminuir, voltou a corrigir os cadernos. E Assim foi até o final da aula.
No intervalo, eu e o professor ficamos na sala de aula aguardando a próxima turma voltar do intervalo.
A turma que irei observar depois do intervalo é o 3ºMI.
A aula se inicia com uma aparente agitação, pois os alunos estão voltando do intervalo. Digo aparente porque os alunos se entendem a partir dessa dinâmica. As conversas são múltiplas, elas estão distribuídas pela sala, para qualquer lado que olho, existe alunos conversando. A conversa expressa interação, socialização e solidariedade de grupo. O professor explica a atividade, os alunos prestam atenção, mas ainda existem alguns focos de conversas pela sala. A atividade é sobre globalização. O Professor faz uma breve explicação do tema abordado e mais uma vez passa exercícios no quadro. Percebo que os alunos não gostam muito dessa metodologia abordada pelo professor.
Uma coisa que pude notar e fiquei refletindo foi o fato de que enquanto o professor explicava, grande parte da turma ( pelo menos 40%) estava com fone nos ouvidos e isso parecia ser comum. O professor parecia não se importar também. Minhas observações acaba às 12:15.



Quarto dia de observações
Terça-feira, dia 13/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Nesse dia chego ao CEMAB às 07:15 como de praxe e sigo para a sala dos professores. Fico surpresa, pois ela se encontra bem vazia e pergunto para uma professora que estava lá se ela sabia onde estava o professor Hélio. Ela me respondeu que não sabia e que talvez ele não viesse, pois naquela semana estava acontecendo no CEMAB os Jogos Escolares. Como só posso fazer observações nas terças e quintas-feiras, permaneci no colégio e observei os jogos dos alunos. Observei as seguintes modalidades: Futebol, Handball, Basquete e Vôlei. Alunos com camisetas confeccionadas, meninas com pompons e enfeitadas. Tudo bem animado e com grande torcida. Alguns alunos que me conheciam vieram me cumprimentar e pedirem para eu torcer para que ganhassem. Foi bem interessante. Minhas observações terminaram às 12:15.



Quinto dia de observações
Quinta-feira, dia 15/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Continua a semana de Jogos Escolares. Continuei observando os jogos até o fim. Procurei o professor Hélio na sala dos professores e me disseram que ele apareceu rapidamente e já tinha ido embora. Voltei para o local dos jogos nas quadras de esportes. As quadras são abertas, o chão de cimento, possui uma área de mato baixou ao lado. Não é sofisticado, mas cumpre o seu papel. Saí do CEMAB às 12:15 como o habitual.



Sexto dia de observação
Terça-feira, dia 20/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Cheguei ao CEMAB às 07:15 e logo me dirigi á sala dos professores e encontrei o professor Hélio, que me disse que haveria uma palestra. O professor disse que iria unir as duas turmas (2ºMF e 2ºMH), pois um professor do 2ºMH havia faltado naquele dia.
A palestra ocorreu dentro da sala de aula e era sobre Projeção de Vídeo. O palestrante era o Luíz, capoeirista, jornalista e historiador. Tinha um jeito que cativou os alunos com sua forma de falar e explicar o passo-a-passo para se fazer um vídeo. Em dado momento, tocou seu birimbal para animar os alunos. A palestra foi filmada e transmitida por um refletor na própria sala de aula. Alguns alunos se habilitaram a filmar parte da palestra, tudo com a ajuda de Luíz.
Após a palestra o professor me falou que está querendo fazer um projeto com os alunos, chamado Cine Club. Onde abordará vários assuntos com a produção dos vídeos que eles produzirem.
Foi muito interessante e percebi que os alunos ficaram bem interessados na palestra. As minhas observações acabaram às 12:15.




Sétimo dia de observações
Quinta-feira, dia 22/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Cheguei ao colégio às 07:15 como de costume e fui para a sala dos professores. Enquanto esperava o professor Hélio chegar, fiquei conversando com os outros professores, principalmente o de Geografia. Ele me dizia que a matéria dele "conversava" muito com a matéria de Sociologia que o professor Hélio dava. Me falou que ele está na elaboração do projeto do Cine Club junto com o professor Hélio, mas que é muito difícil fazer algo inovador assim no colégio, pois a direção não dava suporte e não facilitava os tramites para que esses projetos saíssem do papel. Mas que eles estavam dispostos a passar por cima das barreiras para fazer algo inovador que despertassem o senso crítico dos alunos.
Tocou o sinal e o professor de Geografia se despediu e pediu que eu falasse com a coordenadora para ter notícias do professor Hélio que ainda não havia chegado. Falei com ela e ela me falou que ele telefonou dizendo que teve um problema e que não poderia dar aula. Voltei para casa sem um diário de campo completo, porém fiz o meu papel de ter comparecido.



