REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: ENSINO E PESQUISA SOBRE IMAGENS DO FEMININO NO INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

May 24, 2017 | Autor: T. Ávila Medeiros | Categoria: Education, Feminism
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Colégio Pedro II Departamento de Sociologia NUPES – Núcleo de Pesquisa em Ensino de Sociologia

I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NA ESCOLA: ENSINO E PESQUISA SOBRE IMAGENS DO FEMININO NO INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Viviane Gonzalez Dias (IFRJ) [email protected] Mariana Souto Maior (IFRJ) [email protected] Thiago de Ávila Medeiros (IFRJ) [email protected] Ana Carolina Morito Machado (IFRJ) [email protected] Luciana Barbosa Reis (IFRJ) [email protected] RESUMO

O objetivo deste trabalho é relatar uma estratégia de educação de gênero em escola de ensino médio técnico, tendo por recurso didático a aplicação de questionário de pesquisa elaborado conjuntamente por docentes e discentes atrelados à instituição de Ensino Médio-Técnico. Em 2015, o Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero e Sexualidade (LIEGS/ IFRJ) iniciou a pesquisa “Termômetro de Gênero na Escola” a fim de analisar as percepções de estereótipos de gênero no Instituto Federal do Rio de Janeiro, Campus Rio de Janeiro. Foi elaborado e aplicado um questionário contendo 38 itens com frases sobre identidade de gênero, direitos civis, políticos e sociais da mulher, feminismo, padrões comportamentais tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres, meninos e meninas na sociedade brasileira contemporânea e relações de gênero no cotidiano escolar. O questionário foi aplicado a uma amostra de 161 estudantes do primeiro ao último período de cursos

Comissão Organizadora: Afrânio Silva, Fátima Ivone, José Amaral e Rogério Mendes

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 integrados de médio - técnico, faixa etária compreendida entre 14 e 21 anos e de servidores da instituição. Os pesquisados foram instruídos a responderem a questões assinalando 'sim' ou 'não', de acordo com suas opiniões sobre as afirmativas apresentadas. Neste trabalho, apresentaremos apontamentos iniciais do resultados desta pesquisa sobre imagens do feminino, realizada por professores e estudantes bolsistas do laboratório, todos estudantes e professores dos cursos médios integrados do IFRJ. Pretende-se que, por meio desta experiência, a comunidade escolar possa conhecer as representações de gênero presentes na própria instituição. Palavras chave: representações de gênero; escola; ensino; pesquisa; feminismo

INTRODUÇÃO Este trabalho resulta de uma demanda por conhecer as representações de gênero de alunos dos cursos de Ensino Médio Integrados do Instituto Federal do Rio de Janeiro, campus Maracanã. É parte do esforço de estudantes e docentes de refletirem a respeito da reprodução e das mudanças no tocante às desigualdades de gênero no cotidiano escolar. No intuito de identificar quais são os estereótipos e representações sobre o feminino na escola, integrantes do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero e Sexualidade (LIEGS/ IFRJ) elaboraram um conjunto de afirmações que os entrevistados deveriam

concordar

ou

discordar.

Participam

do

laboratório

profissionais de Sociologia, Filosofia, Biologia, Literatura e Língua Portuguesa além de estudantes de ensino médio técnico. O questionário foi aplicado a uma amostra de estudantes do primeiro ao último período de cursos integrados de médio - técnico, faixa etária compreendida entre 14 e 21 anos e também a servidores da instituição. Os pesquisados foram

