Resenha crítica do livro \"Ensaio sobre a Cegueira\" de José Saramago Alunos: Yuri Ribeiro Mota, Lucas Porto Guimarães de Cerqueira e Gilcleider Altino Disciplina: Língua Portuguesa

October 15, 2017 | Autor: Yuri Mota | Categoria: Resenha critica, Ensaio Sobre a Cegueira
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Resenha crítica do livro "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago

Alunos: Yuri Ribeiro Mota, Lucas Porto Guimarães de Cerqueira e Gilcleider
Altino Ribeiro Júnior.

Curso: Direito Data: 12/11/2014

Disciplina: Língua Portuguesa

Referências Bibliográficas

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. 6 ed. São Paulo: Companhia Das
Letras, 1995.

http://vestibular.brasilescola.com/resumos-de-livros/jose-saramago.htm

Credenciais do autor

José Sousa Saramago nasceu no dia 16 de novembro de 1922, na aldeia
ribatejana de Azinhaga (Goligã), uma aldeia ao sul de Portugal. Em 18 de
junho de 2010, aos 87 anos, faleceu em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas
Canárias. Reconhecido como um autodidata, Saramago antes de se dedicar
exclusivamente à Literatura, trabalhou como serralheiro, mecânico,
desenhista industrial e gerente de uma editora. Apreciava tudo que chegava
às mãos, lendo bastante, ampliando assim seus conhecimentos.

No ano de 1991, o escritor publicou "O Evangelho Segundo Jesus Cristo",
essa obra foi censurada pelo governo, fato que o levou a exilar-se em
Lanzarote, Ilhas Canárias (Espanha).
Em 1998, Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, sendo o primeiro
autor de Língua Portuguesa a receber tal prêmio. O seu livro Ensaio sobre a
Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão,
Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O
Fiel Jardineiro e Cidade de Deus).

Resumo da Obra

Bem, o livro narra a história de diversos indivíduos, que curiosamente não
recebem nomes, sendo assim, são tratados apenas por alguma característica
do mesmo. Como por exemplo: O médico, A mulher do médico etc. Tudo começa
quando um cidadão comum, torna-se cego, sem nenhuma explicação, enquanto
estava dirigindo, parado em um sinaleiro. Logo, recebe a ajuda de algumas
pessoas que por ali estavam, com destaque para um homem, que o levou em
casa e aproveitou para lhe roubar seu carro, ou seja era um ladrão.

O cego, o primeiro a sofrer com tal "doença" diga-se de passagem, vai ao
médico com sua esposa. Então nada lhe é constatado, não é encontrado uma
explicação para tal ocorrido, o doutor o libera ao crer que era algo
passageiro advindo de algum problema psicológico casual. Então de forma um
pouco surpreendente o médico se torna, também, cego espontaneamente, e
assim como os outros, ao contrario de se ver tudo escuro, na verdade as
vistas se embranquecem, o mundo some em meio ao branco. Casos como esses se
espalham pela cidade, que curiosamente também não recebe uma nomenclatura.

Então se dá inicio a parte mais inquietante, do bom modo da palavra, e
brilhante da obra. O governo cria um "asilo" ou algo do tipo, um lugar
fechado, extremamente vigiado, até mesmo por integrantes do exercito, com
liberdade para atirar em quem tentar escapar. Para esse lugar é mandado
"levas" de cegos, graças ao medo do contagio da tal doença sem explicação.
Quando o médico oftalmologista é obrigado a ir, eis que sua mulher menti ao
dizer que é cega, que provoca então uma nova visão no texto, que abre
portas para novos caminhos ao longo dele.

Eis então que o "sanatório" é o espaço principal da obra. Um lugar com
camas, quartos, explicações em vídeo (desnecessário) e áudio, dando-lhes
orientações de como ali viver. Com o tempo, mais pessoas contaminadas
chegam ao local. Os espaços grandes e vazio se tornam pequenos e apertados.
A higiene perde seu sentido naquele lugar, com fezes e urina em meio a
população. Pessoas morrem ao tentar fugir, como o ladrão por exemplo. O
médico se remete ao sexo com a prostituta. Pra piorar, que por acaso já
estava a beira do absurdo, um grupo se rebela e passa a cuidar da
distribuição da pouca comida que recebiam. Enquanto isso, a mulher do
médico via tudo que ocorria, toda a horrível situação.

Eis então que o grupo que manipulava a comida, liderados por um homem
armado, e um "cego comum" que já possuía tal deficiência antes do acorrido
e sabia muito bem como lidar com o mundo sem enxerga-lo, pede as mulheres
em troca de comida. Após a primeira noite carnal entre eles e elas, e a
morte de uma delas, a "não cega" decide tomar uma atitude. Mata o então
líder com uma tesoura. Outra então incendeia o local. Muitos morrem mas um
grupo liderado pela mulher do médico, conseguem fugir e se deparam com uma
cidade desolada, tomada por cegos.

