Resposta à questão nº 1 (composição) do teste 1 Os pré-requisitos biológicos

September 29, 2017 | Autor: Patricia Paraíso | Categoria: Linguistics
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Introdução aos Estudos Linguísticos"Professora Clara Keating
Patrícia Paraíso " Turma B " 2014-2015
Curso de Línguas Modernas
Resposta à questão nº 1 (composição) do teste 1

Os pré-requisitos biológicos
Segundo Darwin, a evolução das espécies deu-se para que existisse uma maior probabilidade de sobrevivência, das mesmas, na comunidade. Deste modo podemos dizer que a linguagem nasceu, na comunidade, como forma de sobrevivência. A uma dada altura o ser humana adotou uma postura bípede, que se acredita ter algum impacto na evolução da linguagem mas da qual não existem provas concretas. A evolução humana obrigou também a um desenvolvimento e adaptação física, especialmente do cérebro e do tracto vocal humano, pré-requisitos essenciais na origem da linguagem.
Estudos feitos por antropologistas mostram que, tanto o Homo Erectus como o Homo Habilis, tiverem que desenvolver o seu cérebro para poderem realizar tarefas linguísticas básicas. Ao longo do tempo, o tamanho e estrutura do cérebro foram-se modificando, tendo hoje um sistema nervoso central extremamente desenvolvido e divido por áreas, tais como:
a área de Broca, responsável pela expressão da linguagem (word association)
a área de Wernicke, responsável pelo conhecimento, interpretação e associação das informações, mais especificamente a compreensão da linguagem (reception of speech)

e

o giro angular (Gyrus Angularis), que relaciona a forma e o som dos objetos.

Em azul, a área de Broca; em verde, a área de Wernicke; e em laranja a Gyrus AngularisEm azul, a área de Broca; em verde, a área de Wernicke; e em laranja a Gyrus Angularis
Em azul, a área de Broca; em verde, a área de Wernicke; e em laranja a Gyrus Angularis
Em azul, a área de Broca; em verde, a área de Wernicke; e em laranja a Gyrus Angularis

"Mas a linguagem articulada exige, além de um cérebro linguístico, um aparelho fonador que com ele coevolua." Vieira (1995: 29)
Podemos enquadrar o primeiro parágrafo deste excerto na evolução do tracto vocal humano (vocal tract). O tracto vocal humano é construído de forma a maximizar o número de sons diferentes que podemos produzir. A evolução humana contribuiu para esta possibilidade dado que, ao longo do tempo, todo este aparelho fonador sofreu uma restruturação: a laringe "desceu", os maxilares recuaram, houve uma redução do tamanho dos dentes e da cara. O facto de a laringe se ter posicionado num local diferente conduziu ao aumento da caixa-de-ressonância, "o que passa a permitir a produção de uma grande variedade de sons"1 .
"Para que possamos produzir som precisamos de ar passando por algum tipo de obstáculo e de uma caixa de ressonância; assim como o corpo oco de madeira do violão amplia o som gerado pela vibração das cordas no ar, (a) nossa boca, (as) nossas fossas nasais e (a) nossa faringe ampliam e causam a ressonância do som gerado pela vibração das cordas vocais na glote."
Ao estudarmos a evolução deste aparelho, encontramos semelhanças entre duas espécies diferentes: o humano (neste caso o bebé até cerca dos dois anos de idade) e os primatas não humanos.
Os primatas têm a sua laringe colocada numa posição alta, relativamente ao pescoço (algo que se verifica também nos bebés até aos dois anos e que lhes "possibilita: engolir, comer e respirar ao mesmo tempo."1) Este facto sugere que o seu tracto vocal não necessitou de uma pré-adaptação e mostra também que, por exemplo, nos chimpanzés não houve a necessidade da laringe descer para que estes pudessem produzir sons. Isto mostra que não podemos afirmar que o Homos Erectus não falava, pois a sua constituição física era semelhante à dos primatas, e se estes eram capazes de produzir sons, também o Homos Erectus conseguiria a mesma proeza.
Representação do tracto vocal humano.Representação do tracto vocal humano.
Representação do tracto vocal humano.
Representação do tracto vocal humano.

As teorias/hipóteses
A hipótese gestual: ao adquirir uma postura bípede, a espécie humana ficou com as mãos livres, o que possibilitou a existência de comunicação pelo meio de gestos. Surgiu então a hipótese do "gesto que acompanha o som".
A teoria da vocalização: sugere que a linguagem evoluiu a partir de uma espécie de grunhidos emitidos e partilhados por várias espécies, incluído a humana. Pode explicar as semelhanças, em termos sonoros, entre várias línguas.
A hipótese neurológica: acredita que a linguagem pode ter surgido do aumento gradual da inteligência, devido ao aumento do tamanho/volume do cérebro.
A interação mãe-cria: o facto de a cria ser um ser imaturo, do qual se tem de tomar conta constantemente, implica que a mãe esteja sempre junto dele. Os sons emitidos por estas crias são então interpretados pela progenitora, formando uma espécie de comunicação entre ambos.

Sumariando, podemos dizer que a linguagem surgiu de uma evolução contínua ao longo de milhões de anos. Surgiram, ao longo do tempo, diversas teorias e hipóteses que explicavam, de certo modo, a origem da linguagem mas algumas "caíram por terra" dado que não existiam provas concretas para as suportar. Apesar de não haverem provas que as suportem, o certo é que podemos ainda hoje verificar algumas características dessas referidas teoria: o gesto que acompanha o som, as expressões faciais, os balbucios e choros dos bebés.


NOTAS:
1-Maria Jacinta A. Ferreira d'Almeida Paiva, 1999, Mestrado em Evolução Humana

BIBLIOGRAFIA
Yule, George (42010), The Study of Language. New York, Cambridge University Press.
The Evolution of the vocal tract. http://www.babelsdawn.com/babels_dawn/2010/10/the-evolution-of-the-vocal-tract.html

MESTRADO EM EVOLUÇÃO HUMANA: Evolução e linguagem: como, quando e porquê? (1999) http://nautilus.fis.uc.pt/wwwantr/areas/paleontologia/encefal/textos/html/origem%20e%20evolucao%20da%20linguagem.htm

Language Typology – The Evolution of Language. https://www.youtube.com/watch?v=kZg8JV_y9Lw

https://pt.wikipedia.org/wiki/Giro_angular#mediaviewer/File:Brain_Surface_Gyri.SVG

Patrícia Paraíso





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