Resenha: Igreja Centrada (Timothy Keller)

June 2, 2017 | Autor: Gustavo E | Categoria: Missiology and Mission Theology
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  SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSO EM MISSIOLOGIA MISSÃO URBANA PROFESSOR: GERSON SANTOS, DMin Relatório de Leitura II Gustavo Emanoel Pacheco Portes1 KELLER, T. Igreja Centrada: Desenvolvendo em sua cidade um ministério equilibrado e centrado no evangelho. São Paulo: Vida Nova, 2014. (150pp lidas). Sumario expositivo Timothy Keller, prolífico escritor e pastor presbiteriano norte-americano, aborda aspectos da missão urbana na obra Igreja Centrada. A partir de uma releitura de principais vertentes missiológicas e da experiência como pastor e plantador de igrejas urbanas, Keller apresenta uma ampla discussão sobre princípios gerais acerca de contextualização, plantio e nutrição de igrejas em contextos urbanos. Keller aborda amplamente a discussão cultural, indicando, ao menos, quatro modelos principais de abordagem entre “Cristo e a cultura”, denotando, ao fim, que o equilíbrio ou centralidade de cada contexto a partir da visão teológica da igreja ou grupo indicará os aspectos de cada modelo que deverão ser implementados, criativamente, de forma a promover a “centralidade” (igreja centrada) do Evangelho no contexto urbano. Indica ainda o plantio de Igrejas nas cidades como essencial para a manutenção saudável da pregação do evangelho. Ao fim, indica os princípios gerais de contextualização urbana sob a visão teológica do Evangelho. Perguntas 1.   Descreva a visão teológica da igreja centrada segundo T. Keller. Em sua opinião, o que é                                                                                                                 1

Acadêmico da Pós-Graduação Latu Senso [email protected] . Janeiro de 2015.

em

Missiologia

pelo

UNASP-EC.

E-mail:

“Igreja Centrada” e que contribuição este conceito traz para a missiologia? Segundo Keller, a visão teológica é a compreensão fiel do evangelho com implicações na vida, cultura, ministério e missão da igreja. Igreja centrada, como descreve, é a igreja sintonizada com o evangelho e sintonizada com a cidade, uma igreja em movimento que não ignora as implicações do Evangelho e tampouco ignora a realidade do contexto urbano. Este conceito conduz, sobretudo, ao debate acerca do papel da cidade na teologia de missão e estratégias de missão urbana. Como o autor indica, a categoria cidade é bíblica, com elevadas e importantes nuances para a historia da redenção, especialmente considerando o contraste entre Babilônia – a Grande cidade – e Jerusalém – a Santa cidade – no contexto escatológico. Ademais, o autor procura pontuar a discussão cultural dentro da teologia bíblica de missão urbana, pontuando o lócus da cidade no debate, as formas de interpretação de seu contexto e ponto de vista bíblico além de, criativamente, indicar princípios e guidelines gerais para abordagem missiológica da cidade. De forma geral, os princípios apresentados demandam reflexão e análise a partir da distintiva teologia adventista, de forma a absorver criticamente os conceitos úteis e harmônicos mantendo intacta a identidade e a mensagem profética do remanescente em relação ao mundo e aos demais grupos religiosos.

2.   Como você explicaria a decisão do autor em começar um novo ministério na cidade e quais os valores que ele utilizou? Por que? Em outras palavras, qual o diferencial da Igreja “Redeemer” comparada com outras igrejas urbanas? Keller compreende acertadamente que a cidade é um vasto e criativo ambiente onde inteligência, força de produção e talentos encontram livre expressão. Alem disso, é o local de principal concentração humana atualmente. Desta forma, o contexto urbano não pode, sob hipótese alguma, ser passado por alto, ao contrário, apresenta elevado potencial a ser explorado. Sob este contexto o autor iniciou seu ministério urbano na Igreja Redeemer. Acerca dos valores empregados, Keller explica que não há um “segredo” para o ministério Redeemer, antes, o autor indica a importância da visão teológica aliada ao conhecimento da cidade e pontos de apoio variados que sua pluralidade oferecem. Desta forma, o evangelho continuará a transformar vidas e ter significado para as pessoas, pois atua diretamente nas questões reais que lhes são importantes dentro de suas lógicas plurisemânticas de vida urbana. Portanto, a contextualização para o meio urbano e a visão centrada, como o autor propõe, constituem o principal diferencia de Redeemer.

