Representações da África na Literatura Africana Contemporânea e da Diáspora: Reverberações de um Imaginário Eurocêntrico ou a Constituição da África Vista “Por Dentro”?

July 5, 2017 | Autor: Alexandro Neundorf | Categoria: História e Literatura, História Moderna e Contemporânea, História de África
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

PIBIC/PIBITI - 2014/15 (ALEXANDRO NEUNDORF)

REPRESENTAÇÕES DA ÁFRICA NA LITERATURA AFRICANA CONTEMPORÂNEA E DA DIÁSPORA: REVERBERAÇÕES DE UM IMAGINÁRIO EUROCÊNTRICO OU A CONSTITUIÇÃO DA ÁFRICA VISTA “POR DENTRO”?

PROJETO DE PESQUISA DO PROFESSOR ORIENTADOR PIBIC 2014 – 2015

Curitiba Março de 2014

SUMÁRIO 1.

Introdução ............................................................................................ 1

2.

Objetivo ............................................................................................... 6

3.

Método................................................................................................. 6

4.

Cronograma ......................................................................................... 9

5.

Referências ....................................................................................... 10

Projeto de pesquisa (Plataforma Lattes)

PIBIC 2014-2015 – Projeto de Pesquisa do Professor Orientador

1. INTRODUÇÃO

A produção de narrativas no continente africano, pelos mais diversos povos e culturas, é extremamente complexa, sofisticada e diversa. Nos remete a pelo menos quatro mil anos, se tomarmos as riquíssimas tradições orais como uma de suas representantes. No geral, as antigas culturas e civilizações que se desenvolveram no continente, desde a região do Sahel até o extremo meridional da atual África do Sul, produziram suas narrativas, de gêneros os mais variados, deixando-as sob o suporte da memória, dos homens-memória. E, em raros casos, preservaram suas tradições através de suportes escritos. Mencionando alguns exemplos e referindo-se especificamente a certas culturas, Pathé Diagne atesta que, por exemplo, “os Bakongo de civilização bantu, os Ibo de Benin ou os Susu de cultura sudanesa deixaram poucos textos (ou mesmo nenhum) que correspondem às normas de uma ciência histórica moderna”. 1 Além disso, também menciona a diversidade de gêneros e o paralelismo da produção de gêneros literários africana em relação à produção ocidental: Em contrapartida, produziram, como fonte de informação, uma abundante literatura oral com gêneros distintos de modo relativamente nítido e obras que hoje seríamos tentados a classificar como contos, novelas, narrativas, crônicas de epopeias históricas, lendas, mitos, obras filosóficas ou cosmogônicas, reflexões técnicas, religiosas ou sagradas. Nelas se mesclam o verdadeiramente vivido e a ficção, o evento que pode ser datado e o mito puramente imaginário. 2 Se no passado, narrativas escritas eram raras, após a descolonização (e mesmo ao longo do processo de dominação neocolonialista europeia e resistência africana) as literaturas africanas assistiram a um grande impulso. Inúmeras obras 1

DIAGNE, Pathé. História e linguística. In: História Geral da África. Volume I. São Paulo/Paris,

Ática/UNESCO, 1980, p. 247-293. 2

DIAGNE, Pathé. História e linguística. In: História Geral da África. Volume I. São Paulo/Paris,

Ática/UNESCO, 1980, p. 247-293.

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foram lançadas. Inúmeros autores surgiram como representantes de um campo literário africano. Inúmeras antigas tradições orais foram textualizadas. O próprio campo literário africano assistiu a uma reformulação. Enfim, a literatura africana, ou melhor, as literaturas africanas, em seus mais diversos gêneros, passaram a ser incorporadas ao cânone, ou aos cânones literários, da mesma maneira que também passaram a ser cada vez mais consumidas, estudadas e criticadas. A intenção primordial deste projeto é a de empreender uma sistematização, análise e crítica acerca da literatura africana contemporânea e da diáspora, das principais obras, em seus diversos gêneros narrativos, com foco em ideias como de: etnocentrismo, etnicidade, identidade, alteridade, conflito, hibridização, circulação e transferências culturais. A análise centra-se na compreensão das diferentes

