RESENHA CRÍTICA - MOREIRA, Marco Antonio. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. 1999

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RESENHA CRÍTICA MOREIRA, Marco Antônio. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. Brasília: Editora Universidade de Brasília. 1999

1. CREDENCIAIS DO AUTOR: Licenciado em Física, Prof. Marco Antônio ensina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desde 1967. Ocupa a cadeira de professor titular no Instituto de Física da UFRGS, é Mestre em Física pela própria UFRGS, PhD em Ensino de Ciências pela Cornell University e tem uma série de publicações, entre livros e artigos, a respeito da área de ensino e aprendizagem, com um destaque para a aprendizagem significativa. 2. RESUMO DA OBRA: A obra é composta por dois textos independentes, que tratam a respeito da aprendizagem significativa. Nestes textos, o autor utiliza-se de exemplos didáticos e faz referências a outros autores de renome para dar sustentação teórica à sua proposta, demonstrando como a aprendizagem significativa está inserida no conceito destes outros autores. O primeiro texto, ou primeira parte da obra, se apresenta como um esclarecimento à questão que existe em torno da avaliação da aprendizagem significativa. O autor inicialmente conceitua o que é aprendizagem significativa, segundo quem desenvolveu a própria teoria, David Ausubel, mostrando como ela se contrapõe à aprendizagem mecânica, pelo fato de carecer de uma interação com aspectos cognitivos do receptor, ou seja, de quem está aprendendo. Desta forma, define-se que a aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Logo depois de apresentar este conceito, Moreira diferencia a formas como a informação se torna significativa (por recepção ou por descoberta) e apresenta as condições para que a aprendizagem significativa ocorra, destacando os dois fatores principais para isso: a natureza do material apresentado e a natureza da estrutura cognitiva do aprendiz. Quando estes dois fatores interagem da forma correta e a aprendizagem significativa acontece, ocorre o que Ausubel chama de assimilação. Para melhor visualizar este processo é apresentado um fluxograma com as etapas da assimilação e a partir desta representação o autor aprofunda este conceito e apresenta diferentes formas de assimilação (obliteradora, subordinada e superordenada). Uma vez conceituada a aprendizagem significativa e os fatores que giram em torno dela para que aconteça, Moreira inicia uma discussão em torno do conceito de aprendizagem apresentado por Novak, pois este autor propôs acrescentar a avaliação ao elementos comuns do fenômeno educativo, que até então só eram considerados o aprendiz, o professor, a matéria de ensino e a matriz social. Depois de apresentar alguns princípios considerados importantes por Novak e outro autor, Gowin, para a aprendizagem significativa e discorrer a respeito de fatores facilitadores da aprendizagem significativa, Moreira finalmente inicia sua abordagem em torno da avaliação da aprendizagem, de como e quando ela deve ocorrer. O

