Resenha de artigos internacionais com foco em Sustentabilidade - princípios e estratégias

June 7, 2017 | Autor: Geraldo Ferraresi | Categoria: Sustainable Development, Public Administration and Policy, Susteinability
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Resenha de artigos internacionais com foco em Sustentabilidade princípios e estratégias 1

Geraldo Jose Ferraresi de Araujo 2 Claudio Stutz Zillner 3 Adhemar Ronquim Filho

A - ARTIGO: Management and stakeholder participation in local strategic energy planning e Examples from Sweden. – AUTORES(AS): Sara Gustafsson, Jenny Ivner e Jenny Palm I - Introdução Municípios são atores-chave quando se trata de melhorar a eficiência energetica e sustentabilidade ambiental, pois estão fortemente envolvidos no planejamento de energia, Agenda 21 e combate às alterações climáticas. A rápida degradação ambiental e consumo de recursos naturais demonstra a importância em nível local de realizar a transição para sistemas de energia sustentável. As autoridades locais precisam adotar novas abordagens de trabalho ao desenvolver e implementar estratégias de energia e planos. Na Suécia, a administração pública em níveis locais e regionais é caracterizada pela autonomia considerável, o que tem sido historicamente um dos pilares do governo sueco. No setor de energia, esses municípios desempenharam papéis fundamentais como fornecedores de gás, eletricidade e aquecimento para o setor público, indústrias e consumidores residenciais. Para promover o trabalho de estratégica da política energética em nível local, a Agência Sueca de Energia iniciou um programa chamado Municípios Sustentáveis. Como uma parte do programa, municípios participantes desenvolveram estratégias locais de energia e alterações climáticas. Estratégias de energia não são apenas um problema nos municípios suecos, municípios de todo o mundo estão desenvolvendo e implementando estratégias de energia: Comissão de Energia da Califórnia, 2008; Pacto de Autarcas, 2010 e ICLEI, 2009. Logo os objetivos do artigo são: integrar perspectivas a abordagem de negócios com as partes interessadas, participação no planejamento estratégico local de clima e energia. O artigo se baseou em resultados de um questionário dirigido a todos os municípios participantes do programa abordando questões tais como: planos de energia ou estratégias. Na Suécia, planejamento energético municipal é regido pelo Planejamento e baseando-se lei (PBA) (2010) e a Lei Municipal Planejamento de Energia (SFS, 1977:439) e suas revisões posteriores. A lei sobre planejamento de 1

Administrador de empresas e Mestrando em Administração de Organizações pela FEA-USP-RP. Contrato: [email protected]. 2

Administrador de empresas e consultor financeiro e administrativo. Contrato: [email protected].

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Advogado militante, Professor de Direito e Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Contato: [email protected]

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energia Municipal tem em comparação com PBA parcialmente reduzida participação e desejos de cooperação entre definidos os atores, ou seja, municípios, partes interessadas e as empresas produção de energia (SFS, 1977:439). Este ato, na prática, significa que a lei encoraja os municípios, em vez de obrigá-los na elaboração de um plano de energia. Na década de 1990 e início de 2000, o governo sueco lançou vários programas de investimento com vistas de estimular projetos locais para reduzir o impacto do clima. II - Gestão e Participação no Planejamento Energético Este papel tem um foco especial em obter uma compreensão geral do envolvimento de atores nos processos de desenvolvimento de estratégias de energia local e se há alguma correlação entre atores envolvidos e o escopo das estratégias. Este documento, produzindo estratégias de energia local é uma maneira para que as autoridades locais gerenciem seus sistemas de energia local. Politicamente, a estratégia de energia é usada para esclarecer e priorizar medidas relacionadas com as autoridades locais dentro do sistema de energia, historicamente, no entanto, a eficácia de produzir tais documentos tem sido questionada. Neste trabalho, optou-se por analisar a estratégia de energia em relação as etapas do ciclo de PDSA em a fim de refletir sobre o desenvolvimento de estratégia de energia. Nesse sentido a problemática do artigo è: é possível obter estratégias mais eficazes e eficientes de processos de energia processos, por ter uma abordagem mais sistemática visando a melhoria contínua? De acordo com o Programa Municípios Sustentáveis, estratégias locais de energia e clima devem ser desenvolvidas através da criação de arenas e processos onde os atores regionais podem conhecer e desenvolver objetivos comuns. Ou seja, estratégias de energia não devem ser desenvolvidos por autoridades locais por conta própria, mas eles deverão ser desenvolvidos em um processo colaborativo e participativo que inclui muitas partes interessadas. A qualidade de uma decisão pode ser melhorada por ter mais pessoas para examinar uma questão, melhor alinhado com preferências públicas, contribuindo para das decisões. III – Método Questionário dirigido aos representantes dos 60 municípios que participaram na segunda fase do Programa Sueco de Energia Sustentável. Todos os 60 municípios foram contatados através de telefone de novembro de 2010 a janeiro de 2011 e as respostas foram registradas em um banco de dados. O questionário foi projetado para fornecer uma visão geral das abordagens municipais para o desenvolvimento de estratégias locais de energia. Os questionários abordavam: • Quando as estratégias locais de energia foram adotadas; • Áreas englobadas; • Ações realizadas; • Atores que contribuíram para o desenvolvimento da estratégia de energia local. 2



