Resistência e empoderamento na comunidade de fãs Nerdfighteria

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Resistência e empoderamento na comunidade de fãs Nerdfighteria1 Joana d'Arc de Nantes Silva2 Jessika Palmeira Alves3 Pedro Henrique Conceição dos Santos4 Resumo Uma comunidade de fãs é um universo diverso, híbrido e rico. Para teóricos, como Henry Jenkins, os fãs são considerados consumidores midiáticos inventivos e criticamente engajados. Ou seja, trata-se de consumidores ativos, empoderados e imersos ao universo da cultura participativa e que em alguma medida são resistentes ao poder hegemônico. Contudo, existem outros teóricos que refutam essa posição, afirmando que perspectivas como a de Jenkins são exageradas, tendo em vista que em muitos casos os fãs reforçam as mensagens hegemônicas. Objetivando uma análise prática desses pontos, propomos a análise da resistência e empoderamento no cerne da comunidade de fãs de John Green, a Nerdfighteria. Palavras-chave Fãs; empoderamento; resistência; cultura participativa; inteligência coletiva. Introdução O termo fã para os acadêmicos, a mídia e para o senso comum, esteve muitas vezes atrelado a qualificações negativas e estereotipadas. Contudo, ainda que essa perspectiva perdure atualmente, novos olhares sobre os fãs passaram a coexistir. Eles começaram a ser vistos de forma mais positiva, como receptores ativos, criativos e produtivos (MONTEIRO, 2007, p. 35). Ou ainda, nas proposições de João Freire Filho: Em vez de ser conceituada como uma forma de escapismo individual ou histeria coletiva, a condição de fã passou a ser enaltecida, dentro dos 1

Trabalho apresentado no GT 3 (Subjetividade e produção de sentido) do VII Congresso de Estudantes de Pós-Graduação em Comunicação, na categoria Júnior. UFRJ, Rio de Janeiro, 15 a 17 de outubro de 2014. 2

Graduada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense e estudante de Estudos de Mídia na mesma instituição. 3

Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e estudante de Estudos de Mídia na Universidade Federal Fluminense. 4

Graduando em Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense. www.conecorio.org

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estudos culturais, como uma maneira eficiente encontrada pelos grupos marginalizados para expressar resistência a normas e relações opressivas. (FREIRE FILHO, 2007, p.86)

A cultura dos fãs passa a ser descrita como uma cultura participativa, na qual o comportamento dos consumidores é, literalmente, cada vez mais participativo e crítico. Só o consumo aqui não os basta, eles passam então a produzir a partir de seus produtos, nesse momento nascem as fan fictions, fan films, fan arts e tantas outras produções de fãs a partir de seus objetos de adoração. Os fãs, como consumidores ativos, não só produzem a partir do produto que gostam, mas também estão dispostos a debater com as corporações, defendendo seus desejos sobre o produto. Como descreve Mazetti, o consumidor empoderado: “[...] forma comunidades (presenciais ou virtuais), onde discute e negocia os significados do conteúdo midiático comercial e se engaja coletivamente para defender seus desejos e seus pontos de vista acerca da mídia.” (MAZETTI, 2009, p.2). Corroborando com essa visão coletiva sobre os novos consumidores, Henry Jenkins (2009) afirma que o consumo se tornou um processo coletivo e a inteligência coletiva5 é uma expressão disso. Isto pois, na visão de Jenkins, a inteligência coletiva compreende ao compartilhamento de conhecimento dos novos consumidores para aumentarem suas forças e alcançarem seus objetivos. Henry Jenkins foi um dos primeiros acadêmicos a pensar os fãs de maneira positiva. Jenkins desenvolveu Textual poachers: television fans and participatory culture (1992), no qual associou os fãs a heróis da resistência, eles estariam se apoderando dos materiais da cultura de massa como meio de desafiá-la. O guru das novas mídias estava inspirado em seu mentor John Fiske (1992) e, assim como ele, equiparando as práticas dos fãs e o ativismo político. Contudo, essa posição de resistência é refutada por autores como Freire Filho. Ele salienta que grande parte da produção dos fãs possui mais finalidade de homenagear do que subverter o modelo original (FREIRE FILHO, 2007, p. 96). Aliado a essa perspectiva está a análise de Cornel Sandvoss sobre a noção de Fiske de fandom, associada a ideia de empoderamento e resistência. Sandvoss afirma que o fandom não pode ser definido por meio de princípios advindos da resistência e destaca 5

