Resumo do capitulo 4, \"História da nossa disciplina\', de Carlos Alberto Faraco, presente no livro \"Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas\"

May 31, 2017 | Autor: Pablo Rodrigues | Categoria: Languages and Linguistics, Linguistics, Lingüística Histórica, Resumo
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 26 de Fevereiro de 2013
Aluno: Pablo Baptista Rodrigues – DRE: 11120197 – Turma: LED
Matéria: Linguística 4
Professor: Gean Nunes

APRESENTAÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo resumir o capitulo 4, História da nossa disciplina, de Carlos Alberto Faraco, presente no livro Linguística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas, Edição Revista e Ampliada, Editora Parábola, do mesmo autor. E desde já, não deixando de apresentar os aspectos mais importantes no desenvolvimento da disciplina Linguística Histórica.

RESUMO;
A Linguística Histórica, compreendida como a reflexão sobre as mudanças das línguas no decorrer do tempo, e baseada em pilares científicos modernos nasceu aproximadamente nos fins do século XVIII. Isso não significa que seu surgimento ocorreu do nada. Ainda que indiretamente, pode ser associada ao desenvolvimento dessa disciplina, toda a preocupação que as sociedades antigas demonstraram com os estudos de textos antigos, isto é, em especial os trabalhos filológicos dessas sociedades.
Como em outras disciplinas, a linguística histórica apresentará divisões, que são características de sua construção e desenvolvimento. Assim se percebe nessa formação, grandes áreas em que ela se dividiu. O primeiro que abrange os anos de 1786 até a publicação dos neogramáticos em 1878, que abarca o período de desenvolvimento do método comparativo e os anos de 1878 até os dias de hoje. O primeiro período, representado por uma visão de mudança como um fato que se dá dentro do próprio sistema linguístico. E o segundo período, a mudança articulada com fatores internos e também externos ao sistema. Ambos os períodos podem ser relacionados ainda, com duas correntes atuais: Gerativismo, mais imanentista, e Sociolinguística, mais integrativa, apresentando, portanto, a tensão entre as duas linhas interpretativas.
Os primeiros momentos da Linguística Histórica estão associados ao crescente interesse pelas civilizações antigas, o que impulsionou estudos do sânscrito, língua dos hindus (Índia). Está fase inicial é marcada com os trabalhos de William Jones (1746-1974), cidadão inglês que apresentou à Sociedade Asiática de Bengala, inúmeras semelhanças entre o sânscrito, o latim e o grego. Nesse mesmo tempo, surge ainda, a Escola de Estudos Orientais, que abrigaria os intelectuais alemães Friedrich Schlegel (1722-1829) e, em particular, Franz Bopp (1791-1867), que desenvolveria, em seguida, a chamada gramática comparativa. Bopp demonstrou em seus trabalhos a comparação detalhada da morfologia verbal do grego, latim, persa e alemão e as correspondências sistemáticas que havia entre elas, revelando assim o efetivo parentesco. Estava criado o método comparativo, procedimento central para a linguística histórica.
Contribuí ainda para a evolução da Linguística Histórico-comparativa, o trabalho paralelo de Rasmus Rask (1787-1832). Ele teve sua pesquisa publicada dois anos posterior aos trabalhos de Bopp, em 1818, e devido a língua pouco comum em que escreveu seu trabalho, o dinamarquês, teve dificuldade na divulgação do mesmo. Apresentou independência e originalidade nas línguas com o qual trabalhou, sendo essas as línguas nórdicas, o lituano, o eslavo e o armênio.
Somam-se ainda ao avanço da Linguística Histórica, os trabalhos de Jacob Grimm (1785-1863). Pode-se afirmar que com as pesquisas de Grimm é estabelecido o estudo considerado de fato histórico. Suas pesquisas demostraram de forma clara, que a sistematicidade das correspondências entre as línguas se relacionava com o fluxo histórico. Contribuindo dessa forma, Grimm, preenche a lacuna deixada por Bopp, em que se interessou em detectar apenas as correspondências sistemáticas entre as línguas, isto é, estabelecer somente o parentesco entre elas.
Nos anos posteriores ao trabalho de Bopp, Rask e Grimm, observou-se uma grande expansão dos estudos comparativos. Destaca-se nesse momento o desenvolvimento da chamada filologia (ou linguística) românica, nome dado ao estudo histórico comparativo das línguas oriundas do latim. A filologia românica teve, portanto, papel fundamental no desenvolvimento dos estudos comparativos, bem como seu refinamento metodológico. O linguista alemão Friedrich Diez (1794-1876) é considerado o iniciador desse ramo de investigação, contribuindo com a Gramática Histórico-comparativa das línguas românicas, 1836 e 1844, e um dicionário etimológico dessas línguas, em 1854.
