Religião, sociedade e educação: um estudo sobre a fundação do Colégio Cristo Rei em Presidente Prudente (SP)

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RELIGIÃO, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO CRISTO REI EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

Autor: Valmir Medina Riga

Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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RESUMO

Religião, sociedade e educação: um estudo sobre a fundação do Colégio Cristo Rei em Presidente Prudente (SP)

No intuito de colaborar para com a difusão do conhecimento acerca da formação histórica do município de Presidente Prudente (SP), este trabalho, a partir de uma investigação epistemologicamente mais crítico-reflexiva do que narrativo-factual, tem como objeto de estudo certos aspectos da fundação do Colégio Cristo Rei relacionados à sua reciprocidade com o contexto social, político, econômico, cultural e religioso local, percebido ao final da década de 1930. Procurando apreender o sentido de sua fundação em um espectro mais amplo do que o de seu objetivo primeiro – a oferta de curso primário para meninas –, intencionamos, de maneira específica, detectar outros fatores que pudessem se encontrar no cerne da conjuntura favorável ao desenvolvimento dessa empreitada, capitaneada pela Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing – ordem católica que, no Brasil, já contava com larga experiência em educação escolar. Assim, valendo-nos da análise de fontes primárias (artigos de jornais, anúncios publicitários, memorandos e registros públicoadministrativos) diretamente relacionadas à fundação do colégio, bem como o intercruzamento de seus dados com o levantamento histórico-contextual do município disposto na historiografia local, pudemos notar a ocorrência de cinco fatores que, a nosso ver, colaboraram fundamentalmente para com o êxito do referido empreendimento: (a) a demanda das novas classes emergentes por uma formação educacional formal; (b) o anseio por uma educação essencialmente humanístico-tradicional, em contrapeso à formação técnico-mercantil predominante; (c) o empenho unificado das lideranças locais, abnegando, momentaneamente, suas divergências e disputas político-ideológicas; (d) a confiabilidade vinculada aos trabalhos missionários da ordem beneditina, no Brasil; (e) a vocação e a habilidade pedagógica das missionárias de Tutzing. Dessa forma, pudemos concluir que, inserido naquele contexto já multifacetado da sociedade local, o referido evento, extrapolando o motivo primeiro de sua idealização, veio a se concretizar, enfim, por força de circunstâncias várias que, fundamentalmente, encontravam-se unidas em uma intrínseca e favorável relação. Palavras-chave: História da educação. Catolicismo. Ordens religiosas.

Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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SUMÁRIO

1. O CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR .................................

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1.1. A Educação Escolar no Mundo Ocidental ...................................................

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1.1.1. Os antecedentes na Era Moderna ................................................................

03

1.1.2. A escola nos tempos contemporâneos .........................................................

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1.1.3. A participação e a influência da Igreja ao longo do tempo ............................ 05 1.2. A Educação Escolar no Brasil ....................................................................... 07 1.2.1. Panorama histórico ........................................................................................ 07 1.2.2. Os embates conceituais a partir de 1930 ......................................................

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1.3. A Educação Escolar em Presidente Prudente (SP) ..................................... 09 1.3.1. Breve histórico (de 1920 a 1938) .................................................................

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1.3.2. A Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing ............................

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2. A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO CRISTO REI ....................................................... 13 2.1. Introdução .......................................................................................................

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2.2. O Contexto Favorável à Instalação do Colégio ...........................................

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2.2.1. A demanda educacional das classes emergentes ........................................

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2.2.2. O anseio por uma educação humanística tradicional ...................................

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2.2.3. O empenho unificado das lideranças locais ..................................................

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2.2.4. A confiabilidade vinculada aos trabalhos da ordem beneditina ....................

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2.2.5. A vocação pedagógica das missionárias de Tutzing ....................................

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3. CONCLUSÃO .....................................................................................................

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ANEXOS .................................................................................................................

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 30

Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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1. O CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

1.1. A Educação Escolar no Mundo Ocidental

1.1.1. Os antecedentes na Era Moderna

A escola, em sua forma institucional como a conhecemos, no que diz respeito à abrangência social e aos aspectos formais – estrutura do ensino, espaço físico, relação docente/discente, entre outros –, tem origem em um passado relativamente recente, mais notadamente a partir do século XIX. Antes desse período, porém, vários aspectos da prática da educação, que mais tarde dariam corpo à instituição escolar, já podiam ser denotados. A partir do Renascimento, por exemplo, nos séculos XV e XVI, a ascendente classe burguesa européia, imbuída em uma nova concepção de família e, sobretudo, de criança – vista, a partir desse momento, como um indivíduo a ser devidamente preparado para o mundo adulto – passou, paulatinamente, a considerar necessária a criação de um espaço destinado não só a instruir, mas também a educar e a disciplinar seus filhos (função essa, até então, restrita ao próprio lar). Em um ambiente segregado (e, portanto, longe das “más influências” do mundo cotidiano), às crianças eram ensinadas as regras de conduta, os rigores da hierarquia, os valores e as virtudes morais consideradas adequadas. Certamente, as famílias burguesas almejavam, com isso, a ascensão social e política de seus descendentes, a fim de se fortalecerem em uma sociedade ainda controlada pela nobreza tradicional. A nobreza, por sua vez, também imergiu na idéia de uma educação como elemento essencial para a manutenção de suas posições de domínio na sociedade. Visando formar o “homem da corte” e enfatizar a superioridade aristocrática, a educação nobiliárquica valorizava mais a formação humanística, com ênfase nos valores da cultura greco-romana, na literatura, na gramática, na retórica, no conhecimento enciclopédico. Embora esses aspectos também estivessem essencialmente presentes na educação burguesa, nota-se, com clareza, a distinção de objetivos no que se refere à educação escolarizada dos membros de cada classe. Certamente, vale ressaltar que, até esse momento – e desde a mais remota Antiguidade, à medida em que a hierarquia social se institucionalizava – o Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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saber encontrava-se restrito apenas às classes que detinham o poder, bem como àquelas que, no caso específico da burguesia européia moderna, vinham se consolidando de forma irreversível no domínio político e econômico da sociedade. Nesse aspecto, Maria Lucia Aranha sintetiza a exata função assumida pela educação escolar moderna. Em suas palavras, o saber “[...] torna-se privilégio do segmento mais rico, constituindo uma forma de fortalecer o poder. Surge então a necessidade da escola como instrumento de transmissão do saber acumulado, embora restrito a alguns.” (2002, p. 72). Nos séculos que se seguem, embora os novos contextos viessem a exigir outros conceitos de educação escolar, esses princípios aqui analisados, mesmos com outras nuances, continuaram ainda latentes, como veremos.