Expressão cunhada por Pierre Levy. www.conecorio.org

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que “[...] nem os textos de fãs midiáticos, tampouco a leitura dos fãs de tais textos podem

ser

facilmente

identificadas

como

hegemônicas

ou

subversivas”

(SANDVOSS, 2013, p.36). Tendo em vista o embate acerca da resistência e o empoderamento em um fandom, propomos a observação no cerne da comunidade de fãs de John Green, a Nerdfighteria. Imersão no universo Nerdfighteria John Green é um vlogger6 e escritor norte-americano. Um dos autores mais conhecidos na atualidade pelo público jovem do mundo. Possui mais de três milhões de seguidores no Twitter. Green figura entre os escritores que mais vendem livro e ganhou evidência com o bestseller A Culpa é das Estrelas (2012), que recentemente foi adaptado para o cinema. Porém, sua fama teve origem com suas publicações no YouTube, ao lado do seu irmão Hank Green, no vlog “Vlogbrothers”. Em 2007, a partir de uma ideia de John Green com seu irmão, Hank Green surgiu o Brotherhood 2.07. Inicialmente esse projeto tinha como objetivo criar um meio de interação entre os irmãos, que não queriam mais enviar mensagens escritas através de cartas e e-mails. A proposta era que durante um ano, cada um dos irmãos enviaria um vídeo de forma intercalada ao decorrer dos dias (exceto sábados e domingos), como uma maneira de comunicação entre eles. Em um dos vídeos publicados, Accio Deathly Hallows, eles alcançaram mais de um milhão de visualizações, ganhando visibilidade entre os canais mais assistidos do YouTube. Com o fim do projeto, resolveram continuar publicando vídeos, já que havia uma grande movimentação no canal, por conta de seus fãs. Nessa ocasião, surgiu o Vlogbrothers8, hoje um canal que conta mais de sete milhões de inscritos e mais de novecentos milhões de visualizações. Com o sucesso do canal dos irmãos Green, uma comunidade ganhava força em torno de seus vídeos, e cada vez mais participantes se comunicavam com os 6

Vlogger é aquele que produz Vlog (similar aos weblogs, mas cujo o conteúdo consiste de vídeos). Disponível em: . Acesso em 3 de julho de 2014. 8 Disponível em: . Acesso em 3 de julho de 2014. 7

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irmãos e entre eles mesmos. Essa comunidade foi apelidada de Nerdfighteria e seus membros de nerdfighters. Trata-se de uma comunidade repleta de gírias e palavras inventadas por John Green, além de inúmeras referências ao universo nerd. Como é possível observar na definição dos irmãos sobre o que é ser um nerdfighter, segundo eles é “ser uma pessoa que, em vez de ser feita de ossos, pele e tecidos, é feita inteiramente de awesome”9. Portanto, para fazer parte da comunidade, é necessário um conhecimento sobre essas palavras e ideais difundidos pelos irmãos Green. Em 1995, inserida no universo das raves e buscando entender as suas particularidades, a socióloga Sarah Thornton elaborou o conceito de capital subcultural, o qual emprega as teorias desenvolvidas por Bourdieu nos modos de distinções dentro das subculturas juvenis. Segundo Thornton: [o] capital subcultural confere status para o seu possuidor, aos olhos daquelas pessoas que importam. [...] Assim como livros ou pinturas são demonstrações de capital cultural dentro da casa de uma família, o capital subcultural é objetificado na forma de cortes de cabelo da moda, e de coleções de discos bem construídas (THORNTON, 1996 apud CAMPANELLA, 2010, p. 177).

