Resenha: A importância geopolítica da Bolívia e a integração da América do Sul – Luciano Wexell Severo

June 1, 2017 | Autor: I. Henrique Vieira | Categoria: Bolivia, Geopolítica, Heartland Theory
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Ivanildo Henrique Vieira Antropologia – Turma 2012

Resenha: A importância geopolítica da Bolívia e a integração da América do Sul – Luciano Wexell Severo O autor inicia o artigo fazendo um esboço histórico geral sobre a concepção e desenvolvimento da teoria de Halford Mackinder sobre a Heartland. Segundo essa teoria o mundo estaria dividido em três grandes zonas, a saber: o Grande Oceano, a Ilha Mundial e as Ilhas-Continentes Menores. Após essa apresentação sobre a teoria de Mackinder, Wexell nos trás as interpretações propriamente sulamericanas (excetuando Lewis Tambs que é estadounidense) dessa teoria e cita os autores mais influentes que re-pensaram a Heartland com vistas à América do Sul. Os autores utilizados são, o já citado norteamericano Lewis Tambs, o brasileiro Mario Travassos e os bolivianos Jaime Mendoza, Alipio Valencia Vega, Alberto Ostria Gutierrez, Guillermo Francovich e Valentin Abecia Baldivieso. Para Mackinder, a área privilegiada geopoliticamente falando, se encontraria na Eurásia, sendo uma região adentrada ao continente, caracterizada por muralhas naturais, rios caudalosos, amplos campos com potencial cultivo agropecuário, rica em minérios, além de facilidade de acesso e expansão para todas as direções. Partindo dessa concepção de Heartland de Mackinder, Travassos observa que a Bolívia estaria a nível continental sulamericano em uma localização geográfica privilegiada. Teria a seu favor os três grandes acidentes geográficos da América do Sul: a Cordilheira dos Andes que divide o subcontinente de Leste a Oeste, além das bacias hidrográficas do Rio da Plata ao Sul e a do Rio Amazonas ao Norte.

O autor do artigo expõe em seguida as interpretações do militar brasileiro sobre as movimentações geopoliticas da Argentina que, controlando a desembocadura dos Rio da Plata, buscava aumentar sua área de influência sobre o território boliviano, do mesmo modo em que o Brasil deveria agir afim de fazer valer seus interesses sobre a região sulamericana (não a toa o livro de Mario Travassos foi publicado em 1935 em sua segunda edição com o nome de “Projeção Continental do Brasil”). Assim, do mesmo modo que Mackinder identifica uma área no centro da Eurásia como fortaleza natural que permitiria ao Estado que a domina-se uma posição privilegiada sobre o resto do mundo, Travassos vê no denominado por ele “Triangulo Estratégico” (Santa Cruz de la Sierra, Cochabamba e Sucre) a localização privilegiada na América do Sul. Apesar destes apontamentos de Travassos, o autor do artigo, baseado em outros autores sustenta que o militar brasileiro ´´em momento algum´´ entreviu a Heartland de Mackinder no altiplano boliviano, sendo o responsável por isso o estadounidense Lewis Tambs. Para Tambs ´´quem controla Santa Cruz, controla Charcas, quem controla Charcas, controla o Heartland e quem controla o Heartland controla a América do Sul´´. Adiante no texto, Severo aponta o fato que com a descoberta de novas riquezas os limites do Heartland sulamericano se expandem, passando a incluir o norte da Argentina, o Paraguay e o Centro-Oeste brasileiro. Essa expansão de limites foi levada a cabo especialmente pelos ´pensadores´ militares Couto e Silva (Brasil) e Pinochet (Chile) e além do valor geoestratégico adicionam à região propriedades de valor importantíssimo para a “Doutrina de Segurança Nacional”. Para a Bolívia os três grandes confrontos bélicos em que se envolveu, foram desastrosos, onde chegou a ter a diminuição de dois terços de seu território. Na Guerra do Pacífico (1879-1883) perdeu sua única saída para o mar. Na Questão do Acre (19021903), o Estado Boliviano incapaz de defender suas províncias remotas do nordeste, opta por deixá-la nas mãos do Anglo-Bolivian Syndicate de Nova Iorque, entretanto devido as tensões com o governo brasileiro, em 1903 decidi ceder o território do Acre ao Brasil,, em troca de dois milhões de libras esterlinas e uma proposta de saída para o Atlântico via ferrovia Madeira-Mamoré. Por fim na Guerra do Chaco (1932-1935) os dois países mais pobres da América do Sul (Bolívia e Paraguay) lutaram por um território desértico. Segundo o autor, o

enfrentamento teria relação com a descoberta de petróleo na região na década de 1920. No entanto, outros autores citados no artigo apontam interesses muito mais estruturais. Para a Bolívia, o Chaco seria uma região-chave, devido a possibilidade de ser uma saída para o Atlântico via Rios Paraguay e da Prata, porém a empreitada acabou tornando-se outro fracasso. Após o fim da Guerra do Chaco, algumas medidas tomadas pelo governo boliviano teve grandes impactos no ordenamento estrutural do chamado “Triângulo Estratégico” que repercutem até hoje. A abertura de uma série de caminhos e estradas promoveu o aumento das cidades. Santa Cruz de la Sierra, deixou de ser uma pequena cidade para transformar-se em importante centro de articulação continental e um motor econômico da Bolívia. Além disso os processos de integração, tanto a nível nacional quanto com o Brasil e mais recentemente com os esforços do IIRSA, promovida pela UNASUL, pode estimular as relações em vários níveis (social, politico, econômico, cultural...)a nível regional e continental, fato que, esperamos irá trazer muitos benefícios para toda a nossa América do Sul. Soma-se a isso a possibilidade de ingresso da Bolívia no Mercosul, a importância do território (e não podemos esquecer, do(s) povo(s)) boliviano(s) só tende a aumentar. Aguardamos ansiosamente que com isso, se estreitem sempre mais os laços que unem nossos países hermanos e, juntos, diversos e em unidade, possamos por fim sair da ´´larga noche neoliberal´´ e caminharmos para um futuro mais ameno, essa é a meta.

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