Representatividade na Era Pós Digital

May 29, 2017 | Autor: Titilio Gazola | Categoria: Internet Studies, Post-Digitalism, Sociedade Digital, Representatividade
Share Embed


Descrição do Produto

Representatividade na Era Pós-Digital
Discente: Atilio Gazola
Doscente: Fábio Ramalho

A luta pela representatividade somado ao ativismo social acompanham a humanidade desde muito antes dos regimentos de colonização feito pelos europeus. Povos originários da América, assim como, povos originários da África travavam batalhas por representatividade, cada qual em seu continente, entre as diversas tribos que ali existiam, buscavam estabelecer relações de poder de acordo com as histórias de suas culturas e de suas terras. A relação ali era não de dizimar as outras tribos, pois muitos respeitavam outras culturas e entendiam as delimitações de suas terras como também sendo o limite onde suas leis vigoravam. Ou seja, havia o reconhecimento dos diferentes povos como seres humanos que, porém, tinham culturas, leis e histórias diversas e que através disso estabeleciam relações de amizade ou conflito.
No momento em que estourou o processo de colonização em ambos os continentes citados, a relação que os europeus estabeleceram com essas terras e os povos que ali viviam era para além de poder. Não havia reconhecimento desses povos originários como seres humanos, eram vistos como exóticos e/ou bestas afim de serem dominadas. A partir de então a luta pela representatividade transformou-se numa questão de resgatar o ancestral e conquistar e legitimar o reconhecimento dos povos colonizados e não europeus.
Atualmente a colonização se dá dentro de um sistema ocidental de dominação majoritariamente masculina e branca, na qual, os meios de comunicação que atuam diretamente com massas populacionais, seguem por reproduzir estereótipos e estigmas que acabam resultando no preterimento e segregação de outras etnias, gêneros e costumes. Desde então movimentos sociais organizam-se com manifestações, intervenções, encontros e programas culturais em busca de efervescer a luta pela representatividade e melhorias que isso representa. A conquista nessa luta significa ter voz, ser ouvido, ter espaço de atuação e fala. É se reconhecer e ser reconhecido. É uma das maneiras de acabar com um sistema social e político com base na opressão.
Contudo, antes que existisse uma comunicação transnacional e transversal como a internet os meios que tentavam cumprir com a divulgação de informações dos movimentos sociais eram a imprensa que, porém, é tida sob muito controle e censura, muitas vezes não abraçando a luta dos movimentos e acabando por omiti-los ou incrimina-los. E a rádio, também sofria do mesmo mal dos jornais. A solução veio por meios mais marginalizados que se comprometiam em difundir uma informação de diferente perspectiva e mais aberta à um olhar crítico, nisso, existiram rádios piratas, panfletos e pequenos diários independentes que tratavam de retratar a situação das políticas vigentes, das reivindicações e lutas realizadas pelos movimentos sociais. No entanto, a disseminação dessas informações se restringiam muitas vezes a somente o bairro ou região onde estavam instaladas essas células. O maior difusor de informação ainda era a televisão, dado a isso é o mais visado e controlado pelas grandes corporações.
Com o acesso à internet entramos na era digital e com isso houve uma grande mudança na produção, circulação de bens e nos modos de acesso a informação e entretenimento. Possibilitando por meio das redes digitais ou sociais melhoria na veiculação, organização e disseminação dos movimentos articulados por ativistas.
Uma vez que o desenvolvimento das tecnologias digitais e da conectividade alcançaram tamanha difusão a ponto de, atualmente, ser difícil pensarmos numa sociedade sem tais ferramentas, segundo Walter Longo, alcançamos a Era Pós-Digital. Vivemos então num momento na qual o mundo digital e o mundo real estão misturados, dificilmente percebemos a diferença, pois elas estão caminhando juntas. E nisso Longo traçará características marcantes nas principais transformações ocasionadas por essa mutação do cibernético e do real para com as frentes de luta social, sendo elas: Efemeridade, Mutualidade, Multiplicidade, Sincronicidade, Complexidade e Tensionalidade. Sobre o olhar de Canclini, ele afirma:
"Sem dúvida os movimentos sociais de muitos tipos diferentes (feministas, étnicos, ecologistas, etc.) foram se radicalizando ao terem acesso a formas de comunicação transnacional e transversal que potencializam suas comunicações, suas capacidades para se informar e argumentar"
Ainda sobre seu olhar, questiona a eficácia e durabilidade desses movimentos, pois é visto que muitos duram pouco tempo (decompõem-se, burocratizam-se). Dispara:
"Talvez estejamos entrando em outra etapa do desenvolvimento social e político, mais instável, com estruturas menos duráveis (...) Vivemos uma época de cidadania de alta intensidade com efeitos de curto prazo. "
Afirma, por fim, que até então estes movimentos tem sido os mais capazes de denunciar a inconsistência das políticas governamentais.
Segundo as pesquisas do PNAD e da Nielsen IBOPE até 2013 o Brasil era o 5º país mais conectado sendo que o número de pessoas acessando internet chegava a 102,3 milhões e o número de pessoas que moram em domicílios com acesso à internet é de 87,9 milhões. Se dividida a população em faixas etárias a maior taxa de acesso à internet fica entre os jovens de idade de 15 a 19 anos, 76% (15 a 17 anos) e 74,2% (18 e 19 anos) possuem acesso. Isso é reflexo a uma maior agilidade, por parte dos jovens, quanto ao conhecimento sobre o uso do dispositivo, obtendo melhor aproveitamento sobre o aparato. De maneira que quando os dispositivos digitais são levados pelos jovens às suas famílias isso gera uma desierarquização das relações familiares, também nas relações escolares e sociopolíticas. Segundo Canclini esse uso estendido começa a modificar o exercício da cidadania.
Em 1982 existiam 315 sites, hoje existem mais de 180 milhões o que significa o aumento na adesão ao meio e a criação de conteúdo a nível global. Hoje é possível obter informação de diferentes pontos de perspectiva é possível se identificar, se reconhecer e protestar tudo em uma só plataforma culminando numa população com mais informação e consequentemente com mais opinião e voz de cidadania.
Por fim num meio na qual as políticas sociais não fornecem representatividade e inclusão. Vemos no meio digital o crescimento de agrupamentos e redes de jovens criativos independentes que criam espaço para si mesmos, situam-se em nichos que não estão ocupados, os inventam. Promovendo formas de comunicação ampla e representação mais diversa.



Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.