Resumo discurso sobre o metodo

September 26, 2017 | Autor: Bruno Thompis | Categoria: Descartes, René, Descartes, Resumo, Racionalismo, Discurso do Método, Cartesiano
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DESCARTES, René. Discurso sobre o método. Trad.: Norberto de Paula Lima, Torrieri Guimarães. 1ª ed. São Paulo, SP: Folha de São Paulo, 2010.

Bruno Thompis Alves Siqueira Barbosa

Matemático, filósofo e fisiologista, Descartes é considerado o pai da filosofia moderna. Iniciado nos estudos aos 9 anos, praticou basicamente os estudos em retórica, poética e gramática no colégio jesuíta de La Haye, tendo entrado na Universidade de Pointier em 1614 e concluído o curso de direito, sem exercer a profissão posteriormente, em 1616.
Em meio a um cenário de transformações no pensamento como um todo, Descartes surge como um dos maiores e mais influentes pensadores de sua época, contribuindo de modo crucial para o desenvolvimento de uma nova fase da filosofia. Uma fase em que a busca era a libertação das garras do dogma cristão, tão influente ao longo dos séculos anteriores e uma inicial sistematização do pensamento em busca da verdade científica. O potencial do homem, segundo essa nova concepção de enxergar o mundo, era imensurável uma vez que a razão, novo objeto de estudo filosófico, ainda estava em pleno processo de "descobrimento". Junto a essas imensas transformações, o filósofo francês propõe uma nova forma de modelo facilitador na busca pela verdade dentro da concepção científica, a saber, o Discurso sobre o método (1637), obra que aqui estudamos.
Na obra citada Descartes discorrerá acerca de sua nova descoberta em um conjunto que ele dividirá em seis pontos específicos:
Considerações relativas à ciência;
As principais regras do método;
Algumas regras de moral;
As "provas" da existência de Deus e da alma humana;
As considerações sobre física e medicina e as diferenciações entre a alma humana e a alma animal;
Defesa do método e os motivos pelos quais foi levado a escrevê-lo;

Na primeira parte (Considerações acerca das ciências), o francês nos diz que o bom senso é parte fundamentalmente integrante de todos os homens e essencialmente igual em todos eles. As divergências opinativas, para ele, não se dao pelo fato de uns possuírem mais bom senso, mais razão que os outros e sim pela característica intrínseca de podermos decidir por trilhar caminhos diferentes entre si.
Descartes nos alerta, no entanto, que ter bom senso não basta. Faz-se necessário o uso do mesmo, sua aplicação no cotidiano. Todos, segundo ele, são suscetíveis a padecer dos vícios igualmente. Da mesma forma que todos somos capazes de exercitar as virtudes. Porém, para Descartes, é nítido perceber que aqueles que costumam exercitar-se racionalmente com mais frequência, terão mais capacidade de fugir das paixões que acometem negativamente o homem ao longo da vida.
Demonstrando-se insatisfeito com o sistema de pensamento no qual foi "criado" (o sistema cristão, de ensino puramente escolástico), Descartes institui que a motivação da confecção de sua obra não é semear por decreto uma forma universal de se produzir conhecimento, de se buscar a verdade científica. Para ele, o discurso aqui estudado não passa de uma descrição das formas pelas quais ele chega ao conhecimento adquirido durante suas investigações.
Assim, Descartes condena o edifício do conhecimento pagão e caracteriza-o como insólito e frágil. Julga necessário, então, fincar as bases fundamentais do conhecimento científico em algo que não tenha a fragilidade dos edifícios anteriores e cita a matemática como um possível porto-seguro:
"Agradavam-me, especialmente, as matemáticas, pela exatidão e a evidencia dos seus raciocínios, mas não entendia ainda qual sua real utilidade e, acreditando que apenas servissem para artes mecânicas, admirava-me de que, sendo as suas bases tão sólidas, tão firmes, nada de mais elevado se tivesse sobre elas edificado" (DESCARTES, 2010, p. 11)

