Resenha de O Possível e o Real de Henri Bergson

July 13, 2017 | Autor: Carlos Orellana | Categoria: Henri Bergson, Bergson, Fenomenología
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Henri Bergson
Le possible et le réel
Presse Universitaire de France, 2011, Paris.

Neste artigo, Bergson analisa a criação contínua, o imprevisível, a novidade como bases constitutivas do universo humano. O desafio de Bergson é como representar essa experiência vivida a cada instante que é a experiência do novo, pois, de acordo com Bergson, essa representação torna-se pobre e esquemática em relação ao evento que se produz. Bergson utiliza a metáfora da reunião marcada, mesmo que possamos imaginar as pessoas, o que elas falarão e onde elas vão se dispor na sala; o conjunto do evento produz a impressão do novo único, inesperado e original. E essa mesma experiência de novidade que temos ao analisar a vida interior, isto é, através do desenrolar dos momentos de deliberação interior nos oferece uma consciência de sucessivas novidades do mundo.
Segundo Bergson, o mundo físico regido por leis matemáticas duras não existe sem a experiência do seres vivos, ou seja, todo o funcionamento do universo não passaria de uma mera abstração da consciência imaginante do homem.
A realidade concreta, segundo Bergson, compreende os seres vivos conscientes, que estão enquadrados na matéria inorgânica. E tentar suprimir a consciência e a existência como elementos de fundação sobre o real é um esforço artificial de abstração, pois mesmo a matéria implica a presença necessária da consciência e de vida.
Além disso, Bergson usa o termo inteligência para designar o ato de estar consciente, visto que ele não concorda com termo pensamento (efeito de abstração) e ou espírito (forma metafísica de reconhecer a consciência dos seres).
A inteligência torna-se o sentimento que possuimos ao sermos os criadores de nossos atos, de nossas decisões e de nosso caráter. E a inteligência encontra-se ao lado da percepção imediata que é o ato de reconhecer os atos como eles se exercem.
Portanto, a repetição é o ato primeiro para percepção, isto é, através de nossa faculdade de reconhecer regularidade e estabilidade nos eventos que podemos dar sentido ao fluxo do real.
Assim, a realidade é crescente, global e indivisível, uma invenção gradual, como um balão que se enche cada vez mais assumindo uma forma inesperada.
A inteligência é a capacidade de dar corpo e coerência a essa realidade crescente através da fórmula da duração, isto é, espaços temporais que portariam um conjunto de elementos estáveis.
A imaginação torna-se a capacidade de preencher o terreno vazio que é o conjunto de partes superpostas da realidade. O tempo coordena e dá sentido ao excesso que é o fenomeno da realidade.
Portanto, inteligência, duração temporal e imaginação são os métodos que os seres consciente desenvolvem para desafiar a incoerência do pleno que é a realidade global, crescente e disforme. Neste sentido, a totalidade das presenças, simplesmente dispostas numa nova ordem, quando desejamos totalisar a experiência vivida.
Assim nos perguntamos onde nasce a ordem neste caos ou neste ideia de desordem, assim o caos é a ordem que não encontramos em nossas experiências.
Assim, de acordo com Bergson, o sujeito é a solidificação das imagens virtuais das experiências vividas, do olhar-se no espelho, de se desenhar, da solidez da experiência do toque. Portanto, o criador se impõe a tarefa de trabalhar em três dimensões, isto é, assume um papel de dar coerência temporal ao real, de se constituir e de executar a propria obra.
Neste sentido, a imagem virtual ou simbólica desenvolve o papel de elemento de execução nessas três tarefas, ou seja, um meio pelo qual o sujeito promove a noção de duração temporal, obtem uma noção de si e executa uma obra que reenvia um outro olhar sobre si e o real.
Assim, a noção de sujeito em Bergson assume uma perspectiva de indeterminação, das escolhas e de possibilidades múltiplas, Bergson admite a premissa da criação e sua contínua, imprevisível novidade.
Assim o temporal seria uma fórmula confusa do real, perturbando e introduzindo uma sucessão de estados concebidos pela nossa natureza. O tempo organizado pela noção de duração fornece coerência a nossa experiência e permite o estabelecimento de uma ordem de criação, consequentemente, de produção de si.

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