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 instruídos a responderem as questões assinalando 'sim' ou 'não', de acordo com suas opiniões sobre as afirmativas apresentadas. A análise dos questionários gerou a apresentação “Termômetro de Gênero na Escola” e todas as informações quantitativas e qualitativas sobre a mulher e a desigualdade de gênero resultantes da pesquisa poderão colaborar com as atividades de ensino de sociologia na escola e com o ensino das ciências humanas em geral, pois a pesquisa e os debates possuem relação interdisciplinar, principalmente com as disciplinas de sociologia, história, filosofia, literatura e biologia. Os professores dessas disciplinas poderão aproveitar os debates propostos pela pesquisa para desenvolver atividades com seus alunos. A pesquisa visa contribuir no desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à pesquisa dos estudantes, estimular e envolver os alunos nas atividades científicas, socioculturais e tecnológicas. Proporcionar aos bolsistas a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa, bem como estimular o desenvolvimento do pensar científico, crítico e da criatividade. Incentivar a participação dos bolsistas nas Jornadas e Semanas Acadêmicas no âmbito do IFRJ, em outras instituições de ensino e nos congressos da área, além de publicações com os orientadores. A pesquisa visa também estimular desdobramentos junto à comunidade, já que esta poderá participar dos debates podendo ampliar seu interesse pelo tema. Ao convidar a comunidade a participar e se envolver, contribuímos para sua atuação como cidadãos.

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015

Bolsistas apresentam os primeiros resultados da pesquisa na XXXV Semana da Química do IFRJ, Campus Rio de Janeiro, outubro de 2015.

Bolsistas apresentam os primeiros resultados da pesquisa na XXXV Semana da Química do IFRJ, Campus Rio de Janeiro, outubro de 2015.

Seleção dos temas para o questionário

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 As questões a respeito das quais o laboratório tem refletido ou já perfazem o currículo das disciplinas envolvidas, ou são percebidas como lacunas de informação por parte de integrantes do grupo de discussão. As perguntas que compuseram a pesquisa estão baseadas no princípio de que gênero e orientação sexual são temas transversais quando se aborda a formação para a cidadania. Por exemplo, se a Tensão Pré Menstrual (TPM) é uma “frescura” da mulher, uma invenção cultural ou uma variação hormonal que poderia ser compreendida mediante pesquisas na área das ciências biológicas. A cidadania é comumente ensinada como um conjunto de direitos e deveres que contribuem para a valorização dos princípios de uma sociedade democrática e plural (Tomazzi, 2010; Silva et al 2013). Baseando-se no modelo de Marshall (1967) os direitos do cidadão subdividem-se em civis, políticos e sociais. Direitos civis são relativos à liberdade; os políticos pressupõem a possibilidade de se eleger e participar das decisões e manifestar posicionamentos políticos; os sociais pressupõem que os cidadão devam ter garantidas suas condições de igualdade de provisão da própria existência. Em termos de direitos humanos é preciso garantir a dignidade da pessoa humana em sua plenitude. Ao longo do século XX as mulheres conquistaram graus crescentes de educação em todos os níveis de ensino e aumentaram as taxas de participação no mercado de trabalho. Mas ainda sofrem discriminação salarial, além da dupla ou tripla jornada de trabalho; ainda são vítimas de discriminação, preconceito, violência física e simbólica; possuem baixíssima representação na política apesar de serem a maioria da população e do eleitorado. Elas conseguiram reduzir diversas desigualdades de gênero e reverter outras, entretanto, ainda existem barreiras sociais que impedem a desconstrução do patriarcado. Na atualidade, notamos que a igualdade social ainda não se verifica tal como prescrito em leis. Ao investigar a organização social, a teoria política feminista analisa os limites das instituições vigentes ressaltando as desigualdades de gênero,