Depois de introduzir os resultados em um banco de dados, as análises foram realizadas onde as correlações entre diferentes respostas foram avaliadas.

IV - Resultados e Discussão IV.1 - A Adoção de Estratégias de Energia Cerca de 75% dos municípios no estudo adotaram estratégias de energia local, o baixo percentual, porque ter um planejamento estratégico de energia era uma condição prévia para participar do programa. Cerca de 88 municípios suecos (não só os participantes do Município Sustentável) adotaram uma estratégia energética. Alguns municípios viam o Programa Município Sustentável como motivador para iniciar o processo de planejamento estratégico de energia.

IV.2 - Organização e Participação na Estratégia de Energia Processos de Desenvolvimento Os inquiridos neste estudo têm uma vasta gama de títulos e são posicionados em diferentes departamentos dos municípios. A maioria das pessoas contatadas tinha algum tipo de coordenação, embora alguns eram gerentes formais. Alguns deles trabalharam nos departamentos do município e outros tinham uma posição mais central e organizacional. O papel e a posição organizacional dos coordenadores poderiam ser de importância para a prioridade e o status do trabalho estratégico de energia. IV.2.1 - Participação dos Interessados Quando se trata do envolvendo diferentes atores para desenvolver a estratégia energética, todos os entrevistados alegaram que vários departamentos dentro o município tinham se envolvido no desenvolvimento. Durante esse processo, 51 municípios incluíram empresas de propriedade municipal; para uma menor medida, indústrias, comércios e os cidadãos. Apenas oito municípios envolvidos comércio local em seu planejamento energético. IV.3 - O Conteúdo e o Alcance das Estratégias de Energia 3

A Agência sueca de energia identificou os seguintes temas focos para a segunda fase em do Programa Município Sustentável:          

Biogás; Fornecimento e distribuição de energia renovável; Ordenamento do território; Problemas de energia focando desenvolvimento de negócios; Planejamento para energia eólica; Viagens municipais, transporte e transporte público; Imobiliário Municipal, habitação e instalações; Municipal de gestão de crises; Educação de energia nas escolas; Contratos públicos. O tema mais comumente abordado nos municípios estudados foi habitação e instalações (50 municípios) e transportes e transportes públicos (49 municípios). Crise e gestão municipal apenas 14 municípios mencionaram em suas estratégias. A menor correlação foi encontrada entre conteúdo em estratégia e medidas e questões "mais suaves", como compras, educação, e Municipal de gestão de crises. A maioria dos municípios neste estudo afirma que vários departamentos no âmbito da prefeitura tinha sido ativa no desenvolvimento de a estratégia de energia. Nos casos onde somente um grupo de atores estava envolvido, tinha sido empresas públicas municipais. No entanto, menos tinham envolvido atores privados e cidadãos em seus processos. A falta de participação das partes interessadas pode afetar a legitimidade da estratégia, eficácia e relevância no planejamento da estratégia de energia. V – Conclusão Como mencionado na introdução, a legislação sobre Energia e Planejamento na Suécia enfatiza a importância de incluir as partes interessadas ao desenvolver estratégias de energia local. Tudo isso pode ser benéfico para a execução (Do no ciclo PDSA) onde normalmente várias contribuições de partes interessadas são necessárias. Muitas autoridades locais implementaram sistemas de gestão ambiental, onde eles já seguem o ciclo de PDSA. Este é um processo normalizado que os municípios estão familiarizados com e podem se relacionar. Mas Esse modelo pode ser benéfico em um contexto de estratégia de energia? Respondendo a problemática deste artigo é que o uso de Modelo PDSA pode ser uma boa maneira de integrar o planejamento e gestão, onde a continuidade e a aprendizagem são assuntos-chave. Neste estudo, há um número limitado de partes interessadas de fora da administração local incluída no desenvolvimento de estratégias de energia local (a fase do plano), apesar da importância da participação das partes interessadas nos regulamentos suecos. Na prática, os municípios suecos tornaram-se os "donos" das estratégias de energia, uma condição que poderia explicar a cooperação limitada com partes interessadas como: indústrias, comércios, ONGs e cidadãos. Esta 4