representações

da

África,

expostas

na

literatura

africana

contemporânea; além de também buscar maior compreensão acerca da formação de um campo literário legitimamente africano. Algumas hipóteses iniciais de trabalho direcionam os trabalhos de pesquisa. Em primeiro lugar: apesar da crescente intenção dos autores de origem africana e do campo literário africano em buscar motivos e expressão própria, sejam elas nacionais, étnicas, religiosas, etc., pensamos ser ainda muito presente nas expressões

literárias

provenientes

desse

campo

produtor,

formulações

eurocêntricas, ou externas à África. Além disso: também pensamos a expressão literária de origem africana como contendo representações diversas sobre a história e cultura africana e da diáspora, importantes para o entendimento da própria cultura e história brasileira. Um dos marcos da literatura africana é o movimento denominado “negritude”, que se referencia tanto em um movimento literário que agregava escritores negros francófonos, como também em uma ideologia de valorização da própria cultura negra. Em 1956, temos o primeiro congresso de escritores africanos realizado em Paris, cuja principal inspiração se deu exatamente com a bandeira anticolonialista e que consolidou uma primeira geração de escritores africanos. Nomes como os de Léopold Sédar Senghor, Ferdinand Oyono, Sembene Ousmane, Mongo Beti,

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Bernard Dadié, Ahmadou Kourouma, Tchicaya U’Tamsi e Sony Labou Tansi, marcaram aquele primeiro momento de encontro e de desenvolvimento de um campo literário africano. No momento posterior, marcado pela descolonização e pelos conflitos que a antecederam, as obras, em sua maioria, focalizam outra realidade. Ali temos as temáticas dos governos totalitários, os problemas étnicos e tribais, os golpes de estado, os conflitos religiosos, o confronto entre a tradição e as invasões estranhas à cultura autóctone. Nesta fase a literatura africana ganhou enorme relevo, representada pelo sucesso de autores nobelistas como o nigeriano Wole Soyinka, os sul-africanos John Maxwell Coetzee e Nadine Gordimer, o egípcio Naguib Mahfouz. Destacamse também o queniano Ngugi Wa Thiong’o, o poeta ugandense Okot p’Bitek, o nigeriano Chinua Achebe, o moçambicano Mia Couto, o guineense Camara Laye, entre muitos outros. Vale lembrar também o papel que as escritores mulheres representam nesse contexto de efervescência literária, uma vez que no continente africano as mulheres ainda sofrem com inúmeros revezes, demarcados por exemplo nas estruturas patriarcais, poligâmicas, repressivas e machistas. Nomes como os de Flora Nwapa, Mariama Ba, Amma Darko, Tsitsi Danaremba, Buchi Emecheta, Fatou Diome, Bessie Head, entre outras, demarcam vozes femininas na busca pela superação das estruturas tradicionais, por uma maior integração da mulher no seio da sociedade africana. Nesse sentido – e exemplificando o que acabamos de sopesar –, a obra de Chinua Achebe, um dos pais da literatura africana moderna, é também considerado como um ponto de conexão e mediação entre a África e o ocidente. Dele exploraremos, dentre outros trabalhos de sua vasta produção, o clássico e obra literária africana mais lida no mundo, Things Fall Apart (O mundo se despedaça), publicado em 1958. Além dos inúmeros artigos políticos e críticos, obras poéticas e livros infantis, Chinua Achebe (1930), escritor nigeriano, escreveu cinco romances bastante pesquisados por estudiosos das

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literaturas africanas Things Fall Apart (1958), No Longer at Ease (1960), Arrow of God (1964), A Man of the People (1966) e Anthills of the Savannah (1987) são considerados pela crítica uma narrativa nacional da Nigéria, pois cada um marca um momento importante da história do país. As obras do escritor nigeriano dão início, juntamente com outras obras, a uma tradição literária em seu país e, ao mesmo tempo, fazem parte de um movimento mais amplo, empenhado na formação de literaturas que possam expressar sua realidade e que compreende toda a África negra. 3