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 a despeito de pretensões igualitárias e democráticas (Biroli & Miguel, 2014). Por exemplo, a baixa representação das mulheres nos poderes governamentais é um indício desta forma de desigualdade incorporada no sistema político. Tal contestação tem inspirado a elaboração de políticas afirmativas que ampliem o acesso de mulheres a posições formais na estrutura de poder (Miguel, 2014). A medida que a politização é estendida do público para o privado, percebemos o quanto as hierarquias e o grau de liberdade dos indivíduos na esfera privada impactam na esfera pública, afetando o processo de construção de identidade. É o caso de debates sobre a legalização do aborto, uso de métodos contraceptivos, controle da reprodução das mulheres, liberdade e disponibilidade sexual (Biroli, 2014). Certas especialidades (mecânica, eletricidade, eletrônica) são praticamente reservadas aos rapazes. Nas faculdades de medicina a porção de mulheres decresce à medida que se sobe na hierarquia das especialidades, como na cirurgia, ao passo que na pediatria e na ginecologia as vagas são praticamente reservadas às mulheres. Nas disciplinas: aos homens se atribui o mais nobre, o mais sintético, o mais teórico, e às mulheres, o mais analítico, o mais prático, o menos prestigioso (Bourdieu, 2014). Apesar dos avanços e conquistas, a luta do movimento feminista não perdeu a razão de ser e ainda é atraente para novas gerações de mulheres. Tópicos relativos a luta do movimento feminista estão longe de serem causas superadas. As revindicações da da Marcha das Vadias em relação ao direito das mulheres de exibirem o corpo sem com isso seres taxadas de ‘fáceis’ ou culpadas em caso de estupro mobiliza forte debate sobre empoderamento das mulheres e o domínio dos usos do próprio corpo (Gomes & Sorj, 2014). Além disso, o diálogo sobre gênero e orientação sexual na escola mobiliza as mulheres, até mais do que os homens. E é interessante pensar até que ponto ideais igualitários não se chocam com representações de gênero aprendidas - no caso de docentes, ensinadas - em situações domésticas (Rosistolato, 2009).

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 A Apresentação da discussão de gênero e sexualidade nos livros didáticos de Sociologia De acordo com o feminismo, a tensão entre o público e o privado é um debate de interesse público. Ditados populares do senso comum tais como “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher” já não se aplicam à sociedade contemporânea. Livros didáticos de sociologia aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didáticos referem-se à violência de gênero e ao modo como agressões físicas e simbólicas afetam principalmente mulheres e pessoas cuja orientação sexual destoa de padrões morais heteronormativos. Apesar da escola adotar somente um livro didático oficial a ser entregue aos alunos nos períodos iniciais, na prática outras obras didáticas também compõem a nossa prática docente. Oliveira & Costa (2013) ressaltam a importância apresentar e debater em sala de aula várias intelectuais importantes na história do movimento feminista, como Simone de Beauvoir, Betty Friedan, Kate Millet, Shulamith Firestone, Bell Hooks e Juliet Mitchell e a crítica delas ao modelo de família proposto pela sociedade patriarcal, reivindicação de igualdade salarial e condições entre homens e mulheres no mercado de trabalho, liberdade sexual, autonomia intelectual das mulheres e punição a homens por violência doméstica. Medidas legislativas tais como a Lei Maria da Penha são postas em discussão. A descriminação aos ‘anormais’ ou indivíduos que não seguem as normas mais convencionais geralmente aceitas em nossa sociedade no tocante a gênero e sexualidade. Nesse livro, há um capítulo somente para abordar tais questões, apresentando gráficos de pesquisas, charges e afirmações de senso comum. Outro debate interessante no livro é a distinção entre gênero como categoria social e sexo como atributo biológico, a despeito da sexualidade também ser passível de investigação sociológica. Tomazi (2010) propõe um exercício para debater as desigualdades de gênero contendo imagem que mostra uma mulher paquistanesa com a face desfigurada. Naquele país, a cultura patriarcal ainda possui tal força que a violência doméstica e

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 agressão de maridos a suas esposas é legitimada. No capítulo em que o autor apresenta movimentos sociais contemporâneos torna a mencionar sinteticamente demandas atuais da luta feminista: “• a crítica à sociedade patriarcal, baseada na dominação do homem como cabeça do casal e da família; • a igualdade de condições e de salários no trabalho; • o direito à liberdade de uso do corpo, no que se refere a reprodução, contracepção e aborto; • o questionamento da heterossexualidade como norma e o reconhecimento de outras manifestações

da

sexualidade,

como

a

bissexualidade

e

o

lesbianismo; • a especificidade da visão feminina do mundo em todas as áreas do conhecimento; • a discussão sobre a identidade corporal e a sexualidade feminina”. (Tomazi, 2010, p.150) Tomazi (2010) destaca a ação das sufragistas no século XIX. Elas reinvidicaram direito de participação política para as mulheres. Um dos símbolos é o hino “Marcha das mulheres” composto por Ethel Smith em 1911 e dedicada a Emmeline Pankhurst, uma das pioneiras do movimento sufragista britânico.