limitação pode ser o resultado de constrangimentos tais como culturas organizacionais, tempo e tradição de participação das partes interessadas. Os municípios precisam esclarecer como diferentes atores irão se beneficiar da participação nos processos de desenvolvimento de estratégias. Uma maneira de lidar com o aumento de complexidade e a o uso pragmático do modelo do ciclo PDSA. O ciclo PDSA, é de máxima importância para a criação de um processo que se esforça para continuamente melhorar o desempenho. Além disso, a falta de continuidade foi apresentada como um problema em estratégica ambiental nos municípios. Este estudo nos municípios como suecos, de desenvolvimento e implementação de estratégias de energia tem demonstrado que a cooperação é, muitas vezes, ampla dentro dos municípios, mas limitado quando se trata de externos atores. Os conteúdos de suas estratégias de energia não refletem quais atores que foram incluídos no processo. Outra conclusão discutida é que a participação externa bastante limitada no processo pode afetar o impacto e a legitimidade das estratégias nas organizações.

B - ARTIGO: Transdisciplinary synthesis for ecosystem science, policy and management: The Australian experience. – AUTORES(AS): A.J.J. Lynch, R. Thackway, A. Specht, P.J. Beggs, S. Brisbane, E.L. Burns, M. Byrne, S.J. Capon, M.T. Casanova, P.A. Clarke, J.M. Davies, S. Dovers, R.G. Dwyer, E. Ens, D.O. Fisher, M. Flanigan, E. Garnier, S.M. Guru, K. Kilminster, J. Locke, R. Mac Nally, K.M. McMahon, P.J. Mitchell, J.C. Pierson, E.M. Rodgers, J. Russell-Smith, J. Udy, e M. Waycott I – Introdução O crescimento acelerado dos impactos ambientais levou a um aumento vertiginoso de dados e conhecimento científico especializado e fragmentado. A complexidade dos temas ambientais requer um esforço de síntese e abordagens que transcendem as tradicionais fronteiras das disciplinas. A pesquisa transdisciplinar envolve múltiplas disciplinas científicas em colaboração com o ambiente político e gestão pública. Transdisciplinar ≠ interdisciplinar (esta promove interação entre disciplinas acadêmicas, mas sem o aspecto transformacional). II – Estrutura do artigo 1) Explora o conceito de síntese e da necessidade da síntese transdisciplinar para resolver problemas ambientais complexos; 2) Visão geral dos centros de síntese ao redor do mundo e a experiência do ACEAS (Australian Centre for Ecological Analysis and Synthesis); e 3) Discussão do aprendizado da ACEAS sobre como superar barreiras e maximizar os benefícios com relação ao esforço de síntese. III – O que é síntese?

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É uma “atividade criativa que almeja produzir novos insights e resultados que são maiores e mais significativos do que as partes isoladamente”. A própria natureza da ecologia requer uma abordagem distinta, uma vez que a complexidade dos problemas ecológicos não pode ser comparada à física mecânica, por exemplo. A síntese transdisciplinar provê um modo de integrar o conhecimento disperso para suportar políticas calcadas em evidências e respostas gerenciais efetivas. IV – Obstáculos à síntese disciplinar Integrar a academia, gestores públicos, políticos e comunidade. Estes setores têm distintas culturas, medidas de sucesso, incentivos, feedbacks, timings. Mesmo dentro do mundo científico, é um desafio superar as diferentes perspectivas e tradições nas distintas disciplinas. V – Centros de síntese disciplinar Estes centros provêm um fórum em que um processo estruturado de colaboração facilita a construção de pontes entre as distintas disciplinas, culturas e perspectivas. Existem mais de doze centros deste tipo espalhados pelo mundo. Centros desafiam cientistas a “pensar fora de sua caixa disciplinar” e rever seus modelos mentais.