Oitavo dia de observações
Terça-feira, dia 27/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Às 07:15 eu me encontrava na sala dos professores. O professor Hélio já estava lá. Cumprimentamos-nos e ele falou que não pode vir na quinta-feira passada porque a mãe dele não estava bem de saúde e ele precisou acompanhá-la ao hospital. Disse que não havia problemas e desejei melhoras à mãe dele.
Senti que com a aproximação das férias, as aulas não estavam rendendo muito conteúdo. Eram mais correção de exercícios, pequenos textos que o professor colocava em debate de assuntos que estavam na mídia.
A turma era a do 2ºMF. O professor nesse dia passou um Filme para eles assistirem: O nome da Rosa.
Durante o filme alguns alunos continuaram com o fone de ouvido, como de praxe, outros dormiram, outros conversavam baixinho e outros saiam da sala escondido. Enfim, poucos realmente prestavam atenção no filme. Enquanto isso o professor estava corrigindo provas de outra turma. No final da aula o professor disse que queria uma resenha do filme para a próxima aula.
No intervalo fiquei com o professor dentro da sala de aula e ele me contou um pouco mais sobre os problemas de saúde de sua mãe. Parecia triste e cansado. Nesse momento, desabafou também que ser professor não era fácil. Que tem dias que você não tem cabeça e ânimo para dar a melhor aula do mundo e que tudo que você quer é aposentar.
Com o fim do intervalo a turma do 2ºMH entrou na sala e o professor avisou que quem ainda não tivesse mostrado o caderno com as atividades feitas, que na próxima aula seria o último dia. Falou que iria passar o filme: O nome da Rosa. Cobrou a atenção dos alunos dizendo que ia cobrar uma atividade depois sobre o filme que valeria nota.
As cenas vistas no 2ºMF se repetiram no 2ºMH. Pouquíssimos alunos realmente prestaram atenção no filme. No fim da aula o professor pediu que eles fizessem uma resenha do filme para entregarem na próxima aula. Assim ele dispensou os alunos e se despediu rapidamente de mim. Saí do CEMAB às 12:15.



