[Resenha] A construção histórico-sociológica do nordestino no imaginário brasileiro

July 15, 2017 | Autor: Luis Gustavo Faria | Categoria: Literatura brasileira, Literatura, Sociologia, Antropología
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES- CCH DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DCS CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS Semestre 2015-I Discente: Luis Gustavo de Paiva Faria 1

RESENHA “A construção histórico-sociológica do nordestino no imaginário brasileiro” I Depois de divulgados os resultados da eleição presidencial de 2014, grupos específicos da população brasileira manifestou de forma explícita, sobretudo em mídias sociais, seu preconceito em relação a alguns grupos e classes. A fim de exemplificar e dar nomes a tais grupos, podemos citar as populações residentes em áreas periféricas e, principalmente, pessoas residentes na região Nordeste do Brasil2. Foram feitas injustificáveis ofensas a pretexto de divergências políticas; e, além disso, a ideia de dois Brasis, sendo uma parte moderna e a outra arcaica (ALMEIDA, 2007)3, foi alimentada pelos gritos virtuais de alguns internautas. A lógica, mais subjetiva do que racional, é de que as regiões Sul e Sudeste seriam modernas (industrialmente, socialmente, enfim, em indicadores econômicos e políticos); em contraponto, as regiões Norte e Nordeste seriam arcaicas pelos baixos indicadores já citados. Seria ingênuo colocar tal manifestação como o surgimento do problema. Pelo contrário, o preconceito em relação a estes grupos não é datável de maneira exata, mas sabemos que remonta ao período

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Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), estudante do 1º período. Resenha apresentada à disciplina de Metodologia das Ciências Sociais (CIS180), sob orientação da professora Thaís Ferreira Rodrigues. 2

Nordestinos são hostilizados após vitória de Dilma Rousseff. Terra, 27 out., 2014. Disponível em: Acesso em: 30 de mai., 2015. 3

A obra em questão, A cabeça do brasileiro, de Alberto Carlos Almeida, não traz a divisão “arcaico” versus “moderno” de maneira pejorativa, sendo seu objetivo apenas classificar, grosso modo, o acesso de diferentes regiões brasileiras a direitos básicos, tais como saúde, educação e saneamento básico. Dessa maneira, o autor não alimenta preconceitos regionalistas em sua obra; usei sua classificação apenas a fim de exemplificar o pensamento da situação e conflito citados.

político em que se tenta consolidar o Estado Nacional brasileiro, isto é, ao período da Primeira República. Diversas obras ilustram estas relações, sendo uma delas o romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, em que é trabalhada de maneira extraordinária a imagem pré-concebida do nordestino sertanejo, concretizada através do personagem Fabiano, assim como a visão do Outro sobre o personagem do sertão. São trazidas antigas dualidades, como a ideia de “bárbaro vs. civilizado”, “animalidade vs. humanidade”, “ruralidade vs. urbanização”. E os preconceitos, e até mesmo o pré-conceito, que permeiam a visão que se tem sobre o nordestino demonstram como, ainda hoje, são criados mitos no imaginário brasileiro a respeito das populações residentes daquela região. Tratados como bichos, subumanos, menos desenvolvidos cultural e intelectualmente, assim, em muitos casos, é visto o nordestino brasileiro. Assim, viu-se, foram tratados após as eleições de 2014, assim foram e são tratados na capital paulista, assim são flagelados e, constantemente, flagelam-se a si mesmos por tais tratamentos. Chamam-se a si de bichos, como Fabiano o faz em várias situações da narrativa (RAMOS, 1971, p. 53-4). A pergunta que paira sobre o assunto é: como tal estigma (ou imaginário sobre o nordestino) surgiu e quem o alimentou? Tal questão gera polêmicas, e sua resposta é passível de discussões ainda hoje, perpassando diversos fatores. As pesquisas feitas ao longo da execução do trabalho me permitiram visualizar de maneira mais clara como se deu a construção de tal imaginário, sendo passível de análises históricas e sociológicas, remontando a períodos específicos da História Brasileira, possuindo, além disso, funções políticas, econômicas e sociais, tendo influências de trabalhos sociológicos, como o de Euclides da Cunha e à tendência literária denominada regionalismo, como também os fatores materiais e mesmo regionais (VASCONCELOS, 2006, p.2), estes que serão expostos mais à frente. O texto baseia-se em dois principais artigos, são eles “A construção da imagem do nordestino/sertanejo na constituição da Identidade Nacional”, de Cláudia Pereira Vasconcelos e “A inversão do Nordeste: notas críticas à tese de Durval Muniz de Albuquerque Jr”, de Camila Teixeira Lima; onde o tema do imaginário brasileiro é desenvolvido como sendo parte da problemática referente à identidade nacional, trazendo consigo, portanto, um rico conjunto de autores, como Mário e Oswald de Andrade, Renato Ortiz, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e Durval Muniz Albuquerque Jr,