VI – ACEAS Nasceu em 2009 com dois objetivos básicos: integrar dados dispersos e comunicar o conhecimento científico obtido de maneira efetiva para políticos e gestores públicos. O ACEAS analisado no artigo deu-se com base em dez aspectos gerais que caracterizam um centro de síntese, abaixo: 1) 2) 3) 4)

Facilitar o compartilhamento de dados; Facilitar a colaboração e o networking; Facilitar a performance e a produtividade; Promover a transdisciplinaridade; 6

5) Facilitar o entendimento teórico e analítico; 6) Estimular o avanço conceitual; 7) Estimular avanços metodológicos; 8) Comunicação múltipla de resultados; 9) Transformar narrativas científicas em diálogo comunitário; e 10) Promover avaliações e feedbacks. VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na experiência com ACEAS, recomenda a abordagem da síntese transdisciplinar para solução dos complexos problemas ambientais. Gestores públicos e políticos dirigem a concepção das questões de pesquisa que atendem às necessidades dos stakeholders. C – ARTIGO: Carbon strategies and management practices in an uncertain carbonomic environment e lessons learned from the coal-face. AUTORES(AS): Dina Wahyuni e Janek Ratnatunga As questões referentes ao carbono e à energia globais requerem ações para evitar catástrofes climáticas. Em consonância com uma maior conscientização da comunidade sobre mudanças climáticas antropogênicas, implmentam-se medidas para a redução da utilização do carbono na economia. Os autores adotam o termo “Carbonomy”, estabelecendo relações entre a produção de maior ou menor carbono para as mudanças climáticas. Estabelece como agentes os “Carbonomics”, que são indivíduos, governos, empresas e nações. Também apresenta a ideia de “macro-carbonomics”, como sendo o comportamento relacionado com carbono no agregado governamental e a nível nacional, e de “micro-carbonomics”, que se centra no comportamento relacionado com carbono dos agentes individuais (tais como famílias e empresas). Toda esta conscientização evolui para operações de negócios através da gestão e estratégias no que tange ao carbono, tornando-se crucial no atual ambiente de negócios, no qual a consciência de carbono das várias partes interessadas tem aumentado consideravelmente. A gestão de carbono desempenha um papel fundamental na transição para um futuro de baixo carbono. A Gestão de carbono permite uma empresa para identificar as suas fontes de emissões de carbono, medir o seu inventário de emissões, e, em seguida, explorar opções alternativas para reduzir os seus níveis de emissões. Se concebido e aplicado corretamente, gera eficazes estratégias de fornecer um modelo para as empresas, não só para se adaptar e cumprir com os novos regulamentos acerca da restrição de carbono, mas, também, para economizar seus custos e conseguir um aumento da eficiência energética e permanecer competitiva no panorama em mudança da nova “Carbonomy”. Atualmente, ainda não existem estudos em profusão sobre a aplicação prática da gestão de carbono no nível corporativo. Em que pese a Alemanha e o Reino Unido, por exemplo, possuírem pesquisas mais estáveis, existe grande carência em trabalhos sobre outras nações. A Austrália, foco do estudo, apesar de ter sido um dos signatários tardios do Protocolo de Quioto (dezembro/2007), possui entidades empresariais com 7