Nono dia de observações/Regência

Quinta-feira, dia 29/05/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Cheguei como de costume às 07:15 e encontrei o professor Hélio já no estacionamento. Esse será o dia que vou fazer minha Regência. Ele me deu alguns conselhos, disse para eu não me preocupar que iria dar tudo certo. Fiquei mais calma com isso. Chegamos na sala e comecei a escrever um pequeno resumo no quadro sobre Durkheim. Quando os alunos do 3º MD chegaram o quadro já estava pronto. Eu quis abordar o conceito de "fato social" e suas características.
Os alunos entraram e já notaram que algo diferente iria acontecer. O professor então adiantou que eu daria aula naquele dia. Então falei com a turma que seria a primeira aula que eu daria e que tentaria fazer da melhor forma possível. Então comecei a explicar rapidamente quem era Durkheim, quando um aluno surruou: " Ah, não. De novo não!". Nesse momento fiquei um pouco apavorada, mas consegui prosseguir. Falei: "Gente, eu sei que vocês já ouviram falar dele, mas cada pessoa explica de uma forma diferente e eu vou tentar associar a teoria com os dias de hoje, você vão curtir!". Eles me abriram um sorriso e continuei. Depois de explicar quem era Durkheim, o que era o fato social e suas características, pedi para que eles fizessem uma roda para que pudéssemos debater de forma mais horizontal.
Nesse momento, todos se levantaram e começaram a arrastar as cadeiras fazendo muito barulho. Pedi educadamente a atenção e disse para que eles não arrastassem as cadeiras e sim que as levantassem. Assim foi feito. Depois de 10 minutos que tudo voltou á ordem. Então perguntei se algum deles podia me dar um exemplo de fato social, segundo a teoria de Durkheim. Todos ficaram calados. Então os instiguei e relembrei quais eram as características que faziam o fato ser social – generalidade, coercitividade e externalidade. Falei que a o idioma de um país é um fato social. Depois perguntei à eles se achavam que o suicídio era um fato social. Aí sim que o debate começou a acontecer de verdade. Uns discutiam com os outros tentando encaixar o suicídio dentro das características necessárias. Enquanto a maioria debatia ou pelo menos demonstravam interesse, um pequeno grupo estava com conversa paralela e não demonstrou interesse no tema. Do suicídio surgiu o assunto sobre religião, pois uma aluna falou num tom de brincadeira: " Suicídio é pecado, isso sim!". Aproveitei o gancho para perguntar para eles se "pecado" era um fato social. Eles riram e uns disseram que sim, outros que não.
O tempo passou muito rápido, mas pude concluir a minha aula e envolvê-los na discussão, coisa que pensei de início que não seria possível. No final eles gostaram da aula e me aplaudiram. Fiquei muito feliz e agradeci a atenção deles, completando assim minhas duas horas de regência.
Chegou a hora do intervalo e eles perguntaram se podiam sair da sala, eu os autorizei.
Durante o intervalo eu fui até a sala dos professores ao encontro do professor Hélio. Ele não acompanhou a minha aula para que eu pudesse ter mais autonomia e também mais autoridade com os alunos. Chegando lá, ele me ofereceu um cafezinho e eu aceitei. Conversamos um pouco e voltamos para a sala de aula onde eu observaria a turma do 3º MI.
Assim que acaba o intervalo os alunos começam a entrar na sala. Estão todos bem agitados e o professor pede para eles sentarem que ele passará um filme. O professor fala que vão assistir o filme "Escritores da liberdade", que é um filme que conta a trajetória pessoal de uma professora e uma turma de alunos marginalizados em um bairro violento dos Estados Unidos. A turma reagiu bem ao filme, todos estavam prestando atenção e em silêncio. No final da aula o professor pede para postarem no MOODLE a resenha do filme até o dia 11/06. Os alunos saem da sala e acaba mais um dia de observação às 12:15.



Décimo dia de observações/aplicação dos questionários
Terça-feira, dia 03/06/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Chego às 07:15 em ponto e me dirijo à sala dos professores como de costume. Lá encontro o professor Hélio e o relembro que tínhamos combinado que eu aplicaria os questionários nessa terça. Ele disse que se lembrava e perguntou se iria tomar muito tempo, pois os provões estavam se aproximando e ele queria dar uma revisão. Falei que imaginava que não demoraria. Ele disse que mesmo se demorasse, não haveria problema.
Apliquei os questionários para o 2ºMF, expliquei que era importante que eles respondessem com seriedade. Nesse momento eles riram. A aplicação do questionário durou mais tempo do que eu esperava- 1h25min. Muitos alunos não queriam responder, então perguntei o por que e um deles me respondeu: "É preguiça mesmo!", e riu logo depois. Não o obriguei a responder. Os outros responderam mais com um certo "ar" de cansaço. Alguns responderam o questionário incompleto e me devolveram. Então quando fui conferir na sala mesmo, tive que pedir para que eles respondessem o que tinham "esquecido". No final percebi que estava faltando um questionário e falei: "Pessoal, alguém esqueceu de me entregar o questionário? Porque está faltando um." Nesse momento um aluno tira o questionário da mochila e tentou se explicar: " Ah professora, pensei que fosse para levar pra casa." Respondi que era pra entregar na aula e então tive que esperar ele responder enquanto todos os outros já tinham terminado. E assim acabou a aula. Depois do intervalo seria a aula do 2ºMH, mas o professor me disse que não poderia dar essa aula, pois precisava acompanhar a mãe dele no hospital. Então não tivemos o segundo horário com o 2ºMH.



Décimo Primeiro dia de observações
Quinta-feira, dia 05/06/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Nesse dia estava acontecendo um dos provões. Cheguei na sala e o professor disse que não teria necessidade de eu observar esse dia, pois assim que eles terminassem a prova poderiam ir embora. Mas mesmo assim permaneci em sala de aula por uma hora. Percebi que a maioria dos alunos terminava o provão bem rápido.



Décimo Segundo dia de observações
Terça-feira, dia 09/06/2014, Centro de Ensino Médio Ave Branca, Taguatinga Sul, DF.