além dos escritores de ficção propriamente ditos, como Graciliano Ramos [citado acima], Ariano Suassuna e Torquato Neto, para citar alguns. O objetivo é contrapor, ou até mesmo aglutinar, as visões descritas em ambos os artigos, já que suas teses não se excluem entre si, mas apresentam pontos de partida distintos, sendo necessários colocá-los e compreendê-los para, com isso, concluir apresentando meu ponto de vista, sobretudo quanto aos conflitos políticos citados no início do texto, demonstrando sua (falta de) lógica e suas justificativas que nos transportam a uma tradição bastante delimitada por fatores políticos e econômicos, além de alguns preconceitos históricos que serão aqui explicitados. II Antes de nos determos especificamente na constituição de um povo ou grupo (em questão no texto: população nordestina) é importante ressaltar a importância da discussão sobre a identidade nacional, onde são discutidos importantes aspectos em relação à constituição do povo brasileiro propriamente dito, perpassando desde assuntos relacionados à cultura popular até às políticas do Estado a fim de homogeneizar a constituição do país (PIMENTA, 2008, p.1-2). Dessa maneira, poderíamos iniciar o debate a partir da seguinte questão: Quem somos nós, o povo brasileiro? O que nos torna únicos e nos une? Há uma matriz cultural comum mesmo entre um povo tão plural? Cláudia Pereira Vasconcelos inicia seu artigo citando o pesquisador Renato Ortiz, indicando que os primeiros trabalhos acadêmicos e científicos a respeito da identidade nacional e cultural brasileiras foram feitos em meados do século XIX, mas, sobretudo, em início do século XX, sendo trabalhos propriamente voltados para a área das Ciências Sociais, como o de Euclides da Cunha em Os Sertões, obra inclusive influenciada pela corrente evolucionista, que apesar de incipiente, ainda estava em voga na Europa. As explicações sobre os grupos e indivíduos tinham como principais bases a influência do ambiente (clima e relevo) e da noção de raça, evidenciando a influência do determinismo biológico e geográfico usados anteriormente, há séculos, pelos escritores da literatura de viagens, em séculos XV e XVI. Como indica a própria autora: “A partir do paradigma naturalista, a importância do meio combinado às características da raça justificava, categoricamente, os porquês do comportamento do brasileiro.

E, assim foi-se criando um Brasil de tipos (degenerados) e construindo no discurso sobre a identidade nacional o contorno de alguns estereótipos.” (VASCONCELOS, 2006, p.2)

Coincidindo com o período de formação do Estado Nacional, e, portanto, com o período de “inserção compulsória” do Brasil na modernidade, os estadistas pautavam seus anseios de reformas estruturais (em âmbito social, político e econômico) nas cidades francesas, como Paris, referência mundial à época. A fim de atrair imigrantes europeus, os intelectuais e políticos precisavam de justificativas e reformas, encontrando espaço em formulações teóricas segregacionistas, como a divisão do país em regiões e suas respectivas características pautadas pelo que vimos acima: a naturalização de preconceitos a partir de fatores climáticos e biológicos. “Provavelmente o caminho possível para alguns intelectuais e políticos da época resolverem este conflito tenha sido o de criar (...) uma divisão regional que pudesse viabilizar uma clara distinção entre um Brasil ideal moderno, rico, industrial, formado por uma grande parcela de emigrantes europeus..., e um Brasil real atrasado, pobre, rural, escurecido por uma população mestiça de índios e negros...” (Ibid, p.3)