É

relembrada a luta política de Olympe de Gouges (guilhotinada em 1793 devido a seu posicionamento político), Mary Wollstonecraft (em 1792 publicou ensaio sobre a emancipação feminina), Jeanne Deroin e Flora Tristán (líderes operárias francesas do século XIX e referências para o movimento feminista). No livro didático “Sociologia em movimento” (Silva et al, 2013) também há um capítulo abordando as relações de gênero e sexualidade. A questão motivadora é “construir uma sociedade baseada no respeito a diversidade, com igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres no Brasil” (p. 336). Ao desnaturalizar as noções de gênero e sexo a fim de contemplar múltiplas identidades de gênero, define conceitos relevantes tais como androcentrismo, patriarcado, feminismo, transgênero e feminicídio. Explica sexologia conforme a teoria psicanalítica de Freud. Além de apresentar instrumentos jurídicos capazes de

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 combater a violência de gênero (Lei Maria da Penha), formulação de leis que amparam e reconhecem a diversidade sexual, enfrentar a homofobia, ações do movimento LGBT e a teoria Queer (Foucault, Judith Butler). Também discute temas como divisão sexual do trabalho, participação política, mudanças em instituições sociais tais como família e religião, fundamentais na definição de papeis de gênero. Referindo-se a orientações do feminismo contemporâneo como o pós colonial e o movimento negro, os quais “criticaram o individualismo burguês do movimento feminista tradicional” (Silva et alli, 2013, p. 345) cita Angela Davis, Patrícia Collins e Sylvie Schweitzer. Estas refletem sobre a relevância de pensar nas diferentes experiências que constroem a identidade feminina, em especial da mulher negra e trabalhadora. Ressaltam ainda Cristina Bruschini enquanto representante de uma geração de feministas que implantou o campo de estudos de gênero no Brasil. Por último, Bertha Lutz é lembrada como uma das mais renomadas cientistas do país. Elaboração do Questionário O grupo de Pesquisa iniciou os debates dos encontros semanais com o livro da autora Simone de Beauvoir “O Segundo Sexo”. Paralelamente a esta atividade, debatemos sobre as imagens do feminino percebidas no senso comum, frases mencionadas por professores e alunos (as) da instituição e o avanço do debate feminista no coletivo de mulheres “Bertha Lutz” criado na escola no início desse ano. O resultado foi a elaboração de um questionário fechado que foi aplicado entre docentes dos cursos integrados de médio - técnico da própria instituição. Após responder questões de perfil, a cada pesquisado solicitamos que respondesse se concorda ou discorda com a sentença apresentada. Abaixo estão os resultados mais relevantes: 1. DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS ● Mulheres devem ter direito a votarem e serem votadas.

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 98% - sim

1% - não

1% não respondeu

● Estou de acordo com a Lei 9.504/97, que estabelece cota de 30% para candidatas brasileiras mulheres, afinal as cotas são importantes para garantir que mais mulheres possuam maior espaço na política. 57% - sim

38% - não

5% - não respondeu

● Mulheres devem escolher se, e quando, se tornarão mães. 97% - sim

2% - não

1% - não respondeu

● Independentemente de ser a favor ou contra a prática do aborto. Este é um direito de autonomia reprodutiva e a mulher não deve ser criminalizada por realizá-lo. 67% - sim