Cheguei no CEMAB às 07:15 e fui para a sala dos professores. Encontrei o professor Hélio e fomos para a sala de aula. Era o dia do último provão antes das férias. Fiquei observando por uma hora como na aula passada. Os alunos seguiram o mesmo padrão da aula anterior, terminando as provas com rapidez. O professor Hélio me chamou do lado de fora da sala e pediu para que um coordenador que estava passando no momento ficasse dentro da sala de aula observando os alunos.
Nesse momento em que ele me chamou do lado de fora disse que eu podia ir embora e então eu o agradeci por ter me acolhido todos esses dias. Ele disse que gostou bastante de ter me ajudado nessa nova fase da minha vida e que estaria ali para o que eu precisasse. Despedimos-nos e assim acabaram as minhas observações no CEMAB.

Notas importantes:
O professor não me concedeu entrevista.
Não autorizou a execução do grupo focal alegando falta de tempo. E ainda salientou que para que houvesse a gravação das vozes dos alunos, seria necessário enviar autorização prévia aos pais, pois todos eram menores de idade.























Arcabouço Teórico aplicado nas observações

Durante as observações feitas em sala de aula, tentei utilizar-me ao máximo do olhar etnográfico para que nenhum detalhe passasse despercebido. Todo o curso de Ciências Sociais deve ser efetivamente posto em prática na disciplina de Prática de Ensino em Ciências Sociais, pois é nela que a teoria tornar-se-á realidade próxima dos futuros cientistas sociais, sociólogos e antropólogos.
O autor Roberto Cardoso de Oliveira, em seu texto sobre o Trabalho do antropólogo, chama a atenção quando ressalta os aspectos importantes que são necessários para ser um bom antropólogo. Todos os aspectos selecionados por Roberto Cardoso de Oliveira cabem, não só ao antropólogo, mas também ao sociólogo e ao cientista social de modo geral.
Ele coloca em debate as "faculdades do entendimento" , que de acordo com ele são natas a forma de pensar das ciências sociais. Sãos essas faculdades: o olhar, o ouvir e o escrever.
É necessário o antropólogo ter o olhar apurado para que ele possa enxergar a realidade de outrem da forma mais clara e objetiva, para que isso se dê, é necessário treinar o olhar do individuo, que tornar-se-á antropólogo, por meio das disciplinas acadêmicas. Porém com esse "adestramento" o antropólogo olha para seu objeto de pesquisa, de modo que o tal objeto pode vir a significar coisa diferente do que realmente é. Como ele mesmo diz: " A teoria social pré-estrutura nosso olhar e sofistica a nossa capacidade de observação".
Indubitavelmente, o ouvir é tão importante quanto o olhar, para o trabalho do antropólogo. Devem estar juntos um do outro para que se complementem, não se esquecendo de ter sempre um bom filtro para que se possa diferenciar o que realmente é útil e cabível à pesquisa do que é apenas "ruído". O uso de entrevistas é algo relevante para o trabalho do antropólogo, pois é um ouvir aprimorado, particular e direto. A diferenciação da cultura do antropólogo com a do entrevistado não pode deixar que a entrevista a ser feita seja enviesada por parte do antropólogo, esse deve se despir nesse momento de toda pré-noção existente do individuo e deixar que ele fala e responda por si. Sabe-se que sempre haverá, por menor que seja, um aspecto subjetivo do antropólogo, mas seu objetivo é sempre a busca pela neutralidade.
O último processo é a escrita. É nela que todo o conhecimento se faz em palavras e surge o que o autor chama de o "idioma da disciplina", que é o idioma falado entre os acadêmicos. Onde toda uma vivência, um olhar e um escutar se transformará em pesquisa científica. Esse momento é crucial e perigoso, pois ali o antropólogo pode analisar os dados que colheu de forma a transcrevê-los por meio de seus conceitos. O escrever está interligado aos pensamentos e é neste momento que o estudioso poderá levantar soluções para os problemas e questões que foram levantados na sua pesquisa.
Com todo esse arcabouço teórico, não há dúvidas de que o sujeito observador deve ter cuidado com o seu olhar, ouvir e escrever. Policiei-me e tive como base esses aspectos para que pudesse fizer uma boa observação das aulas. Nos anexos seguirão as notas do meu diário de campo para que seja constatada de forma mais peculiar as observações feitas. Aqui irei me deter aos aspectos mais teóricos que me foram de extrema importância para concluir o meu estágio docente.
Como já foi dito acima, o CEMAB é um colégio que atende, na sua maior parte, alunos de outras cidades -Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo e Riacho Fundo II etc- sendo uma pequena parte residente em Taguatinga. Com essa situação não pude me olvidar da dissertação do Professor Erlando "... e com a palavra: Os alunos. Estudos das representações sociais dos alunos da rede pública do Distrito Federal sobre a sociologia no Ensino Médio." , onde ele faz um panorama geral visando esclarecer qual é a percepção dos alunos de Ensino Médio sobre o papel da Sociologia em sua formação escolar e pessoal. Procurou-se estabelecer quais as diferenças e pontos em comum na percepção da utilidade prática da sociologia por dois grupos distintos, e se essas diferenças e semelhanças são influenciadas por necessidades sociais derivadas dos estratos ou classes sociais nas quais estes grupos se encontram.
Explica também que a sociologia como disciplina escolar sofre de uma instabilidade, provocada por sua inclusão e exclusão do currículo escolar em diferentes fases do ensino na história do Brasil, em cada reforma educacional. Essa oscilação se deveu à intenções ideológicas de cada momento histórico do Pais. Por conta dessas variações no ensino sociológico, faz-se necessário, mais do que em outras disciplinas, entender as verdadeiras aspirações e necessidades dos alunos, para que eles acolham a sociologia como um conhecimento aplicável à sua prática diária, e não como um simples arcabouço de conceitos vagos e abstratos.
O método de pesquisa para a construção deste trabalho consistiu em realizar entrevistas com 79 alunos provenientes de seis grupos, sendo três da região administrativa de Santa Maria e três da Asa Norte (região administrativa do Plano Piloto). Destas entrevistas, foi possível inferir o grau de influência das diferenças sociais dos alunos em seus discursos sobre como o conhecimento sociológico, transmitido a eles pela escola, afeta suas vidas.
Um elemento comum identificado como presente em todos os grupos foi a percepção da Sociologia como um conhecimento dinâmico, prático e aplicável, que contribui na formação do senso crítico, da cidadania e na compreensão da complexidade da vida social e do funcionamento da sociedade moderna. No que diz respeito às percepções diferentes sobre o tema entre os grupos, constatou-se que os grupos de alunos de Santa Maria entendem a Sociologia como um conhecimento que contribui para a intervenção na realidade social, enquanto o grupo de alunos da Asa Norte a percebe como parte de sua formação escolar, que contribui para a conscientização política e social.
A retrospectiva do trabalho do professor Erlando se faz necessária para que se possa fazer um link entre a proximidade de intencionalidade dos alunos de Santa Maria dos alunos do CEMAB. A condição social e política desses alunos influenciam diretamente como esses indivíduos veem a aplicação efetiva da sociologia nas suas vidas.