muita consciência na manipulação de atividades com base no carbono, inclusive com base em legislações nacionais anteriores ao Protocolo. Existe Relatório Nacional dos Gases de Efeito Estufa e do Sistema Energia (NGERS) 4 desde 2008, o qual é formado a partir de obrigatórios relatórios de emissões daqueles, apresentando os riscos a partir do carbono que produzem. De qualquer forma, o cumprimento do Protocolo de Quioto foi posto em cheque por força de muita incerteza com a oposição. O líder liberal opunha-se a um imposto sobre o carbono, ou a um sistema de comércio de emissões (ETS) 5 e o Partido Trabalhista, ao voltar ao poder em 2010, ao aliar-se ao Partido Verde e outros independentes, conseguiu maioria de assento no Parlamento para poder imprimir mais medidas. Desta forma, houve a aprovação para as empresas pagarem um preço sobre o carbono produzido, desde julho/2012. Pelo CPM6, As entidades abrangidas têm de pagar um preço para o carbono fixado para cada tonelada de suas emissões de carbono. O estudo focou em investigar a gestão do carbono em duas empresas que tinham para implementar a política em ambiente político altamente incerto 7 8, isto é, com a possibilidade de gastar grandes somas de dinheiro em emissões de relatórios e preparando-se para ETS, sob o risco da vitória de um governo liberal. Desta forma, uma mudança no governo poderia causar impactos legislativos sobre a gestão das emissões de carbono devido a esta mudança de governo. No entanto, mesmo que houvesse uma alteração a nível nacional, os regulamentos estaduais permaneceriam, e, por conseguinte, muitas empresas poderiam não alterar sua gestão de emissões. Os autores buscaram uma investigação aprofundada de como as empresas australianas lidam com a gestão das emissões em tempos incertos da “Carbonomic”, bem como delinear as formas como as empresas podem gerenciar suas emissões de carbono e desenvolver uma estratégia de conformidade de carbono. Apresentam os autores: - o substrato teórico do estudo (seção 2); - estratégias para a gestão das emissões de carbono (seção 3); - a forma da pesquisa (seção 4); - resultados empíricos que revelam o estado atual das estratégias de gestão de carbono e dentro das empresas do setor de energia estudados; e 4

National Greenhouse gases and Energy Reporting System

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Emissions trading system

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Carbon Price Mechanism. Cobrava-se 23 dólares australianos para cada tonelada de CO2 equivalente emitida. A taxa funcionaria até 2015, quando entra em operação um mecanismo de compra e venda de carbono. 7

Visto que o Partido Liberal promete, caso ganhe a eleição, eliminar este imposto.

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O Partido Liberal ganhou as eleições de 2013. O Senado da Austrália, em 2014, votou para repelir o CPM por 39 votos a favor e 32 contra. O primeiro-ministro Tony Abbott havia prometido o fim do imposto durante a campanha eleitoral.

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- discussão sobre os resultados encontrados. O artigo destacou como duas empresas do setor energético da Austrália desenvolveram diferentes estratégias na gestão do carbono. Tudo isto em meio a incertezas políticas, as quais minam, normalmente, as principais estratégias corporativas. Utilizando-se da RBV9, abordaram-se duas contingências: os contextos e as características das empresas. Os contextos restringiram-se ao carbono e ao aumento da consciência acerca daquele pelas partes interessadas. Já as características relacionam-se à natureza da operação dos negócios, às estratégias e às capacidades organizacionais. A literatura afirma que a indústria energética tem função estratégica para a descarbonização, sendo imprescindível para o combate ao aquecimento global. Acerca da investigação sobre as duas indústrias australianas de energia, foram apresentadas visões contrastantes. Uma das conclusões é que não é o tipo de indústria o principal fator determinante para a prática de gestões corporativas acerca do carbono. Pode se decifrar a existência de empresas proativas, que têm investido em projetos que possibilitam a geração de créditos de carbono. Estas possuem abordagens holísticas, que não afastam a variável carbono de suas práticas negociais, auferindo mais e verdes lucros. A pesquisa foi realizada pelo método denominado exploratório, abordando práticas de gestão de carbono, não sendo desenvolvida com base em resultados de pesquisa do campo, ou seja, com menor empirismo. Mesmo assim, com esta limitação, embasou-se em séries de práticas e contribuições teóricas, que servirão de base para mais pesquisas empíricas sobre a “Carbonomics”. Com a adoção de método de “estudo de caso”, buscou-se a compreensão da gestão de carbono em um ambiente empresarial real, em especial para as duas empresas investigadas. No entanto, um entendimento rico relativo aos pontos de vista das empresas sobre como percebem o risco de utilização de mais carbono em um quadro regulamenta de Carbonomy, e como as companhias desenvolvem estratégias de carbono, pode, ser aplicado, com cautela, por outras empresas sujeitas a regulamentos com restrição de carbono, não sendo fácil o estabelecimento de um modelo geral para o desenvolvimento geral de estratégias de gestão de carbono. Os resultados da pesquisa indicam que a incerteza quanto à regulamentação tem desencorajado as empresas de energia a estabelecer um corte em suas emissões. Esta descoberta é desestimulante, visto que o setor de energia desempenha um papel crítico na descarbonização da economia da Austrália (e também do globo). Portanto, uma avenida importante para pesquisas futuras é examinar os apoios regulamentais que incentivem as empresas a reduzirem as emissões em suas operações negociais. I - As estratégias de gestão empresarial de carbono 9

Visão baseada em recursos.