Introduzida, aqui, a dualidade Sul vs. Norte, onde o Sul (regiões Sul e Sudeste) é valorizado em detrimento do Norte (regiões Norte e Nordeste). Euclides da Cunha, por exemplo, afirma que o regime meteorológico sulista é incomparavelmente superior comparado ao regime nortista, possibilitando ao primeiro maior desenvolvimento econômico e, consequentemente, desenvolvimento social comparado ao segundo. Dessa maneira, a região Norte é sinônimo de atraso e sua população (majoritariamente negra e parda [mestiça]), influenciada pelas condições ambientais, se demonstra incapaz, insuficiente para as demandas dos políticos e intelectuais de época. Chegaram mesmo a indicar uma superioridade moral vinda da população sulista, já flertando com algumas características eugenistas (2006, p.6). Tais representações e classificações não se restringiram aos aspectos físicos da região, mas também à figura das pessoas, como vimos acima. A representação de um nordestino pitoresco se inicia, de maneira clara, aí. É dedicada uma parte inteira de Os Sertões ao Homem, onde são feitas descrições, ora pitorescas, ora idealizadas do sertanejo. Essas mesmas representações estiveram em voga até meados do século XX, quando um movimento literário-intelectual denominado regionalismo tomou as rédeas da situação, chamando para si a representação imagética do nordestino. As

representações, a partir de então, viriam de dentro, e não de fora. Os próprios intelectuais nordestinos, tais como Gilberto Freyre e Graciliano Ramos, assumiram a função de compreender e representar sua região em termos reais e nacionais, tentando fugir de preconceitos e, por conta disso, caindo em algumas idealizações. A partir disso, é preciso eleger novos atores, novas maneiras de representação dos habitantes da região nordestina, distinguindo-os não necessariamente em questões físicas, mas, sobretudo, em questões morais e intelectuais. Não bastava que fossem protagonistas da própria imagem, mas também era preciso referenciais teóricos concretos, como é o caso de Gilberto Freyre em sua extensa obra a respeito do povo brasileiro. “Ao trazer à cena os próprios nordestinos como atores desta trama e não apenas como vítimas, afirma, logo de imediato, que a composição deste lugar e da representação dos seus habitantes se deu a partir de diferentes vozes, vindas de fora e de dentro da região.” (Ibid, p.6)

É aqui que se iniciam as representações tais como a de Vidas Secas, ou de Capitães de Areia, e diversas outras obras onde o nordestino é representado ainda de acordo com o personagem do sertão: o sertanejo. É continuada a tradição de representação através do sertanejo, mas agora revisada, colocando-o como homem forte e capaz, entretanto oprimido, pela política ou pela própria população “modernizada”, como lemos em alguns capítulos de Vidas Secas. Para o historiador Durval Albuquerque Jr. (apud VASCONCELOS, 2006), o discurso construído pela vertente regionalista, composta essencialmente pela elite intelectual nordestina, não contribui para redimir o preconceito, mas acaba por reforçá-lo, já que o nordestino permanece com a conotação do estereótipo de ruralidade, selvageria e subcivilização se comparados aos da região Sul. “É, portanto, no discurso ambivalente das elites rejeitadas do nordeste que, ao mesmo tempo, em que se exaltam, se deixam apresentar como pedintes, excluídos, marginais e miseráveis, vítimas da seca e da hostilidade da natureza.” (Ibid, p. 8)

É importante percebermos que tanto Vasconcelos quanto Albuquerque assumem a construção de uma identidade imagético-discursiva, através da visão exterior (Euclides da Cunha) como também da interior (corrente regionalista), apontando para o imaginário nacional como construção discursiva e literária de intelectuais, negando,

