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Resumo do texto "Ética e responsabilidade: Hans Jonas e os desafios de uma nova ética"

No texto é mencionado que o autor Hans Jonas traz uma visão mais ampla da ética.
Há uma linha histórica traçada no texto que demonstra que até o século XX o homem se via pequeno diante o imenso poder da natureza e isso fazia com que ele sentisse que a sua liberdade a sua vontade não tinham limites. O limite existia nas coisas criadas pelo homem, como a cidade, mas não na sua relação com a natureza.
A necessidade do surgimento da ética teve origem na criação da cidade, para garantir a sobrevivência dentro do âmbito limitado da cidade. Já a natureza, mesmo que o homem interviesse e inventasse coisas novas a partir dela, "cuidava de si mesma" e não necessitava de qualquer norma ética que limitasse a ação humana.
Essas duas crenças – a inviolabilidade da natureza e a dimensão limitada do poder humano – foram base de todas as éticas até o presente, segundo Hans Jonas. Ele pontua cinco características comuns a elas: 1) Todo o mundo extra-humano era considerado neutro, já que a "atuação sobre os objetos não humanos não formava um domínio eticamente significativo." 2) Toda ética era antropocêntrica, porque pensava nas relações de um homem com outro homem. 3) O homem era considerado constante do ponto de vista de sua essência, ou seja, não era pensado como objeto da técnica "reconfiguradora". 4) O bem e o mal de uma ação eram medidos do ponto de vista imediato, do ponto de vista do tempo e do espaço (uma ética do aqui e do agora) 5) Todas as máximas dessa ética revelam esse "confinamento ao círculo imediato da ação".
Tendo em vista o avanço do conhecimento humano e da tecnologia, Hans Jonas percebe que a ética tradicional tornou-se insuficiente para o mundo contemporâneo, pois ninguém pode ser julgado se não souber medir as consequências de suas ações. Hoje, com as informações disponibilizadas pelo conhecimento cientifico a respeito dessas consequências, a ética não pode fechar os olhos, de forma irresponsável para essas informações.



Ele critica Emmanuel Kant, que afirmava como imperativo "aja de tal modo que tu também possas querer que tua máxima se torne lei geral", pois essa máxima torna-se insuficiente na medida em que não se tem conhecimento das verdadeiras consequências do seu exercício.
Visualizando essa insuficiência, Hans Jonas começa a projetar novas dimensões da responsabilidade que estão ligadas à nova dimensão do poder de intervenção humana sobra a natureza. O novo saber técnico-científico, com todas as suas informações e instrumentos de descrição e calculo da natureza, obriga a ética a pensar o exercício desse poder além do âmbito intra-humano, já que o poder do homem hoje é equivalente ao poder natural. A nova ética precisa se expandir e ser mais abrangente, até alcançar o poder humano. Como o poder humano se desenvolveu, a ética também precisa ser desenvolvida, pois o poder exige a ética já que o seu exercício deve ser feito com responsabilidade.
A nova ética está erguida sobre dois pontos principais: a) sobre o indeferimento da superioridade da racionalidade técnica humana sobre os demais seres vivos; b) sobre a supressão da fronteira entre a "cidade" e a natureza, já que elas se confundem no mundo contemporâneo.
Do primeiro caso nasce a necessidade de refletir sobre a técnica como uma vocação humana, mas despi-la desse infinito impulso e desse cego triunfo. Da segunda a negação surge a exigência de que a ética pense a conservação do mundo físico de forma a garantir a existência da própria vida no futuro.
O novo imperativo ético traçado por Hans Jonas leva em conta essas novas dimensões de relação entre saber, poder e responsabilidade. "Aja de modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanecia de uma autentica vida humana sobre a Terra" ou "aja de modo que os efeitos da tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade de uma tal vida." Essas duas formulações de Hans Jonas ilustram esse novo conceito de ética trazido por ele.