A Educação sob um olhar sociológico

A educação é um fator importante para a humanização e socialização do homem, entretanto, nas sociedades primitivas, a educação se acha difusa, fato que necessita que haja algumas mudanças na área. Por exemplo: entre educação, ensino e doutrinação, a educação é um conceito genérico, enquanto que o ensino se refere à transmissão de conhecimentos acumulados. A doutrinação é uma pseudo-educação que não respeita a liberdade do educando.
Émile Durkheim, considerado um dos pais da Sociologia Moderna tem como seu trabalho principal a reflexão e o reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva". Ele parte do princípio de que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver nesse meio. Para Durkheim, é a sociedade a grande entidade moral. É ela a responsável pela conservação e pelo acréscimo do legado de cada geração, ligando uma a outra. É a moral de uma dada sociedade que obriga as pessoas a considerarem interesses que não os seus próprios, que ensina a dominar as paixões, os instintos, constituindo leis, ensinando o sacrifício, a privação e a subordinação dos fins individuais aos fins sociais.
A moral, na abordagem de Durkheim, é um sistema de normas de conduta que prescrevem como o sujeito deve conduzir-se em determinadas circunstâncias. Ela envolve uma noção de dever, constitui uma obrigação, possui um respeito especial, são sentidas como desejáveis e, para cumpri-las, somos capazes de ultrapassar nossa natureza individual.
Para Durkheim, a educação tinha por objetivo suscitar e desenvolver, no indivíduo, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial no qual ele está inserido. Nesse sentido, podemos dizer que seu método na verdade expressou um caráter eminentemente educativo. Deduz-se daí o importante papel que o autor atribuiu a educação.