A partir dos trabalhos de Achebe e do seu sucesso, a literatura africana ganha força e motivação. Além disso, é da obra achebiana que partem várias referências que marcarão a literatura africana posterior, tais como “[...] o traço de realismo, a necessidade de expor as características da cultura africana précolonial e a forma como ele manipula a língua do colonizador”. 4 Enfim, “Todas as forças que se combinaram para estimular o crescimento da literatura Africana moderna são perceptíveis no trabalho de Achebe”. 5 Extremamente variada, a literatura africana se apresente nos mais diversos idiomas (e as diferentes formas de expressão idiomática são também uma faceta problemática e geradora de conflitos no interior do campo literário africano). Dentre os escritores africanos de expressão inglesa, temos o próprio Chinua Achebe, como também Wole Soynka, Ezekiel Mphahlele, Ngugi wa Thiong’o (ou também conhecido como James Ngugi), Nuruddin Farah, Lewis Nkosi e Rajat Neogy. No caso do francês, temos o senegalês Léopold Sédar Senghor e a marfinense Véronique Tadjo.

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PEREIRA, Fernanda Alencar. O mundo desaba, uma leitura de Things Fall Apart de Chinua

Achebe. In: XI Congresso Internacional da ABRALIC, 13 a 17 de julho de 2008, USP – São Paulo, Brasil, p.01. 4

PEREIRA, Fernanda Alencar. O mundo desaba, uma leitura de Things Fall Apart de Chinua

Achebe. In: XI Congresso Internacional da ABRALIC, 13 a 17 de julho de 2008, USP – São Paulo, Brasil, p.02. 5

PALMER, Eustace. The Growth of the African Novel. Apud: PEREIRA, Fernanda Alencar. O

mundo desaba, uma leitura de Things Fall Apart de Chinua Achebe. In: XI Congresso Internacional da ABRALIC, 13 a 17 de julho de 2008, USP – São Paulo, Brasil, p.02.

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Já com relação às literaturas escritas em português, a expressão maior atual é a do moçambicano Mia Couto, autor de O outro pé da sereia (2006), mas os angolanos José Eduardo Agualusa, José Luandino Vieira e Pepetela, Germano Almeida de Cabo-Verde e Abdulai Silai da Guiné-Bissau, são nomes importantes. Em um primeiro momento, este trabalho de pesquisa objetiva, através da análise das trajetórias, dos nichos intelectuais, dos espaços de produção (intelectual, literária, artística, etc.), das sociabilidades, empreender a construção de um panorama literário e intelectual que envolva as principais expressões do campo literário africano. Em um segundo momento, os trabalhos objetivarão mapear as principais obras literárias, demarcando espaços nacionais, étnicos, identitários; percebendo conflitos resultantes da busca por uma expressão própria, ante as, até então, predominantes perspectivas eurocêntricas; compreendendo a natureza das trocas culturais, da circulação, dos hibridismos, das transferências interculturais. Por fim, triangulando as informações colhidas, empreender a análise das diferentes representações da África, sua história, cultura, nacionalidades, sociabilidades e conflitos. As intenções deste projeto buscam sua justificativa na necessidade cada vez mais premente de compreensão da História e Cultura africanas, assim como aquela derivada da diáspora, no bojo das implementações legais no ensino de História em seu contexto escolar 6, mas principalmente derivada da necessidade óbvia de compreensão das próprias raízes culturais do Brasil, assim como das diferentes representações que a história e cultura africana foram objeto. Além disso, o continente africano, suas sociedades, culturas e história, foram motivo de diversas interpretações, preponderando por muito tempo (senão, até o hodierno) as versões etnocêntricas europeias que, não raro, simplificavam, homogeneizavam, diminuíam-nos em construções pré-conceituais.

6

Com a lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003, nos estabelecimentos de ensino fundamental e

médio, das redes pública e particular, torna-se obrigatório o ensino acerca da História e Cultura africana e brasileira.