28% - não

5% - não respondeu

● Não existe estupro dentro de um relacionamento amoroso estável, pois, se a mulher se comprometeu a relacionar-se com seu parceiro, deve sempre aceitar as relações sexuais sempre que o outro desejar. NÃO: 50% mulheres e 41,67% homens, SIM: 60,62% mulheres e 37,31% homens ● A sociedade ensina: “não seja estuprada” ao invés de ensinar: “não estupre”. É hora de mudar essa mentalidade. MULHERES - 97,56% sim, 2,44% não responderam, HOMENS - 91,03% sim, 8,97% não ● O feminismo pode contribuir para a construção de caminhos que sejam mais justos. SIM - 64,16% mulheres, 33,53% homens, 1,16% não binário, NÃO - 62,07% homens, 34,48% mulheres 2.DIREITOS SOCIAIS Comissão Organizadora: Afrânio Silva, Fátima Ivone, José Amaral e Rogério Mendes

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 ● Atividades domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres e devem ser divididas igualmente. SIM- 60,41% mulheres, 37,08% homens, 1,02% não binários NÃO - 66,67% homens, 33,11% mulheres ● Em alguns países, existe a licença-paternidade bem mais longa que a brasileira para estimular a divisão igualitária dos cuidados e o vínculo entre pais e filhos. No Brasil, a licença-paternidade é de somente 5 dias, e a licença-maternidade, de 4 meses. Essas leis reforçam a ideia da maior responsabilidade das mulheres no cuidado com as crianças. Tal fato sobrecarrega as mulheres, pois essas ficam prejudicadas em tempo e liberdade. SIM - 63,16% mulheres, 34,21% homens, 1,34% não binários NÃO - 52,08% mulheres, 45,83% homens 3.IMAGENS DO FEMININO E REPRODUÇÃO DO SENSO COMUM ● TPM é frescura. SIM - 70,59% homens, 29,41% mulheres NÃO - 63,24% mulheres, 34,05% homens, 1,08% não binários ● Na hora de pagar a conta, nenhuma mulher é feminista. SIM - 58,24% homens, 41,86% mulheres NÃO - 64,97% mulheres, 31,85% homens, 1,27% não binários ● As feministas são geralmente mulheres mal amadas, radicais e recalcadas. SIM - 85,19% homens, 14,19% mulheres NÃO - 66,29% mulheres, 30,86% homens, 1,14% não binários

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 ● A mulher é mais emocional, sensível e passiva. O homem é mais racional e ativo. SIM - 54,55% homens, 45,45% mulheres NÃO - 62,13% mulheres, 34,91% homens, 1,18% não binários 4. GÊNERO E EDUCAÇÃO ● O homem possui mais facilidade para as disciplinas de exatas, mais sintéticas e teóricas, enquanto as mulheres possuem mais facilidade para as disciplinas de humanas, mais analíticas e mais práticas. SIM - 52,63% homens, 47,37% mulheres NÃO - 61,29% mulheres, 36,02% homens ● Em qual/quais dos cursos abaixo homens apresentam maior aptidão/ habilidade? 80% - indiferente

14% - Química

2% - Biotecnologia 3% - não respondeu

● O curso de Química, por envolver conhecimentos da área de exatas, atrai mais homens enquanto que o curso de Farmácia, por ser da área de saúde, atrai mais mulheres. 63% - não

29% - sim

2% - não respondeu

● Por serem mais frágeis, meninas precisam de maior atenção de professores(as) nas aulas práticas, na intenção de prevenir acidentes nos laboratórios. SIM - 66,67% homens, 33,33% mulheres NÃO - 60,80% mulheres, 36,68% homens, 1,01% não binários ● Muitos relacionamentos, inclusive com pessoas do mesmo ambiente social, como o colégio, comprometem de maneira negativa a reputação das