Isto é, na visão da socióloga, o indivíduo pretende acumular o capital subcultural – informações, conhecimentos, produtos, comportamentos relacionados à subcultura na qual está inserido – para atingir o status e respeito dentro do grupo que ele pertence. Ao transpor o conceito de capital subcultural para a realidade dos Nerdfighters, ele estaria associado, por exemplo, a essas palavras e expressões inventadas pelos irmãos. Contudo, mais que uma maneira de atingir o status, aqui torna-se um pré-requisito para adentrar na comunidade esse capital subcultural. Princípios e projetos da Nerdfighteria: Análise da resistência e empoderamento A Nerdfighteria tem como lema Don’t forget to be awesome (Não esqueça de ser awesome), segundo os irmãos Green awesome seriam as pessoas com atitudes boas. Em contraposição, existiria o world suck, que seriam todas as ações consideradas ruins. Dessa forma, a Nerdfighteria tem como objetivo combater as atitudes ruins (world suck) e promover ações boas (awesome). Para “entrar em

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Disponível em . Acesso em 5 de julho de 2014. www.conecorio.org

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combate”, os nerdfighters participam de diversos projetos, criados e realizados tanto por eles, quanto pelos Green. Os projetos compreendem blogs, vlogs, campanhas, doações e várias atividades que promovem, entre outras coisas, o ganho de autoestima, com fins motivacionais. Vários dos projetos desenvolvidos pelos fãs geraram grande número de visualizações no YouTube, um dos meios de veiculação dos projetos. A maioria deles falam sobre temas como problemas pessoais (dentro e fora da internet), baixa autoestima, relações sociais, questões culturais e étnicas. Eles são representados por diversos segmentos sociais, grupos como nerds e homossexuais, por exemplo. Um dos projetos de maior sucesso foi o 5awesomegays10, criado em 2008, o vlog reunia cinco rapazes homossexuais de diferentes partes do mundo. O canal do YouTube possuia cerca de cinquenta mil inscritos e mais de treze milhões de visualizações. No canal eles falavam sobre a homossexualidade, enfatizando o dia-adia dos rapazes. Embora tenha alcançado grande sucesso, o vlog teve seu fim em 2011. A comunidade Nerdfighteria também é responsável por outro projeto de sucesso, o Projeto Awesome. Trata-se de um evento anual que teve seu início em 2007 e desde então milhares de pessoas postam vídeos ligados a caridade com o objetivo de levantar fundos para Fundação World Suck (FTDWS). As principais formas de arrecadação de verba são feitas através de doações anônimas, além da venda de produtos desenvolvidos pela Nerdfighteria em que parte dessa arrecadação é revertida para tal fim. Vale ressaltar que a FTDWS é uma fundação sem fins lucrativos operada em sua totalidade por voluntários. Outro projeto social que também envolve o sobrenome Green é o National Novel Writing Month, ou abreviado por seus adeptos de NaNoWriMo. Este projeto também é gerenciado por uma organização sem fins lucrativos e promove o incentivo a literatura, já que cada participante precisa desenvolver um romance de 50.000 palavras até uma determinada data. Visando estimular os participantes a atingir o objetivo, o projeto oferece conversas com romancistas profissionais e também

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Disponível em: . Acesso em 6 de julho de 2014. www.conecorio.org

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disponibiliza fóruns onde os envolvidos na tarefa podem trocar experiências. As doações são feitas voluntariamente, visto que as inscrições são gratuitas. No Brasil, os nerdfighters criaram um grupo no Facebook, o “Nerdfighters 11