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A postura das empresas em direção a “carbonomy” pode variar de reativa, cumprindo somente com o que é exigido pelas políticas de carbono e regulação, à proativa, gerindo os seus processos negociais para práticas menos geradoras de carbono. Ações de empresas proativas para reduzir suas pegadas de carbono poderiam levar a resultados que não só garantiriam o atendimento às políticas de menos carbono, como pode gerar a redução de custos e a um melhor posicionamento no mercado. As empresas que demonstram compromissos altos e ações proativas na implementação de uma green economy são categorizadas como inovadoras ambientais, enquanto as demais são consideradas seguidoras ambientais, de acordo com Winn e Angell. Estratégias de carbono referem-se ao conjunto de metas e planos de implementação dentro de uma empresa que se destinam a reduzir as emissões em operações, diminuindo-se o denominado carbontensive. De acordo com Hoffman, são algumas diretrizes para o desenvolvimento e implementação de estratégias de carbono: desenvolvimento de perfil da empresa mediante a redução das emissões de carbono; e comunicação deste perfil para as partes interessadas a partir de divulgação. II - Projeto de Pesquisa: um Estudo de Caso multisite As indústrias no ramo de energia foram escolhidas por estar no topo como contribuintes globais na emissão de carbono na atmosfera, consoante IEA, 2008; e WRI, 2005. A investigação de práticas de descarbonização no setor de energia de indústrias australianas foi baseada no fato de que o setor da energia foi o maior poluidor no país, emitindo 74% das emissões totais em 2011, (Departamento de Mudanças Climáticas e Eficiência Energética da Austrália, de 2012). Por causa da dependência esmagadora sobre o carvão, a Austrália tem uma das maiores emissões de carbono dentre todos os países desenvolvidos. As duas empresas de casos estudados, Beta e Alfa operam em um semelhante ramo de negócios, mas em diferentes partes da cadeia de abastecimento envolvendo a indústria de energia australiana. Alfa executa seus negócios no início (geração de energia) e final (varejo) da cadeia; enquanto Beta opera no meio da cadeia, transportando a energia a partir de geradores aos wholesalers (mercado atacadista) – retail (varejo). Foram verificados dados públicos referentes ao período de 20102013, tais como os relatórios anuais das empresas, os relatórios de sustentabilidade das empresas e materiais corporativos fornecidos pelos gestores, dentre outros. III - Análises dos resultados III.1 - Estratégias e práticas de gestão de carbono em Beta Empresa de infraestrutura de energia, que fornece eletricidade, serviços de gás e de distribuição de água e de transmissão, cobrindo os principais estados e territórios australianos. Distribui gás natural e energia elétrica. Emprega mais de 2500 pessoas; e

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As redes de transmissão e distribuição de energia elétrica são reguladas (Australian Energy Regulator, 2012), gerando grande influência em Beta, principalmente pela regulação das tarifas a ser cobradas III.1.2 - Práticas de gestão de carbono da Beta - Dedica uma página da Internet para informar as partes interessadas acerca do impacto das alterações climáticas e uma descrição das atividades de Beta, incluindo um guia sobre como os clientes podem utilizar uma energia mais eficiente, bem como lidar com o efeito do aumento dos preços, devido ao imposto do carbono sobre a eletricidade; - Apesar dos relatórios de sustentabilidade, estratégias de Beta para mitigar a sua as emissões de carbono e quaisquer políticas da empresa referente às mudanças climáticas não estavam disponíveis no domínio público; - Beta começou a implantar ações para mitigar o carbono por dois motivos mais importantes: preocupações das partes interessadas e fatores econômicos; - Beta identificou a perspectiva de expansão da rede de gás como uma oportunidade-chave para a redução da emissão de carbono, visto que o gás natural pode emitir até 50% menos carbono do que o carvão utilizado em centrais elétricas; e - Por conseguinte, o gás natural é considerado como uma alternativa relativamente verde em comparação com a queima de carvão para gerar eletricidade, até porque os preços foram estipulados na metade da taxa dos preços de eletricidade, o que pode estimular a mudança para o gás natural em consumidores australianos. III.1.3 - Conformidade com os regulamentos existentes acerca de carbono por Beta: - O gerente da área informou que a estratégia de redução das emissões de gases centra no que o regulador permite Beta fazer ou não. Além disso, cumpre Beta o pagamento do preço do carbono ao emitir, pelo menos, 25.000 tCO2; e - As emissões de carbono por parte de Beta concentram-se principalmente no transporte de gás, responsável por 95,60% do passivo de carbono da Beta. III.1.4 - Estratégias de Beta para otimizar o cumprimento no âmbito do COM - A obrigação de pagar o preço do carbono para Beta vem de seus transporte e distribuição de gás, cuja eficiência para limitar estas emissões é reduzida e limitada; - O gerente informa que existem perdas no sistema; e - A principal estratégia seria repassar o custo direto na transmissão e distribuição de gás para os consumidores. III.2 - Estratégias e práticas de gestão de carbono em Alfa III.2.1 - Visão geral do perfil de emissões de Alfa Empresa de capital aberto, que atua na geração de energia, bem como no sistema varejista e as empresas de energia no varejo. Tem um bem diversificado portfólio de geração, incluindo a geração térmica utilizando meios tradicionais, como fontes renováveis (hídrica, eólica, gás de aterro e biomassa). Alfa está um dos maiores varejistas de energia da Austrália, com cerca de 3.500 empregados e mais de 3 milhões de clientes de usuários finais de 11

