Revoltas, Protestos e Movimentos Sociais em Perspectiva Global (FGV 1º semestre 2015)

August 29, 2017 | Autor: J. Bortoluci | Categoria: Social Movements, Movimentos sociais, Social protests
Share Embed


Descrição do Produto

  REVOLTAS, PROTESTOS E MOVIMENTOS SOCIAIS EM PERSPECTIVA GLOBAL

José Henrique Bortoluci CPDOC-FGV [email protected]

Sextas-feiras, 13h20 às 17h Sala 301 – FGV Direito

Objetivos da Disciplina Este curso pretende introduzir os alunos aos principais debates e à literatura internacional acerca das causas, dinâmicas e consequências de protestos, revoluções e outras formas de conflito social. Isso será feito principalmente a partir do estudo comparado de diversas revoltas e movimentos sociais recentes, em todo o globo. Estudaremos, por exemplo, a relação entre limitações às liberdades individuais e a emergência dos movimentos contra regimes autoritários na chamada “Primavera Árabe” e, mais recentemente, em Hong Kong; a entrada em cena de atores não tradicionais na luta por direitos humanos, no caso das mães e avós de Maio na Argentina; o uso dos corpos como meio de resistência política pela Marcha das Vadias; a eclosão de protestos urbanos pouco centralizados no Brasil e na Espanha; e a relação entre crise econômica, policiamento dos espaços públicos e a emergência do movimento “Occupy” nos Estados Unidos.

Objetivos de aprendizagem A leitura da bibliografia obrigatória, os debates em sala de aula, a discussão de material audiovisual diverso e os textos analíticos mais breves indicados ao longo do curso deverão fornecer aos alunos instrumentos analíticos para a compreensão das disputas acerca da relação entre regimes políticos e atores sociais organizados, do caráter transnacional de temáticas e repertórios de organização e de manifestação, e de entendimentos sobre justiça social em disputa em contextos diversos.

Conteúdos • Movimentos sociais, revoltas e protestos: conceitos e debates • Como emergem movimentos e revoltas • Funcionamento e dinâmicas de protesto • Repertórios de contestação • Estudo comparado de movimentos sociais contemporâneos

 

1

  Critério de Avaliação Condução do Estudo de Caso e Participação Trabalho Escrito Avaliação Final

40% 30% 30%

Metodologia A aula será dividida em duas partes. Na primeira, os conceitos centrais serão apresentados a partir de uma análise do texto obrigatório e da literatura atual relevante em que ele se situa. Na segunda parte, exploraremos a temática da aula a partir de estudos de casos, liderados pelos alunos. O estudo em sala de aula dos casos destacados poderá ser feito a partir de debates, discussão de material audiovisual, palestras seguidas de discussão, entre outros, a serem planejados pelos alunos que liderarão cada sessão, em consulta com o professor.

PROGRAMAÇÃO DE AULAS E LEITURAS

(*=leitura obrigatória)

1. Introdução: ações coletivas, movimentos sociais e confronto político (27/02) *SNOW, David, Sarah Soule, and Hanspeter Kriese. 2004. “Mapping the Terrain.” In Snow, Soule, and Kriese, eds., The Blackwell Companion to Social Movements, pp. 3-11. GOHN, Maria da Glória. 2011. Revista Brasileira de Educação, v.16, n. 47: 333-361.

PARTE 1. PERSPECTIVAS TEÓRICAS SOBRE A EMERGÊNCIA DE MOVIMENTOS SOCIAIS E REVOLTAS

2. O que leva à erupção de protestos e revoluções? Dois olhares clássicos (06/03) *MARX, Karl e F. Engels. 1848. Manifesto do Partido Comunista (trecho selecionado). Estudos Avançados 12(34), 1988, pp. 14-19. *McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency, 1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 5-19 BLUMER, Herbert. 1951. “Collective behavior”, in A. M. Lee (ed.), New outline of principles of sociology . New York: Barnes and Noble. STEINMETZ, George. 1994. “Regulation Theory, Post-Marxism, and the New Social

 

2

  Movements.” Comparative Studies in Society and History 36 (01): 176–212.