3.   Como você descreve sua própria atitude para com a cidade? Qual é o conceito bíblico de cidade? Como você pode buscar a “paz e a prosperidade” da cidade? De forma pessoal, a cidade representa para mim um misto de pluralidade, diversidade, criatividade e intensidade. As primeiras três categorias são claras tanto a nível básico como a partir das ciências sociais. A terceira categoria indica a concentração tanto das três primeiras como de inúmeras outras categorias, sobretudos no que tange ao pecado. Obviamente, a compreensão clássica religiosa aponta a cidade como centro imoral a ser evitado. Tal ponto de vista é compreensível e mesmo justificável, entretanto não deveria bloquear as iniciativas missionais – tão importantes e necessárias – no contexto urbano. Desta forma, observo a cidade como um amplo campo missionário, onde possibilidades inovadoras, criativas e eficazes devem ser sistematicamente empreendidas. Obviamente que a resistência ao evangelho e a verdade presente tendem a ser maiores onde educação, finanças e outras variáveis convergem para o secularismo e a ênfase material da vida pós-moderna (ou moderna tardia, como propõe Keller). Entretanto, o poder do Evangelho é infinitamente superior, sobretudo se aplicados de forma coerente, viável, real e acompanhada do poder do Espírito Santo. Biblicamente, a cidade é uma categoria pertinente, pois é indicada desde Genesis a partir de Caim, até Apocalipse a partir da batalha entre as duas cidades (Babilônia e Nova Jerusalém). Ademais, embora um fruto da criação humana como tal, a cidade encontra espaço para redenção no plano de Deus, aspecto claramente indicado no contexto teológico de Jerusalém veterotestamentária e da Nova Jerusalém escatológica. Portanto, tal categoria é bíblica e deve ser, como tal, pesada e incorporada não apenas na reflexão teológica e missiológica, mas nas estratégias de missão adventistas. Buscar a “paz e prosperidade”, creio pode ser alcançado por um envolvimento saudável na “vida da cidade”: centros de educação, trabalho, lazer, etc., de forma a não apenas procurar alcançar pessoas, mas empreender honesta, justa e amorosamente nas variadas dinâmicas urbanas como economia, sustentabilidade e desenvolvimento.

4.   Em sua opinião, que modelo de relacionamento entre Cristo e a cultura é mais adotado pelos líderes adventistas? Por que? Até recentemente, ao que parece, o modelo transformacionista tem sido o principal aplicável. Isto torna-se evidente na ênfase cognitiva e no afastamento de padrões comportamentais

gerais presentes na sociedade. De forma ampla, este modelo é eficaz na medida em que promove o senso de santificação e afastamento do pecado. Entretanto, um dos grandes cuidados a se observar e que, ocasionalmente torna-se visível, é a construção tácita de uma espécie de “muro de separação” entre religiosos e o não-religiosos, o que bloqueia muitas vezes o alcance a estas pessoas e a própria propagação da verdade presente. Tal procedimento assemelha-se ao descrito acera do povo israelita (AT), na medida em que afastaram-se de tal forma do mundo que os rodeava para não contaminar-se que perderam de vista a missão para a qual Deus os havia chamado. De qualquer forma, o modelo de Cristo na cultura, com suas ênfases na “relevância” da igreja e da mensagem – apontado por Keller como espécie de modelo mercadológico e fadado a ultrapassagem cultural (na medida em que a cultura se transforma e a suposta “relevância” cultural torna-se obsoleta,) – tem sido de forma crescente implementada no meio adventista, sobretudo nos últimos anos. Talvez a influencia da literatura de Rick Warren seja uma das principais molas propulsoras deste modelo dentro do meio adventista.

5.   De acordo com a proposta de H. Richard Niebuhr sobre o relacionamento do cristianismo com a cultura, em que “estação você se encontra”? Adaptando estas “quatro estações”, que proposta é apresentada por Keller? Obviamente, a expectativa é estar na estação de verão, ajustado para a missão sem ignorar a cultura circundante. Creio que, após as amplas discussões missiológicas que o programa de pós-graduação tem permitido, em seus variados ângulos, espero estar passando da estação de outono para verão. De acordo com Niebuhr, creio estar no primeiro ou talvez, como almejado, no terceiro momento. Durante as discussões acerca de Crescimento e, sobretudo acerca da relação igreja e cultural, é inegável os momentos de trânsito pelas três fases, ainda que a nível de reflexão acadêmica. As discussões sobre cultura, como apresentadas por Keller, propõe não apenas 3 fases mas 4, como descritas no inicio da resposta a esta pergunta. Keller indica quatro estações na relação igreja-cultura: desde o inverno em que há hostilidade entre a igreja e cultura; o outono em que o cristianismo é marginalizado em relação à cultura; a primavera em que a cultura ataca abertamente o cristianismo (perseguição) e, ainda assim, a igreja cresce e, finalmente, o verão em que há engajamento cultural e ativo dos cristão na sociedade e cultura.

Conclusão

Fiel a sua cosmovisão presbiteriana, Keller conclui indicando que a igreja deve ser centrada em sua visão teológica do Evangelho e em uma relação saudável com a cultura; mantendo o movimento e a multiplicação urbana através do plantio de Igrejas. Ao fim, princípios úteis à missão urbana podem ser extraídos da obra Igreja Centrada, considerando as variáveis teológicas e a sempre presente necessidade do crivo e da reflexão missiológica critica para a missão de Deus no tempo do fim.

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