1.1.2. A escola nos tempos contemporâneos

As novas especificidades da educação escolar contemporânea começaram a tomar forma a partir dos ideais iluministas difundidos no século XVIII, bem como a partir das novas exigências de conhecimento que a economia capitalista de produção, já nesse período, começava a demandar. Os iluministas defendiam a existência de uma escola laica (sem a prerrogativa da religião, em sua forma institucional), acessível a todos e sem privilégios de classe – embora as massas fossem excluídas desse direito. Em contrapartida, a emergente sociedade capitalista via a escola como um ferramental à qualificação da mão-de-obra, cada vez mais exigida pelo novo sistema. Mas foi somente com a Revolução Industrial e a ascensão definitiva da classe burguesa, a partir dos séculos XVIII e XIX, que a escola tomou os moldes que perdurariam até o século XX – ou mesmo perduram até os nossos tempos, a despeito das várias tendências, propostas e pedagogias desenvolvidas e aplicadas durante esse período. Quanto às propostas iluministas, a escola burguesa manteve os princípios da laicidade e do não privilégio de classes, mas também agregou novos aspectos: ela se tornou pública (isto é, com o Estado assumindo sua condução), gratuita, obrigatória e, desta vez, mais democrática, visando o alcance das camadas sociais menos privilegiadas. No aspecto conteudístico, essa nova proposta de modelo escolar tira da cena principal a tradicional formação de cunho humanístico, cedendo Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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espaço, agora, ao estudo das ciências, diante da necessidade de formação técnica especializada, no âmbito geral. No entanto, esse modelo de escola universalizante trouxe um impasse à classe burguesa, já dominante e influente na maior parte do mundo ocidental. Diante do risco de a educação formal possibilitar às massas, agora não mais “ignorantes”, a subversão do status quo, optou-se por um modelo dualista de educação escolar, como bem explicitado por Aranha (2002, p. 80): Para os filhos da elite é reservada a educação humanística de tipo “clássico”, desinteressada, aparatosa e brilhante. Trata-se da educação para aqueles que podem desfrutar o “ócio digno”. Para as massas reserva-se a educação primária, elementar, restrita à instrução, com os rudimentos do ler, escrever e contar, indispensável para o manejo das máquinas.

Todavia, vale ressaltar que no século XX, sobretudo até a década de 1940, uma certa mobilidade social foi possível diante do aumento da oportunidade de acesso ao sistema escolar, notadamente para a assim chamada classe média. Segundo a mencionada autora, é nesse período que surge uma classe de trabalhadores mais qualificados e com a oportunidade de garantir uma posição mais privilegiada no contexto sócio-econômico de então: escriturários, vendedores, gerentes, profissionais liberais assalariados, entre outros.

1.1.3. A participação e a influência da Igreja ao longo do tempo

Com a queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja Católica, sob a bandeira da fé cristã, durante a Idade Média, acabou por assumir um papel de aglutinador dos reinos bárbaros que se multiplicavam na Europa Ocidental, papel esse que lhe conferiu hegemonia e controle absoluto sobre a ação e o conhecimento humanos. Nesse contexto, o saber, de modo específico, era uma área de domínio exclusivo dos monges, embora sua dedicação fosse, com mais veemência, ao aspecto religioso e contemplativo. Somente a partir do século XVI, em decorrência das transformações sociais, políticas, econômicas e culturais ante ao desgaste e saturação do sistema feudal, iriam surgir novos modelos de transmissão do conhecimento, desta vez com foco em objetivos mais diversos e em uma clientela mais ampla. Algumas ordens religiosas, agora, passaram a incumbir-se, também, da fundação de colégios destiComunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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nados à formação educacional de crianças, com destaque aos internatos mantidos pelos jesuítas da Companhia de Jesus, os quais atuaram enfaticamente nessa área. Nesse período, a educação jesuítica voltava-se exclusivamente à erudição, à retórica e à tradição clássica, visando à formação de indivíduos “cultos”, integrantes das cortes. De um lado, privilegiava-se o pensamento filosófico aristotélico e o de Tomás de Aquino, e, por outro lado, ignorava-se por completo o conhecimento científico que então florescia (a exemplo das descobertas de Galileu e Kepler), e pouca importância se dava aos conhecimentos matemáticos, históricos e geográficos. Foi a partir desse modelo de educação, também, que vieram a tomar forma os aspectos mais rígidos do que se convencionou denominar de escola tradicional: rigorosa disciplina e vigilância superior; separação do ambiente cotidiano, renúncia e sacrifício; competitividade, prêmios e punições. Vale notar que esse sistema da educação jesuítica configurou-se, grosso modo, como uma contra-reação à proposta de escolarização apresentada pelos reformadores protestantes. Para estes, a educação deveria livrar-se do pensamento escolástico e filosófico medieval, além de se tornar uma atribuição do Estado. Defendiam, também, uma escola universalizante e que viesse a garantir, ao menos, a instrução elementar. Contudo, o modelo protestante de escolarização ainda se apresentava sob aspectos conservadores, pois, “[...] para os trabalhadores se destina um tipo de educação primária e elementar e, para as camadas privilegiadas, o ensino médio e superior.” (ARANHA, 2002, p. 80). Pelo lado católico, apesar de se verificar também uma predisposição à educação universalizante, a exemplo das escolas gratuitas para crianças pobres fundadas em Lyon, na França, o viés dualista também subsistia. Naquelas escolas para os pobres de Lyon, por exemplo, além da instrução religiosa e disciplinar, visava-se “[...] iniciar as crianças nos trabalhos manuais, fornecendo mão-de-obra para o comércio, a indústria e pessoas ricas que procuravam empregados domésticos.” (ibid.). Após a disseminação das idéias iluministas, a derrocada do Antigo Regime, os desdobramentos sócio-econômicos da Revolução Industrial e a ascensão e hegemonia das classes burguesas-capitalistas como elites dominantes, e quando, então, se consolidou definitivamente o modelo de escola leiga a cargo do Estado, a participação e a influência da Igreja na educação escolar arrefeceu-se consideraComunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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velmente, mas não ao ponto de extinguir-se. Todavia, o princípio de uma escola dualista, por ela corroborada nos tempos anteriores, veio a permanecer com todo rigor.

