Resenha de Imaginação e Metáfota Paul Ricoeur

July 12, 2017 | Autor: Carlos Orellana | Categoria: Word and Image Studies, Paul Ricoeur, RICOUER, Mito Metáfora Pintura Imaginação
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Imaginação e Metáfora
Paul Ricoeur








Santa Maria, 20 de setembro de 2011
Carlos Orellana

Neste artigo Paul Ricoeur tenta elucidar alguns aportes sobre imagem, imaginário e suas fontes criadoras, a metáfora como principio organizador e criativo do processo de constituição imagética. Ricoeur tenta superar o binarismo que tenta separar a imagens mentais das imagens materiais produzidas socialmente. Nesse sentido, Ricoeur apresenta o argumento que tanto a imagem mental quanto material estão limitadas conceitualmente a algumas variáveis que a impedem de fazer o caminho inverso, portanto é necessário assumir um nova proposta de compreensão da imagem. Assim, nesse esforço de superação ele assume a perspectiva semiótica e linguística que vê na metáfora o principal índice de constituição, organização e força potencial da imagem.
A partir desse esforço Ricoeur tenta apreender certos aspectos da estética kantiana de ver na imagem como uma força que faz o percurso da força reprodutora (percepção, isto é, o mundo sensível) em direção a da força produtora (semântica, isto é, onde ganha sentido), mas ao mesmo tempo Ricoeur diz qual é o nosso espaço dentro da força produtora de imagens, e acima de tudo quais são as bases pelas quais a força produtora de imagens se constitui.
Nesse sentido, a imagem acaba por oscilar entre a dimensão perceptiva e a da linguagem, ou seja, a imagem ganha sentido social (imaginário) quando ela assume certos aspectos próprios da linguistica e acima de tudo, tem sua força quando entra na dimensão da linguagem que é o campo organizador e constituinte de seu sentido social.
De acordo com Ricoeur, a imaginação produtora tem seu início no processo de síntese que é diferente da pura associação mecânica, que pode ser levado através do processo predicativo da linguagem. A terceira fase do processo de inovação semântica da imagem é considerada por Ricoeur está regida por esquemas (Kant) ou regras, mas que todo esse processo dos esquemas que governam a inovação imagética é muito difícil apreender, é um trabalho árduo que Kant definiu como uma arte cujo funcionamento dificilmente poderia arrancar à natureza e apresentá-la.
A arte oculta definida por Kant é desvendada em parte por Ricoeur através da teoria da metáfora. A metáfora é sempre um desvio do nome usual, ou seja, uma forma emprestada e transferida cuja semelhança com o próprio objeto permite a compreensão das coisas. A função dessa transferência é o principio da economia que governa a denominação das coisas novas e experiências novas. A metáfora não deve ser entendida como apenas uma denominação desviante, mas como predicação desviante, isto é, não apenas em sua função de semelhança, mas como princípio de imaginação de força de violação do uso ordinário.
Assim, Ricoeur entende a metáfora como um desvio do sentido da palavra tentando reduzir essa incongruência entre o sentido primeiro e o desenvolvido; e o modo de tentar fixar essa nova ordem a partir das ruínas semânticas.
Essa inovação semântica operada pela metáfora está em três níveis descritos por Ricoeur. O primeiro trabalho da metáfora é da ordem de semelhança do sentido, que não está reduzida a uma colisão semântica, mas consiste em uma nova ação predicativa que emerge da ruína da significação.
O segundo movimento operado pela metáfora é da sua constituição como ícone que nasce da emergência das imagens 'livres' que é a tentativa de possuir uma imagem mental através de sua ausência como entidade. Entretanto, Ricoeur entende que esse movimento de apreender a imagem como entidade mental em sua ausência é o núcleo, o fundamento da imagem metafórica enquanto ícone. Nesse sentido, Ricouer tenta descrever certos aspectos da obra de Pierce, mas sem o compromisso de estabelecer o ícone como entidade básica de constituição imagética.
O terceiro movimento é o da suspensão que é o processo de suspensão do sentido lógico da metáfora, isto é, o processo no qual a metáfora torna-se um lugar entre o dois níveis, interstício que se descola do seu negativo (significante) e de seu nível semântico (significado) na qual a função poética é um dos exemplos mais significativos do processo metafórico. É na ficção que há a suspensão dos sentidos ordinários e cognitivo de referência que amplia e garante a variedade e riqueza do imaginário. É na ficção que a imagem enquanto linguagem alcança as possibilidades escondidas da realidade comum.

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