Como pode se perceber então, o desenvolvimento da Linguística Histórica se dá pela contribuição de pesquisadores interessados na mudança histórica das línguas naturais e também pela influência de outras áreas do conhecimento. Assim como a filologia, temos também a influência do Evolucionismo de Charles Darwin, principalmente na metade do século XIX, nos trabalhos de um pesquisador August Schleicher (1821-1868). A visão da mudança para a ser um organismo vivo, com existência própria fora de seus falantes. Schleicher contribui ainda com a formulação de uma classificação genealógica das línguas indo-europeias, no desenvolvimento de uma tentativa de reconstrução de uma língua ascendente, denominada atualmente como pro-indo-europeu.
Surge, na última metade do século XIX, uma nova geração de linguistas, os neogramáticos. Relacionados com a Universidade de Leipzig (Alemanha), tinham como ponto de crítica os pressupostos tradicionais da prática histórico-comparativa, isto é, a concepção naturalista da língua. Considerados um divisor de águas dentro da linguística histórica, demostraram interesse em investigar a mudança e não apenas reconstruir estágios remotos das línguas. Suas críticas geraram avanços na metodologia, como A Lei fonética, inspirado em Karl Verner (1846-1896), o Princípio da Analogia etc. Entre os neogramático influentes na linguística histórica temos Hermann Osthoff (1847-1909), Karl Brugman (1849-1919), Hermann Paul (1846-1921). Porém, da mesma forma, os neogramáticos não foram isentos de crítica.
Os nomes mais expressivo a criticar os neogramáticos foi o austríaco Hugo Schuchardt (1842-1927). Opôs-se a lei fonética, que afirma que a mudança sonora estava subordinada a leis que não admitiam exceções. Possuía uma concepção subjetiva da língua, tratando o falante como o individuo que lhe serve de apoio, e chamou atenção para a variedade condicionada por fatores como sexo, a idade, o nível de escolaridade. Foi também o primeiro estudioso a dar atenção aos pidgins e crioulos. Em resumo, introduz ao século XX, a noção de heterogeneidade real da língua, apontando futuramente para os estudos de dialetologia e, mais recentemente, da sociolinguística.
É com o com linguista Antoine Meillet (1866-1936), nos primeiros anos do século XX, que a Linguística Histórica recebe uma concepção mais sociológica, pela influência da consolidação da Sociologia como ciência. Meillet se opõe a visão de língua como organismo vivo e autônomo, como realidade eminente psíquico-subjetiva e como um sistema de relações puras. Crítica com isso Schleicher, os neogramáticos e seu professor Saussure. Suas observações ficaram a margem durante o século XX, pois a perspectiva imanentista se consolidou com o estruturalismo e se tornou hegemônica.
Com a evolução dos estudos estruturalistas a visão de língua volta a apresentar uma concepção mais imanentista. Dessa forma, a diacronia e a sincronia dos estudos de Saussure têm forte impacto nos estudos da mudança, dando a linguística histórica uma forma mais estruturalista. Isso pode ser visto, com manifestação dos linguistas do Círculo de Praga, nas décadas de 1920 e 1930, no qual formularam o princípio de que as mudanças da língua deveriam ser analisas baseadas no sistema. Além de Saussure contribuem a essa fase da linguística histórica Jakobson, com seu trabalho sobre a mudança fonológica, mostrando seu caráter sistêmico. É André Martinet (1908-1999), que afirmou a existência de desequilíbrios no sistema que favorecem a mudança. Com isso, a mudança de base estruturalista apresenta uma dinâmica completamente autônoma, aceitando fatores externos ao sistema somente com o esgotamento dos condicionamentos internos do mesmo.
Teremos ainda, na evolução da Linguística o surgimento do Gerativismo de Noam Chomsky (1927-) a partir da década de 1950. Assume-se com as observações de Chomsky, que as crianças apresentam um conhecimento desde o nascimento, mecanismo inato (a gramática universal), que ajuda distinguir uma língua natural e também na aquisição da linguagem humana. A influência aos estudos de linguística histórica será, então, a respeito da mudança está submetida a princípios gerais, isto é, a mudança está condicionada por fatores biológicos, permissíveis pela gramática universal, o que pode ser visto, nos trabalhos de Lightfoot.
Permeia ainda, aos estudos de linguística histórica, as Análises tipológicas. Essas análises envolvem a classificação das línguas humanas e a possibilidade do agrupamento das mesmas. Essa preocupação está presente nos trabalhos iniciais de A. W. Schlegel, em 1818, e mais tarde por Schleicher, em 1865. Porém é com o trabalho de Joseph Greenberg (1915-2001) que é apresentado uma maior consistência nas analises tipológicas, levando em consideração como critério a ordem canônica dos constituintes da oração declarativa das línguas.




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