Resumo A Subjetividade estética de Kant

August 12, 2017 | Autor: Helena Violin | Categoria: Immanuel Kant, Estética, Subjetividade
Share Embed


Descrição do Produto

Universidade da Beira Interior




"A SUBJETIVIDADE ESTÉTICA EM KANT:
Da apreciação da beleza ao gênio artístico"
- Verlaine Freitas


Helena Violin
Estética e Criticismo
Profº José Antonio Domingues
19/11/2014


Covilhã, Castelo Branco
O texto de Varlaine Freitas procura compreender a subjetividade pensada por Kant na Crítica da faculdade do juízo. Segundo a autora, quando se a refere a beleza, Kant a retrata como um determinado jogo de nossas faculdades na contemplação do objeto ao invés de defini-la como uma propriedade apreensível intelectualmente.
Em suas três principais obras de filosofia crítica (Crítica da razão pura, Crítica da razão prática e Crítica da faculdade do juízo) as universalidade e autonomia são palavras-chave para o autor. Em termos absolutos, ele afirmou que a faculdade da razão está universalmente presente em todos os seres humanos e que todos os indivíduos tem a capacidade de exercer sua faculdade racional de modo igualmente apurado. Ele justifica o não acontecimento disso pela falta de desenvolvimento dessa faculdade ou pelo seu uso "incorreto". Para Kant, a razão é capaz conceder ao homem o conhecimento universal e necessário, ao contrário, com a sensação, tudo que se liga a ela tem como consequência ser contingente e não necessário.
A autora apresenta que, para Kant, o juízo de gosto é estético. Isso significa que ele considera a ausência de conceitos que justifiquem a existência ou inexistência de beleza em um objeto, pois somente o sentimento de prazer ou desprazer do observador é que pode fazer tal avaliação. São considerados três tipos de prazer, o do agradável, que é derivado do contato material com o mundo exterior; o do bom, moral, absoluto ou relativo; e o da beleza, que não se baseia nas sensações, é considerado um prazer puro, pois não tem interesse pessoal em relação ao objeto que vemos ou ouvimos. Este é o prazer que deriva do uso de nossas faculdades intelectuais. Portanto, o juízo do belo é aquele se isenta de todo interesse individual, sendo assim, universal.
O prazer da beleza, que não vem das sensações e nem de um conceito pré-determinado a respeito do objeto, vem então da relação entre imaginação e entendimento; a primeira, responsável pela produção de imagens e o segundo, pela produção de conceitos. Nem sempre se alcança o discernimento entre o prazer gerado pela materialidade do objeto, ou sensação; e o prazer gerado pela contemplação da forma gerada pelo entendimento.
Assim, o juízo de gosto, quando dizemos que algo é belo, é formal, pois o que nos dá prazer, nesse caso, não é a materialidade, mas sim a forma derivada do modo como contemplamos o objeto. Essa forma, entretanto, para ser tomada como bela deve possuir uma finalidade sem que se perceba nela um fim determinado. Se não percebemos o fim a que o objeto é conformado, ele pode ser chamado virtual.
Quando a imaginação unifica os múltiplos elementos dispersos da materialidade das sensações, e esta unidade não encontra um conceito do entendimento que satisfaça às suas relações de causalidade, de finalidade, de adequação a fim, então as duas faculdades estão em uma determinada relação ou disposição que tende a se manter, mas com nenhum outro fim além de sua própria manutenção e reforço, o que significa que este estado da mente é prazeroso, mas de um prazer que não se interessa por mais nada a não ser a sua própria continuidade. A relação entre as duas faculdades, Kant chama de livre jogo, pois nem a imaginação se submete à conformidade das leis do entendimento, nem o entendimento encontra um conceito que delimite e dê conta de todas as relações presentes representação fornecida pela imaginação.
Na Crítica da faculdade do juízo, como diz a autora, Kant diz que no juízo do gosto, para um objeto ser tido como belo e o seu juízo seja puro, este não pode ser baseado em qualquer conceito de que coisa seja esse objeto e nem o seu fim. O que a autora questiona é até que ponto pode-se entender que essa proibição do conceito no juízo de gosto significa que reconhecer um objeto e identifica-lo com um conceito pré-existente em nossa faculdade intelectual impede que possamos julgá-lo belo através de um juízo de gosto puro.