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 mulheres. Por isso, as meninas precisam ser mais discretas e evitar se relacionar com muitas pessoas da “escola” para não ficarem “mal faladas”. 64,7% de homens e 35,3% de mulheres acredita que as meninas não devem se relacionar com muitas pessoas na escola levando ao entendimento de que a discrição deve ser uma atitude mais cobrada de mulheres que de homens. Ainda, a naturalização do termo “mal faladas”, para mulheres que se relacionam com muitas pessoas. Como se para homens fosse natural e para mulheres, não. Nesse sentido, a escola reproduz a visão machista de que se relacionar com muitas pessoas é um comportamento inato e intrínseco dos homens. CONSIDERAÇÕES FINAIS Expomos aqui a fase inicial de nosso trabalho. O propósito deste trabalho foi o de apresentar a metodologia e as questões norteadoras da pesquisa que iniciamos na escola. A elaboração do questionário, o debate e referenciais teóricos que nos ajudam a pensar a representação do gênero feminino no ambiente escolar. Pretendemos estender a aplicação de questionários aos professores a fim de comparar as percepções docentes e discentes. Deste modo, será possível notar diferenças e possíveis mudanças de perspetiva em relação às desigualdades de gênero entre as gerações. Estudantes participantes da pesquisa foram jovens na faixa etária compreendida entre 14 e 21 anos. Supomos que estão em fase de socialização enquanto docentes já possuem padrões de gênero mais estabelecidos e que tais concepções aparecem nas relações cotidianas entre estes e os alunos. Contudo, neste trabalho apresentamos apenas os dados obtidos entre os alunos. A aplicação dos questionários aos professores ainda está em curso. Com relação aos resultados, a equipe percebeu que alguns entrevistados ainda estão presos a um padrão binário de gênero, acreditam que “homens” e “mulheres” possuem características próprias, congênitas, inatas, orgânicas, puras, e que há uma estabilidade interna desses termos. Sustenta-se ainda uma hierarquia

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 entre os gêneros, no sentido em que estes vão desenvolver comportamentos, atitudes e hábitos diferenciados. Os papeis sociais impostos a mulheres e homens reforçados por culturas patriarcais estabelecem relações de dominação e violência entre os gêneros. Em virtude do componente cultural é que se faz fundamental a ação educativa, a fim de construir uma sociedade livre de estereótipos que conduzem a relações desiguais.. A escola deve promover uma educação pela igualdade entre os gêneros e interferir na construção e desenvolvimento de pessoas livres desses padrões, nos quais a dignidade e o respeito mútuo sejam as diretrizes principais. Os grupos dominados podem se tornar canais de resistência e luta. Não devemos nos prender a identidades fixas e imutáveis, a padrões preestabelecidos e “naturais”. Através dos estudos feministas e do nosso engajamento em movimentos sociais e coletivos de mulheres podemos transformar e mudar a realidade. O processo educacional está diretamente relacionado a essas mudanças: “O gênero dita o modo como experimentamos o mundo. Mas podemos mudar isso [...] a cultura está em constante mudança [...] não é a cultura que molda as pessoas, são as pessoas que fazem a cultura” (Adichie, 2015). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADICHIE, C. N. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. BEAUVOIR, S. de. O Segundo Sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. BIROLI, F. O debate sobre aborto. BIROLI, F.; MIGUEL, L.P. (orgs.) Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014 BIROLI, F.; MIGUEL, L.P. Introdução. BIROLI, F.; MIGUEL, L.P (orgs.) Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014 BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. A condição feminina e a violência simbólica. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014. GOMES, C; SORJ, B. Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil. Soc. estado., Brasília , v. 29, n. 2, p. 433-447, Aug. 2014 . Disponível em: Comissão Organizadora: Afrânio Silva, Fátima Ivone, José Amaral e Rogério Mendes

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I Seminário de Ciências Sociais e Educação Básica: O Sentido das Ciências Sociais na Educação Básica 06 e 07 de novembro de 2015 . Acesso agosto de 2015. MARSHALL, T. H. Cidadania, Classe social e Status. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967 MIGUEL, L.P. Gênero e representação política. BIROLI, F.; MIGUEL, L.P. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014. Oliveira & Costa (2013) ROSISTOLATO, R. P.R. Gênero e intervenção escolar: dilemas e perspectivas da intervenção escolar na socialização afetivo-sexual dos adolescentes. Estudos Feministas, Florianópolis, 17(1): 296, janeiro-abril/2009. SILVA et al. Sociologia em Movimento. Rio de Janeiro: Ed. Moderna, 2013. TOMAZI, N D. Sociologia Para o Ensino Médio.2 Ed. São Paulo: Saraiva, 2010

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