1.2. A Educação Escolar no Brasil

1.2.1. Panorama histórico

Durante o período colonial brasileiro, os jesuítas da Companhia de Jesus – cuja ordem fora instituída justamente para atuar como baluarte da Igreja Católica no mundo além-Europa – tiveram uma participação preponderante na atividade educacional local. Apesar de, emblematicamente, uma de suas designações fosse a de “aculturar” os indígenas por meio de uma educação catequética, a ênfase de sua instrução formal recaía sobre os estudos secundários destinados aos filhos dos colonos e à formação dos futuros padres. Todavia, sua clientela escolar, por assim dizer, limitava-se, enfim, tão somente a essas três “categorias” sociais, uma vez que a economia estritamente agrária da colônia não exigia uma mão-de-obra qualificada. Mas o trabalho dos jesuítas acabou sendo bruscamente interrompido quando da expulsão de sua ordem pelo ministro imperial português Marquês de Pombal, um “déspota esclarecido” que, inspirado pelos ideais iluministas, visava a reforma político-administrativa do império luso. Em substituição ao sistema jesuítico, aquele estadista chegou a instituir o ensino laico, público e universal; mas, de fato, nada se obteve de concreto, “[...] devido ao desmantelamento da organização jesuítica, criticável mas eficiente [...].” (ARANHA, 2002, p. 81). Desse período até o final do século XIX, a concepção de educação escolar ficou restrita à idéia da exclusividade da classe aristocrática como destinatária da mesma, em vista do contexto sócio-econômico ainda marcado pela escravidão e pela monocultura agrária. Apenas com o lento florescimento da burguesia urbanocomercial pôde-se notar ligeiras alterações nesse quadro, uma vez que essa nova classe passara a adotar também a educação formal como uma ferramenta a favor de sua ascensão social. Mas as transformações mais substanciais no contexto educacional escolar só puderam se verificar a partir do processo definitivo de urbanização e de industrialização que o país começara a vivenciar nas primeiras décadas do século XX, Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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mais notadamente a partir de 1930. Com a formação de uma nova sociedade urbana, a demanda pela escolarização, no novo contexto econômico, aumentou consideravelmente; todavia, o sistema educacional não se encontrava estruturalmente preparado para atender ao novo contingente de educandos. E diante dessa situação “indefinível”, o contexto escolar passou a polarizar-se basicamente em duas tendências específicas: de um lado, os liberais pioneiros da chamada Escola Nova, que defendiam “[...] a escola leiga, nacional e gratuita, a organização da educação popular e a abolição dos privilégios” (ARANHA, 2002, p. 82); de outro lado, os “[...] católicos conservadores, que defendem a escola particular de orientação religiosa como a única capaz de educar integralmente.” (ibid.). De um modo geral, esse embate iria perdurar, ainda, até a década de 1950.

1.2.2. Os embates conceituais a partir de 1930

Segundo o estudioso da educação Dermeval Saviani, o embate ocorrido de 1930 a 1945, na verdade, configurou-se na coexistência equilibrada entre duas tendências humanistas: uma tradicional e outra moderna. Filosoficamente, é certo que ambas vinham a apresentar as mesmas características no tocante à concepção humanística de educação. Para Saviani, elas “[...] têm em comum o fato de derivarem a compreensão da educação de uma determinada visão de homem. [...] sempre tributário de determinado ‘sistema filosófico’ geral. “ (SAVIANI, in MENDES, 1998, p. 24). Mas, em suas concepções pedagógicas, divergiam consideravelmente: para os humanistas tradicionais, o homem é “[...] constituído por uma essencial imutável, cabendo à educação conformar-se à essência humana. As mudanças são, pois, consideradas acidentais.” (ibid.); já para os humanistas modernos, o homem é “[...] inacabado até morrer [...]. Daí que a educação passa a centrar-se na criança [...], na vida, na atividade.” (op. cit., p. 25). A título de complemento, vale ressaltar, de modo especial, o fato de que os humanistas tradicionais subdividiam-se, ainda, em duas vertentes: uma religiosa e outra leiga. Herdeira daquela educação sedimentada desde os tempos medievais, a vertente religiosa manifestava-se mais caracteristicamente através das doutrinas tomistas e neotomistas, enquanto que a vertente leiga, nascida na Era Moderna, centrava mais na idéia de “natureza humana” – e, por isso mesmo, adotaComunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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da pela classe burguesa com vistas à sua ascensão social, vinculada à concepção liberal de uma escola laica, pública, universal e gratuita. Mas, enfim, o embate travado até meados do século XX envolveu, mesmo, de um modo geral, os entusiastas das macro-tendências humanistas tradicional e moderna, já com o envolvimento do Estado na área educacional formal. Nas palavras de Saviani (op. cit., p. 35): Trava-se um conflito entre ambas as tendências, representadas uma pela ideologia dos pioneiros da “escola nova” e outra pela ideologia católica. O Estado administra e concilia o conflito, cujo resultado registra um equilíbrio de forças traduzido no texto da Constituição de 1934.

Conforme, ainda, o referido autor, à Constituição acabaram sendo incorporadas tanto as teses defendidas pela Liga Eleitoral Católica quanto grande parte das propostas dos escolanovistas modernos. No entanto, segundo a pesquisadora Gersolina A. Avelar (1978, p. 71), “[...] tudo isso ficou paralisado, pois, com o regime ditatorial e a conseqüente centralização de ensino houve um regresso na educação. A escola primária que era melhor, voltou aos métodos tradicionais.” Para a citada autora, esse período assim se caracterizava: “o ensino brasileiro era um ensino livresco, não preparava para o trabalho, pois atendia à classe abastada, principalmente. [...] Era-lhe necessária uma certa desenvoltura para o convívio social.” (ibid.).

1.3. A Educação Escolar em Presidente Prudente (SP)

1.3.1. Breve histórico (de 1920 a 1938)

Comparando-se com o contexto brasileiro das primeiras décadas do século XX, o quadro verificado na cidade de Presidente Prudente, quanto aos status da educação escolar, não fugia “à regra”. Isso porque, de acordo com a pesquisadora Gersolina A. de Avelar (1978, p. 71), “no Brasil não havia, ainda, um sistema comum e sólido de educação popular e as contingências de crescimento em âmbito social, trabalho urbano e rural deveriam assentar-se no entanto, sobre um sistema de educação pública.” Em assim sendo, o desenvolvimento – se assim poderíamos

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dizer – da educação escolar prudentina esteve a reboque justamente dessa situação. A partir das pesquisas do historiador Dióres S. Abreu, nota-se que uma certa morosidade por parte do Estado, com relação à implantação da educação escolar na cidade, fazia-se latente, situação esta que só viria a ser parcialmente amenizada em função do empenho pessoal de alguns entusiastas locais. O ensino elementar, por exemplo, diante da demanda vinculada ao contingente de colonizadores que se avolumavam na cidade, só fora implantado não fosse por intermédio de um de seus dos fundadores, Francisco de Paula Goulart, junto ao Diretor Geral da Instrução Pública do Estado, em 1920. Mesmo assim, as instalações físicas dos estabelecimentos oficiais eram precárias, sendo necessário contar com investimentos pessoais do próprio Goulart, que, por exemplo, adquiria terreno e mobiliário para as escolas. A instalação do primeiro Grupo Escolar deu-se em 1925, seguido de outros que, por circunstâncias várias, foram extintos ou aglutinados nesse primeiro. Somente em 1938 o Estado iria concluir o prédio próprio dessa unidade escolar – ficando a cidade, nas palavras de Abreu, “embelezada com magnífica construção” – cujo nome, a partir de então, foi alterado para Grupo Escolar de Presidente Prudente, e, posteriormente, para Grupo Escolar Professor Adolpho Arruda Mello. Vale ressaltar que, nesse espaço de tempo, porém, a atuação da administração pública estadual fazia-se ainda insatisfatória; diante disso, “o governo municipal, principalmente depois de 1930, procurava cobrir as lacunas da rede estadual, abrindo escolas em bairros da cidade ou da zona rural que demandassem instrução para suas crianças.” (ABREU, 1972, p. 186). Com relação ao então denominado ensino secundário, a situação não era diferente: verificavam-se constantes apelos da sociedade local junto não somente às instâncias públicas superiores, mas também à iniciativa particular. Para tanto, em 1930, foi fundado, por iniciativa privada, o Ginásio São Paulo, voltado basicamente à formação de profissionais especializados em escrituração mercantil (fato este que levou a escola a ser conhecida, também, como Academia de Comércio do Ginásio São Paulo), e somente em 1937, com a autorização do governo federal, passou a ministrar também o assim denominado curso ginasial. Concomitantemente – mas durante somente o ano de 1931 – havia também o Instituto Comercial de PreComunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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sidente Prudente, destinado tanto ao aprendizado da escrituração mercantil quanto ao preparo admissional às escolas normais e às da área farmacêutico-odontológica. Nesse contexto escolar local, enfim, em 1937, sob a direção da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias de Tutzing, ocorreu também a fundação do Colégio Cristo Rei, uma escola inicialmente voltada ao ensino elementar mas que também visava, segundo Abreu (1972, p. 188) diversificar seu trabalho “[...] oferecendo cursos pré-primário e primário e aulas de pintura, desenho e piano.”

