Resenha de A Consciência e a Vida- Bergson

July 13, 2017 | Autor: Carlos Orellana | Categoria: Henri Bergson, Bergson, Fenomenología
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La conscience et la vie  Henri Bergson, PUF, 2011, Paris        A  conferência  “A  consciência  e  a  vida”  foi  realizada  por  Bergson  em  29  de  maio  de  1911,  na  universidade  Birmingham,  também  foi  chamada  de  “conferência  Huxley”,  ardente  defensor  do  darwinismo.  Constitui­se  numa  das  primeiras  conferências  na  Inglaterra  de  Bergson.  Na  apresentação  do  artigo  “A  consciência  e  a  vida”,  Bergson  traz  a  legitimidade  da  discussão  do  sentido  da  vida,  a  produção  de pensamento e sobre o método filosófico adotado “linhas de fatos”  (direções de probabilidades e sua articulação).    Neste  artigo,  Bergson  adota  uma  linha  de  raciocínio  sobre  os  mecanismos  de  produção  de  pensamento  e  de  conhecimento  bem  como  a  sua  visão  crítica  sobre  essas  produções.  Bergson  acredita  que  não  pode  ser  através  do  conhecimento  matemático  ou  analítico  das  ciências  duras  que  poderemos  encontrar  os  caminhos  para  os  grandes  problemas.  Entretanto,  nas  diversas  regiões  da  experiência, que podemos perceber diversos fatos e  mostrar uma direção. No conjunto  dessas  experiências  vividas  que  levam  a  uma  acumulação  de  probabilidades,  isto  é,  pela  convergência  dessas  experiências,  suas  correções,  adições  e  retoques;  a  ciência  se  constitui  em  colaboração.   Neste  sentido,  a  consciência para Bergson é, de modo geral, uma força espiritual, mas que a todo  momento  se  recusa  a  definir;  Bergson  apresenta  algumas  características.  Toda  consciência  é  antecipação   do   futuro  (BERGSON,  5,  2011),  o  sujeito  se  ocupa  sobretudo  com  aquilo  que  vai  ser,  isto  é,  um  mecanismo  de  atenção  e  de  segurança  sobre  a  vida.  Entretanto,  a consciência, de  acordo  com Bergson, é  antes de  tudo sedimentação sobre a experiência  que se constitui memória.  Portanto,  toda  consciência  é  uma  acumulação  da  experiência  passada  sobre  o  presente  com vias  de um sentido futuro, uma antecipação; um relato a produzir sobre sua vida.   A  consciência  retém  o  passado  e  antecipa  o  futuro;  precisamente;  a  consciência  trabalha  no  desenvolvimento  de  escolhas,  para  escolher  é  necessário  rememorar  as  consequências  e  as  desvantagens.  Assim,  a  imagem  é  substrato  de  nossa  consciência  a  nos  permitir  religar  nossa 

condição  de  organismos  vivos  que  desenvolvem  estratégias  futuras  sobre  si.  Imagem  como  sedimentação  de  nossas  experiências  e  metáforas  para  escolhas  futuras.  E  quando  nos  confrontamos  com  as  crises  interiores  de  hesitação  entre  duas  ou  mais  escolhas,  assim   nossa  consciência  funciona  com  variações  de  intensidade  a  partir  da  soma  das  escolhas,  ou  melhor  de  criações que são apresentadas em nossa direção.   De  acordo  com  Bergson,  o  ser  vivo  escolhe  ou  tende  a escolher, seu papel é de criar, existe uma  zona  de  indeterminação  na  natureza,  e,  é neste espaço que reside os organismos vivos, isto é,  de  criar  a  partir  de  um  evento  imprevisível  e  livre.  E  para criar é necessário se preparar no presente  através  do  uso  daquilo  que  ele  já  foi  ou  viveu.  Essa  memória  e  essa  antecipação  são,  como  já  vimos, a própria consciência [...] a consciência é coextensiva à vida (BERGSON, 13, 2011).  Assim,  um  pensamento  em  si  necessita  de  uma  continuidade,  que  implica  inúmeros  elementos,  isto  é,  para  que  o  pensamento  torne­se  distintivo  é  necessário  que  ganhe  corpo,  assim,  o  pensamento  implica  a   necessidade  de  palavras,  papel  ou  outra  materialidade  que  possa  se  interpenetrar.   Desse  modo,  a  matéria  torna  possível  o  esforço,  que  se  constitui  uma  das  formas  de  intensificação  do  ser.   A  matéria,  de  acordo  com  Bergson,  constitui­se  como  obstáculo,  instrumento e estímulo para o desenvolvimento da vida.    Assim,  de  acordo  com  Bergson,  a   matéria  produz  uma  organização  do  pensamento  ao  permitir  que  virtualidades  de  todo  gênero  possam  ganhar  corpo,  torna­se  um  elemento  de   liberdade  da  consciência.  Entretanto,  a  matéria  conserva  em  si  uma  espécie  de automatismo, capaz de dormir  em sua própria inconsciência, e que possui suas próprias regras e mecanismos.    A  consciência  opera  em  dois  movimentos  complementares,  de  um  lado, por uma ação explosiva  que  conduz  a  direção  escolhida;  de  outro  lado,  um  trabalho  de  contração  que pega este instante  único  num  número  incalculável  de pequenos eventos que a matéria resume nossa  imensa história  como espécie.   Segundo  Bergson,  a  matéria  distinta,   separada,  resulta  em  individualidades  e  finalmente  em  personalidades,  com  tendência  ao  elan da vida. De outro lado, a matéria provoca e torna possível  o  esforço.  O  pensamento  não  é  apenas  pensamento,  obra  de arte não apenas concebida, o poema  não  apenas  sonhado,  é  a  realização  material  do  poema  em  palavras,  a  concepção   artística  em 

quadros  ou  estátuas  que  exigem   esforço.  O  esforço  é  duro,  mas  acima  de  tudo  precioso,  pois  assim alçamos sobre nossa própria condição. (BERGSON, 22, 2011).  O  prazer   é  um  artifício  imaginado  pela  natureza  para  obter  do  ser  vivo  a  conservação  da  vida,  mas  a  alegria sempre celebra que a vida ganha terreno, uma espécie de vitória, como diz Bergson  com  um  acento  triunfal.  De  acordo  com  Bergson,  o  triunfo  da  vida  é  a criação. Destacamos que  Bergson  compreende   o   sentido  da  vida  sendo  a  alegria  da  criação,  força  espiritual  capaz  de   ampliar  a  compreensão  de  si  sobre  o  real.  Esse  elementos  da  força  criadora  serão  bem  construídos na obra A Evolução Criadora (1907).     

 

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