RESENHA CRÍTICA - MINTZBERG, Henry. SAFARI DA ESTRATÉGIA

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RESENHA MINTZBERG, Henry ; AHLSTRAND, Bruce ; LAMPEL, Joseph. O Safári da Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000. 1. CREDENCIAIS DOS AUTORES: Henry Mintzberg é um renomado acadêmico e autor de diversos livros na área de administração. Ele é Ph.D. pela MIT Sloan School of Management e atualmente é professor na McGill University, no Quebec, Canadá, onde leciona desde 1968, após ter concluído seu Mestrado em Gerência no MIT. Bruce Ahlstrand é membro da faculdade sênior do programa de Administração de Empresas na Trent University in Peterborough, Ontario. Na pós-graduação da University of Toronto, da London School of Economics e na Universidade de Oxford, tem vindo a contribuir para o campo da gestão estratégica durante muitos anos. Na Trent University, ensina cursos em Teoria da Organização e Gestão Estratégica. Joseph Lampel é Professor de Gestão Empresarial e Gestão da Inovação no Manchester Business School, da Universidade de Manchester. Joseph é bacharel em Física pela Universidade McGill, em Montreal, Canadá, e tem mestrado em Política Tecnológica da Universidade de Montreal. Ele recebeu seu doutorado em Gestão Estratégica pela Universidade McGill, em Montreal, em 1990. 2. RESUMO DA OBRA: O livro se trata de uma obra inovadora, reconhecida mundialmente, onde os autores trabalham a escola de pensamento de formulação de estratégias. O livro consiste em uma compilação de diferentes escolas de formulação de estratégia, descrevendo ao todo dez escolas e suas principais contribuições ao processo de formulação de estratégias, cada qual com uma perspectiva única. O autores iniciam fazendo uma reflexão a partir de uma fábula, os cegos e o elefante, que nos leva a conclusão de que a construção da estratégia é realizada com base na compreensão das partes, não apenas no entendimento do todo. Desta forma, eles abordam, por diferentes perspectivas, 10 escolas de pensamento sobre a formulação da estratégia e evidenciam que, apesar de terem percepções distintas e serem únicas, uma pode se fazer necessária para compreensão da outra. Justificando o título “Safári da Estratégia”, o livro elenca dez animais metafóricos, adaptando-os à cada escola apresentada, de acordo com suas características. Primeiramente, as escolas são dividas por sua natureza, que pode ser: • Prescritiva, que se preocupam mais em como as estratégias devem ser formuladas do que em como precisamente se formam. Composta pelas escolas de design, planejamento e posicionamento. • Descritiva, que consideram aspectos específicos do processo de formulação estratégica e preocupam-se com a descrição de como as estratégias de fato são e seus

desdobramentos. Encaixam-se nessa natureza as escolas empreendedora, cognitiva, de aprendizado, do poder, cultural e ambiental. • E configurativa, que busca a integração e formulação de estratégia, a fim de acarretar em mudanças estratégicas. Integra-se nesta natureza uma única escola, a de configuração. Os autores ainda explicam que o conceito de estratégia é analisado através dos 5Ps. O primeiro é o plano que é a idealização do futuro, ou seja, a apresentação de etapas para atingir os objetivos, entendida pelo texto como estratégia pretendida. O segundo é o padrão que observa a coerência do comportamento passado através da criação de padrões que resultem do planejamento, compreendida como estratégia realizada. O terceiro é a posição que reflete a localização de determinado produto em determinados mercados. O quarto é a perspectiva que analisa a maneira específica de uma organização fazer as coisas. E, por fim, a estratégia como um truque utilizando manobras específicas para enganar um concorrente. A seguir, serão apresentadas as 10 escolas de pensamento sobre formulação estratégica discorridas pelos autores: • Escola de Design: a formação de estratégia é vista como um processo de concepção, conceitual e informal. Visa à adequação entre as capacidades internas (pontos fortes e pontos fracos) e as possibilidades externas (oportunidades e ameaças) com o intuito de manter a empresa em posição competitiva no ambiente, percebe-se a relevância da matriz SWOT como base da Escola. O animal relacionado a esta Escola é a aranha, pois escolhe seu ambiente, analisa e a partir daí se prepara para reações do ambiente. • Escola de Planejamento: a formação da estratégia é vista como um processo formal, dispondo de instrumentos formais, estruturados e numéricos, a fim de seguir um modelo estratégico. Realiza-se um estudo formal para "pensar a estratégia". Parece muito com a Escola do Design, a principal diferença é a formalidade com que a questão estratégica é tratada. O animal relacionado a esta Escola é o esquilo, com a sabedoria de reunir e organizar os recursos necessários para situações adversas advindas com o futuro. • Escola de Posicionamento: a formação de estratégia é vista como um processo analítico, que vê a estratégia como a escolha deliberada de posicionamentos competitivos por meio de processos analíticos de decisão. O administrador é mais analista, faz uma análise dos fatos passados e dos dados estatísticos, a fim de planejar o futuro. O búfalo é o animal que representa esta Escola, escolhendo a sua posição e se estabilizando a partir de uma análise contextual. • Escola Empreendedora: a formação de estratégia é vista como um processo visionário, informal e baseia-se no papel e visão dos líderes e empreendedores. Almejando o que pode ser alcançado, essa Escola é representada pelo lobo. • Escola Cognitiva: a formação de estratégia como um processo mental que trata a estratégia do ponto de vista dos processos mentais envolvidos na sua elaboração e implementação através de novos conceitos e inovações radicais. Utilizando a sabedoria e a reflexão, esta Escola tem como representação a coruja. • Escola de Aprendizado: a formação da estratégia é vista como um processo emergente, que agi com um comportamento que estimula o pensamento para os acontecimentos passados para que se possa compreender determinada ação. Apresenta a

