Resenha_História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar

June 20, 2017 | Autor: S. Semíramis Sutil | Categoria: Economic History
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Resenha acadêmica Séfora Semíramis Sutil Moreira1

BARROS, José D‟Assunção. História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar. Revista de Economia Política e História Econômica: Nº 11, 2008.

1. História Econômica: atualidade de um campo histórico

A Economia é campo de estudos historiográficos, a princípio estava mais relacionada com a “antiga historiografia” (História tradicional) – aquela tida como factual ou a história dos “grandes homens” e dos “grandes acontecimentos”. Com as inovações do Séc. XX, em âmbito historiográfico, principalmente inseridas pela escola dos Annales, a Economia não é mais somente uma parcela dos complexos político-sociais – passa a ser um dos campos desta História multidisciplinar: História Econômica.

2. Algumas noções fundamentais da História Econômica

Sistema econômico: Segundo José D‟Assunção Barros ao citar Witold Kula2 “Um sistema econômico é (...) um conjunto de dependências econômicas reciprocamente ligadas que (...) surgem mais ou menos ao mesmo tempo e se desfazem, também, aproximadamente ao mesmo tempo.”3 Portanto, segundo José D‟Assunção Barros, Witold Kula admite “Sistema Econômico como um conjunto maior que integra (...) certos fatos econômicos”

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Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2014 2 Witold Kula foi um cientista social, historiador e economicista polaco (1916 – 1988) 3 BARROS, José D‟Assunção. História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar. Revista de Economia Política e História Econômica: Nº 11, 2008.

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Os Sistemas Econômicos (S.E.) estão relacionados com o surgimento das sociedades e seu deslocamento na história (em seu tempo), mas não são realidades estáticas e eternas, segundo, José D‟Assunção Barros. Os S.E. têm dinâmica própria e tendem a se transformar, ipso facto, podem em dada altura não ter mais relação com o que eram em origem. O autor diz que um “sistema econômico” possui uma historicidade. Assim como um S.E. é variante no limiar tempo, num tempo pode não haver um sistema econômico específico, ou seja, por mais que um S.E. esteja diretamente relacionada com a economia dos sujeitos desse tempo, dizer de seus proventos e lucros, esta pode não ser exclusiva de adoção desses que estão em seus tempos. A História nos ajuda a compreender melhor este fato que parece paradoxal. Quando um fato paradoxal desses é visto dentro de seu contexto histórico passa-se a entende-los melhor, pois de outra forma, como poderia um sujeito promover ações que não lhe sejam favoráveis do ponto de vista econômico? Uma dessas situações desvantajosas pode ser explicada, por exemplo, pelo simples fato de o indivíduo desejar manter um status perante sua sociedade. Destarte, o que José D‟Assunção Barros quer mostrar é que uma prática econômica, por mais forte que seja, não está passível à universalidade. Porém, o que José D‟Assunção Barros diz quando aponta Witold Kula é que também não se pode em um determinismo relativista e se pensar que não hajam sistemas que estejam fixados nas sociedades em dados momentos. “Até a década de 1930 predominaram os sistemas econômicos dirigidos para o equilíbrio estático.” Após a “Grande depressão”, crise de 1930,no foco econômico se modifica, passa a se pensar sobre as conseqüências sociais que um problema econômico pode acarretar. Passa-se a relacionar as questões econômicas com as sociais – o emprego, custo de vida, empobrecimento, e outras. Neste processo transitório da visão economicista eis que a figura do historiador econômico entra para traçar e problematizar as “linhas” de acontecimentos, buscando levantar os benefícios e prejuízos de uma ação econômica nas vidas dos assalariados, por exemplo. Em outras palavras, problematizam o quanto se pode todas as “questões” relacionadas à Economia social – desta forma a Histórica Econômica torna-se mais complexa.

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Nesta nova perspectiva novas instituições são instauradas. Instituições estas que estavam exógenas aos sistemas econômicos e que passam a se integrar a elas – ex.: institucionalização de âmbito social que é integrada à parte endógena do S.E. Assim também como se criam novas instituições provindas do próprio sistema econômico que atendam às preocupações sociais. Desta maneira, segundo o autor, foi possível perceber, como outrora dito, que cada região de um mesmo país, por exemplo, tem necessidades econômicas diferentes que estão relacionadas com seus modos de produção e vida comercial e cultural. Um único sistema econômico para todo o país, destarte, não se enquadraria às diversas situações regionais. José D‟Assunção Barros foi o que aconteceu no Brasil nas décadas de 1980 1990 com início de indagações sobre a situação dos modelos econômicos impostos no Brasil do período escravocrata.

3. Fontes e Métodos

Noção de série: “A noção de „série‟ (...) é um determinado conjunto de fatores estabelecidos pelo historiador com vista à quantificação e serialização de dados, sendo estas fontes (...) assinaladas por uma relação de „continuidade‟ e, freqüentemente, abundantemente disponíveis para o historiador” (BARROS, p. 26, 27, 2008) Métodos: Abordagem estatística das séries As abordagens de caráter estatístico das fontes seriais pelo historiador econômico dão origem à História Serial ou Quantitativa. Esta quantificação à História tem início no estudo da história dos preços. Labrousse4 fez amplos estudos sobre a variação dos preços na França do Séc. XVIII, utilizando-se de fontes oficiais e de outros registros contábeis (não oficiais). Segundo cita em seu artigo, o autor Barros, nos anos 1950 na América do Norte surge uma corrente que se denomina “História Quantitativa” a partir dos trabalhos de

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Ernest Labrousse foi um Historiador Econômico Frances do século XX (1895 – 1988).

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Kuznets5. Tratava-se de uma História Econômica preocupada em classificar, ano a ano, os fluxos econômicos (BARROS, 2008, p. 29)

4. Limites, riscos e objetivos da História Econômica

- Anacronismo: “(...) importar indevidamente para uma determinada sociedade (...) uma racionalidade econômica que são os de nosso tempo.” (BARROS, 2008, p. 31) - “Fetiche da quantificação”: a construção da História Econômica não deve se limitar às quantificações serial, pois se torna factual e, portanto, inocentemente limitadas às oficialidades.

5. A história Econômica no Brasil

Desde os anos 1930 a História Econômica tem sido um campo frequente dos historiadores, com a tendência de descobrir ou formular um modelo econômico exclusivo que se adéqüe às situações nacionais. Os trabalhos posteriores à década de 1970 têm caráter diferente, fogem da serialidade que tinha-se outrora.

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Simon Smith Kuznets foi um economicista russo naturalizado norte americano (1901 – 1985)

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