muitas vezes, aspectos materiais. A seca, o sertão, o ambiente (às vezes inventados) e a raça, por fim, prevalecem ainda hoje como referenciais para a compreensão do universo da região Nordeste. Poderíamos exemplificar através do mito da seca, entretanto, sendo um assunto muito amplo, não podemos nos deter em sua explicação. A autora, por fim, declara: “Esta (...) divisibilidade abriu brechas para se deixar ser apresentado pejorativamente pelo outro, que, por sua vez, se aproveita da ambiguidade e fragilidade desse discurso (...)” (Ibid, p.9). A construção é, enfim, firmada sob o discurso específico das elites, acabando por reforçar visões preconceituosas de início do século. III Em contraponto à tese imagético-discursiva, Camila Teixeira Lima apresenta outros pontos relevantes à discussão; alguns como antítese da teoria exposta em II e outros como complementos a fim de melhor compreender a teia de significados simbólicos e materiais que compõem a imagem e espaço do nordestino e da região Nordeste inseridos no Brasil. Seu artigo não se detém em muitos aspectos, mas em dois principais. São eles: a) composição do espaço enquanto influência nos aspectos culturais, b) consideração das bases materiais de vida, tais como a divisão regional do trabalho e os fatores políticos e econômicos da seca nordestina, negligenciadas pelo discurso meramente imagético-discursivo. Antes de expor os pontos acima citados, a autora reitera a importância do discurso na composição do povo e espaço nordestino, deixando clara a importância de autores como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz; acrescentando, entretanto, a literatura produzida após o movimento regionalista, esta que abre novas possibilidades de se descrever a região e o povo que a habita, através de “novas lentes”. Em suas próprias palavras: “Existem novas possibilidades de se pensar o sertão, na medida em que autores contemporâneos podem nos fornecer outra imagem do Nordeste, se utilizando de lentes diversas daquelas usadas pela literatura precedente. Estes novos olhares, no entanto, não podem ser entendidos como antíteses das representações desta literatura predecessora.” (LIMA, 2014, p.2)

Para além da ideia de elite intelectual, a autora afirma a autonomia do povo, colocando a ideia de que se apenas os intelectuais constroem uma representação de sua região, o povo permanece submisso a uma visão construída por outrem (Ibid, p.4) que,

talvez, não o represente. Tal submissão é impossível, é socialmente impossível, visto que o povo é também influente em sua própria representação, é dinâmico e assume as rédeas da própria história, representando-se, por exemplo, através de artes populares, como o artesanato e o cordel. É evidente que há, e muito, a influência da mídia e das representações feitas pelos intelectuais, mas não são apenas estes os fatores que determinam a imagem do nordestino, como parece defender a tese imagético-discursiva. Daí a ideia de que a representação do nordestino é, em si, uma teia de representações, advinda de diversos locais, desde a elite intelectual e econômica à população de maneira geral. Ao aprofundar a ideia de autonomia da população enquanto formadora da própria representação, a autora encontra outro ponto negligenciado pela tese imagéticodiscusiva: a materialidade do espaço. Partindo do princípio de que o discurso é o único fator determinante, o espaço enquanto materialidade é transferido para o campo subjetivo, abstrato; e, portanto, não é social, não influencia no desenvolvimento dos aspectos sociais. Criando a oposição naturalidade (geografia) vs. artificialidade (história), o autor desconsidera diversos aspectos culturais, sociais e políticos por considerá-los artificiais e passíveis de construções subjetivas, abrindo, margens, assim, para falhas, ou melhor, desconsideração de alguns aspectos que merecem pontuação. A elaboração de discursos, de percepções, de subjetividades é algo comum e constante na sociedade e, por isso, Durval [Albuquerque] tem razão quando afirma que existe uma invenção do nordeste. Mas esta invenção não é apenas artificialidade. Não é despregada da realidade, do espaço, de uma objetividade. Os objetos, territórios ou regiões não são imposições apenas naturais em oposição aos discursos e percepções desses territórios (...) (LIMA, 2014. p.6)

Um destes aspectos negligenciados é a divisão regional do trabalho, que trouxe à região algumas sequelas relacionadas ao desenvolvimento histórico do capitalismo e da formação da burguesia mercantil. A transição da base econômica açucareira para a base algodoeira-pecuarista, por exemplo, acarreta a inserção do Nordeste na economia propriamente capitalista (Ibid, p.8). A partir disso, temos o processo de formação de elites econômicas e políticas, como observamos no atual cenário. Algumas famílias historicamente favorecidas perpetuam uma ordem bastante desigual, como é o caso dos latifúndios e a criação do mito da seca. Este que, inclusive, permeia muito as discussões de representação do Nordeste, visto que sua existência depende da seca, entretanto esta

mesma seca é exageradamente colocada como fator de sobrevivência da população, caindo diversas vezes em determinismo geográfico e/ou biológico, como faziam os autores em início do século XIX. O mito da seca, portanto, relaciona construções diretamente envolvidas com o espaço às construções imagético-discursivas, demarcando a difícil relação entre materialidade e abstração, subjetividade. E a evidente teia de significados por trás das representações da região Nordeste do Brasil.