Considerações Finais


A questão da Educação hoje está diretamente ligada á políticas públicas. O Brasil está em constante desenvolvimento, porém o descaso do Estado para com a Educação ainda é inegável; é fato que para um País se desenvolver é preciso que se dê uma maior importância para a questão da Educação. A precária situação da Educação é alarmante, pois com a globalização das informações e tecnologias, efetivamente são poucos os investimentos para uma educação de qualidade. A corrida pela busca de tecnologias e riquezas no mercado é incansável, vemos hoje que o mercado busca profissionais capacitados, com cursos, especializações e etc., mas como o mercado pode exigir tanto essas qualidades sendo que o Estado não as proporciona para a população?
A Educação de qualidade é para poucos. Mas a Lei maior do Estado, a constituição federal, assegura a Educação para os cidadãos, logo essa é responsabilidade do Estado. Mas como já é sabido, ainda falta muito para se alcançar um modelo de educação no Brasil.O fato é que os estudantes de hoje serão os trabalhadores de amanhã; e se hoje a educação não está conseguindo suprir as necessidades desses estudantes, como eles poderão daqui poucos anos serem profissionais com a qualificação que o mercado exige?
Para que a Educação seja eficiente, também é necessário investir na capacitação dos professores, oferecendo cursos, aperfeiçoamentos e salários dignos que os façam ter ânimo e vontade de fazerem um bom trabalho. A eficiência pedagógica vem á tona com o critério de educação qualitativa, onde se visa uma pedagogia da concorrência e dos resultados. Porém, não se pode ver a Escola como um mercado que faz do aluno seu cliente, o aluno tem que fazer parte do corpo da escola e essa tem por preceito maior transformar os alunos em indivíduos prontos para enfrentar o mundo que está cada dia mais competitivo, dando a eles bagagem o suficiente para que possam se sair bem em suas empreitadas.
A instituição escolar, não diferente das outras instituições como a familiar, religiosa e outras, tem grande papel na formação de caráter dos indivíduos. Os valores que se é passado para uma criança na escola ficarão arraigados com eles por grande tempo, se não para toda a vida. O cuidado em que os educadores devem ter quando forem passar algo aos seus alunos, como: valores culturais, históricos, éticos, morais etc., são de suma importância.
Vale ressaltar também, que a instituição escolar é subordinada ao Governo. Vivemos numa sociedade hierarquizada e a escola depende do "sim" e do "não" da parte governamental. As exigências específicas para títulos dos professores, os livros - textos impostos e os cursos requeridos para o currículo básico - são controlados por exigências do Estado e designados através de políticas públicas do Estado. A argumentação de que o Estado desempenha um papel importante em relacionar a Educação com a Economia é bem pertinente. Apesar das dificuldades em identificar as efetivas contribuições para o crescimento econômico, é evidente que o Estado por meio da política pública contribuiu muito para facilitar os elos entre o sistema educacional e a economia, mas não o suficiente.
Há várias formas de se curar as patologias da sociedade, mas a forma mais eficiente que vejo o remédio para uma sociedade atrasada, estagnada em fome, preconceito, discriminação, miséria, entre todos os outros "cânceres" que vivemos hoje, é indubitavelmente a Educação. A partir dela poderemos mudar as estruturas, a base apodrecida que está quase desmoronando sobre uma sociedade vítima de escândalos políticos onde seus governantes não têm o mínimo de respeito para com seus eleitores.
O CEMAB é um colégio que possui grande potencial para se obter uma educação de qualidade, porém os recursos parecem não serem bem aplicados em recursos humanos. Pude observar que o Professor Hélio tem muita vontade de criar projetos para aumentar a participação dos alunos no meio escolar, porém a burocratização do sistema é tamanha e o impede de chegar mais rapidamente aos seus escopos.
Atualmente, considera-se a educação um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação. É através da produção de conhecimentos que um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Embora o Brasil tenha avançado muito nas últimas décadas, ainda há muito para ser feito.



Referências

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora da Unesp, 1998.

CENTRO de Ensino Médio Ave Branca. Disponível em: . Acesso em 24 mai. 2014.

CODEPLAN. Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios – Taguatinga – PDAD 2011. Disponível em: . Acesso em: 16 mai. 2014.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971 (6ª edição).

RÊSES, Erlando da Silva. ... e com a palavra: Os alunos. Estudos das representações sociais dos alunos da rede pública do Distrito Federal sobre a sociologia no Ensino Médio. 2004. 147 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade de Brasília. Brasília. 2004.












Anexos






Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.