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2. OBJETIVO

Neste projeto, o objetivo principal é o de empreender uma sistematização, análise e crítica da literatura africana contemporânea e da diáspora, enfatizando as principais obras, em seus diversos gêneros narrativos, com foco em ideias como de: etnocentrismo, etnicidade, identidade, alteridade, conflito, hibridização, circulação e transferências culturais. A análise centra-se na compreensão das diferentes

representações

da

África,

expostas

na

literatura

africana

contemporânea.

3. MÉTODO

Em primeiro lugar, faz-se necessário a reflexão acerca de alguns conceitos basilares para esta pesquisa. Seriam estes conceitos: o de campo e, em específico, o de campo literário; o de identidade; e o de etnicidade. Em se tratando de “campo”, Roger Chartier nos dá uma explicação geral sobre a concepção:

os campos, segundo Bourdieu, têm suas próprias regras, princípios e hierarquias. São definidos a partir dos conflitos e das tensões no que diz respeito à sua própria delimitação e construídos por redes de relações ou de oposições entre os atores sociais que são seus membros. 7 Mas também podemos pensá-lo conforme o próprio Pierre Bourdieu o formula: “o campo, no seu conjunto, define-se como um sistema de desvio de níveis diferentes e nada, nem nas instituições ou nos agentes, nem nos actos ou nos discursos que eles produzem, têm sentido senão relacionalmente, por meio do

7

CHARTIER, Roger. Pierre Bourdieu e a história – debate com José Sérgio Leite Lopes. Palestra

proferida na UFRJ, Rio de Janeiro, 30 abr. 2002. p. 140.

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jogo das oposições e das distinções”.

8

Para Bourdieu, um campo pode ser

definido, em termos analíticos, “como uma rede ou uma configuração de relações objetivas entre posições”. 9

Essas posições são definidas objetivamente em sua existência e nas determinações que elas impõem aos seus ocupantes, agentes ou instituições, por sua situação (situs) atual e potencial na estrutura da distribuição das diferentes espécies de poder (ou de capital) cuja posse comanda o acesso aos lucros específicos que estão em jogo no campo e, ao mesmo tempo, por suas relações objetivas com outras posições (dominação, subordinação, homologia etc.). Nas sociedades altamente diferenciadas, o cosmos social é constituído do conjunto destes microcosmos sociais relativamente autônomos, espaços de relações objetivas que são o lugar de uma lógica e de uma necessidade especificas e irredutíveis às que regem os outros campos. Por exemplo, o campo, artístico, o campo religioso ou o campo econômico obedecem a lógicas diferentes. 10 Já com relação ao conceito de identidade, muito discutido desde os anos 1970, pensamo-lo tal como o trabalham Stuart Hall e Nestor Garcia Canclini. Para Hall, a emergência das discussões sobre identidades se vinculam ao contexto da globalização, onde não apenas as antigas identidades silenciadas pelo discurso identitário do nacionalismo, mas também novas identidades reivindicadas e reafirmadas pelos próprios processos dispares postos em pauta pela globalização. Neste contexto surgem negociações diversas, ora que reivindicam a reatualização de identidades, ora que fortalecem identidades culturais ameaçadas pelas forças do processo de globalização, ora que jogam com as variadas escalas espaciais e temporais.

8

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 179.

9

BOURDIEU, Pierre. Apud: BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre

Bourdieu. Petrópolis: Vozes, 2005, p.60. 10

BOURDIEU, Pierre. Apud: BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de Pierre

Bourdieu. Petrópolis: Vozes, 2005, p.60.

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PIBIC 2014-2015 – Projeto de Pesquisa do Professor Orientador