estratégia como um processo exploratório baseado em tentativa e erro. Esta Escola é representada pelo macaco, animais com potencial de adaptação e aprendizado pela percepção ambiental. • Escola do Poder: a formação da estratégia é vista como um processo de negociação, é abertamente influenciada por relações de poder e da política. Nada além do normal, esta Escola é representada pelo rei da selva, o leão. Animal que transmite a ideia de poder. • Escola Cultural: a formação da estratégia é vista como um processo coletivo, de interação social, baseado nas crenças e nos consensos dos participantes de uma empresa, os quais são adquiridos a partir de processos de socialização. Pois, a cultura da empresa influencia a sua forma de ver o mundo e definir suas estratégias. Esta Escola é representada pelo pavão, sempre belo, ele permanece enraizado culturalmente. • Escola Ambiental: a formação da estratégia é vista como um processo reativo. A organização é passiva, reage aos estímulos, isto é, o ambiente é o fator determinante para percepção e desenvolvimento do processo de estratégia. O avestruz é o animal que representa esta Escola, pois não interage com o ambiente. • Escola da Configuração: A estratégia é vista como um processo de transformação, através de mudanças estruturais e inovações. É realizada uma síntese das nove escolas anteriores, enfatizando o caráter transitório e contextual das estratégias. Nada mais justo, esta Escola é representada pelo camaleão, animal em constante transformação para se adaptar ao ambiente. 3. APRECIAÇÃO DO RESENHISTA: O autor adotou uma metodologia diferente para tratar do processo de estratégia: iniciou o livro com um poema sobre cegos e suas definições acerca da parte que sentiram de um elefante. As escolas de formulação de estratégia citadas no livro são derivadas da analogia da percepção dos cegos a cada parte sentida do elefante, focando, ao final, que é preciso realmente conhecer o todo para entender a organização, mas que só se conhece o todo ao se conhecer as suas partes, que seriam as escolas, e o todo, a estratégia. Assim, de acordo com a leitura, constata-se que as escolas devem ser analisadas individualmente para o entendimento do quadro geral, uma não exclui a outra, assim como para se ver o elefante é necessário analisar todas as suas partes. O processo de formulação estratégica no mundo real poderá incluir uma ou mais escolas de pensamento estratégico, dependendo da realidade da empresa. Desta forma, as dez escolas de estratégia contribuem para a formação da estratégia de uma empresa, pois elas se mesclam e se complementam, sendo que a estratégia adotada num determinado momento ou situação deverá ser a que melhor atende a realidade da empresa. O livro é bastante didático e de grande importância para as organizações, especialmente no que tange aos ensinamentos das escolas, suas limitações, contribuições e desvantagens. Uma organização deve pautar-se no que considerar mais adequado à si própria e o processo de formulação de estratégias, quanto mais adequado for à empresa, mais chances terá de levá-la ao sucesso.Vale ressaltar que este processo poderá incluir uma ou mais escolas de pensamento estratégico, dependendo da realidade da empresa. Contudo, o fracasso também

pode vir a ocorrer e, segundo Mintzberg, pode ser atribuído muito provavelmente aos gestores formados em administração que saíram das escolas com um conjunto incompleto de ferramentas.Neste sentido, esse livro é de grande ajuda, pois procura abrir várias perspectivas, fornecendo um conjunto mais variado de idéias para esses ex-alunos e gerentes.

Vicente Costa, Engenheiro Civil, MBA em Gerenciamento de Projetos

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