REsumo aula de repente.

September 28, 2017 | Autor: Mo Maiê | Categoria: Literatura, Literatura de cordel, Literatura de Cordel, Identidade
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Resumo de aula sobre o “Repente” Ministrada pelo poeta Déi Ferreira (Salvador, Bahia) 17 de dezembro de 2014

Ontem fui pela primeira vez ao "Quarta do repente" promovido pelo poeta baiano Déi Ferreira (Joseilton Cordel), no Alto da Sereia. Durante o encontro o poeta nos explicou várias coisas interessantes, como a origem do repente na tradição oral nordestina, com raízes na poesia moura (que chegou na Europa através dos moçárabes africanos) e consequentemente, na poesia medieval (descendente da poesia moura), de onde vem a figura dos trovadores. Segundo Déi, no período em que nasceu o repente brasileiro, o território nordestino era dividido por grandes fazendas, isoladas umas das outras. Me faz lembrar dos castelos feudais... Quando os negros e empregados das fazendas iam "quarar" a roupa nos rios que faziam limites entre as fazendas, se encontravam com outros poetas e repentistas de outras fazendas, desafiando-se com a poesia cantada. Outro clássico momento da vida cotidiana desses camponeses e trabalhadores era a feira, quando vinham para vender o que colhiam no campo, sendo um momento importante para a socialização entre os "feudos" sertanejos. Nas feiras rolavam as "pelejas", onde o repente comia solto! Aí o fundamental era ritmo e agilidade mental, que permita aos desafiantes encurralar o oponente apenas com a força do discurso. Os pequenos livros de bolso tão populares no nordeste brasileiro chamado "cordéis" são os versos das pelejas de embolada impressos, geralmente ilustrados com figuras de xilogravura. Segundo Déi, "Uma observação a ser feita é que não necessariamente o cordel (forma impressa) vem exclusivamente das pelejas, mas também das histórias, dos ABCs, e de todo o imaginário popular. É certo que com a peleja há uma popularização maior desses livretos. É interessante também ressaltar que as pelejas clássicas ocorriam dentro das fazendas principalmente entre os Cantadores com suas violas, e nas feiras eram vendidos os folhetos, muito através dos emboladores com seus pandeiros e pelos "decoradores" dos versos dos poetas. Recomendo pesquisar "Vaqueiros e Cantadores" de Cascudo e o cordel "A peleja da Ciência com a Sabedoria Popular" de Antonio Vieira". Déi também explicou que o repente é uma execução de versos populares, através de melodias e ritmos, com cadência própria, com um ritmo natural implícito em sua forma.

Citou os diferentes tipos de execução do repente: - O "Côco de embolada": executado com o acompanhamento do pandeiro; - A "Cantoria": executado com o acompanhamento da viola; - O "Aboio": executado apenas com a voz, sem acompanhamento de instrumentos musicais.

E explicou as formas básicas da poesia do repente: - Quadras: Geralmente escritas em redondilhas maiores, a quadra tem 4 pés (ou versos) e podem ser desenvolvidas com diferentes tipos de rima, sendas as seguintes as mais comuns: A

A

B

B

C

B

B

C

Déi disse que "o que diferencia a prosa do verso é o ritmo poético. O ritmo é a percepção sonora de tons fortes e fracos". Na redondilha maior cada verso tem 7 sílabas sonoras. Na redondilha menor, cada verso tem 5 sílabas sonoras. A contagem das sílabas sonoras são um pouco diferente das sílabas ensinadas pela gramática. Na poesia conta-se as sílabas sonoras até a última sílaba mais forte, chamada de "tônica".

- Sextilhas: São estrofes com 6 pés (ou versos) A B C B D B

- Septilhas: São estrofes com 7 pés (ou versos) A B C B D D B

- Décimas: Contam-se 10 sílabas sonoras (ou versos) A B B C C D D C C D

exemplo: Me admira demais o beija flor 1 23 4 5 6 as tônicas)

7 8 9 10

(sendo que as sílabas 3, 6 e 10 são

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