eletricidade e gás, e uma capitalização de mais de $AU 8000 milhões (setembro/2012). III.3 - Práticas de gestão de carbono da Alfa Gerente de Alfa declarou que a questão das alterações climáticas e geração de eletricidade já perdurava em discussões por quase 20 anos. Este informou que a decisão de investimento em menor carbono levou em conta o efeito estufa, já em 2005, com o início da queima do biogás para a geração de eletricidade. As autoras do artigo denominam esta prática como carbonvestments. O gerente declarou que o Alfa tem duas principais direções para gerenciar suas emissões de carbono, especialmente a questão da sustentabilidade como forma de agregar valor no longo prazo e a questão econômica, visto que a menor emissão de carbono coloca a empresa em vantagem em relação aos concorrentes. As preocupações ambientais foram tratadas por Alfa como forma de manter a sua competitividade no longo prazo e como forma, também de agregar valor a seus acionistas. III.3.1 - Conformidade com os regulamentos de carbono existentes por Alfa Alfa tem que cumprir a legislação federal (NGERS e o COM), além de cumprir com a legislação de 5 Estados. III.3.2 - Cumprimento nacional quanto às mudanças climáticas - Dentro da jurisdição de todo o país, Alfa tem de comprar ou adquirir um certo número de REC´s (Certificados de Energia Renováveis) no atendimento de seus clientes. Anualmente, tem de apresentar os seus níveis de emissões e pagar anualmente pelas emissões de carbono (COM); - Alfa acredita que o NGRES cria um ambiente transparente, exigindo a divulgação por todas as entidades responsáveis. Ajuda a aferir as pegadas de carbono e a diminuí-las; - No critério de governança, busca-se manter a reputação de Alfa, criando responsabilidade direta de seu CEO se não houver divulgação correta; e - Passando, como Beta, para o consumidor final o custo da emissão de carbono, haverá o aumento no custo da eletricidade. III.3.3 - Estratégias de Alfa para otimizar o seu cumprimento no âmbito do COM - Possui 2 principais indicadores: 1) “intensidade média das emissões”, que mede as toneladas de dióxido de carbono por megawatt-hora que é vendido no mercado atacadista, não no varejo; e 2) "porcentagem de energia renovável", que mede o percentual de sua carteira que vem de energia renovável; - O objetivo é dar uma vantagem para Alfa em relação aos seus concorrentes no mercado. Ao manter a intensidade das emissões de sua carteira de produção abaixo da média, com suas emissões renováveis, não será obrigada a adquirir créditos de carbono; e 12