Portando, ao ver algo e reconhecer seu conceito sentimos prazer segundo sua forma, sendo que o prazer que vinculamos à apreensão da conformidade a fim na forma é independente do fato de que o conceito desse objeto. O juízo de gosto se dá no plano estritamente lógico e não temporal, o que quer dizer que a simultaneidade do sentimento de prazer com o reconhecimento do objeto como algo determinado não tira a pureza do juízo. Que não se precise de nenhum conceito para ajuizar algo como belo, não significa que se precise não ter nenhum conceito do objeto que julgamos belo. Sua forma, assim, é inteiramente livre de regras, o que faz com que o sujeito não precise levar em conta seu fim natural de reprodução ao julgá-la bela, estando a imaginação e o entendimento em um livre jogo.
Reside na forma do objeto um "espaço" em que o conceito de sua funcionalidade não é determinante. Se não fosse assim, todos os objetos de mesma ordem seriam absolutamente idênticos não havendo entre eles liberdade para a imaginação na contemplação e materialização da figura. As características residentes neste "espaço" podem não ter uma conformidade ao fim, tornando o que vemos alvo de um juízo de gosto que o declare belo. Essa beleza é aderente, conceito que Kant usa para classificar o juízo não puro (interessado), pois a margem de variação inventiva para a imaginação tem que respeitar o conceito de fim, que é a condição de possibilidade de existência do objeto dentro de seu conceito.
Quando um objeto é feito com seu conceito pré-definido ele é classificado como arte mecânica. Esta tem como objetivo imediato a produção desses objetos de acordo com o fim respectivo a ele. Mas se um objeto é concebido com o objetivo de produzir sentimento de prazer, então ele é classificado por Kant como arte estética. Se o conceito pré-definido de um objeto está diretamente vinculado à representação como mera sensação, então este entra na classificação da arte agradável. Porém, se o prazer que acompanha a representação é apenas contemplativo, este objeto será então pertencente à classe da bela-arte.
Através do conceito de gênio artístico, Kant define que a natureza tem disposição natural inata para dar regra à arte. Portanto, é a natureza do sujeito, ou a disposição das faculdades do mesmo é que dão à arte a regra. Partindo do conceito de que um produto sem regra não pode se chamar arte, a bela-arte pode ser concebida somente através do gênio. Essa regra não pode ser percebida ou aprendida por um sujeito, pois ela já está intrínseca no homem. Além de fornecer o material a ser formado pela faculdade intelectual do observador, essa natureza fornece também a forma, a qual está condicionada uma finalidade. O que não quer dizer que a elaboração do produto da arte é por conta do gênio. A natureza fornece apenas matéria a estes produtos, mas o talento formado através da escola é que torna possível a elaboração do objeto que será materializado pelo sujeito.
Quando o produto se torna aquilo que ele deve ser, segundo as regras da natureza, podemos dizer, segundo Kant, que este submete-se ao conceito de pontualidade. Esta mesma classificação, que pode ser descrita como a configuração de todos os momentos na obra, não tem uma causalidade explicável por conceitos, o que nos permite concluir que não existe um conceito de fim que explique a ordenação da construção dos elementos presentes na obra.
Quando há um privilégio exagerado da imaginação em uma bela-arte, prejudicando a faculdade de julgar, pode-se dizer que estamos diante do gênio sem gosto. Mas quando temos um fim prático para o produto, se tratando neste caso de uma arte mecânica, pode-se dizer que estamos diante de uma situação em que o gosto trabalha desassociado ao gênio. Considerando um produto que seja da bela-arte e seja conforme ao gosto, ainda poderíamos clasificá-lo como sem espírito, que no sentido estético significa o princípio vivificador da mente. O espírito é o que põe as faculdades da mente em movimento, numa forma de exposição de Ideias estéticas.
Portando, para a Kant, a bela-arte necessita de imaginação, entendimento, espírito e gosto.
CONCLUSÃO
Segundo análises da autora Professora Verlaine Freitas foi possível identificar que a filosofia de Kant é bastante centrada na subjetividade e focada no estudo da capacidade do homem em compreender, experimentar e sentir prazer com o mundo, mais especificamente, com aquilo que o filosofo considera arte. Para compreende-la, cada individuo deve fazer uso de suas capacidades de relexão, da qual todos os homens são dotados. A classificação da arte como bela-arte, a arte em seu melhor estado, ou estado mais puro, é vista por ele com bastante rigor, sendo que para ser considerada como tal, a arte deve passar por uma lista de atributos, fazendo assim com que muitos produtos que são consideração comumente por nós como arte pura, não são assim considerados se levarmos em conta os conceitos de estética e gosto definidos por Immanuel Kant.


Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.