Debate: protestos na Grécia (2010-2012).

3. A lógica das ações coletivas: movimentos sociais como organizações racionais (13/03) *McCARTHY, John D. and Mayer N. Zald. 1977. “Resource Mobilization and Social Movements: A Partial Theory.” In Zald, Mayer, and McCarthy, eds. Social Movements in an Organizational Society, Collected Essays, New Brunswick: Transaction Books (1987), pp. 15-42. *PIVEN, Frances F. and Richard Cloward. 1979. “Introduction.” In Poor People’s Movements: Why they succeed, how they fail, pp. xix-xxiv. OLSON, Mancur. 1965. The Logic of Collective Action. Harvard University Press, pp. 5-16. McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency, 1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 20-35. Estudo de Caso: a ascensão e a queda do movimento “Occupy” nos EUA.

4. Estado e oportunidades políticas para a ação coletiva (20/03) *McADAM, Doug. 1982. Political Process and the Development of Black Insurgency, 1930-1970. Chicago: University of Chicago Press, pp. 36-51. *Da SILVA, Fabrício P. “Analisando democracias a partir das relações entre Estados e movimentos sociais: os casos da Venezuela, Bolívia e Equador”. In M. G. Gohn e B. M. Bringel, 2012. Movimentos sociais na era global. Editora Vozes. McADAM, Doug. 1988. Freedom Summer. Oxford University Press, pp. 11-34. Estudo de caso: O Movimento por Direitos Civis nos EUA. Filme: Eyes on the Prize, episode 5: “Mississippi, is this America?” (exibido em aula).

5. Casos: Revoltas de Junho, indignados, e o processo político no Brasil e na Espanha (27/03) * SINGER, André. 2013. “Brasil, junho de 2013: Classes e ideologias cruzadas”. Novos Estudos CEBRAP, v. 97, p. 23-40. *MENDEZ, Germán Labrador. 2013. “A democracia na praça: dois anos de protestos na Espanha”. Piauí 83, agosto de 2013. Disponível em BRINGEL, Breno. 2013. “Miopias, sentidos e tendências do levante brasileiro de 2013”. Insight Inteligência (Rio de Janeiro), v. 62, p. 42-53.

 

3

  NOBRE, Marcos. 2013. Choque de Democracia - Razões da Revolta. E-book. Companhia das Letras. ORTELLADO, Pablo, Luciana Lima, Elena Judensnaider. 2013. Vinte centavos: a luta contra o aumento. Editora Veneta. Vários autores. 2013. As jornadas de junho em perspectiva global. NETSAL, IESP/UERJ. Pp. 30-44; 72-79.

PARTE 2. O QUE FAZEM E COMO SE ORGANIZAM OS MOVIMENTOS SOCIAIS?

6. Redes, Mídia e o problema da mobilização (10/04) *CASTELLS, Manuel. 2013. Redes de Indignação e Esperança. Ed. Zahar. Cap. 6. SNOW, David, et al. 1980. “Social Networks and Social Movements: A Microstructural Approach to Differential Recruitment.” In McAdam & Snow, eds. Social Movements: Readings on Their Emergence, Mobilization, and Dynamics. Los Angeles: Roxbury Publishing, pp. 122-132. GOULD, Roger V. 1991. “Multiple Networks and Mobilization in the Paris Commune, 1871.” American Sociological Review 56:716-729. Estudo de caso: A “Primavera Árabe”.