- O gerente de Alfa informa que a meta é chegar em 20% de energia renovável até 2020, como forma de posicionamento no longo prazo, mais até do que cumprir a legislação atual. Tem como objetivo ser o menor emissor por unidade de produto no mercado, pois acredita que é a forma como a concorrência vai ser melhor medida. IV - Discussão da análise cruzada entre Beta e Alfa - Emissões de Alfa na geração de energia vêm de atividade de combustão. Em contraste, Beta libera principalmente as emissões no transporte de energia; - Beta é controlada por uma empresa do exterior e é pouco conhecida dos usuários finais. Já Alfa é uma empresa de capital aberto e bem mais conhecida na Austrália, possuindo grandes preocupações com os investidores e com os usuários finais; - Beta baseia-se exclusivamente em repassar o custo do preço do carbono na venda. Ainda não se dedica a carbonvestiments. Planeja melhorar sua eficiência de rede para entregar energia com menos emissões de carbono liberadas (sistema de gasodutos). Planeja investir em projetos que reduzam as suas próprias emissões e não pagar para gerar créditos de carbono; - Alfa observa de forma estratégica o impacto da carbonomy em suas operações de negócios. Vem buscando a redução exigida pelo CPM. Vem repassando o custo direto, mas verifica poder ter uma vantagem financeira pela menor emissão média de emissões no mercado nacional. Alfa já investe em energias renováveis, para contribuir com o objetivo nacional. Inclusive, Alfa vislumbra a hipótese de gerar créditos de carbono em suas atividades; - Segundo a classificação da estratégia ambiental corporativa (Aragón-Correa e Sharma, 2003; Hunt e Auster, 1990), as respostas do Beta são reativas, cumprindo com o que é exigido pela legislação Considerando que as respostas do Alfa são proativas através da realização de práticas de mais descarbonização do que são necessárias pela legislação; - Estratégia reativa de carbono de Beta dentro de um ambiente de contingência pode ser descrito como de baixo risco, baixo retorno; com pouco potencial de crescimento; - Por outro lado, a estratégia de carbono da Alfa pode ser descrita como de alto risco, alto retorno; qualquer mudança drástica na política climática nacional pode causar seus investimentos proativos dar retornos negativos; e - De acordo com a Winn e Angell (2000), com base em matriz greening, Alfa é uma inovadora ambiental que tem demonstrado um compromisso de alto nível para descarbonizar as suas práticas, enquanto Beta é uma seguidora ambiental que recentemente passou a incorporar a carbonomy em suas operações de negócios. •

Lições aprendidas com a carbonomy australiana:

- quantificar o inventário de emissões e energia, que é essencial para determinar a responsabilidade pelo preço do carbono; - quantificar o passivo líquido de carbono; - desenvolver uma estratégia para gerenciar essa responsabilidade de carbono; - implementar a estratégia que permite a conformidade regulatória de carbono ao menor custo; e - monitorar energia e gestão de riscos de carbono periodicamente. 13

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS - Alfa, que se conecta diretamente com investidores e clientes usuários finais, enfrenta mais pressões das partes interessadas para descarbonizar as práticas de negócios em comparação com Beta, uma subsidiária integral de uma empresa de energia no exterior (RBV); - Embora Beta e Alfa sejam igualmente classificadas na indústria de energia, Beta tem consideravelmente menos opções para mitigar a poluição de carbono de seus serviços de transmissão e distribuição de energia do que Alfa, que começou a aumentar seu portfólio de ativos de geração de energia renovável; - A imposição de um preço nacional de carbono que, eventualmente, vai aumentar os preços de venda de energia no mercado, permitirá Alfa ganhar uma vantagem financeira devido à sua capacidade de fornecer menos energia intensiva em carbono para a rede em relação aos seus concorrentes. Energia intensiva em carbono mais baixa significa um preço mais baixo carbono a ser pago por Alfa; - A capacidade da Alfa em otimizar seu pacote de recursos e capacidades para baixo na produção de energia intensiva em carbono, permite Alfa ganhar e manter um desempenho superior na carbonomy australiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GUSTAFSSON, Sara et alü. Management and stakeholder participation in local strategic energy planning e Examples from Sweden. In Jornal of Cleaner Production. n. 98. Extraído do sítio http://dx.doi.org/10.1016/j.scitotenv.2015.04.100 0048-9697. Acesso em July 07 2015. Elsevier, 2015, pp. 205-212. LYNCH A.J.J. et alü. Transdisciplinary synthesis for ecosystem science, policy and management: The Australian experience. Extraído do sítio http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2014.08.014 0959-6526. Acesso em July 07 2015. Elsevier, 2015, pp. 173-184. WAHYUNI, Dina et al. Carbon strategies and management practices in an uncertain carbonomic environment e lessons learned from the coal-face in Journal of Cleaner Production. n. 96. Extraído do sítio http://dx.doi.org/10.1016/j.jclepro.2014.01.095 0959-6526. Acesso em July 07 2015. Elsevier, 2015. pp. 397-406.

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