1.3.2. A Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing

Em meados do século XIX, o monge beneditino suíço Joseph Georg Amrhein, inspirando-se nos missionários beneditinos dedicados à conversão dos povos germânicos do norte europeu ao final da Alta Idade Média, concebeu a idéia de uma comunidade beneditina voltada para “missões estrangeiras”. Entre 1884 e 1885, após fundar uma casa missionária na Alemanha, conseguiu congregar os primeiros candidatos, dentre os quais encontravam-se quatro alemãs oriundas da região de Vestefália, que iriam viabilizar a Congregação das Beneditinas Missionárias. Mais tarde, em 1904, essa comunidade se estabeleceria definitivamente na pequena cidade de Tutzing, onde se fundou a nova Casa Mãe. Já nesse período, mais exatamente em 1903, seus trabalhos foram solicitados pelo Mosteiro Beneditino de Olinda, visando sua colaboração em um projeto missionário junto aos indígenas da Amazônia. Mas em virtude dos atrasos para o início dessa missão, as religiosas de Tutzing optaram por dedicar-se a outro campo de atuação no Brasil: a catequese e a educação de jovens. Em 1912, chegaram a fundar uma escola em Olinda – cidade que, mais tarde, em 1932, veio a se tornar sede do Priorado do Nordeste. Mas sua área geográfica de atuação, rapidamente, expandiu-se para além daquela região primeira. Apenas dois anos após sua chegada ao país, já em 1905, as missionárias de Tutzing voltavam sua atenção para a região Sudeste, lançando as bases de um novo Priorado na cidade paulista de Sorocaba, juntamente com a fundação do Colégio Santa Escolástica. Trinta e dois anos depois de seu estabelecimento no Estado de São Paulo, as religiosas beneditinas, em 1937, vieram a aportar no ainda novo município de Presidente Prudente, com a finalidade específica Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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de estabelecer uma unidade escolar. Naquele mesmo ano, fundavam o Colégio Cristo Rei. Diante dessa breve trajetória histórica da Congregação no Brasil, cabe ressaltar que, dentre os seus objetivos missionários – a saber, a evangelização, o serviço social e o serviço de saúde – sempre esteve reservado à educação escolar o mesmo grau de empenho e importância, de forma evidente: “desde o início, as missionárias dedicam-se à educação, antes de tudo de jovens e mulheres. Nos lugares onde se estabeleceram, foram criadas escolas.” (BENEDITINAS..., 2009). Certamente, esse fato viria a demonstrar que a atuação direta da Igreja Católica na educação formal no Brasil – amparada pela participação preponderante de algumas de suas ordens religiosas na gestão escolar – ainda fazia-se latente no cotidiano sócio-cultural brasileiro, justamente por não ter relegado a um plano menos importante, ao longo dos séculos, aquele papel inicialmente desempenhado pelos educadores jesuítas, nos remotos tempos.

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2. A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO CRISTO REI

2.1. Introdução

A 5 de abril de 1937, na cidade de Presidente Prudente, inaugurava-se oficialmente o Colégio Cristo Rei, um estabelecimento de ensino particular dirigido pela Congregação das Beneditinas Missionárias de Tutzing. Embora a proposta de sua instalação fosse, primordialmente, a de oferecer cursos primários para meninas sob o regime de internato, as circunstâncias favoráveis à instalação daquele estabelecimento – notadamente em um município ainda jovem, economicamente promissor e onde determinados segmentos passaram a assumir certo papel de relevo na sociedade local – extrapolavam, certamente, aquele principal fator motivacional. Assim, visando apreender o sentido da fundação do referido colégio em um espectro mais amplo, e a partir da contextualização histórica global da educação conforme descrita na seção anterior (já devidamente apresentada), propusemo-nos, a partir deste tópico, a expor e a analisar alguns aspectos específicos da fundação do Colégio que, ao nosso entendimento, encontravam-se intimamente relacionados tanto ao macro-contexto da educação escolar no Brasil quanto ao contexto local da cidade, dentro de um conceito mais dinâmico de historicidade. Todavia, cumpre salientar que, ao reduzirmos nosso recorte temporal de pesquisa apenas aos momentos mais próximos à data da fundação oficial do colégio, nem todos os aspectos relacionados ao objetivo deste estudo puderam, ainda, ser aqui abordados, seja em função da própria magnitude e proposta deste trabalho, seja da exiguidade de tempo para sua execução ou, sobretudo, das relativas limitações relacionadas às fontes primárias disponíveis para consulta, tais como o acesso de caráter privativo a determinados arquivos, as condições precárias de manuseio dos documentos originais (devido ao seu estado de conservação) ou a indisponibilidade/precariedade de meios adequados para visualização e reprodução da documentação original. Por conseguinte, então, procuramos centrar o foco deste trabalho, basicamente, na investigação e na análise de cinco fatores fundamentais que, a nosso ver, estiveram no cerne da conjuntura favorável à fundação da referida escola, fatores estes tanto de âmbito sócio-político-econômico quanto cultural-religioso. Com Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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efeito, o tratamento das informações coletadas veio a se configurar, inexoravelmente, numa abordagem voltada mais para uma história crítico-reflexiva do que propriamente factual do evento – até mesmo porque a abordagem visando apenas uma “narrativa histórica”, essencialmente cronológica, já se encontra suficientemente explorada e posta ao conhecimento público pela mídia local e por publicações afins. Desta forma, portanto, acreditamos que, a partir das fontes às quais tivemos acesso e das quais pudemos extrair a devida análise e interpretação, poderemos entender, ao menos em parte, os fatores que motivaram a instalação da referida instituição escolar, na sua relação intrínseca com o contexto social, político, econômico e cultural da cidade naquele momento específico de sua história.