Para Descartes, a filosofia de sua época (e das épocas anteriores) não possuía um objeto de discussão definido, atribuindo a tudo o caráter de duvidoso. Isso, para Descartes, era enveredar-se na busca por algo não sólido. Os edifícios construídos, então, pelas outras ciências eram edifícios de bases frágeis, uma vez que tinham a filosofia como alicerce. O que resta, para Descartes, a partir dessa desconfiança em relação à filosofia é estabelecer raízes sólidas no modelo matemático de conhecimento a fim de evitar ludibriar-se com tais formas de conhecimento.
Diferenciar o verdadeiro do falso era o grande desejo de Descartes. Para isso, o filósofo acreditava que as especulações anteriores a ele dentro da filosofia não possuíam efeitos, muito menos resultado algum. Para mudar esse quadro, Descartes estabelece quatro regras básicas do método em busca da verdade. A primeira estabelece que não devo:
"[...] jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que eu não conhecesse à evidência como tal, [...] incluindo nos meus juízos aquilo que se mostrasse de modo tão claro e distinto a meu espirito que não subsistisse dúvida alguma" (2010, p. 18).
A segunda consiste em:
"[...] dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê-las" (Idem).
A terceira estabelece que devemos:
"[...] pôr ordem em meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos para atingir paulatinamente, gradativamente, o conhecimento dos mais complexos, e supondo ainda uma ordem entre os que não se precedem normalmente uns aos outros" (Ibidem).
A quarta e última regra, nos incita a:
"[...] fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisões tao gerais que estivesse certo de não ter esquecido nada" (2010, p. 19).

Para tanto, ou seja, seguir as regras do método há regras anteriores a serem seguidas. Tais regras pertencem à moral que, segundo Descartes, devem estar sempre no horizonte do cientista em busca da verdade. Para o francês, deve-se obedecer à religião na qual se foi educado, bem como aos costumes os quais o foram repassados durante seu período de crescimento. No entanto, o filósofo nos incita a estabelecer governo sobre si próprio, incitando-nos à autonomia de pensamento. A busca final, para Descartes, no que tange à moralidade, é entender e analisar quais das práticas morais vigentes em minha sociedade e escolher a melhor dentre elas.
Diante de todas as dúvidas pré-estabelecidas, Descartes recorre à única certeza que está diante de todas: penso, logo existo (cogito, ergo sum).
Recorrendo a princípios aristotélicos, Descartes introduz uma ponte de ligação para a razão, como ela é concebida no homem e quem é seu fiador. Para Descartes, está mais do que claro que este fiador é Deus e a razão é a grande dádiva concedida a nós por Ele. Utilizando-se das concatenações de causas e efeitos, o filósofo chega a Deus como causa não causada da razão humana. Para chegar a essa conclusão, Descartes sugere que a elevação da mente como extensão pura da razão é fundamental. A existência de Deus e sua bondade intrínseca são a garantia de que não há nenhum mal que haja como traiçoeiro e se empenhe em nos enganar, blindando nossa visão para a verdade. Segundo Descartes, nós estamos aptos à compreender a verdade bastando, para isso, sermos dotados e razão e exercitá-la. Para tanto, seu método é fundamental. Mesmo que o autor não o tenha estabelecido deste modo.



Resumo apresentado como requisito obrigatório para a primeira avaliação da disciplina de Teoria do Conhecimento I, ministrada sob a supervisão da Profª. Drª. Rosilene Maria Alves Pereira.
Graduando em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.
Quando falamos de bom senso, é válido mencionar que o autor está versando sobre a razão, obviamente, o seu objeto de estudo.
A obra aqui estudada foi, inicialmente, apenas o prefácio de uma obra maior que posteriormente seria dividida em três partes (A Dióptrica, Os Meteoros e A Geometria) e sofreriam atrasos na sua publicação devido à condenação de Galileu pela igreja católica. As três obras citadas, em conjunto, versariam sobre a tese heliocentrista, mesma tese defendida por Galileu antes de ser condenado.



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