Resumo de Estabelecidos e Outsiders de Norbert Elias

July 9, 2017 | Autor: Carlos Orellana | Categoria: Norbert Elias, Norbert Elias: 'Court Society' and 'Civilising Process'
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Estabelecidos e outsiders Estabelecidos outsiders

Livro propriamente etnográfico de Norbert Elias numa pequena comunidade suburbana da Inglaterra, durante a década de 1940. O interesse da pesquisa de Norbert Elias é verificar por quais condições dão se as relações de poder e de hierarquia dentro das comunidades, e também analisar os instrumentos utilizados na segregação de um grupo outsider por outro já estabelecido (no caso, com maior poder simbólico). O livro é o resultado de três anos de pesquisa de Norbert Elias na comunidade por ele denominada de Winston Parva. A pesquisa funda-se, essencialmente, na observação do pesquisador, entretanto, ele também apresenta uma série de indicadores como renda, tipo de ocupação, para levantar as informações necessárias para uma investigação mais criteriosa. Na introdução de Estabelecidos e Outsiders, Norbert Elias estabelece alguns relações pelas quais se encontra a comunidade de Winston Parva. Winston Parva era uma zona industrial em expansão. Viviam ali, cerca de 4.185 pessoas em 1958, e pouco menos de 5.000 pessoas em 1959. Em 1958, a zona 1 era composta por 456 habitantes, a zona 2 por 2.253 e a zona 3 por 1.776. A zona 1 era considerada a melhor parte de Winston Parva. De modo geral, os aluguéis eram mais caros. Tratava-se de um bairro, quase que exclusivamente de classe média. O panorama da zona 1 era de um bairro de moradores de classe média, a maioria não participava ativamente dos assuntos locais, enquanto uma minoria exercia uma liderança comunitária não apenas em relação ao seu bairro, mas em Winston Parva como um todo. A zona 1, em sua maioria era formada por casas geminadas em centro de terreno, com garagens e ruas bem largas. A zona 2 era constituída por meia-águas contíguas com muitas vielas estreitas e pequenos quintais. Em termos de classe social, tanto quanto foi possível verificar, a zona 2 era um bairro operário semelhante à zona 3. No trabalho, o contato diário com operários que moravam fora de Winston Parva parecia ter uma influência singularmente pequena. A zona 2 era mencionada por seus moradores como ‘aldeia’ que possuía comunicações relativamente fluídas e um alto grau de uniformidade. Uma zona operária, estreitamente, unida e aparentemente uniforme, a aldeia tinha uma hierarquia interna de status. Lá havia um controle mútuo da vizinhança que fomentava e premiava a adesão à crença coletiva no alto valor da aldeia como comunidade. E isto desestimulava qualquer expressão franca e direta de insatisfação, particularmente na conversa com estranhos. Em relação à zona 3, as pessoas da aldeia fechavam qualquer chance de aproximação de um morador do loteamento. E numa comunidade como a zona 2, submetida a uma intensa pressão pelo conformismo e um controle cerrado da vizinhança, seriam severas as punições à espera de quem, nesse contexto, externasse publicamente idéias contrárias aos padrões das ‘famílias antigas’, ou não parecesse conformar-se de bom grado com eles. A configuração encontrada nas zonas 1 e 2 mostrou a importância dessa ordem comunitária específica de superioridade e inferioridade, além do tipo de tensões que ela provoca. Era preciso conhecer a estrutura das famílias antigas e da rede que elas formavam para compreender com mais clareza essas diferenças.

Observou-se que na zona 2, os laços de parentesco eram visivelmente mais fortes que no restante de Winston Parva. Constatou-se que havia uma estreita relação entre eles. Na aldeia entre as famílias era motivo de orgulho constituírem famílias numerosas. O espírito familiar e a intensa identificação do individuo com o grupo ampliado de parentesco e a subordinação relativamente elevada de cada membro a sua família era reforçado e preservado pelo respeito e aprovação que cada membro podia esperar no seio da família. O alto grau de cooperação da aldeia não se devia ao fato de ali se haver reunido, acidentalmente, um grupo de pessoas generosas. Tratava-se de uma tradição que havia crescido ao longo de duas ou três gerações, entre pessoas que moravam num bairro estreitamente unido e de tipo específico. As associações locais também eram ferramentas integradoras dos habitantes da zona 2, possuía a capacidade de potencializar o grau de coesão interna do conjunto de famílias dessa zona. O núcleo da comunidade aldeã era a família, mas não constituíam a única círculo de relações entre os indivíduos da zona 2. Dessa forma, havia uma variedade de associações que preservavam o status e a hierarquia mantida pelos seus moradores, isto é, excluindo as pessoas da zona 3 de suas atividades. Essas associações também aumentavam o sentimento de pertencimento de grupo desses moradores, o que era um ingrediente essencial para a realização das atividades comunitárias. Na zona 2, as atividades familiares e as atividades dos grupos de famílias fundiam-se umas nas outras e pareciam inseparáveis. É difícil dizer até que ponto as famílias não desempenhavam um papel preponderante nas associações locais. Havia uma série de clubes ou associações, entre elas estavam os Evegreens, o clube dos idosos. O Evergeens contava com 114 membros e era uma das maiores associações leigas de Winston Parva. Tratava-se de uma associação de assistência social característica do modo como as velhas comunidades industrias, nas quais se mantinham vivas até certo ponto as tradições de gerações anteriores. O clube organizava diversos passeios ao longo do ano, visitas a monumentos históricos ou excursões à beira-mar. Outra associação local que desempenhava um papel de destaque era a Banda Premiada da Temperança de Winston Parva. O nível alto de organização no campo político das zonas 1 e 2 e o nível organizacional baixo da zona 3, contribuía para explicar os diferenciais de poder entre elas. Visão Geral da zona 3

A zona 3 era constituída por casa com dois aposentos pequenos no térreo e dois ou três quartos pequenos, no andar superior. As casa eram muito próximas, separadas por jardins. Durante a década de 1930, época de construção desta área de Winston Parva, não foi fácil alugar estas casas, pois os moradores da zona 2 consideravam um lugar sujo, já que o terreno não favorecia a construção de novas casas. Os primeiros habitantes dessa zona foram refugiados de guerra que vieram trabalhar nas fábricas em expansão. Um número considerável dos migrantes de Londres fixou residência ali, na zona 3. A relativa inexistência de laços de parentesco locais contribuiu para o isolamento das famílias da zona 3. A alta mobilidade migratória entre as famílias da zona 3 criava problemas específicos em quase todos os setores da vida. A tendência era manter uma atitude de reserva e de autoproteção contra os vizinhos de costumes, padrões e estilos tão diferentes. Não havia oportunidades sociais nem tradições comuns que ajudassem a

acionar os rituais de investigação mútua, base necessária para o estreitamento das relações de vizinhança. A zona 3 também não contava com agentes comunitários, médicos ou qualquer outro que por bom senso ou formação tivesse autoridade e despertasse confiança para ajudar a derrubar os muros do isolamento. O processo de estigmatização iniciou principalmente devido a uma parcela considerável dos primeiros habitantes do loteamento serem trabalhadores ‘grosseirões’, embora o tipo mais rude de trabalhadores, na época da pesquisa, ser apenas uma minoria relativamente pequena, o preconceito persistia. E o fato de uma minoria de casos problemas ainda residir na zona 3 parecia reiterar essa imagem formada por eles. Assim, desde o início, as pessoas do loteamento forma excluídas, e este estereótipo permanecer sólidos nas mentes dos habitantes da zona 2.

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