2.2. O Contexto Favorável à Instalação do Colégio

2.2.1. A demanda educacional das classes emergentes

Segundo levantamento efetuado pelo historiador local Dióres Santos Abreu (1972) a respeito do contexto sócio-econômico de Presidente Prudente em suas primeiras décadas de existência, a atividade agrária apresentava-se como componente principal da economia, fato este que fazia da população rural um contingente maior do que a urbana. Todavia, conforme ainda o autor, o meio rural encontrava-se continuamente dependente do núcleo urbano, dependência esta vinculada ao abastecimento geral efetuado pelos estabelecimentos comerciais da cidade, à transformação dos produtos primários pelos industriais locais, aos serviços prestados pelos profissionais liberais e por artífices vários, e, mesmo, pelo aparelho administrativo público – setor este que, após a elevação de Presidente Prudente a município e comarca, propiciou a formação de um contingente de funcionários públicos das instâncias municipais, estaduais e federais. A partir desse papel desempenhado pelos profissionais urbanos, somando-se, ainda, à diminuição da área rural em virtude da emancipação dos municípios vizinhos, a cidade passou a apresentar uma tendência de crescimento em relação à zona rural, quando, então, “[...] o núcleo urbano prudentino foi cada vez mais se especializando como centro regional comercial, industrial e de serviços [...]”. Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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(ABREU, 1972, p. 205). Com efeito, apesar de os grandes latifundiários locais ainda gozarem de majoritária influência e projeção na vida do município – em virtude da economia essencialmente agrária –, a emergência econômica de uma “classe média” urbana veio conferir aos seus integrantes, também, considerável prestígio social, político e cultural na cidade. Diante desse quadro, não é difícil concluir que a ascensão dessa classe traria, a reboque, outros parâmetros ao modus vivendi coletivo, bem como a preocupação voltada ao futuro do próprio município, uma vez que, nele, já se encontravam estabelecidas, definitivamente, suas famílias. Nesse aspecto, começara a fazer parte, também, de suas demandas mais prioritárias, de modo especial, a formação educacional das novas gerações, entendidas como “[...] a mocidade que terá sobre os hombros a responsabilidade dos grandes destinos deste prospero e pujante município.” (INAUGURAÇÃO do Collegio Christo Rei, A Voz do Povo, 1937, sic). Em assim sendo, não seria de todo incongruente afirmar que esse fato, de certa forma, viria a explicar o entusiasmo e a receptividade daquela ascendente classe social diante da proposta educacional-pedagógica adotada pela Congregação das Missionárias Beneditinas no Brasil, que logo tomaria sua forma institucional, na cidade, através do Colégio Cristo Rei, um “[...] ambiente salutar e benéfico [...]”. (ibid.). Assim, não é por acaso, portanto, que, ao analisarmos os dados das primeiras matrículas efetuadas na referida escola, no ano de sua fundação, em 1937, notaremos que a maioria dos alunos matriculados eram filhos dos integrantes daquela classe urbana emergente, mais notadamente dos profissionais liberais e daqueles que se dedicavam às atividades comerciais – seguidos dos funcionários públicos, dos industriais e dos prestadores de serviços diversos, sem contar os fundiários. Para tanto, enfim, a tabulação abaixo, elaborada a partir das informações contidas no Livro de Matrícula do Jardim da Infância e Curso Primário do Colégio Cristo Rei referentes às matrículas efetuadas no ano de sua fundação, em 1937, permite-nos vislumbrar, de modo geral, a concretude desse panorama social:

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Profissão dos pais dos(as) alunos(as) matriculados(as) em 1937 Profissionais liberais (advogados, médicos, contadores, engenheiros, dentistas, corretores) Comerciantes (negociantes, compradores) Fundiários (fazendeiros, lavradores) Funcionários públicos (fiscais, inspetores, juízes, oficiais de justiça, delegados, tabeliães) Prestadores de serviços (motoristas, mecânicos, pedreiros, carpinteiros, ferreiros, alfaiates) Profissionais diversos (bancários, professores, tipógrafos, jornalistas, operários) Industriais Administradores (gerentes, chefes) Sem definição específica (generalizados como “proprietários”, “empregados”)

Quantidade (%)

19,3 18,6 11,4 9,3 8,6 8,6 7,9 5,7 10,6

2.2.2. O anseio por uma educação humanística tradicional

Como visto, à época da fundação do Colégio Cristo Rei Presidente Prudente já contava com uma estrutura escolar tanto de caráter público quanto privado. No âmbito público e gratuito, o Estado supria o município com a manutenção do Primeiro Grupo Escolar, enquanto que a administração municipal, procurando preencher as lacunas deixadas pelo provedor estadual, procurava implantar escolas nos locais onde se evidenciavam carências de educação formal. Já no âmbito privado – então representado, basicamente, pela Academia de Comércio do Ginásio São Paulo – a formação educacional não se fazia universalizante, uma vez que seu objetivo maior voltava-se à formação técnica especializada do contingente funcional da área mercantil. Diante desse quadro, determinados setores da sociedade local – os quais, à primeira vista, associamos à emergente classe social anteriormente descrita –, não suficientemente satisfeitos com a oferta educacional formal por parte das administrações públicas ou com o limitado currículo voltado à especialização técnica da iniciativa privada, começaram a se mobilizar em torno da idéia de se instalar, na cidade, um instituto escolar que pudesse garantir uma formação sócio-cultural local diferenciada para seus descendentes, desde que amparada, segundo o senso vigente, por uma concepção filosófico-pedagógica tradicional e confiável. E nisso, a Igreja Católica, uma vez partícipe histórico da educação formal tradicional, veio a cumprir papel preponderante. Além disso, soma-se a isso ainda o fato de que no Brasil, sobretudo no interior, a Igreja, em seu aspecto institucional, fazia-se bastante influente e ativamente presente em diversos setores da atividade humana, gozando de grande prestígio Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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e confiança por parte da sociedade laica. Certamente, isso não se fazia diferente na sociedade prudentina, a ponto de levar, portanto, aquelas emergentes e demandantes classes a concluir, de pronto, que somente uma instituição educacional católica atenderia às suas expectativas, no tocante àquela concepção pedagógica. Assim, como forma de atestar esse fato, a análise do teor dos artigos publicados na imprensa local nos tempos da fundação do Colégio Cristo Rei permitenos perceber que esses ideais, como que tornados extensivos à toda sociedade local, encontravam-se plenamente aceitos e corroborados – ainda mais se levarmos em conta que, àquela época, os mentores dos periódicos, via de regra, eram justamente os integrantes daquela classe emergente, os quais se valiam de suas publicações para a difusão de seus ideais, dentro do contexto das disputas políticas locais. Nesse aspecto, o artigo intitulado “Inauguração do Collegio Christo Rei”, do jornal A Voz do Povo, na edição do dia 11 de abril de 1937, chegava a caracterizar o colégio como “[...] o viveiro sagrado das grandes aspirações da alta Sorocabana, e de cujo ambiente salutar e benéfico, sahirá culta e alinhada, disciplinada e generosa, a mocidade [...], enriquecendo-lhe o espirito com sabias lições de humanidades [...].” (sic., grifos nossos). Já com relação aos demais jornais da época, não conseguimos encontrar, até o presente momento, exemplares que nos proporcionassem o cotejo das informações relativas à fundação do Colégio Cristo Rei, no tocante aos aspectos abordados nessa subseção. Porém, ao nos depararmos com um fac-símile reprográfico de artigo do jornal Correio da Sorocabana publicado mais de dez anos depois da fundação do colégio – ao qual foi atribuído, pelo arquivista, o ano de 1951 como o de sua impressão – notamos que o mesmo teor de enaltecimento de uma educação “rigorosa” e “disciplinada”, bem aos moldes da então desejada educação escolar humanista tradicional, ainda se fazia presente, demonstrando o grau de sua solidez na sociedade local. Nas palavras do articulista do referido artigo, assim se continuava entendendo, então, a educação proporcionada por aquele colégio (COLEGIO Cristo Rei, Correio da Sorocabana, 1951?, sic., grifos nossos): Um dos estabelecimentos de ensino [...] que mais se tem destacado pela eficiencia, pela severidade e pelos progressos obtidos através dos anos, é sem duvida alguma o Colegio Cristo Rei. Fundado há anos nesta cidade e tendo à direção um corpo docente que vem se impondo pela competencia e pela sábia disciplina, êste estabeleciComunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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mento vem avolumando prestigio e conquistando a preferência e as simpatias do publico catolico de toda a região.

