Resenha Canção de Protesto

July 25, 2017 | Autor: Augusto Armondes | Categoria: Music History, História da Música, Música Popular Brasileira, História Da Mpb
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Resenha sobre o texto "Edu Lobo e Carlos Lyra, O nacional e o popular nas canção de protesto (os anos 60)"

Augusto César Pereira Armondes

O texto de Contier faz uma conexão entre as canções de protesto e os discursos do Centro de Cultura Popular na década de 60. Nesse momento da história do Brasil, o país acaba de modernizar-se e impulsiona intelectuais a discutirem os rumos da nação. Músicos como Edu Lobo e Carlos Lyra utilizam em suas composições influencias do impressionismo, jazz e o modernismo para difundir seus ideais políticos entre a população.
Dentro desse contexto de politização da população, de busca por um país justo, de se buscar o que a nação deseja, foram utilizados alguns elementos que representariam a brasilidade, como a moda-de-viola e os ritmos sincopados, em conjunto com o conteúdo político das letras, hora mais nas entrelinhas, hora mais escancaradas, para aproximar do popular, ser uma mensagem de fácil digestão. Isso atingiu em cheio certos grupos, como os estudantes e os profissionais liberais, que estavam sintonizados com essa ideia. Assim criou-se uma matriz para esse trabalho, a partir das músicas Arrastão e Upa Neguinho.
O Centro Popular de Cultura influencio Edu Lobo e Carlos Lyra de forma expressiva em suas composições. Esses ideais revolucionários de igualdade disseminados por intelectuais utilizados nas músicas geraram contradições no aspecto político e estético. Ora as canções seguiam um estilo; ora seguiam as diretrizes da TV; etc. Outro fator que aproximou os compositores ao CPC e ao Teatro de Arena foi a inexistência de programas voltados para a música e a arte pelo PCB, que possuía um discurso social que os agradava. Eles exploraram bem as figuras do morro, excluídos sociais dos centros urbanos, e do sertão, com a miséria, a fome, manipulação religiosa e coronelismo. O cepecista deveria ser então um artista engajado com a situação social do pais, o arauto das vozes caladas pela situação, e conscientizar politicamente a população.
Nesse cenário a canção de protesto tomou força. Os críticos, muitas vezes ligados aos CPC's, a consideravam como verdadeiramente revolucionária, capaz de transformar opiniões e despertar no povo o seu poder modificador da sociedade. A clareza, simplicidade e objetividade foram a tônica estética nas canções.
O morro e o sertão tiveram papel importante nas canções de protesto. Com o crescimento e a ideia de que o Brasil realmente iria pra frente, muitos estrangeiros vieram pra cá, trazendo assim seu gosto por músicas que não eram brasileiras. A importação de sons norte-americanos, franceses, italianos foi muito intensa tanto no rádio quanto na televisão, e essa nossa brasilidade foi afogada pelo capitalismo. Assim o morro, com o samba, e o sertão, com sua viola caipira e a simplicidade, tornaram-se a âncora a qual os compositores se apoiaram para exaltar essa brasilidade enfraquecida.
A televisão sempre foi um ponto forte nas dinâmicas sociais. Ela representava a alienação, o capitalismo desenfreado. Porém era um meio de difusão espetacular, devido ao seu alcance. Músicos engajados com esse discurso cepecista perceberam esse poder da televisão e a utilizaram para, através da música, propagar suas ideias. Ou seja, o mesmo veículo que alienava era também agora o que elucidava a massa brasileira.
O Show Opinião merece destaque pelo sucesso que alcançou. Nele tínhamos a exaltação do morro e do sertão mais uma vez. As músicas que compunham a peça eram abertamente carregadas de discursos sociais. Foi um dos maiores sucessos do teatro brasileiro.

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