Resistência aos inseticidas do vetor de dengue Aedes aegypti da ilha da Madeira: implicações no controlo vetorial

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Resumo Resistência aos inseticidas do vetor de dengue Aedes aegypti da ilha da Madeira: implicações no controlo vetorial.

Gonçalo Seixas1,2, Patrícia Salgueiro1,2, Vasco Gordicho1, José Vicente1,2, Ana Clara Silva4, João Pinto1,2 e Carla A. Sousa1,3 1

Unidade de Parasitologia Médica, 2Centro de Malária e outras Doenças Tropicais, 3Unidade de Parasitologia e

Microbiologia Médias, Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal 4

Departamento de Promoção e Proteção da Saúde, Unidade de Engenharia Sanitária, Instituto de Administração da

Saúde e Assuntos Sociais, Funchal, Madeira, Portugal.

Introdução A espécie Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) é o mosquito responsável pela transmissão dos vírus da dengue, chikungunya e febre amarela ao Homem. Em 2012, a dengue foi considerada a mais importante doença viral transmitida por mosquitos no mundo, com 50-100 milhões de casos de novas infeções por ano (1). A vulnerabilidade da população Europeia a infeções arbovíricas está a aumentar em áreas em que as populações vetoras estão presentes. Exemplo disto foi o surto de dengue reportado pelas autoridades de saúde da região autónoma da Ilha da Madeira em outubro de 2012, sendo reportados 2144 casos na ilha (2). A espécie Aedes aegypti foi reportada pela primeira vez em 2005 no Funchal e, desde então, o mosquito tem vindo a expandir-se pela ilha (3) apesar das medidas de controlo vetorial implementadas.

Objetivos Neste trabalho, pretende-se caracterizar e monitorizar a resistência aos inseticidas de Aedes aegypti da Ilha da Madeira de modo a obter conhecimento sobre a evolução deste fenómeno nesta população insular.

Métodos Foram feitos ensaios de suscetibilidade aos inseticidas, de acordo com os protocolos da OMS, em duas populações de Ae. aegypti (Funchal e Paúl do Mar) da ilha da Madeira. Os mosquitos considerados resistentes e suscetíveis foram genotipados para a presença de polimorfismos genéticos associados à resistência. A resistência bioquímica foi

verificada através da realização de ensaios padronizados da OMS para as duas populações testadas. Os espécimenes colhidos, do Funchal e Paúl do Mar, também irão ser usados para amplificação de ADN microssatélite, de modo a obter informação sobre a estrutura genética e evolução da espécie Ae. aegypti na ilha da Madeira.

Resultados As populações de Ae. aegypti testadas apresentam perfis de resistência diferentes, sendo possível observar um aumento acentuado na suscetibilidade à ciflutrina e ao fenitrotião na população do Paúl do Mar. A pesquisa de polimorfismos genéticos associados à resistência, identificou as duas mutações assinaladas em anos anteriores, V1016I e F1534C (mutações kdr), que apresentaram frequências alélicas semelhantes entre as duas populações: V1016I apresentou frequências de 0.17 e 0.23 na população do Funchal e Paúl do Mar, respetivamente; a mutação F1534C está fixa (i.e. frequência=1) nas duas populações. Nos ensaios com sinergistas verificou-se um aumento significativo nas taxas de mortalidade e a presença de resistência metabólica foi confirmada com a realização de ensaios bioquímicos, que detetaram sobreatividade de enzimas da família das esterases.

Conclusões Com a realização deste trabalho, foi possível avaliar o perfil de resistência da população de Ae. aegypti da ilha da Madeira e determinar quais os mecanismos de resistência envolvidos. A futura análise da expressão génica, através da técnica de RT-PCR, permitirá elucidar se existem genes específicos a contribuir para o perfil de resistência encontrado.

Referências bibliográficas 1. WHO 2012. Global strategy for dengue prevention and control 2012-2020. WHO: Geneva. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75303/1/9789241504034_eng.pdf. 2. Sousa CA, Clairouin M, Seixas G, Viveiros B, Novo MT, Silva a C, Escoval MT, Economopoulou A 2012. Ongoing outbreak of dengue type 1 in the Autonomous Region of Madeira, Portugal: preliminary report. Eurosurveillance 17: 8–11. 3. Gonçalves YM, Silva J, Biscoito M 2008. On the presence of Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus 1762 (Insecta, Diptera, Culicidae) in the island of Madeira (Portugal). Bol Mus Mun Funchal 58:53-59.

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