2.2.3. O empenho unificado das lideranças locais

Levando em conta os dados coletados por Dióres Santos Abreu (1972; 1996), a liderança política prudentina, no tocante às correntes partidário-ideológicas, refletia o contexto politicamente efervescente verificado tanto no plano estadual quanto nacional. Assim, encontravam-se na disputa pelo poder local, à época, representantes do Partido Constitucionalista (PC), do Partido Republicano Paulista (PRP) e do Integralismo, que compunham as facções políticas majoritárias. No entanto, as divergências que ocorriam no âmbito político não se fizeram impeditivas quanto à mobilização dos líderes mais proeminentes em torno da idéia de se estabelecer, na cidade, uma unidade escolar nos moldes daquelas já instaladas e mantidas pela Igreja, por meio das ordens religiosas missionárias. Assim sendo, ao final de 1936, dirigia-se à sede provincial da Congregação das Missionárias Beneditinas, localizada em Sorocaba, uma comitiva prudentina composta, dentre outros, por destacados líderes políticos opositores entre si, como o médico Domingos Leonardo Cerávolo e Miguel Brisolla de Oliveira, ambos membros ativos do então oposicionista PRP, e o advogado João Franco de Godoy, integrante do PC, situacionista. E no intento de convencer as missionárias beneditinas de Sorocaba a também dirigir uma escola em Presidente Prudente, o grupo logrou êxito. Mas a contribuição da classe política não se limitou a esse fato. Para a instalação das madres beneditinas na cidade, o empenho local manifestou-se também através das instituições oficiais, mais notadamente a Prefeitura Municipal. Após providenciar, inicialmente, uma pequena casa de madeira para a residência das primeiras missionárias que chegavam, a Prefeitura logo cedeu, de forma provisória para residência das religiosas e para início dos trabalhos escolares, um prédio público então desocupado, localizado na região central da cidade. Sem delongas, a administração municipal ali construiria, ainda, um anexo destinado a dormitório de 35 alunas internas. A título de complemento, para se ter uma idéia da magnitude desse prédio, durante o ato festivo da fundação “[...] se achavam repletos de convidados os vastos e luxuosos salões e aposentos desse magnifico estabelecimento [...].” (INAUGURAÇÃO do Collegio Christo Rei, A Voz do Povo, 1937). Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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Entretanto, segundo evidências, foram, mesmo, as iniciativas de âmbito pessoal de expoentes locais que vieram a garantir, certamente, a regular manutenção da nova casa beneditina, como bem atestado por memorando do colégio, onde assim se expressou, explicitamente, aquela instituição religiosa (“Fundação do Colégio Cristo Rei”, sem data): Cada vez que o incipiente Colégio necessitasse de alguma coisa, solícita a Família Godoy abria o coração e a bolsa para que a escola pudesse crescer. Imensamente gratas, as religiosas beneditinas jamais se esquecerão de seus benfeitores, constando nos anais do convento o nome do Sr. Dr. João Franco de Godoy como amigo generoso do Colégio Cristo Rei.

Cabe lembrar, também, que outras instituições não diretamente vinculadas ao poder político também explicitavam seu apoio incondicional àquele empreendimento escolar, mais notadamente os órgãos de imprensa local. Em artigo do jornal A Voz do Povo, por exemplo, ao tratar da inauguração oficial do colégio realizado seis dias antes, o redator, durante todo o texto, exprimia seu entusiasmo utilizando expressões como “conceituado instituto”, “esperançoso colégio”, “viveiro sagrado das grandes aspirações”, “já memorável colégio”. Enfim, para as autoridades e lideranças políticas locais, entendemos que a inauguração do colégio beneditino representava também, certamente, algo mais do que os benefícios educacionais. Esse fato, por certo, também fez-se significativo no âmbito da administração pública e da representação política, ao ser categorizado como um marco histórico tributário de suas lideranças. Nesse aspecto, certos trechos daquele referido artigo do jornal A Voz do Povo chegaram a explicitar essa idéia, ao comentar que a inauguração do colégio “[...] é índice precioso de novas realisações [sic] dentro das fronteiras deste abençoado município [...]”. No parágrafo final daquele artigo, concluiu-se, ainda, que “Presidente, com a inauguração do notavel Collégio das Madres Beneditinas, deu um grande passo para frente, e por isso mesmo está de parabens.” (ibid.).

2.2.4. A confiabilidade vinculada aos trabalhos da ordem beneditina

Não obstante a reputação de competência, junto à sociedade civil, que a Congregação das Missionárias Beneditinas já havia consolidado com relação à Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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educação escolar no país, o conhecimento acerca dos trabalhos da ordem beneditina por partes das autoridades eclesiais da jurisdição secular local – e cujos resultados, no âmbito religioso-pedagógico, vieram a lhes inspirar grande confiança – foram cruciais à instalação do Colégio Cristo Rei em Presidente Prudente. Para tanto, há que se considerar, inicialmente, o empenho do então bispo diocesano de Assis, D. Antônio José dos Santos, que, à época, jurisdicionava também a região de Presidente Prudente – esta viria a se tornar uma diocese independente somente décadas depois. Face ao evidente desenvolvimento sócioeconômico que fazia Presidente Prudente despontar-se em toda a região, o bispo entendeu ser de grande valia a implantação, ali, de uma instituição condizente aos anseios e expectativas da promissora sociedade. Em artigo jornalístico constante dos arquivos reprográficos do colégio, ao tratar da história daquela escola, encontrase relatado que (RÁPIDOS dados históricos..., 1962): a vinda das Madres Beneditinas da Casa do priorado de Sorocaba foi pedida pela saudoso Bispo de Assis, [...] que desejava ter em sua Diocese as filhas de S. Bento, indicando-lhes, como o melhor lugar para um colégio a cidade de Presidente Prudente. [...] Não havia um internato [...], e mesmo um externato, com educação religiosa, para a cidade, era o desejo mais ardente das famílias prudentinas.