7. Como se protesta? Repertórios de contestação e ciclos de protesto (17/04) *TARROW, Sidney. 1993. “Cycles of Collective Action: Between Moments of Madness and the Repertoire of Contention”. In McAdam & Snow, eds. Social Movements: Readings on Their Emergence, Mobilization, and Dynamics. Roxbury Publishing (1997), pp. 328-339. *SUBCOMANDANTE MARCOS, “In our dreams we have seen another world”; “Five Hundred Years of Indigenous Resistance”; “Why we use the weapons of resistance”. In Our word is our weapon: selected writings of Subcomandante Marcos. 2001. Edited by Juana Ponce de León. Pp. 18; 40-42; 159-163. TILLY, Charles and Sidney Tarrow. 2006. Contentious Politics. Oxford University Press, pp. 27-68. Estudo de caso: Zapatismo e a reinvenção da revolta.

8. Autoritarismo, repressão e resistência, ontem e hoje (08/05) *EARL, Jennifer. 2003. “Tanks, Tear Gas, and Taxes: Toward a Theory of Movement Repression.” Sociological Theory 21 (1): 44–68.

 

4

 

EARL, Jennifer. 2011. “Political Repression: Iron Fists, Velvet Gloves, and Diffuse Control.” Annual Review of Sociology 37 (1): 261–84.

Estudos de casos: “Madres de Mayo” e movimentos contemporâneos pró-democracia em Hong Kong.

9. O caráter transnacional das revoltas contemporâneas (15/05) *PLEYERS, Geoffrey. 2012. “Internacionalização sem institucionalização? A experiência do Fórum Social Mundial”. In M. G. Gohn e B. M. Bringel, 2012. Movimentos sociais na era global. Editora Vozes. *VIEIRA, Flávia B. 2012. “Articulações Internacionais ‘desde baixo’ em tempos de globalização”. In M. G. Gohn e B. M. Bringel, 2012. Movimentos sociais na era global. Editora Vozes. KECK, Margaret and Kathryn Sikkink. 1998. Activists beyond Borders. Ithaca, NY: Cornell University Press. Pp. 1-38

Estudo de caso: o movimento antiglobalização.

PARTE 3. ESPAÇOS E OBJETOS DE CONTESTAÇÃO: QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS

10. Direito à Cidade e disputas por justiça social a partir de conflitos urbanos (22/05) *HARVEY, David. 2012. “O direito à Cidade”. Lutas Sociais, São Paulo, n.29, p.73-89, jul./dez. 2012. *BAYAT, Asef. 2000. “From `Dangerous Classes’ to `Quiet Rebels’ Politics of the Urban Subaltern in the Global South.” International Sociology 15 (3): 533–57. ROLNIK, Raquel. “Ten years of the City Statute in Brazil: from the struggle for urban reform to the World Cup cities”. International Journal of Urban Sustainable Development, v. 1, p. 1-11, 2013. Estudos de casos: direito à cidade, casos latino-americanos comparados.

11. Gênero, sexualidade e a políticos dos (e nos) corpos (29/05) *GOMES, Carla and SORJ, Bila. 2014. “Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil”. Soc. estado. , vol.29, n.2, pp. 433-447.

 

5

  *LUNA, Zakiya, and Kristin Luker. 2013. “Reproductive Justice.” Annual Review of Law and Social Science 9 (1): 327–52. BUTLER, Judith. 2004. Undoing Gender. New York  ; London: Routledge. Pp. 57-75. Estudo de caso: a disseminação e a política da “Marcha das Vadias” (SlutWalk).

12. Ciberativismo e a internet como espaço de disputa (12/06) *POLLETTA, Francesca, et. al. 2013. “Is the Internet Creating New Reasons to Protest?” in van Stekelenburg, Jacquelien, Conny Roggeband, and Bert Klandermans, eds. The Future of Social Movements Research: Dynamics, Mechanisms, and Processes. Minneapolis: University of Minnesota Press. 17-­‐‑36. *STOECKER, Randy. 2002. “Cyberspace v. Face-to-Face: Community Organizing in the New Millennium.” Perspectives on Global Development & Tech. 1: 143-164. Estudo de caso: Movimento transnacional pela “neutralidade da rede”.

13. Avaliação final em sala de aula (19/06)

 

6

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.