Em meio a um meio diferente de tudo aquilo que podiam imaginar, buscam
então sobreviver a ele. Encontram um local para se abrigarem e o médico e
sua mulher vão em busca de alimentos. Ao chegar em um supermercado
abandonado descobre-se um enorme depósito. Enche então sacolas com comida e
ao tentar sair de lá, depara-se com o instinto de sobrevivência humana.
Amontoam-se diversos cegos "esfomeados" para tentar lhe roubar a todo custo
o que, pelo cheiro, sabiam o que era. Quase sem ter para onde ir, se
marido, por meio do instinto lhe salva junto com uma sacola.

Destaca-se o encontro de uma igreja onde todas as estatuas estavam
vendadas, além de um cachorro que passa a ser parte do grupo. Decidem ir
para a casa do médico, que grande e espaçosa poderiam lhes bem acomodar. A
felicidade, então, após um longo e árduo tempo de tristeza comparece ao
meio. A relação entre a prostitua e o idoso fortalece. É então que a
surpresa fecha a obra com "chave de ouro". A visão começa a voltar para
eles, cegos após tanto tempo, deixando-os tão felizes como nunca.

Principais teses desenvolvidas

Saramago buscou através de uma narrativa em terceira pessoa, demonstrar o
que a cegueira coletiva, em um ambiente urbano comum á grande parte da
população mundial, pode provocar. Há de observar o momento em que a única
não cega do grupo encontra uma igreja em que todas as estatuas se
encontravam vendadas.

Talvez tenha sido uma forma do autor uma certa cegueira que a igreja pode
acabar impondo através da fé, afinal quem a tem acredita em algo e pronto,
o defende da melhor maneira que lhe convém. Quanto a cegueira ser branca,
não uma ofuscação pelo preto, pela escuridão, pode ser uma referência a luz
e a razão, que a grande maioria da sociedade vê apenas as sombras das
verdades e não ela por si mesmo. Que por mais que a dificuldade de se ver
ao utilizar a razão, no começo, depois se torna fácil ver o mundo como
realmente é e deve ser visto.







Crítica

"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor
sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa
tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das
experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 paginas de constante
aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é
preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso". (SARAMAGO, Planeta
educação).

O livro Ensaio sobre a Cegueira nos leva para uma reflexão social muito
importante de caráter humanista, em que as pessoas são tratadas como lixo e
sem importância pelo governo pelo simples fato de terem uma doença
inexistente ate aquele momento. São jogadas para que eles esperem a morte
em silencio, por julgarem não haver cura para aquela determinada doença.

"O Governo está perfeitamente consciente das suas responsabilidade e espera
que aqueles a quem esta mensagem se dirige assumam também, como cumpridores
cidadãos que devem de ser, as responsabilidades que lhe competem, pensando
que o isolamento em que agora se encontram representará, acima de quaisquer
outras considerações pessoais, um ato de solidariedade para com o resto de
comunidade nacional. Dito isso pedimos a atenção de todos acesas, será
inútil qualquer tentativa de manipular os interruptores, não funcionam,
segundo, abandonar o edifício sem autorização significará morte imediata...
décimo quinto, esta comunicação dos novos ingressados. O Governo e a Nação
esperam que cada um cumpra o seu dever." (EC: 50-51).

Mostrando o que é a sociedade de hoje, individualistas só pensando em si
mesmo. Podendo ajudar aqueles doentes, mas preferem os isolarem para não
serem contaminados também. Em todos os casos, as vitimas sofrendo tortura
psicologicamente para se adaptar aquela situação que não estavam
acostumados a viver, e o desespero deles só aumentavam a medida que
aumentava o numero de cegos também, chegando ao ponto de não haver comida
suficiente para todos.

A compaixão demonstrada apenas por uma mulher no filme inteiro, a que
arrisca sua vida para ajudar seu marido infectado também e agüenta ate
traição dele. No demais, a falta de compaixão presente no livro é imensa,
por ninguém ter coragem de coragem de ajudar essas pessoas e se escondem
atrás do governo com medo.

A satisfação do ser humano com as coisas ruins é impressionante, as
consequências das medidas tomadas por todos é impressionante, visando
apenas o seu bem estar próprio de não ficar doente, desqualificando o
material humano sem chance de defesa.

Nenhuma outra obra conseguiu expressar melhor esse sentimento de impotência
existente na sociedade atual, diante dos mecanismos que são utilizados para
isolar os mais necessitados de uma ajuda sem valor estimado. Cenas que
refletem o significado: o homem é o seus próprio caos, é aquilo que gosta
de ver sua própria destruição, aquele que tem prazer com isso.

A cegueira, acima de tudo, é uma metáfora para a hipocrisia da sociedade,
orgulhosa de seus aparentes bons modos. Uma situação que evidencia tal
afirmação ocorre através da camarata dos malvados.

Contudo, podemos concluir com a leitura que a fantasia do autos Jose
Saramago quer nos lembrar a responsabilidade de ter os olhos quando os
outros perde lembrando a mulher que ajudou todos os cegos em especial seu
marido na trajetória de isolamento de todos os doentes. Só no mundo dos
cegos podemos ver as coisas como realmente são, como as pessoas se
comportam nos momentos difíceis e nos de dificuldade estrema.
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