Entre o objetivo expresso pelo bispo diocesano e os anseios da sociedade local, colocava-se a serviço desse empreitada, também, como grande entusiasta das obras educacionais das missionárias beneditinas, o primeiro vigário da paróquia prudentina, Pe. José Maria Martinez Sarrión, o qual, segundo memorando institucional do colégio, distinguia-se como “[...] figura veneranda [...], que desde então demonstrou o maior apôio moral, que jamais faltou, a par de uma dedicação paternal incansável, à Comunidade do Cristo Rei” (“Rápidos dados históricos...”, 1956). Público e abertamente, o pároco, enfim, não deixava escapar oportunidades para expor o seu apoio àquela instituição escolar religiosa, tal qual fizera na oração integrante das festividades de inauguração da escola em 5 de abril de 1937, “[...] enaltecendo as virtudes da secular Congregação Benedictina, e os beneficios moraes e espirituaes que tem ella dispensado a sociedade, e principalmente a juventude brasileira [...]”. (INAUGURAÇÃO do Collegio Christo Rei, A Voz do Povo, 1937, sic). Com efeito, e em grande parte por conta da relação intrínseca e da confiança depositada na instituição eclesial e em suas autoridades hierárquicas, a Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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sociedade laica prudentina – mais precisamente, aquela parcela diretamente interessada na instalação de um colégio naqueles moldes –, bastante afeita à tradição católica, entendia, também, a proposta pedagógica beneditina como satisfatoriamente adequada à sua demanda. Diante disso, não se viam objeções, portanto, em confiar a educação de seus filhos àquela “[...] respeitavel Congregação Benedictina, que tanto beneficios espirituaes tem proporcionado ao Estado de S. Paulo, e quiçá ao Brasil inteiro.” (ibid., sic.). Retomando, ainda, o emblemático artigo do jornal A Voz do Povo de 11 de abril de 1937 , nota-se que o redator, enfim, não poupou adjetivos para expressar abertamente, junto à opinião pública, esse posicionamento ideológico-educacional – que, à primeira vista, fazia-se unânime entre aquele segmento social já definido como a clientela principal da recém-inaugurada escola –, bem como a aprovação incondicional de sua direção conduzida pelas missionárias de Tutzing. Assim, o seguinte conceito relacionado às religiosas missionárias e à sua ação educadora ficou desse modo cristalizado por aquele veículo impresso (ibid., sic., grifos nossos): Em nome da Câmara Municipal, fallou o seu Presidente [...], entregando o novel estabelecimento de ensino, as respeitáveis e competentes educadoras, que são as Madres Beneditinas, a cujas mãos e a cuja competência universalmente conhecida, ficaram entregues [...] os destinos do já memorável Collegio, de ha muito reclamado pelas centenas de famílias que constituem a grandeza desta maravilhosa terra longinqua.

2.2.5. A vocação pedagógica das missionárias de Tutzing

Não obstante os demais fatores condicionantes, a instalação e a rápida sedimentação institucional do Colégio Cristo Rei, sem dúvida, não viriam a lograr êxito não fosse a dedicação, a presteza e a habilidade de suas mantenedoras nos trabalhos relativos à prática pedagógica e à administração escolar em geral. Nem mesmo nas adversidades dos primeiros tempos, quando ainda se deparavam com uma certa precariedade das instalações, seus ânimos se arrefeciam, como bem atestado em um memorando da instituição: “A princípio, 5 eram as Irmãs e só tendo 4 camas, revezavam-se à noite para que todas pudessem gozar o repouso necessário aos múltiplos trabalhos diários.” (“Fundação do Colégio Cristo Rei”, sem data).

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Uma vez contornadas as eventuais intempéries, as missionárias beneditinas pioneiras e também primeiras integrantes do corpo docente da escola – que já detinham várias habilidades pedagógicas – procuraram, logo de início, diversificar o conteúdo oferecido por sua instituição, a fim de contemplar não só os cursos de pré-primário e primário, mas também os de conhecimento extra-curricular, implantando, por exemplo, aulas de música (piano), pintura e língua. Nesse trabalho, cumpre destacar o papel fundamental desempenhado pela primeira diretora do colégio, Ir. Elisabeth Josefa Maria Wörle, mais conhecida como Ir. Maria Lucina (seu nome religioso), à qual associou-se grande reputação à época e, certamente, podemos tomar como exemplo ilustrativo da missionariedade educacional da Congregação. Nascida na Alemanha em 1899, e tão logo pronunciados seus votos na Congregação Beneditina (aos 23 anos de idade), Ir. Lucina mudou-se para o Brasil, em 1922, colocando-se a serviço do priorado local nas atividades missionárias voltadas à educação. Durante sua vida de missionária educadora, diversas foram as suas atuações, desde bibliotecária e professora de várias disciplinas (lecionando, por exemplo, matemática e piano), até diretora de escolas da Congregação. Com efeito, seu perfil missionário e pedagógico, por ocasião de sua escolha como diretora do recém-fundado colégio em Presidente Prudente, garantiu-lhe total apreço, aceitação e apoio por parte daquele segmento que tanto se empenhava à instalação do colégio beneditino – e não poderia ser diferente, pois se tratava, justamente, de uma clientela sequiosa por uma educação voltada, com mais ênfase, ao aspecto humanístico tradicional, e sob a condução institucional da Igreja. Certamente, Ir. Lucina não foi a única educadora da escola a alcançar esse status, uma vez que todo o quadro docente inicial, formado por sete religiosas da Congregação, também apresentava destacadas habilidades pedagógicas (cf. Anexo E), o que veio a se constituir em um fator fundamental para que o Colégio, em um relativamente curto espaço de tempo, pudesse se consolidar como uma instituição educacional modelar. Não é por acaso, portanto, que, após pouco mais de uma década de existência, já poder-se-ia encontrar formadores de opinião em Presidente Prudente que, com toda convicção, assim se referiam ao Colégio Cristo Rei e às suas missionárias educadoras (“Colégio Cristo Rei”, Correio da Sorocabana, 1951?, sic, grifos nossos):

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[...] êste estabelecimento vem avolumando prestigio e conquistando a preferência [...] do público católico de toda a região. Tal deveria dar-se como premio ao esforço, à abnegação, ao verdadeiro apostolado magisterial que as Beneditinas dispensam ao grande colegio da cidade, o maior e mais conhecido, por assim dizer, da zona alta Sorocabana.