IV É notável a amplitude do tema tratado, passando pela busca de uma identidade nacional até à História da Sociologia no Brasil, pincelando a importância dos movimentos literários brasileiros ao longo do século XX. Analisando o tema dessa forma, pude perceber a construção histórica e sociológica dos ainda vigentes preconceitos e pré-conceitos em relação aos nordestinos e à região Nordeste brasileira. É possível relacionarmos tal construção às representações que desde infância nos ensinam sobre o continente africano, mostrando-o como um lugar habitado apenas por animais exóticos ou tribos indígenas, deixando para trás os estigmas, por exemplo, da colonização europeia neste mesmo continente. Como vimos, são veladas certas situações, naturalizando-as (como é o caso do mito da seca) ou até mesmo tornando-as artificiais (como é o caso da representação do sertanejo). Em certa medida, o tema é tão complexo que separa teorias e visões, como os próprios artigos trabalhados demonstram. Não é possível esgotá-lo, devido à sua grande abrangência. É possível, sim, percebermos que os preconceitos pós-eleições de 2014 possuem uma raiz, profunda; portanto difícil de retirá-la. Mesmo difícil, sabendo de suas origens em movimentos intelectuais e/ou estéticos, sua solução não é impossível. São claras atualmente as tendências da mídia, e até mesmo da escola, em perpetuar certa tradição relacionada aos interesses econômicos de elites bastante restritas e, às vezes, cínicas quanto aos problemas sociais que mantêm. É uma situação bastante desonesta, visto que a população é de alguma maneira desprezada, apesar de se manter firme, e ainda hoje atrair diversos olhares analíticos por suas representações e cultura populares.

Por um lado, as representações pré-concebidas que validam, até certo ponto, a tese imagético-discursiva de invenção do nordeste; por outro, a própria dinâmica interna, onde o povo é subjulgado pelas elites econômicas, mas não submisso. A submissão pressupõe silêncio, e o silêncio não é de forma alguma uma alternativa dessa população. A própria Guerra de Canudos, descrita por Euclides da Cunha em início do século XX, demonstra a insatisfação popular referente às injustiças praticadas há muito tempo. Desde a Colonização. As representações mudam, mas ainda assim são mantidos resquícios históricos de preconceito. É preciso fugir de realismos ingênuos, e perceber que a realidade ultrapassa a construção (tendenciosa) de elites. BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2007 BONFIM, Paulo Ricardo. Cultura Brasileira e Identidade Nacional, de Renato Ortiz (resenha). In: Revista Científica da Faex. Edição 03, ano 02, 2013. p. 161-8 LIMA, Camila Teixeira . A inversão do Nordeste: notas críticas à tese de Durval Muniz de Albuquerque Jr. In: 1FPPGS - 1º Fórum do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH/Unicamp, 2014, Campinas. Anais do 1º Fórum do Programa de Pós-Graduação em Sociologia do IFCH/Unicamp. Campinas: Edição: Caderno de Trabalhos Completos Henrique Pasti, 2014. v. 1. p. 133-146. PIMENTA, Beatriz. Estética e etnografia: abordagens da cultura popular brasileira. 2008. (Seminário). II Seminário de Pesquisadores do PPGARTES Instituto de Artes ART/UERJ. Disponível em: Acesso em 31 de maio, 2015. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 1971 VASCONCELOS, Cláudia Pereira. A construção da imagem do nordestino/sertanejo na constituição da identidade nacional. Trabalho apresentado ao II ENECULT Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Faculdade de Comunicação/UFBa, Salvador: Bahia, 2006. Disponível em Acesso em 01 junho, 2015.

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