Para Canclini, são os discursos e os movimentos sociais, em suas configurações mais atuais, que indicam o contexto de uma sociedade globalizada marcada pelo seu caráter multicultural. No caso, trata-se da justaposição e convivência de grupos, etnias, nações em certos espaços urbanos. 11 Neste quadro surge a importância de discutir também a ideia de etnicidade, como um discurso identitário que se apega a ancoragens culturais locais, ameaçadas pelas forças da globalização, em sua faceta cultural. Em segundo lugar, tratando especificamente dos métodos e abordagens para essa pesquisa, é conveniente explicitar o que a História Intelectual propõe para a análise das trajetórias intelectuais, dos lugares de desenvolvimento, encontro e sociabilidades; da mesma forma, a abordagem que enfatiza a análise das transferências culturais, também foca reflexão em vários fenômenos, tais como o de hibridização, circulação e recepção. Em um primeiro momento, este trabalho se insere no âmbito, amplo, dos estudos de história sociocultural, na medida em que não só privilegia a formação e vicissitudes de um fenômeno cultural específico, mas também as fundações sociais que apoiam tal fenômeno. Em outros termos, ao mesmo tempo em que se tem em vista a ocorrência e o desenvolvimento histórico dos campos intelectual e literário africano, também se procura ancorá-lo nos sujeitos que permitiram sua existência e que, de fato, tornaram-no algo encarnado no mundo. Como iremos pormenorizar nesta pesquisa, a própria noção de “cultura” traz consigo a condição sine qua non de suas fundamentações sociais. Se, nos termos de uma fenomenologia dos processos culturais, podemos orientar nosso foco para o “como” da formação do fenômeno cultural, além de suas vicissitudes, transformações e reverberações posteriores, também podemos, já no esteio da chancela “social”, focalizar não somente as biografias e trajetórias de cada um desses sujeitos, mas também a inserção e imersão destes nos variados grupos e espaços sociais a que cada um se vinculou, mas também os

11

Cf. CANCLINI, Nestor Garcia. Diferentes, desiguales y desconectados: Mapas

de la interculturalidad. Barcelona: Gedisa Editorial, 2004. 8

PIBIC 2014-2015 – Projeto de Pesquisa do Professor Orientador

graus de afinidade entre estes sujeitos e de participação nesses diferentes espaços, etc. Circunscrevendo mais nosso âmbito de verificação, poderíamos dizer que efetuamos aqui um estudo sobre a dinâmica da cultura, de tal forma que noções como

as

de

produção,

circulação,

interação,

apropriação,

transmissão,

bricolagem, hibridização, entre outras, revelam não somente o caráter móbil, interativo, adaptativo e transformativo da cultura, sob o qual operamos, mas também a ênfase nas práticas que promovem esse movimento no seio cultural, e a importância que o foco nas ideias, modelos, visões de mundo, recebem aqui. Por fim, e afunilando esse posicionamento de competência para este trabalho, executamos com maior especificidade um estudo de história intelectual, uma vez que nos debruçamos sobre sujeitos que tomaram uma posição de protagonismo intelectual nas questões que os afligiam e que afetavam seu espaço de atuação. Em um sentido mais específico, próprio desta abordagem, a história intelectual nos fornece as ferramentas necessárias para a análise de nosso objeto.

[...] a história intelectual se afirmou como uma área de pesquisa das ciências humanas, tendo por ambição principal elucidar a formação, a produção, a circulação e a recepção das ideias e dos conhecimentos. Apreender tanto as ferramentas de análise como os mecanismos de transposições intelectuais constitui, por consequência, seu objeto de estudo. 12

4. CRONOGRAMA

Atividades Revisão

12

de

literatura,

2014

2015

AGO.

SET.

OUT.

NOV.

DEZ.

JAN.

FEV.

X

X

X

X

X

X

X

MAR.

ABR.

MAIO

JUN.

JUL.

RODRIGUES, Helenice. Apresentação. História: Questões & Debates, Curitiba, Editora UFPR, n.

53, jul./dez. 2010, p.01.

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fichamentos fontes

e

análise

de

Elaboração de artigo e/ou comunicação em evento científico (período janela)

X

X

X

X

X

Relatório Parcial

X

Análise dos resultados e publicação de artigo e/ou comunicação em evento científico (período janela)

X

X

X

Relatório Final

X

X

X

X

X

5. REFERÊNCIAS ACHEBE, Chinua. “The Role of the Writer in a New Nation”; In: KILLAM, G. D. African Writers on African Writing. London: Heinemann, 1973 ACHEBE, Chinua. A educação de uma criança sob o Protetorado Britânico. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. ACHEBE, Chinua. O mundo se despedaça. São Paulo: Companhia da Letras, 2009. ACHEBE,

Chinua.

An

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da

UFRJ,



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