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3. CONCLUSÃO

Não obstante o caráter deveras superficial da exposição e da análise desses cinco fatores anteriormente elencados, acreditamos ter sido possível demonstrar, ao menos num plano geral, que os mesmos configuraram-se no núcleo motivador central da fundação do Colégio Cristo Rei em Presidente Prudente, denotando, com relativa clareza, que esse evento histórico local valeu-se de circunstâncias intrinsecamente relacionadas, não decorrendo estanque e exclusivamente de seu objetivo primeiro, que, à primeira vista, restringia-se basicamente em contemplar a cidade com um internato de educação primária para meninas. Assim, ao considerarmos grande parte da conjuntura em que esse fato encontrou-se imergido, percebemos que, tal qual todo e qualquer acontecimento histórico, a fundação do referido colégio veio a realizar-se em íntima reciprocidade ao contexto social, econômico, político, cultural e religioso não somente de sua localidade, mas também das espacialidades maiores que, podemos dizer, moldavam o quadro geral da educacional escolar, à época.

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ANEXOS

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ANEXO A – Detalhe de artigo jornalístico sobre a fundação do Colégio Cristo Rei, publicado no jornal “A Voz do Povo” em 11 de abril de 1937:

Fonte: Fund. Museu e Arquivo Histórico Municipal Pref. Antonio Sandoval Netto (acervo microfilmado)

ANEXO B – Anúncio publicitário do Colégio Cristo Rei publicado na imprensa local, em 1937 (nome do periódico não identificado):

Fonte: Sociedade Civil Colégio Cristo Rei (acervo reprográfico institucional)

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ANEXO C – Detalhes de Livro de Matrícula (jardim da infância e curso primário) contendo registro dos alunos matriculados no período de 1937 a 1939:

Fonte: Sociedade Civil Colégio Cristo Rei (documento original do acervo institucional)

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ANEXO D – Detalhes do memorando pessoal de Ir. Maria Lucina Wörle, uma das fundadoras e primeira diretora do Colégio Cristo Rei:

Fonte: Sociedade Civil Colégio Cristo Rei (documento original do acervo institucional)

ANEXO E – Anúncio oficial do Estado publicado na imprensa local, em 1937 (nome do periódico não identificado), constando a aprovação de uma das primeiras professoras do colégio para o magistério:

Fonte: Sociedade Civil Colégio Cristo Rei (acervo reprográfico institucional)

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ANEXO F – Documento do Estado, emitido em 1941, atestando o registro de funcionamento do Colégio Cristo Rei:

Fonte: Sociedade Civil Colégio Cristo Rei (acervo reprográfico institucional)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fontes primárias: Memorandos: COLÉGIO CRISTO REI. Algo sôbre a nossa fundação. Presidente Prudente, sem data. Fac-símile reprográfico de memorando institucional datilografado: folha única, p&b., 23x20cm. COLÉGIO CRISTO REI. Dados históricos sobre o Colégio “Cristo Rei” das beneditinas missionárias em Presidente Prudente. Presidente Prudente, sem data. Fac-símile reprográfico de memorando institucional datilografado: folha única, p&b., 28,7x19cm. COLÉGIO CRISTO REI. Fundação do Colégio Cristo Rei. Presidente Prudente, sem data. Fac-símile reprográfico de memorando institucional datilografado e com correções/inserções manuscritas: folha única, p&b., 18,6x14,5cm. COLÉGIO CRISTO REI. Instituto Cristo Rei. Presidente Prudente, 1957. Fac-símile reprográfico de memorando institucional datilografado: 02 páginas, p&b., 27x17cm. COLÉGIO CRISTO REI. Rápidos dados históricos sôbre a fundação do Instituto Cristo Rei. Presidente Prudente, 1956. Fac-símile reprográfico de memorando institucional datilografado: 02 páginas, p&b., 26,6x19cm. COLÉGIO CRISTO REI. Rápidos dados históricos do Instituto Cristo-Rei local. Presidente Prudente, sem data. Fac-símile reprográfico de memorando institucional tipografado e ilustrado: folha única, p&b., 26x19cm. WÖRLE, Maria Lucina. Eu, Ir. Lucina, OSB: como cheguei à vocação religiosa de Beneditina Missionária?. Presidente Prudente, sem data. Memorando pessoal datilografado: folha única, p&b, 20x15,5cm. Registros públicos e administrativos: COLÉGIO CRISTO REI. Livro de matricula do jardim da infância e curso primário. Presidente Prudente, 1937-1939. Livro de registro das matrículas realizadas no período de 1937 a 1939: 50 folhas tipografadas e manuscritas, capa-dura, em cores, 29,5x20,5cm. ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Departamento de Educação. Secção do Ensino Municipal e Particular. Atestado de registro e funcionamento. Relator: Antonio de Campos. 14 out. 1941. Artigos e anúncios de jornais: COLEGIO Cristo Rei. Correio da Sorocabana. Presidente Prudente. 1951?. Facsímile reprográfico de artigo de jornal tipografado: folha única, p&b, 13x16cm. Comunicação apresentada na categoria Trabalhos Concluídos da II Mostra de Projetos Acadêmicos e Científicos do Neepegh – Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Geografia e História. Faclepp – Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente. Universidade do Oeste Paulista. Presidente Prudente, 2010.

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COLLEGIO CHRISTO REI. Anúncio publicitário impresso. Presidente Prudente, 1937. P&b, 11,5x9,3cm. Fac-símile reprográfico de anúncio tipografado, sem identificação de autor e do veículo de publicação. ESTADO DE SÃO PAULO. Delegacia Regional de Ensino de Presidente Prudente. Anuncio público oficial - resultado final dos exames de habilitação para o magistério particular. Presidente Prudente, 1937. P&b, 10,5x5,5cm. Fac-símile reprográfico de anúncio tipografado, sem identificação do veículo de publicação. INAUGURAÇÃO do Collegio Christo Rei. A Voz do Povo. Presidente Prudente, 11 abr. 1937. Reprodução microfilmada de exemplar original do periódico impresso. QUASE sessenta anos de doação. O Imparcial. Presidente Prudente, 06 dez. 1981. Fac-símile reprográfico de artigo de jornal tipografado: folha única, p&b, 15,5x14cm. RÁPIDOS dados históricos do Instituto Cristo-Rei local. (sem identificação da empresa jornalística). Presidente Prudente, 1962. Fac-símile reprográfico de artigo de jornal tipografado: folha única, p&b, 17x13,5cm.

Fontes secundárias: ABREU, Dióres Santos. Formação histórica de uma cidade pioneira paulista: Presidente Prudente. Presidente Prudente: FAFI, 1972. ABREU, Dióres Santos. Poder político local no populismo: Presidente Prudente (SP), 1928-1959. Presidente Prudente: Impress, 1996. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002. AVELAR, Gersolina Antônia de. Renovação educacional católica: Lubienska e sua influência no Brasil. São Paulo: Cortez, 1978. BENEDITINAS MISSIONÁRIAS DE TUTZING. História. Seção integrante de homepage desenvolvida e mantida pela Congregação das Irmãs Missionárias Beneditinas de Tutzing. Disponível em: . Acesso em: 03 nov. 2009. SAVIANI, Dermeval. Tendências e correntes da educação brasileira. In: MENDES, Durmeval Trigueiro. Filosofia da educação brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

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