Brasil” , com o objetivo de enviar uma edição brasileira do livro Quem é você, Alasca? (2005) para o John Green. A ideia era a publicação rodar o Brasil pelo correio, e cada um personalizar o livro, deixando notinhas e bilhetes para o autor. Após a meta ser cumprida, o espaço permaneceu ativo e aumenta gradativamente o número de membros. A “Nerdfighters Brasil” possui pouco mais de três mil membros entre 14 anos e 36 anos, distribuídos em 23 estados e o Distrito Federal do Brasil, além de alguns membros de origem estrangeira – dentre eles, o próprio John Green. A frequência de postagens na comunidade é quase diária e há, pelo menos, uma interação a cada nova publicação. As temáticas são variadas, dentre elas, algumas são recorrentes como, por exemplo: John Green, seus vídeos e livros; referências a produtos da cultura midiática, muitos considerados comuns ao universo nerd; desabafos e busca de conselhos; divulgação de projetos sociais; assuntos corriqueiros do dia-a-dia das pessoas, entre outros. A comunidade “Nerdfighters Brasil” é bem receptiva, aparenta seguir os princípios gerais de Nerdfighters, onde para ser um nerdfighter basta querer e todos são bem vindos. Como relata um fã sobre o grupo: É todo esse amor, união e desejo de tornar o mundo um lugar melhor que me emocionam e fazem com que eu me orgulhe em fazer parte da comunidade. Obrigado, John. Obrigado, Hank. Obrigado, Intrínseca. E agradeço, principalmente, a todas as pessoas lindas e acolhedoras da nerdighteria. (Disponível em: http://www.conversacult.com.br/2013/03/teoremajohngreen-por-que-serum.html. Acesso em 8 de julho de 2014).

Os novos membros da comunidade são saudados e os aniversariantes parabenizados todos os meses. Eles também se socializam na vida off-line, através de encontros intitulados festivais de Gatherings. O grupo também oferece a perspectiva de ser um espaço livre de preconceitos. Ao observar as postagens de caráter pessoal é possível notar a presença de homossexuais, que falam abertamente da sua opção

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sexual. Os membros aparentam ter confiança no espaço, fazem perguntas, pedem conselhos. Em entrevista para a revista “The New Yorker”, John Green afirmou que a Nerdfighteria é um espaço para pessoas que não se encaixam em “caixas”, são geralmente jovens solitários, carentes e frustrados. Muito embora seja possível analisar a união desses jovens como uma resistência e empoderamento, deve-se relativizar a interpretação que se tem sobre o que é resistência e empoderamento. Como colocado por Freire Filho, a palavra resistência vem, ao longo do tempo, apresentando distintas acepções pela academia e sendo associada a uma amplitude de ações e comportamentos (FREIRE FILHO, 2007, p. 14). Freire Filho alerta ainda que: [...] atitudes classificadas como “resistentes”, sem maiores ressalvas, comportam, não raro, outros significados, devido à diversidade de posições de sujeitos que ocupamos simultaneamente e à natureza fragmentada e entrecruzada das opressões e dominações (FREIRE FILHO, 2007, p.18).

Corroborando com a visão de Freire Filho, Silveira (2009) – em um trabalho acerca do conceito da subcultura e a ideia de resistência e rebeldia presentes nele – alerta para a necessidade da atualização do termo “resistência”. Segundo a autora, se antes as subculturas tinham cunho político e ideológico, atualmente, a resistência, em especial na subcultura fã, possui um caráter diferenciado, mais relacionado à homenagem ao produto cultural. Em uma investigação sobre as proposições teóricas a respeito do aparecimento dos consumidores empoderados, o jornalista Mazetti categorizou alguns autores em dois polos. Jenkins, juntamente com outros autores, foi posicionado entre os “otimistas e comedidos”. Eles vislumbrariam a emergência de consumidores empoderados como um período de renegociação dos papéis entre produtores e consumidores no sistema midiático Para eles, “o consumo ativo de produtos midiáticos é visto como uma porta de entrada para o engajamento cívico dos indivíduos” (MAZETTI, 2009, p.3). No polo oposto estariam autores como Freire Filho (2007). Eles seriam desfavoráveis ao ponto de vista de Jenkins e enxergariam esse surgimento como um reflexo da ininterrupta procura por novas formas de lucro por parte dos, cada vez maiores, conglomerados da mídia (ibidem, p.5).