autor questiona os métodos tradicionais e mostra que podem não ser adequados para avaliar a aprendizagem significativa. Ele critica os instrumentos convencionais, testes e provas, e a forma como utilizam-se de simples exercícios para avaliar a aprendizagem do aluno e sugere que ao invés de exercícios sejam utilizados verdadeiros problemas, que sejam apresentadas tarefas sequencialmente dependente, onde seja incentivado a identificação de significados de um conceito ou proposição, e sempre trabalhando em torno de situações novas e não familiares. Visto a dificuldade de moldar os instrumentos convencionais de avaliação, Moreira traz em discussão a necessidade de novos instrumentos de avaliação que estejam de acordo com o conceito de aprendizagem significativa, finalmente introduzindo a proposta de Novak e Gowin. Estes dois autores propõem como novos instrumentos de avaliação os mapas conceituais, o Vê epistemológico e a entrevista. De imediato, Moreira já elimina a possibilidade de utilizar a entrevista como método avaliativo, já que, além de não se tratar de um novo instrumento, é de difícil aplicação, apresentando inviabilidade prática para a avaliação da aprendizagem. A partir daí, Moreira discorre a respeito dos outros dois instrumentos de avaliação, defendendo as suas vertentes, e fala a respeito da mudança conceitual que deve ser realizada, enfatizando a necessidade de que ela seja feita de forma progressiva. Finalizando o primeiro texto, o autor apresenta imagens de cinco avaliações realizadas por professores que utilizaram os instrumentos propostos por Novak e Gowin, para dar ao leitor uma idéia da potencialidade do mapa conceitual e o Vê epistemológico. O segundo texto, ou a segunda parte da obra, é apresentado por Moreira como um complemento do primeiro texto. É um texto mais breve e objetivo, e nele, o autor analisa como a aprendizagem significativa está inserida em diferentes conceitos e abordagens de outros teóricos desta área de estudo, e neste sentido, apresenta as teorias de aprendizagem de Piaget, Kelly,Vygotsky, Johson-Laird, Novak e Gowin, os dois últimos já citados no primeiro texto. Antes disso, Moreira explica brevemente do que se trata a aprendizagem significativa, qual o conceito segundo Ausubel e esclarece de maneira sucinta como o conhecimento prévio, ou seja, a estrutura cognitiva do aprendiz, está diretamente relacionado com a aprendizagem significativa, sendo uma variável crucial para o seu sucesso. Uma vez explanada a aprendizagem significativa, Moreira inicia a sua análise de cada teórico, apresentando os princípios de cada um e como a aprendizagem significativa está inserida nestas abordagens. Primeiramente ele traz a ótica de Piaget, discorrendo a respeito de seus conceitoschave, que são a assimilação, a acomodação, a adaptação e a equilibração. Após uma breve explanação, Moreira conclui afirmando que Piaget não enfatiza o conceito de aprendizagem, mas sua teoria é de desenvolvimento cognitivo, o que permite relacioná-la à aprendizagem significativa, comparando o conceito piagetiano de assimilação com a aprendizagem significativa subordinada derivativa e o conceito de acumulação, por sua vez, à aprendizagem significativa superordenada. Essas duas vertentes da aprendizagem significativa são explicadas no primeiro texto. E da mesma maneira, Moreira leva essa perspectiva de comparação aos outros teóricos, relacionando a aprendizagem significativa aos os construtos pessoais levantados por Kelly, aos instrumentos e signos questionados por Vygotsky, aos modelos mentais propostos por Johson-Laird, ao enfoque humanista defendido por Novak e ao "desempacotamento" de conhecimento do ser humano estudado por Gowin. Após todas as comparações, Moreira

finaliza esta segunda parte da obra destacando que apesar dessas abordagens dos outros teóricos apresentarem a sua própria contribuição para o ensino de uma forma geral, a aprendizagem significativa em sua essência, desenvolvida por Ausubel, e até mesmo o aprofundamento proposto mais tarde por Novak e Gowin, tem maior utilidade prática para o professor na tarefa de transmissão de conhecimento em sala de aula. 3. APRECIAÇÃO CRÍTICA DO RESENHISTA: O autor apresentou de uma forma muito eficaz a importância da aprendizagem significativa e como ela deve ser prezada pelos professores. Para dar uma sustentação concisa à sua proposta, Moreira retomou diversos estudos elaborados por grandes teóricos da área, e analisou como a aprendizagem significativa está inserida, mesmo que algumas vezes indiretamente, em cada uma das abordagens destes teóricos expostos nesta obra. O autor ainda esclarece a dúvidas quanto ao processo avaliativo desta "nova" perspectiva (entende-se como nova, por não ser aplicada de forma prática nas salas de aula) de transmissão de conhecimento, deixando claro que é possível realizar essa transição de conceitos, de uma forma progressiva, para que a aprendizagem seja concebida, em sua melhor forma, significativamente. 4. INDICAÇÕES DA OBRA: Recomendo este livro àqueles envolvidos com atividades de ensino e transmissão de conhecimento, seja no ambiente educacional como também em ambientes organizacionais, já que a integração de informação no ambiente de trabalho exige a prática do ensino, de certa forma, entre o transmissor da informação e o receptor. Os modelos práticos apresentados pelo livro podem também apresentar bastante utilidade para solução de problemas culturais enraizados na comunidade de ensino. Vicente Costa, Engenheiro Civil, MBA em Gerenciamento de Projetos

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