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Dessa forma, se avaliarmos esse grupo sob a ótica de Jenkins (2009), suas ações podem ser consideradas como uma forma de resistência e poder. São fãs que propõe se unir em prol de mudar o mundo a partir de pequenas atitudes. Entretanto, essa é uma leitura problemática, como alertam autores como Freire Filho (2007), Silveira (2009) e Sandvoss (2010), tendo em vista a amplitude de concepções que os termos “resistência” e “empoderamento” estão relacionados. Considerações Finais A partir deste trabalho observou-se que a Nerdfitghteria é uma comunidade de fãs com uma proposta diferenciada, fundamentada na ideia de embate contra atitudes ruins, preconceituosas e opressoras. Porém, fez necessário examinar mais a fundo as ações reais dessa comunidade. Ao observar os projetos desenvolvidos e o dia-a-dia da comunidade de fãs brasileiros no Facebook, constatou-se que os projetos de cunho social de maiores

proporções são os desenvolvidos por Green e replicados no interior da comunidade. Quanto às interações dos fãs, elas estão associadas a falas sobre: a figura de John Green e seus livros; produtos da cultura nerd sobre os quais os fãs compartilham interesses; diálogos sobre problemas pessoais, entre outros. Tratando-se especificamente da “Nerdfighters Brasil”, a própria comunidade é, em certa medida, uma celebração a uma figura advinda da cultura de massa, o escritor Jonh Green. Ou seja, a postura é de homenagear o produto advindo da cultura de massa e não subjugá-lo. Outro aspecto fundamental que é necessário ser considerado dentro da comunidade, é que ainda que ela se proponha agregar todas as pessoas, é necessário um capital subcultural para fazer parte dessa comunidade. Tendo em vista que existem gírias e palavras inventadas por John sendo citadas, além de inúmeras referências a universo nerd e, sobretudo, é necessário um conhecimento da língua inglesa, pois os vídeos são em inglês e não possuem legenda. Retomando as ideias expostas acerca do conceito de resistência, é notório que existe uma gama de ações associadas à ele. De acordo com Silveira (2009), no que tange as subculturas, anteriormente, as transgressões se davam quando o uso de um determinado produto cultural era alterado ou ressignificado, desta forma, a subversão dos usos tradicionais dos objetos era visto como uma oposição à proposta tradicional de www.conecorio.org

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consumo (SILVEIRA, 2009, p.3). Como exemplo tem-se a subcultura punk. Contudo, a autora relata que frente às transformações sociais e tecnológicas enfrentadas pela sociedade nos últimos tempos, os aspectos ligados a resistência, rebeldia e protesto, subentendidos nas subculturas, sofrem transformações (ibidem, p.1). À vista disso, a autora constata ser necessário a diferenciação de ações das subculturas de cunho político e ideológico – relacionadas à resistência –, das ações das subculturas formadas por fãs.

Silveira, então, propõe uma atualização do “caráter de resistência para uma nova concepção que abarque as formas atuais de participação e produção de conteúdo por parte dos sujeitos” (ibidem, p.13). Tendo em vista essas questões apresentadas por Silveira (2009), afinadas

aquelas defendidas por Freire Filho (2007) e Sandvoss (2010) e a partir da análise do fandom de nerdfighters, demonstrou-se que se o binário “resistência” e “empoderamento” for aplicado a essa comunidade, essa associação é superficial. Considerando que no interior desse fandom estão imbricados diversos agentes e desejos, o julgamento quanto à intencionalidade das ações dos fãs como resistentes ao poder hegemônico não é algo simples. Inclusive a visão emblemática e otimista de Jenkins (2009) referente aos consumidores empoderados deve ser apresentada com certa ressalva. Destaca-se também, que a comunidade possui como tópico recorrente os problemas pessoais, direcionando a comunidade para um caráter mais de grupo de apoio do que

de resistência. Referências bibliográficas CAMPANELLA, Bruno. Perspectivas do cotidiano: um estudo sobre os fãs do programa Big Brother Brasil. Rio de Janeiro, Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura) – UFRJ, 2010. FREIRE FILHO, João. Reinvenções da resistência juvenil: os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Mauad, 2007. GONÇALVES, Marina Celestino. Youtube: a formação de comunidades virtuais a partir do público de videoblogs - Análise da comunidade nerdfighter. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Comunicação Social - Jornalismo) Universidade Federal de Goiás. JENKINS, Henry. Textual poachers: television fans and participatory culture. New York: Routledge, 1992.

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